Questões Sobre República de 1954 a 1964 - História - concurso
Questão 81
Com relação aos aspectos sociais, políticos e econômicos do
Brasil pós-1945, incluindo-se o período do processo democrático
que se inicia em 1985, julgue os itens que se seguem.
A gradual migração das populações do campo para as cidades foi fenômeno de grande importância na história brasileira de 1950 a 1980, transformando-se o Brasil, nesse período, em um país eminentemente urbano.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
Com relação aos aspectos sociais, políticos e econômicos do Brasil pós-1945, incluindo-se o período do processo democrático que se inicia em 1985, a afirmação sobre a gradual migração das populações do campo para as cidades entre 1950 e 1980 está correta.
Esse fenômeno foi de extrema relevância para a transformação do Brasil em um país predominantemente urbano. Durante essas três décadas, o êxodo rural acelerou-se devido a fatores como a industrialização, a mecanização do campo e a busca por melhores condições de vida nas cidades. Essa mudança demográfica impactou profundamente a estrutura social, econômica e política do país.
Portanto, o gabarito C) CERTO está correto, pois a afirmação reflete um processo histórico real e documentado.
Questão 82
Com relação aos aspectos sociais, políticos e econômicos do
Brasil pós-1945, incluindo-se o período do processo democrático
que se inicia em 1985, julgue os itens que se seguem.
O Brasil assistiu, com o fim do Estado Novo, o ocaso de regimes fortes e autoritários na história brasileira.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O período pós-1945 no Brasil foi marcado por profundas transformações sociais, políticas e econômicas, mas a afirmação de que o fim do Estado Novo representou o ocaso definitivo de regimes fortes e autoritários na história brasileira é equivocada. Embora o país tenha experimentado um breve período de redemocratização após 1945, a instabilidade política e as tensões sociais continuaram a caracterizar o cenário nacional.
O golpe militar de 1964, por exemplo, inaugurou mais de duas décadas de regime autoritário, com supressão de direitos civis, censura e repressão política. Esse período demonstra que o autoritarismo não desapareceu com o Estado Novo, mas ressurgiu em novas formas. Portanto, a ideia de que regimes fortes e autoritários deixaram de existir após 1945 não corresponde à realidade histórica.
Mesmo após o processo de redemocratização iniciado em 1985, o Brasil continuou a enfrentar desafios relacionados ao autoritarismo e à concentração de poder, seja na forma de práticas políticas clientelistas, seja na persistência de estruturas sociais e econômicas excludentes. Assim, a resposta correta para a afirmação apresentada é E) ERRADO, pois o autoritarismo não foi um fenômeno superado com o fim do Estado Novo.
Questão 83
A chegada de Vargas ao poder deu início a uma nova fase
da história política brasileira. O enfraquecimento da oligarquia
cafeeira, o fortalecimento dos setores urbanos industriais, as
pretensões políticas dos estados de segunda grandeza, o
descontentamento militar, enfim, todo esse conjunto de fatores
conduziu à articulação de novo pacto político. Nesse contexto,
Vargas assumiu o poder, situando-se como uma espécie de árbitro
dos conflitos. Com o afastamento de Vargas, em 1945, a realização
de eleições gerais e a elaboração de novo texto constitucional, as
principais forças políticas puderam pactuar a montagem do regime
democrático.
Marieta de Moraes Ferreira e Carlos Eduardo Sarmento. A república
brasileira: pactos e rupturas. In: Ângela de Castro Gomes, Dulce Chaves
Pandolfi e Verena Alberti (Orgs.). A república no Brasil. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira; CPDOC, 2002, p. 462, 473 (com adaptações).
Com base no texto acima e nos aspectos marcantes da Era Vargas
(1930-45) e do processo histórico brasileiro pós-1945, julgue os
itens a seguir.
As principais forças políticas que atuaram no Brasil, entre 1946 e 1964, podem ser sintetizadas nos três grandes partidos do período: PSD, UDN e PTB.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
O período pós-Era Vargas, entre 1946 e 1964, foi marcado por uma reconfiguração do cenário político brasileiro, no qual três grandes partidos emergiram como as principais forças políticas: o Partido Social Democrático (PSD), a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
O PSD foi criado a partir de bases políticas regionais e contava com o apoio de setores conservadores e da burocracia estatal, representando a continuidade de parte da estrutura varguista. A UDN, por sua vez, surgiu como uma oposição liberal e conservadora ao governo de Vargas, defendendo princípios mais alinhados ao liberalismo econômico e a uma postura antigetulista. Já o PTB, fundado pelo próprio Vargas, consolidou-se como a principal expressão política do trabalhismo, agregando sindicatos e setores urbanos que haviam sido beneficiados pelas políticas sociais do período anterior.
