Questões Sobre República de 1954 a 1964 - História - concurso

O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi marcado por um projeto de desenvolvimento econômico conhecido como nacional-desenvolvimentismo, caracterizado pela busca de modernização industrial e infraestrutural. Analisando as afirmativas apresentadas, é possível identificar os principais elementos de sua política:

A afirmativa I está correta, pois o governo JK promoveu uma parceria entre o Estado, o capital privado nacional e o estrangeiro para impulsionar grandes obras de infraestrutura, como a construção de estradas, hidrelétricas e a nova capital, Brasília.

A afirmativa II também está correta, já que o Plano de Metas (1956) foi o eixo central de seu governo, com o objetivo de desenvolver setores estratégicos como energia, transporte e indústria pesada, sob o lema "50 anos em 5".

A afirmativa III é verdadeira, pois a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) em 1959 visava reduzir as desigualdades regionais através de políticas de industrialização e desenvolvimento social para a região.

Já a afirmativa IV está incorreta, pois, apesar de o governo JK ter mantido práticas políticas tradicionais, como o clientelismo, não houve instabilidade política significativa durante seu mandato. Pelo contrário, seu governo foi marcado por relativa estabilidade e amplo apoio político.

Portanto, a alternativa correta é A) Somente I, II e III estão corretas, já que a afirmativa IV não corresponde à realidade histórica do período.

O texto apresentado destaca a figura de Carlos Lacerda como um dos personagens mais influentes e controversos da política brasileira entre 1954 e 1964. Sua atuação como jornalista e político foi marcada por um estilo agressivo e incisivo, capaz de mobilizar opiniões e gerar crises políticas significativas. O ano de 1954, em particular, foi um marco em sua trajetória, pois sua campanha contra Getúlio Vargas contribuiu diretamente para o suicídio do então presidente. Essa ação demonstra o poder de Lacerda como articulador político e sua capacidade de influenciar os rumos do país.

O período subsequente, até 1964, foi marcado por intensas disputas políticas, nas quais Lacerda manteve seu papel de opositor ferrenho. O texto menciona especificamente seu embate com Juscelino Kubitschek, quando o governo tentou cassar seu mandato de deputado em 1957. Esse episódio reforça a tese de que Lacerda representava uma oposição vigorosa ao governo JK, o que corrobora a alternativa E como a correta. Além disso, sua atuação não se limitou ao campo político, mas também se estendeu ao jornalismo, onde suas críticas eram igualmente contundentes.

Embora outras alternativas possam parecer plausíveis à primeira vista, como a relação entre Lacerda e o regime militar (alternativa D) ou a suposta identidade ideológica entre lacerdistas e getulistas (alternativa B), o texto e o contexto histórico não sustentam essas interpretações. A alternativa E, por outro lado, está em perfeita sintonia com os fatos apresentados, destacando a oposição de Lacerda a Juscelino Kubitschek e a reação do governo a essa oposição.

A partir de 1945, o Brasil passou por um período de relativa democracia, embora marcado por instabilidades políticas. Esse contexto foi palco de eventos dramáticos que contribuíram para a crise institucional que culminou no golpe de 1964. Entre esses eventos, destacam-se o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, a renúncia de Jânio Quadros em 1961 e a deposição de João Goulart em 1964. Cada um desses episódios refletiu as tensões políticas e sociais da época, evidenciando a fragilidade do regime democrático então vigente.

O suicídio de Vargas, em particular, foi um momento de grande comoção nacional, revelando as pressões sofridas pelo presidente diante de acusações de corrupção e da oposição política. Já a renúncia de Jânio Quadros, sete anos depois, surpreendeu o país e abriu caminho para uma crise ainda maior, com a resistência de setores militares e conservadores à posse de João Goulart, seu vice. A deposição de Goulart, por sua vez, consolidou o fim desse período democrático e deu início a duas décadas de regime militar.

Portanto, é correto afirmar que esses três eventos — o suicídio de Vargas, a renúncia de Jânio e a queda de Goulart — integram o quadro de crise política que caracterizou o Brasil entre 1945 e 1964. Eles não apenas marcaram momentos decisivos na história do país, mas também demonstraram os limites e os desafios da democracia brasileira naquele período.

O início da colonização do Brasil foi marcado por uma estrutura econômica e social baseada no latifúndio, na escravidão e na monocultura exportadora, características que se mantiveram mesmo após a independência em 1822. A economia brasileira continuou dependente de ciclos agrícolas, como o café, que substituiu a cana-de-açúcar, sem alterar significativamente a concentração de poder e a exclusão social.

No entanto, a partir da Era Vargas (1930-1945), o país começou a passar por transformações profundas. A industrialização, impulsionada pela criação de uma indústria de base, e o crescimento das cidades modificaram a estrutura econômica e social do Brasil. A legislação trabalhista e o incentivo à urbanização contribuíram para que, em meados do século XX, o país deixasse de ser predominantemente rural e passasse a conviver com um expressivo processo de urbanização.

Portanto, a afirmação de que o Brasil, em meados do século XX, passa a conviver com um expressivo processo de urbanização, abandonando sua imagem de sociedade historicamente rural, está correta. Esse período representou uma mudança estrutural na organização do país, consolidando a vida urbana e industrial como elementos centrais de sua economia e sociedade.

No que concerne ao Brasil na segunda metade do século XX, o crescimento econômico na década de 50 não impediu o êxodo rural, conforme indica o gabarito correto (E) ERRADO.

Apesar de algumas iniciativas de interiorização do desenvolvimento durante esse período, como a construção de Brasília e investimentos em infraestrutura, o êxodo rural continuou a ser uma realidade marcante. A industrialização concentrada nas regiões Sul e Sudeste, somada às desigualdades regionais e à mecanização parcial da agricultura, acelerou o deslocamento populacional do campo para as cidades.

Portanto, embora houvesse um crescimento econômico significativo na década de 1950, ele não foi suficiente para conter o fluxo migratório rumo aos centros urbanos, tornando a afirmação inicial incorreta.

No que concerne ao Brasil na segunda metade do século XX, um dos aspectos culturais mais marcantes foi o surgimento da Bossa Nova, gênero musical que se tornou um símbolo da identidade brasileira no exterior. Originada no final da década de 1950, a Bossa Nova emergiu como uma fusão entre o samba tradicional e influências do jazz, criando uma sonoridade sofisticada e inovadora.

Artistas como João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes foram fundamentais para o desenvolvimento e popularização do gênero. A canção "Chega de Saudade", lançada em 1958, é frequentemente considerada o marco inicial da Bossa Nova, consolidando seu estilo único de harmonias complexas, letras poéticas e batidas suaves.

O movimento não apenas revolucionou a música brasileira, mas também ganhou reconhecimento internacional, especialmente após a gravação de "Garota de Ipanema" em inglês, que se tornou um sucesso mundial. Portanto, a afirmação de que a Bossa Nova surgiu no final da década de 50 está correta, conforme indicado pelo gabarito C) CERTO.

Ao longo da década de 30 e na primeira metade da década de 40, a sociedade brasileira conheceu políticas públicas implementadas por um Estado que passou a intervir nas mais diversas dimensões da vida social, utilizando-se de ideologias políticas de caráter autoritário. A partir de 1945, a questão central girava em torno do liberalismo. Retomar a tradição liberal interrompida com a Revolução de 1930 ou dar continuidade às políticas públicas estatais intervencionistas era a questão que dominava nos debates.

Dois grandes projetos passaram a disputar a preferência do eleitorado. Nacionalismo, industrialização com base em bens de capital, fortalecimento do capitalismo nacional, criação de empresas estatais em setores estratégicos e estabelecimento de redes de proteção social davam a tônica do trabalhismo de inspiração getulista. Outro projeto seduziu as elites empresariais, políticas e militares, além das classes médias conservadoras, ao enfatizar o antigetulismo, o moralismo, o anticomunismo e o capitalismo associado aos capitais internacionais.

Três momentos resultaram em situação de grande conflito, entre 1945 e 1964, com a possibilidade real de guerra civil: a crise de agosto de 1954, o golpe preventivo do general Lott em novembro de 1955 e a Campanha da Legalidade, em agosto de 1961. Momentos de grande tensão política, os dois projetos mediram suas forças, resultando em graves crises.

Jorge Ferreira. Crises da República: 1954, 1955 e 1961. In: Jorge Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado (Org.). O Brasil republicano (3). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 303-4 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens subsequentes, relativos à História brasileira contemporânea.

O esgotamento do regime democrático atingiu seu ápice no governo de João Goulart. Pressionado pelos movimentos sociais, defensores de reformas estruturais imediatas, o presidente aliou-se aos militares, à Igreja Católica e ao empresariado. Todavia, o apoio que deles recebeu não foi suficiente para impedir sua queda em 1964.

• C) CERTO
• E) ERRADO

O gabarito correto é E).

Ao analisar o texto de referência e o contexto histórico apresentado, é possível afirmar que o item está correto (C). A renúncia de Jânio Quadros em 1961 mergulhou o Brasil em uma grave crise política, marcada pela resistência dos ministros militares à posse do vice-presidente João Goulart, visto com desconfiança por setores conservadores devido a sua ligação com o trabalhismo getulista.

De fato, a Campanha da Legalidade, liderada pelo governador Leonel Brizola, mobilizou setores populares e garantiu a posse de Jango, ainda que sob um acordo político que instituiu o parlamentarismo como forma de reduzir os poderes do presidente. Esse episódio reflete a intensa disputa entre os dois projetos políticos mencionados no texto: de um lado, as forças trabalhistas e nacionalistas, e de outro, setores conservadores alinhados ao capital internacional.

Portanto, o desfecho da crise com a adoção do parlamentarismo confirma a assertiva como correta, demonstrando como os conflitos entre essas visões de país geraram momentos de grande tensão institucional no período.

Ao analisar o contexto político brasileiro entre o fim do Estado Novo e o golpe militar de 1964, é correto afirmar que a União Democrática Nacional (UDN) destacou-se como o partido que mais claramente se opôs à herança getulista e defendeu um projeto baseado no moralismo, no anticomunismo e no alinhamento com o capital internacional.

Conforme mencionado no texto, dois grandes projetos disputavam a preferência do eleitorado naquele período. De um lado, o trabalhismo de inspiração getulista, que defendia o nacionalismo, a industrialização com base em bens de capital e a criação de empresas estatais. Do outro, um projeto que atraiu as elites empresariais, políticas e militares, além das classes médias conservadoras, por sua oposição a Vargas e sua ênfase no liberalismo econômico associado ao capital estrangeiro.

A UDN personificou esse segundo projeto, posicionando-se como a principal força política antigetulista do período. Seu discurso combinava a defesa da moralidade pública, o combate ao comunismo e a abertura ao capital internacional, características que a diferenciaram claramente dos partidos que davam continuidade às políticas varguistas, como o PTB.

Portanto, a afirmação de que a UDN foi o partido que mais claramente defendeu um projeto distante da herança getulista, enfatizando o moralismo, o anticomunismo e o capitalismo associado aos capitais internacionais, está correta.

O período pós-1945 no Brasil foi marcado por profundas transformações sociais, políticas e econômicas, incluindo a redemocratização iniciada em 1985. Dentro desse contexto, o governo de Jânio Quadros (1961) destaca-se como um momento peculiar na história do país.

Embora Jânio Quadros tenha cultivado uma imagem de "homem do povo", com origens modestas e um estilo político excêntrico, sua administração não pode ser simplificada como um governo alinhado ao conservadorismo da direita internacionalista. Pelo contrário, suas ações políticas apresentavam contradições: enquanto adotava medidas simbólicas conservadoras, como a proibição do biquíni em concursos de miss, também buscava uma política externa independente, aproximando-se de países socialistas.

Portanto, a afirmação de que seu governo foi caracterizado pelo conservadorismo dos setores da direita internacionalista está incorreta. O gabarito E) ERRADO é o correto, pois essa descrição não capta a complexidade e as nuances do governo janista, que misturava elementos populistas, moralistas e uma postura heterodoxa na política externa.