Questões Sobre Revolução Francesa - História - concurso

A Revolução Francesa, ocorrida em 1789, representa um dos eventos mais significativos da história moderna, marcando o surgimento de novos ideais políticos e sociais. Foi durante esse período que os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade ganharam força, redefinindo o conceito de cidadania e estabelecendo bases para os direitos humanos. A queda da Bastilha em 14 de julho de 1789 simbolizou o início de uma transformação radical, que derrubou o Antigo Regime e abriu caminho para a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Entre as opções apresentadas, a alternativa correta é B) 1789, confirmando o ano em que esse movimento revolucionário teve seu marco inicial.

A Revolução Americana e a Revolução Francesa são frequentemente comparadas devido ao seu impacto no cenário político mundial e à influência mútua que exerceram. Conforme destacado por Robert R. Palmer, embora as duas revoluções tenham características distintas, elas compartilharam semelhanças significativas. A alternativa correta, neste contexto, é a E), pois a Revolução Norte-americana não apenas inspirou os ideais iluministas na Europa, mas também demonstrou, na prática, a viabilidade de um Estado republicano e democrático em grande escala.

A Revolução Americana (1775-1783) foi um marco na história política ao estabelecer um governo baseado na soberania popular e nos direitos individuais, refletidos na Constituição dos Estados Unidos. Esses ideais ecoaram fortemente na França, onde pensadores iluministas e revolucionários buscavam derrubar o Antigo Regime. A Declaração de Independência dos EUA, com sua defesa da liberdade e igualdade, serviu como referência para a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), durante a Revolução Francesa.

Além disso, a experiência norte-americana mostrou que era possível romper com o sistema monárquico e estabelecer uma república funcional, mesmo em um território extenso. Isso desafiou a visão europeia de que apenas pequenos Estados, como as cidades-estado da Antiguidade, poderiam adotar sistemas republicanos. A influência da Revolução Americana na França foi, portanto, tanto teórica quanto prática, consolidando-se como um modelo a ser seguido.

Em contraste, as outras alternativas apresentam equívocos históricos. A alternativa A) subestima o impacto político da Revolução Americana na Europa, enquanto a B) ignora as divisões internas entre os colonos, como a oposição entre patriotas e legalistas. A C), embora parcialmente correta ao mencionar a Constituição, simplifica o processo político, que envolveu debates intensos e concessões, como o sistema federativo. Por fim, a D) desconsidera o papel dos ideais iluministas na formação do pensamento revolucionário americano.

Portanto, a alternativa E) é a que melhor sintetiza a relação entre as duas revoluções, destacando o legado duradouro da independência dos EUA como um exemplo de transformação política e social.

A "Primavera dos Povos", ocorrida em 1848 na França, foi um movimento revolucionário que emergiu em resposta às condições sociais e políticas opressivas do período pós-Restauração. Após a queda de Napoleão e a ascensão de Luís XVIII, a França experimentou um retrocesso em muitas das conquistas liberais da Revolução Francesa, com a elite no poder restringindo direitos individuais. A Revolução Liberal de 1830 trouxe algumas reformas, mas foi apenas em 1848 que as demandas populares ganharam força de maneira mais abrangente.

Entre as principais reivindicações da "Primavera dos Povos" estavam o sufrágio universal, o fim da pena de morte, a garantia de emprego, o direito à greve e a redução da jornada de trabalho. Essas demandas refletiam a insatisfação das classes trabalhadoras urbanas, que viviam em condições precárias e eram excluídas do processo político pelo voto censitário. Os socialistas, em particular, defendiam melhorias nas condições de vida e trabalho, marcando um momento de crescente conscientização sobre as desigualdades sociais.

A opção correta, portanto, é a D), que sintetiza essas aspirações: o fim da pena de morte, a defesa do sufrágio universal, a garantia de emprego, o direito de greve e a limitação da jornada de trabalho. Essas reivindicações representavam um esforço para combater a exploração e a marginalização das camadas mais pobres da população, consolidando a "Primavera dos Povos" como um marco na luta por direitos sociais e políticos na Europa do século XIX.

O manifesto afixado na cidade de Salvador em 1798 revela um discurso inflamado, que ecoa os ideais revolucionários que sacudiam a Europa no final do século XVIII. Ao analisar os trechos apresentados, fica evidente que os autores do texto não apenas estavam cientes dos eventos que ocorriam na França, mas também se inspiravam nos princípios de liberdade e igualdade propagados pela Revolução Francesa.

A menção direta à França como um farol de liberdade, além das referências às mudanças políticas na Alemanha, Castela, Roma e Prússia, demonstra que os autores tinham amplo conhecimento do contexto internacional. A exaltação da liberdade como um valor universal e o chamado ao povo para defender seus direitos reforçam a influência dos ideais revolucionários franceses no movimento baiano.

A alternativa B) é, portanto, a correta, pois o manifesto não apenas reflete o conhecimento dos acontecimentos na França, mas também a apropriação desses ideais na luta por liberdade e justiça social em Salvador. As outras alternativas são incorretas: o texto critica a monarquia (invalidando A), defende a organização política popular (contrariando C), demonstra clara consciência dos eventos externos (anulando D) e, embora tenha um caráter revolucionário, não está diretamente ligado à Proclamação da República, que ocorreria quase um século depois (eliminando E).

Assim, o manifesto de 1798 representa um importante documento histórico que ilustra como os ventos da Revolução Francesa inspiraram movimentos de contestação e busca por liberdade mesmo em território colonial brasileiro.

O fragmento de texto de Lynn Hunt destaca que a cultura política revolucionária não pode ser reduzida a meros reflexos de estruturas ou conflitos sociais, nem à identidade dos próprios revolucionários. Em vez disso, as práticas políticas eram construídas ativamente por meio de linguagem, imagens e ações cotidianas, visando romper com o passado e estabelecer uma nova ordem social. Nesse contexto, a questão apresentada avalia se a ação revolucionária foi impulsionada principalmente pela plebe, e não apenas pelas reflexões filosóficas e políticas da República das Letras e do cosmopolitismo europeu.

A resposta correta é C) CERTO, pois o texto reforça que as revoluções não foram simplesmente um desdobramento de ideias abstratas, mas sim resultado de ações concretas e mobilizações populares. A plebe desempenhou um papel central na materialização das teorias revolucionárias, transformando conceitos filosóficos em mudanças práticas na sociedade. Assim, embora o pensamento intelectual tenha fornecido um arcabouço ideológico, foi a participação ativa das massas que efetivamente conduziu à ruptura revolucionária.

O fragmento de texto de Lynn Hunt destaca que a cultura política revolucionária não pode ser reduzida a uma simples expressão de interesses sociais ou econômicos, mas sim como um esforço consciente para romper com o passado e reconstruir a sociedade. Diante disso, a afirmação sobre o "típico burguês do século XVIII" apresenta uma visão equivocada da dinâmica social da época.

A burguesia do século XVIII, composta por médicos, professores, altos funcionários e comerciantes, não se identificava com a lógica do trabalhador produtivo nem mantinha proximidade com os pobres que exerciam ofícios mecânicos. Pelo contrário, a burguesia buscava distinção social e ascensão econômica, muitas vezes aspirando a valores e privilégios associados à aristocracia, em vez de promover uma integração com as camadas mais baixas da sociedade.

Além disso, a ideia de uma "lenta integração da plebe contra os costumes da aristocracia" não corresponde à realidade histórica. As tensões sociais eram marcadas por conflitos de interesses, e a burguesia, embora crítica ao absolutismo e aos privilégios aristocráticos, não necessariamente se alinhava com as demandas das classes trabalhadoras. Portanto, a afirmação está errada (E), pois não reflete a complexidade das relações sociais e econômicas do período.

A Revolução Francesa, como destacado no fragmento de Lynn Hunt, não apenas transformou a sociedade francesa, mas também estabeleceu um paradigma para movimentos revolucionários posteriores. Sua ênfase na ruptura com o passado, na construção de uma nova ordem política e na mobilização popular por meio de linguagens e símbolos inovadores influenciou diretamente as revoluções dos séculos XVIII e XIX.

O texto de Hunt reforça que a cultura política revolucionária não era mero reflexo de condições sociais, mas sim uma força ativa de transformação. Esse aspecto foi absorvido por outros movimentos, que replicaram métodos como a criação de novas instituições, a ressignificação de conceitos políticos e a utilização de narrativas mobilizadoras. A Revolução Francesa, portanto, serviu como modelo tanto na prática quanto na teoria, justificando a afirmação de que é considerada a "mãe das revoluções políticas".

Dessa forma, o item está CERTO (C), pois a Revolução Francesa legou um repertório de ações e ideias que foram adaptadas por revolucionários em diferentes contextos históricos, consolidando seu papel fundador na tradição revolucionária moderna.

O fragmento de texto apresentado, extraído da obra de Lynn Hunt, destaca a natureza transformadora da Revolução Francesa, enfatizando que sua cultura política não foi meramente um reflexo de estruturas ou conflitos sociais, mas sim um esforço consciente para romper com o passado e estabelecer novas bases para a sociedade. A Revolução Francesa, iniciada em 1789, de fato representou uma ruptura radical com o despotismo e o Antigo Regime, marcado pelo absolutismo monárquico e pelos privilégios estamentais. No entanto, conforme apontado no item a ser julgado, essa revolução não conseguiu, de imediato, instaurar uma sociedade plenamente democrática e igualitária.

Embora a Revolução Francesa tenha proclamado ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, sua trajetória foi marcada por contradições e conflitos internos. Períodos como o Terror (1793-1794) demonstraram a dificuldade de consolidar esses princípios na prática. Além disso, a ascensão de Napoleão Bonaparte no final do século XVIII e início do XIX revelou a fragilidade das instituições democráticas nascentes, substituindo-as por um governo autoritário. Portanto, é correto afirmar que a Revolução Francesa rompeu com o Antigo Regime, mas não estabeleceu, de forma imediata e duradoura, uma sociedade verdadeiramente democrática e igualitária.

Assim, a resposta correta para o item é C) CERTO, pois a afirmação está em consonância com os desdobramentos históricos da Revolução Francesa e com a análise apresentada por Lynn Hunt sobre os limites e as contradições desse processo revolucionário.

O texto apresentado aborda a complexidade da Revolução Francesa, destacando os diversos atores e interesses envolvidos no processo que levou à queda da monarquia em 1789. Segundo a análise de Eric Hobsbawm, a Revolução não foi conduzida por um grupo organizado ou líderes específicos, mas sim ganhou unidade através da atuação da burguesia, cujas demandas influenciaram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

O documento revolucionário, embora tenha sido um marco contra a sociedade hierárquica e os privilégios da nobreza, não defendia uma sociedade plenamente democrática e igualitária. O burguês liberal clássico, conforme descrito, priorizava o constitucionalismo, um Estado secular, liberdades civis e garantias para a empresa privada, além de um governo controlado por contribuintes e proprietários.

No contexto dos grupos políticos que emergiram durante a Revolução, os girondinos se destacam como representantes da alta burguesia. A alternativa correta (B) afirma que eles buscavam limitar a participação dos trabalhadores urbanos e rurais na política, o que está em consonância com o perfil liberal e elitista descrito no texto. Essa caracterização reflete os interesses de uma burguesia que, embora revolucionária, não tinha intenções de promover uma democratização radical da sociedade francesa.

Portanto, a análise do texto e do contexto histórico permite concluir que os girondinos eram um grupo político alinhado aos interesses da alta burguesia, preocupado em manter certos controles sobre a participação popular no governo, o que justifica a escolha da alternativa B como a correta.

O fragmento do discurso de Boissy d'Anglas, apresentado em 1795 durante a Revolução Francesa, reflete um momento crucial de redefinição política e social na França. O texto defende a ideia de que o governo deve ser conduzido pelos proprietários, posicionando os não proprietários em um estado de desordem, ou "estado de natureza". Essa perspectiva está intimamente ligada ao contexto pós-Revolução, quando a burguesia buscava consolidar seu poder político, afastando as camadas populares que haviam participado ativamente dos processos revolucionários.

A defesa apresentada por d'Anglas está corretamente sintetizada na alternativa E) do voto censitário. O voto censitário, ou seja, o direito ao voto baseado na renda ou propriedade, era uma forma de garantir que apenas aqueles com interesses materiais no país — os proprietários — tivessem voz nas decisões políticas. Essa visão excluía grande parte da população, como trabalhadores urbanos e camponeses, reforçando uma estrutura de poder elitista. A justificativa era que os proprietários, por terem bens a proteger, seriam mais responsáveis e comprometidos com a ordem social, evitando a instabilidade.

As outras alternativas não se alinham ao argumento central do texto. A reforma agrária (A) e a igualdade civil (B) contrariariam a lógica de exclusão defendida por d'Anglas. O sufrágio universal (C) representaria exatamente o oposto do voto censitário, enquanto a educação secular (D) não tem relação direta com a discussão sobre propriedade e governo. Portanto, o gabarito corretamente aponta para a alternativa E, que sintetiza a defesa de um sistema político restrito aos proprietários, característico do período do Diretório na Revolução Francesa.