Esses três partidos dominaram o cenário político durante a chamada República de 46, alternando-se no poder e influenciando diretamente os rumos da democracia brasileira até o golpe militar de 1964. Portanto, a afirmação de que as principais forças políticas do período podem ser sintetizadas no PSD, UDN e PTB está correta.
Questão 84
Leia o texto abaixo com atenção.
Dentre os pontos centrais da plataforma política do Presidente João Goulart destacavam-se: a reforma agrária, a reforma do sistema bancário, do processo eleitoral, do sistema tributário, da legislação sobre o capital estrangeiro e da remessa de lucros das multinacionais para o exterior.
Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre o governo do Presidente João Goulart, assinale a alternativa correta.
- A)As reformas propostas pelo Presidente João Goulart tornaram-se também conhecidas como Reformas de Base.
- B)O programa de reformas proposto pelo Presidente João Goulart tinha como objetivo precípuo o fortalecimento das empresas nacionais.
- C)Com o apoio das organizações sindicais e dos partidos políticos as reformas implantadas foram canceladas pelo regime militar, implantado em 1964.
- D)O programa de governo de João Goulart pretendia implantar reformas na constituição de 1937, que já não atendiam às exigências do país, na década de 1960.
- E)O conjunto de reformas contido pelo programa do Presidente João Goulart foi elaborado por Tancredo Neves e denominado Plano Trienal.
A alternativa correta é A)
O governo do Presidente João Goulart (1961-1964) foi marcado por um ambicioso programa de reformas estruturais, conhecido como Reformas de Base. Essas propostas buscavam modernizar o país e enfrentar desigualdades históricas, especialmente no campo econômico e social.
Entre as principais reformas defendidas por Goulart estavam:
- A reforma agrária, que visava redistribuir terras improdutivas;
- A reforma do sistema bancário para ampliar o crédito;
- A modernização do processo eleitoral;
- Mudanças no sistema tributário;
- Regulamentação do capital estrangeiro e da remessa de lucros.
Essas medidas ficaram conhecidas como Reformas de Base (alternativa A correta), pois pretendiam alterar as estruturas fundamentais da sociedade brasileira. O programa não tinha como foco principal o fortalecimento de empresas nacionais (B incorreta) e tampouco foi implementado, sendo interrompido pelo golpe militar de 1964 (C incorreta).
As reformas não se referiam à Constituição de 1937 (D incorreta), já substituída em 1946, nem foram elaboradas por Tancredo Neves como Plano Trienal (E incorreta). O Plano Trienal foi um programa econômico distinto, criado em 1962.
Portanto, a alternativa correta é A), pois as reformas propostas por João Goulart ficaram efetivamente conhecidas como Reformas de Base, representando seu principal projeto de governo.
Questão 85
A colonização do Brasil assentou-se, fundamentalmente, no latifúndio, na monocultura e no trabalho escravo. Proclamada a independência, não houve efetiva ruptura com o passado colonial. A abolição da escravidão, por exemplo, somente se deu em fins do século XIX, ainda assim inconclusa. A República Velha, nascida de um golpe de Estado, representou o domínio das oligarquias, com forte exclusão social e processos políticos viciados. A Revolução de 1930 inaugurou a Era Vargas e o início da modernização do país. Depois da ditadura do Estado Novo, o país iniciou o processo de aprendizado democrático em meio a crises agudas, que culminaram com o golpe de 1964. Após 21 anos de regime militar, restaurou-se a democracia, cujo grande marco definidor é a Constituição de 1988.
Considerando as informações acima e os aspectos significativos da História do Brasil, julgue os itens
Um dos marcos do governo Juscelino Kubitschek foi a construção de Brasília, com a transferência da capital brasileira para o interior do país.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
A construção de Brasília e a transferência da capital para o interior do país foram, de fato, marcos fundamentais do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). Esse projeto ambicioso não apenas materializou a ideia de desenvolvimento e integração nacional, presente em discursos políticos desde o século XIX, mas também simbolizou a modernização do Brasil durante seu mandato.
