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  Com pouco dinheiro, mas fora do eixo revolucionário do mundo, ignorando o Manifesto Comunista e não querendo ser burguês, passei naturalmente a ser boêmio. (…) Continuei na burguesia, de que mais que aliado, fui índice cretino, sentimental e poético. (…) A valorização do café foi uma operação imperialista. A poesia Pau Brasil também. