Questões Sobre Revolução Francesa - História - concurso

Ao analisar a Europa em 1789, Eric J. Hobsbawm destaca características fundamentais da sociedade e da economia da época. Suas afirmações revelam um cenário em que o rural ainda predominava, mesmo com o crescimento das cidades. A seguir, discutiremos os itens apresentados e justificaremos o gabarito correto.

No contexto da crise do Antigo Regime na França, a burguesia desempenhou um papel fundamental na transformação da sociedade. Como destacado no texto, esse grupo social detinha o controle das atividades econômicas e ocupava funções públicas, o que lhes proporcionava um conhecimento privilegiado sobre a situação do país. Essa posição estratégica permitiu que divulgassem suas ideias e influenciassem os rumos da revolução que se aproximava.

Entre as alternativas apresentadas, a opção C) é a correta, pois reflete o projeto político e econômico da burguesia naquele período. Ao contrário da nobreza, que mantinha privilégios baseados em tradições feudais, a burguesia buscava eliminar os entraves à produção capitalista, como as regulamentações excessivas e os privilégios estamentais. A defesa da propriedade privada e de um mercado livre estava no cerne de suas reivindicações, alinhando-se com os ideais iluministas que ganhavam força na época.

As demais alternativas não correspondem à realidade histórica. A burguesia não ocupava o topo da hierarquia social (A), nem gozava de privilégios como o uso de espadas ou isenções fiscais (B), características típicas da nobreza. Também não almejava a conquista da terra ou a eliminação de todas as formas antigas de produção (D), pois seu objetivo era modernizar a economia, não destruí-la. Por fim, sua orientação não era moralista (E), mas sim pragmática e voltada para a consolidação de seu poder econômico e político.

Portanto, a alternativa C) é a que melhor representa os interesses e projetos da burguesia francesa durante a crise do Antigo Regime, marcando sua transição de uma classe economicamente poderosa para uma força política revolucionária.

O diálogo entre Luís XVI e o duque de La Rochefoucauld-Liancourt, retratado por Hannah Arendt em Da Revolução, simboliza um momento crucial na história francesa: a transição de uma simples revolta para uma revolução que transformaria radicalmente a ordem política e social da França. A resposta correta, conforme o gabarito, é a alternativa D, que destaca o papel central da burguesia na Revolução Francesa e suas consequências.

A Revolução Francesa de 1789 não foi apenas um levante popular contra a monarquia, mas um movimento complexo liderado pela burguesia, que buscava consolidar seu poder político e econômico. O Terceiro Estado, composto principalmente por burgueses, camponeses e trabalhadores urbanos, foi fundamental para a queda do Antigo Regime. No entanto, foram os interesses burgueses que guiaram grande parte do processo revolucionário, inclusive apoiando grupos radicais como os sans-culottes em momentos estratégicos.

A execução de Luís XVI em 1793 marcou o ápice da ruptura com o passado monárquico, mas não significou imediatamente a vitória do proletariado, como sugere a alternativa. Em vez disso, a burguesia consolidou seu domínio, especialmente após o período do Terror e a ascensão de Napoleão Bonaparte. A revolução, portanto, não foi um movimento exclusivamente popular ou proletário, mas um processo liderado por uma classe emergente que redefiniu as estruturas de poder na França e influenciou toda a Europa.

Assim, o diálogo citado por Arendt captura a essência de uma transformação histórica que ultrapassou os limites de uma mera revolta, configurando-se como uma verdadeira revolução – um evento que alterou profundamente as relações sociais e políticas, com a burguesia no centro desse processo.

O movimento socialista europeu na segunda metade do século XIX foi um fenômeno complexo e multifacetado, marcado por debates ideológicos, estratégias políticas e influências diversas. As três afirmativas apresentadas capturam aspectos essenciais desse contexto histórico, demonstrando que todas estão corretas.

Afirmativa I: A imprensa socialista desempenhou um papel crucial na disseminação das ideias marxistas e na formação de uma consciência política operária. Jornais e panfletos eram instrumentos fundamentais para educar e mobilizar os trabalhadores, consolidando uma identidade de classe e promovendo sua organização. Essa difusão contribuiu diretamente para a socialização política do proletariado, tornando a afirmativa verdadeira.