Brasília foi concebida como um ícone do progresso, com seu planejamento urbano inovador e arquitetura modernista, projetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. A mudança da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central visava estimular o povoamento e o desenvolvimento econômico do interior, reduzindo a concentração populacional e política no litoral.
Além disso, a construção da nova capital está intrinsecamente ligada ao Plano de Metas de JK, que priorizava o crescimento industrial e a infraestrutura. Portanto, a afirmação está correta, pois a inauguração de Brasília em 1960 consolidou-se como um dos legados mais emblemáticos de seu governo, refletindo tanto suas aspirações modernizadoras quanto a estratégia de ocupação territorial do país.
Questão 86
A colonização do Brasil assentou-se, fundamentalmente, no latifúndio, na monocultura e no trabalho escravo. Proclamada a independência, não houve efetiva ruptura com o passado colonial. A abolição da escravidão, por exemplo, somente se deu em fins do século XIX, ainda assim inconclusa. A República Velha, nascida de um golpe de Estado, representou o domínio das oligarquias, com forte exclusão social e processos políticos viciados. A Revolução de 1930 inaugurou a Era Vargas e o início da modernização do país. Depois da ditadura do Estado Novo, o país iniciou o processo de aprendizado democrático em meio a crises agudas, que culminaram com o golpe de 1964. Após 21 anos de regime militar, restaurou-se a democracia, cujo grande marco definidor é a Constituição de 1988.
Considerando as informações acima e os aspectos significativos da História do Brasil, julgue os itens
Embora o Brasil tenha avançado bastante, ainda persistem no país históricas desigualdades sociais e regionais.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
A colonização do Brasil estabeleceu as bases de uma estrutura social e econômica marcada pela concentração de terras, produção monocultora e exploração do trabalho escravo. Mesmo após a independência, em 1822, o país manteve traços profundos do período colonial, como a escravidão, abolida apenas em 1888 de forma tardia e sem integrar efetivamente os ex-escravizados na sociedade. A República Velha (1889-1930) consolidou o poder das oligarquias rurais, perpetuando desigualdades e marginalização social.
A Revolução de 1930 trouxe mudanças significativas com a Era Vargas, promovendo industrialização e direitos trabalhistas, mas sem romper completamente com as disparidades históricas. O regime militar (1964-1985), apesar do crescimento econômico em certos períodos, aprofundou concentração de renda e repressão política. A redemocratização e a Constituição de 1988 representaram avanços institucionais, mas não superaram os entraves estruturais herdados.
Hoje, o Brasil ainda enfrenta graves desigualdades sociais e regionais, reflexo direto desse passado. Enquanto o Sudeste concentra riqueza e desenvolvimento, regiões como o Nordeste e Norte sofrem com baixos indicadores socioeconômicos. A concentração fundiária persiste, e a população negra e periférica segue em desvantagem. Portanto, a afirmação de que "persistem no país históricas desigualdades sociais e regionais" está correta, pois essas assimetrias são fruto de um processo histórico de exclusão ainda não superado.
Questão 87
Com o advento da República, a política externa
brasileira voltou-se para uma deliberada aproximação com
os EUA, país que reconhecera, quase que de imediato, o
novo regime político do Brasil. Isso não significou que
houvessem sido abandonadas as ligações com a Europa,
especialmente com a Grã-Bretanha, marca registrada das
relações exteriores durante o Império. Mas articulavam-se,
com o barão do Rio Branco à frente do ministério, as novas
bases de uma identidade continental, que garantiria um
alinhamento do Brasil com os EUA, mantido, apenas com
pequenas alterações, até o presente.
Maria Lígia Prado. Davi e Golias: as relações entre Brasil e Estados Unidos no século XX.
In: Carlos Guilherme Mota (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000)
– a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 326 (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando
a inserção internacional do Brasil ao longo do período
republicano, julgue os itens subseqüentes.
Malgrado suas indisfarçáveis similitudes e de terem convivido no mesmo contexto histórico, o justicialismo peronista e o trabalhismo getulista não conseguiram se aproximar, quer em termos de propostas de ação, quer pela atuação conjunta propriamente dita. Mais que mera possibilidade, é provável que esse desencontro tenha sido motivado pelo histórico contencioso entre Argentina e Brasil, que tiveram nas disputas pela hegemonia na região platina, no século XIX, seu elemento definidor.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O texto apresentado aborda a política externa brasileira no período republicano, destacando a aproximação com os Estados Unidos sob a liderança do Barão do Rio Branco, sem, contudo, abandonar os laços históricos com a Europa, especialmente a Grã-Bretanha. Essa estratégia consolidou uma identidade continental alinhada aos interesses norte-americanos, mantendo-se como uma constante nas relações internacionais do Brasil.
No entanto, o segundo parágrafo introduz uma análise comparativa entre o justicialismo peronista na Argentina e o trabalhismo getulista no Brasil, afirmando que, apesar de compartilharem contextos históricos semelhantes, não houve convergência entre os dois movimentos. O texto sugere que essa falta de aproximação pode ser atribuída ao histórico de rivalidade entre Argentina e Brasil, marcado pelas disputas pela hegemonia na região platina durante o século XIX.
O gabarito indica que a afirmação está ERRADA (E), o que sugere que, embora existam elementos de rivalidade histórica entre os dois países, não se pode afirmar categoricamente que esse foi o fator determinante para a falta de aproximação entre o peronismo e o getulismo. Outras variáveis, como diferenças ideológicas, contextos políticos internos e estratégias de poder, podem ter desempenhado um papel igual ou mais relevante nesse processo.
Portanto, a análise contida no texto apresenta uma visão simplificada de um fenômeno complexo, que envolve múltiplas dimensões históricas, políticas e econômicas. A rivalidade entre Argentina e Brasil certamente influenciou as relações bilaterais, mas não pode ser apontada como a única razão para o distanciamento entre os dois movimentos políticos.
Questão 88
Nossa aventura histórica é singular. Por isso e por realizar-se
nos trópicos, ela é inteiramente nova. Se nossas classes dominantes se
revelam infecundas, o mesmo não se passa com o povo, no seu
processo de autocriação. E é com essa vantagem de sermos mestiços,
que vamos chegar ao futuro.
Foi, aliás, em busca do futuro que passamos todo um século a
indagar quem somos, e o que queremos ser, e a projetar imagens de
nós mesmos, espelho contra espelho. A cada sístole e a cada diástole
desses cem anos corresponderam visões otimistas e pessimistas,
barrocas e contidas, esperançosas e desalentadas. Pois cada momento
– o da Belle Époque, o da Revolução de 30, o do Estado Novo, o da
redemocratização, o do dia seguinte ao suicídio de Getúlio Vargas, o
do desenvolvimentismo dos anos 50, o do regime militar e o da
segunda redemocratização – refez o retrato do Brasil. Mudou, ao
longo do tempo, a linguagem com que nos descrevemos. E mudou
também o país acerca do qual se dissertava. Lidos um após outro, os
nossos evangelistas soam dissonantes, mas, juntos, se corrigem ou
polifonicamente se completam.
Alberto da Costa e Silva. Quem fomos nós no século XX: as grandes interpretações do
Brasil. In: Carlos Guilherme Mota (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira
(1500-2000) – a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 38, (com adaptações).
A partir da análise contida no texto apresentado e considerando
aspectos significativos da trajetória republicana brasileira, julgue os
itens que se seguem.
Entre 1946 e 1964, período em que o autor destaca a redemocratização, o dia seguinte ao suicídio de Vargas e o desenvolvimentismo dos anos 50, o Brasil avançou em termos de participação política, experimentou uma das mais altas e rápidas taxas de urbanização conhecidas no mundo contemporâneo e, em especial sob os governos Gaspar Dutra e Juscelino Kubistchek, praticou uma política externa altiva, que possibilitou ao país passar ao largo da Guerra Fria e adiar sobremaneira a internacionalização de sua economia.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O texto de Alberto da Costa e Silva apresenta uma reflexão sobre a complexidade da identidade brasileira ao longo do século XX, destacando como diferentes momentos históricos moldaram interpretações variadas sobre o país. O autor enfatiza a constante reinvenção do Brasil, marcada por oscilações entre otimismo e pessimismo, e como cada período político produziu novas narrativas sobre a nação.