Afirmativa II: O envolvimento da social-democracia na política parlamentar gerou intensos debates internos. Enquanto alguns defendiam a via revolucionária como única forma de transformação social, outros argumentavam que a participação institucional e reformas graduais poderiam melhorar as condições da classe trabalhadora. Essa tensão entre revolução e reforma foi uma característica central do movimento socialista da época, validando a segunda afirmativa.

Afirmativa III: O socialismo do século XIX não foi homogêneo. Correntes como o proudhonismo, com sua ênfase no mutualismo e na autonomia dos trabalhadores, e o lassallismo, que defendia a ação estatal para melhorias sociais, influenciaram a cultura política operária. Essas vertentes conviveram com o marxismo, criando um ecletismo que enriqueceu o movimento, confirmando a terceira afirmativa.

Portanto, todas as afirmativas estão corretas, refletindo a riqueza e a diversidade do socialismo europeu no período. A alternativa E) é a resposta adequada.

A Revolução Francesa (1789) foi um marco histórico que transformou não apenas a França, mas também influenciou movimentos revolucionários em todo o mundo. Dividida em etapas distintas, cada fase contribuiu para a consolidação do poder burguês e para a construção de um novo modelo político e social. A seguir, analisamos a relação entre os principais acontecimentos e os períodos correspondentes.

1. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – Este documento, que estabeleceu os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, foi redigido durante a Assembleia Nacional (1789-1792), fase inicial da Revolução, marcada pela queda do Antigo Regime e pela formação de uma monarquia constitucional.

2. Conspiração dos Iguais (1796) – Liderada por Gracchus Babeuf, este movimento radical defendia a igualdade social e econômica e ocorreu durante o Diretório (1795-1799), período marcado por instabilidade política e tentativas de evitar tanto o retorno da monarquia quanto o avanço de ideias jacobinas.

3. Comitê de Salvação Pública (1793-1794) – Criado durante o período do Terror, sob o domínio dos jacobinos, este órgão concentrou poderes executivos durante a Convenção Nacional (1792-1795), fase em que a França se tornou uma república e enfrentou ameaças internas e externas.

4. Constituição Civil do Clero (1790) – Esta medida, que subordinou a Igreja ao Estado, foi aprovada ainda na Assembleia Nacional (1789-1792), como parte das reformas para secularizar as instituições francesas.

5. Lei do Preço Máximo (1793) – Implementada durante o governo jacobino na Convenção Nacional (1792-1795), essa lei visava controlar os preços dos alimentos e combater a inflação, atendendo às demandas populares em meio à crise econômica.

Portanto, a alternativa correta é A) 1a, 2c, 3b, 4a, 5b, pois estabelece a relação precisa entre os eventos e seus respectivos períodos históricos dentro da Revolução Francesa.

A Revolução Industrial e as revoluções liberais burguesas marcaram profundamente a transição para o mundo contemporâneo, alterando estruturas econômicas e políticas. No entanto, o item em questão aborda uma afirmação equivocada sobre o absolutismo como regime predominante na Europa feudal durante a Idade Média.

O absolutismo, de fato, caracterizou-se pela centralização do poder nas mãos do monarca, mas esse sistema consolidou-se principalmente durante a Idade Moderna, não na Idade Média. O feudalismo medieval, por sua vez, era marcado pela descentralização política, com poder fragmentado entre senhores feudais, vassalos e a Igreja, em um sistema baseado em relações de suserania e vassalagem.

Portanto, a afirmação de que o absolutismo foi o regime político mais característico da Europa feudal ao longo da Idade Média está incorreta. O gabarito E) ERRADO é o correto, pois confunde dois períodos históricos distintos: o feudalismo medieval, descentralizado, e o absolutismo moderno, centralizado.

Um dos grandes pensadores da democracia contemporânea foi Alexis de Tocqueville. Para este autor – que transitou no século XIX entre a França e os EUA – havia diferenças marcantes entre o modo de pensar a democracia nesses dois locais. Ele escreveu que "Na América, têm-se ideias e paixões democráticas; na França, temos ainda paixões e ideias revolucionárias". O que levaria Tocqueville e outros autores a pensar dessa maneira pode ser percebido porque os EUA:

• A) Colocavam em prática seus ideais democráticos, mesmo mantendo a escravidão de origem africana. Já os povos europeus – e especialmente a França – uma série de levantes e revoluções não solidificaram os ideais democráticos com idas e vindas do absolutismo e do militarismo.

O gabarito correto é a alternativa A, pois Tocqueville destacava o contraste entre a estabilidade democrática nos EUA, ainda que imperfeita devido à escravidão, e a instabilidade política na França, marcada por revoluções e retrocessos autoritários. Enquanto os americanos consolidavam instituições democráticas, os franceses oscilavam entre regimes, demonstrando que a democracia na Europa era mais turbulenta e menos consolidada.

Preocupado em explicar o período da Revolução Francesa à sua neta, o historiador Michel Vovelle discorre sobre o chamado Período do Terror na França. Acerca desse período, assinale a alternativa incorreta.

• A) foi o período em que aqueles considerados contrarevolucionários foram julgados sumariamente e, como punição, eram enviados para morrerem na guilhotina
• B) é a parte terrível do período revolucionário francês, contudo, as lideranças jacobinas consideravam as necessidades urgentes da população por conta da falta de alimentos
• C) foi o período liderado por Napoleão Bonaparte e Maximilien de Robespierre, lideranças girondinas, que tornam-se responsáveis pelo exército e pelas finanças públicas
• D) foi no período do terror que ocorreu o fim da escravidão nas colônias francesas, dando continuidade à mensagem de emancipação da Declaração dos Direitos do Homem

O gabarito correto é C).

A Revolução Francesa foi um marco histórico que transformou não apenas a França, mas também influenciou movimentos políticos e sociais em todo o mundo. Dentro desse contexto, os jacobinos emergiram como um grupo fundamental, representando os interesses das camadas mais populares da sociedade.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a B), que afirma que os jacobinos estavam alinhados com os sans-culottes e os camponeses empobrecidos, protagonizando atos de radicalismo durante o período conhecido como "Terror". Essa fase foi marcada pela execução de opositores e pela busca de uma sociedade mais igualitária, ainda que por meio de métodos extremos.

As outras alternativas apresentam informações incorretas sobre os jacobinos. Eles não defendiam o absolutismo (alternativa A), nem eram ligados à dinastia Bourbon (alternativa C). Também não eram um grupo sem posição definida (alternativa D), pois tinham um projeto político claro, baseado na defesa dos ideais revolucionários mais radicais.

Portanto, a resposta correta é a B), que retrata com precisão o papel dos jacobinos na Revolução Francesa.

A relação entre a Revolução Francesa e os movimentos revolucionários hispânicos é um tema que merece atenção, conforme destacado no texto de François-Xavier Guerra. A Revolução Francesa, iniciada em 1789, não apenas transformou a França, mas também exerceu uma influência profunda em toda a Europa, servindo como modelo ou ponto de rejeição para outras nações. Seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade ecoaram além das fronteiras francesas, inspirando movimentos políticos e sociais em diversos países, incluindo a Espanha.

No contexto espanhol, a difusão dos ideais revolucionários franceses foi recebida com entusiasmo por alguns setores, especialmente entre intelectuais e grupos liberais que viam na Revolução Francesa uma oportunidade para modernizar as estruturas políticas e sociais da Espanha. No entanto, essa recepção não foi unânime. A execução de Luís XVI em 1793 e a perseguição religiosa que se seguiu geraram forte reação entre setores conservadores e a Igreja, que passaram a encar os ideais revolucionários com hostilidade. Essa divisão reflete a complexidade da influência francesa na Península Ibérica, onde as ideias revolucionárias foram tanto um catalisador para mudanças quanto um motivo de resistência.

Portanto, a afirmação de que os intelectuais franceses buscaram difundir seus ideais pela Europa, encontrando tanto apoio quanto oposição, especialmente após eventos como a execução de Luís XVI, está correta. A Revolução Francesa não foi um fenômeno isolado, mas sim um marco que reverberou em todo o continente, moldando os debates políticos e as lutas pela independência em outras regiões, como as colônias hispânicas na América.