No trecho em análise, que aborda o período entre 1946 e 1964, o autor menciona três momentos significativos: a redemocratização pós-Estado Novo, o impacto do suicídio de Vargas e o desenvolvimentismo da década de 1950. Embora o texto reconheça a importância desses eventos na construção da identidade nacional, ele não endossa a visão de que o Brasil tenha conseguido manter uma posição completamente autônoma no cenário internacional durante esse período.
A afirmação de que o Brasil "praticou uma política externa altiva" e conseguiu "passar ao largo da Guerra Fria" é questionável. Na realidade, o país foi profundamente afetado pelo contexto da Guerra Fria, especialmente após o golpe militar de 1964. Além disso, a internacionalização da economia brasileira já estava em curso durante o governo JK, com seus planos desenvolvimentistas que dependiam fortemente de investimentos estrangeiros.
Quanto à participação política, embora tenha havido avanços com a redemocratização de 1946, o período foi marcado por limitações significativas, como a cassação do PCB em 1947 e as tensões políticas que culminariam no golpe de 1964. A urbanização acelerada de fato ocorreu, mas isso não significa que o país tenha conseguido manter completa autonomia em suas políticas externa e econômica.
Portanto, a alternativa correta é E) ERRADO, pois a afirmação apresenta uma visão idealizada desse período histórico que não corresponde completamente à realidade dos fatos, especialmente no que diz respeito à política externa e à internacionalização da economia.
Questão 89
Com a queda da monarquia, em 1889, ainda que
preservada a dominação oligárquica, o novo regime acaba
beneficiando-se dos efeitos modernizadores, decorrentes da abolição
da escravatura (1888), sobre o desenvolvimento da economia
cafeeira que se dinamiza com a introdução do trabalho livre e de
imigrantes europeus. Com a Primeira República, extingue-se o
sistema censitário, mas os analfabetos são excluídos totalmente do
direito de voto.
As primeiras pressões democratizantes buscando alterar a
ordem liberal excludente se desencadeiam apenas na década de 20,
quando se inicia a crise da República Velha, que, com a Revolução
de 1930, submerge no centro de suas próprias contradições. As
insurreições sucessivas dos tenentes e a Coluna Prestes permitem,
mais tarde, que a Aliança Liberal, com a Revolução de 1930,
transcenda à mera disputa regionalista e se transforme em um
projeto nacional que busca legitimidade nas camadas médias urbanas,
superando os limites ideológicos das oligarquias dissidentes.
Essas aspirações crescentes do Brasil urbano serão, em parte,
frustradas, após 1930, pela conjugação de duas tendências
antiliberais – o estatismo crescente e o pensamento autoritário. A
radicalização político-ideológica dos anos críticos, entre 1934 e
1938, solapa o consenso revolucionário e produz efeitos perversos.
Na república populista, após o Estado Novo de Vargas, persiste o
mesmo padrão dominante da lógica liberal e da práxis autoritária. A
estruturação partidária de 1945 a 1966 foi dominada pela
hegemonia dos partidos conservadores.
Hélgio Trindade . Brasil em perspectiva: conservadorismo liberal e democracia
bloqueada. In: Carlos Guilherme Mota (Org.). Viagem incompleta: a experiência
brasileira (1500-2000) – a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 357-64
( c o m a d a p t a ç õ e s ) .
A partir do texto acima, j u lgue os itens que se seguem, relativos
à evolução histórica do Brasil republicano.
Sem paral elo com qualquer outro momento vivido pela diplomacia brasileira no período republican o , a Política E xt e rna Independente, nos primeiros anos da década de 60 do século passado , levou o Brasil a romper com suas tradições em termos de pol í tica internacional, assumindo posição de confronto com os EUA e a Europa Ocidental, de crescente rivalidade com a Argentina e de apoio explícito ao bloco social ista nos fóruns multilaterais, particularmente na ONU.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
A partir do texto fornecido, que aborda a evolução histórica do Brasil republicano, é possível analisar a afirmação sobre a Política Externa Independente (PEI) nos anos 1960. O texto não menciona diretamente a PEI, mas descreve um contexto político marcado por contradições entre liberalismo e autoritarismo, além da hegemonia conservadora no período pós-Estado Novo.
A afirmação em questão atribui à PEI um rompimento radical com as tradições diplomáticas brasileiras, incluindo confronto com os EUA e Europa Ocidental, rivalidade com a Argentina e apoio explícito ao bloco socialista. No entanto, o texto não corrobora essa visão. Pelo contrário, ele destaca a persistência de um padrão liberal-autoritário e a dominação conservadora, o que sugere continuidades, e não rupturas drásticas na política externa.
Além disso, a PEI, embora tenha buscado maior autonomia, não representou um alinhamento inequívoco com o bloco socialista nem um confronto sistemático com o Ocidente. Portanto, a afirmação exagera o caráter revolucionário da PEI, desconsiderando as nuances e limites da política externa brasileira da época.
Dessa forma, o gabarito correto é E) ERRADO, pois a descrição apresentada não encontra respaldo no contexto histórico descrito no texto.
Questão 90
Com a queda da monarquia, em 1889, ainda que
preservada a dominação oligárquica, o novo regime acaba
beneficiando-se dos efeitos modernizadores, decorrentes da abolição
da escravatura (1888), sobre o desenvolvimento da economia
cafeeira que se dinamiza com a introdução do trabalho livre e de
imigrantes europeus. Com a Primeira República, extingue-se o
sistema censitário, mas os analfabetos são excluídos totalmente do
direito de voto.
As primeiras pressões democratizantes buscando alterar a
ordem liberal excludente se desencadeiam apenas na década de 20,
quando se inicia a crise da República Velha, que, com a Revolução
de 1930, submerge no centro de suas próprias contradições. As
insurreições sucessivas dos tenentes e a Coluna Prestes permitem,
mais tarde, que a Aliança Liberal, com a Revolução de 1930,
transcenda à mera disputa regionalista e se transforme em um
projeto nacional que busca legitimidade nas camadas médias urbanas,
superando os limites ideológicos das oligarquias dissidentes.
Essas aspirações crescentes do Brasil urbano serão, em parte,
frustradas, após 1930, pela conjugação de duas tendências
antiliberais – o estatismo crescente e o pensamento autoritário. A
radicalização político-ideológica dos anos críticos, entre 1934 e
1938, solapa o consenso revolucionário e produz efeitos perversos.
Na república populista, após o Estado Novo de Vargas, persiste o
mesmo padrão dominante da lógica liberal e da práxis autoritária. A
estruturação partidária de 1945 a 1966 foi dominada pela
hegemonia dos partidos conservadores.
Hélgio Trindade . Brasil em perspectiva: conservadorismo liberal e democracia
bloqueada. In: Carlos Guilherme Mota (Org.). Viagem incompleta: a experiência
brasileira (1500-2000) – a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 357-64
( c o m a d a p t a ç õ e s ) .
A partir do texto acima, j u lgue os itens que se seguem, relativos
à evolução histórica do Brasil republicano.
O Partido Social Demo crático (PSD), a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Trabalhista Brasileiro (P TB) foram as p r i n cipais forças político-partidárias brasileiras na denominada Repú blica liberal-conservadora, surgida com a queda da ditadura estadonovi s t a. À medida que avançava a crise do regime, os doi s p r imeiros partidos se aproximaram na construção de um bloco reformista, ao p as s o que o trabalhismo adquiria feições crescentemente conservadoras.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O texto apresentado aborda a evolução histórica do Brasil republicano, destacando as transformações políticas e sociais desde a queda da monarquia em 1889 até o período pós-Estado Novo. A análise de Hélgio Trindade enfatiza a persistência de contradições entre liberalismo e autoritarismo, mesmo após a redemocratização de 1945.
Em relação ao item julgado, que afirma que o PSD, a UDN e o PTB foram as principais forças político-partidárias da República liberal-conservadora e que os dois primeiros teriam formado um bloco reformista enquanto o trabalhismo se tornava conservador, o gabarito indica que a afirmação está errada (E).
De fato, o texto base não corrobora essa interpretação. Embora reconheça a hegemonia dos partidos conservadores no período 1945-1966, não há menção específica a uma aliança reformista entre PSD e UDN. Pelo contrário, a análise sugere a continuidade de um padrão político marcado pela combinação de práticas liberais e autoritárias, sem rupturas significativas com o passado oligárquico.
O PTB, por sua vez, emergiu como representante do trabalhismo varguista, mas o texto não sustenta a tese de seu conservadorismo crescente. A radicalização político-ideológica mencionada ocorreu principalmente no período anterior (1934-1938), não no contexto da república populista pós-1945.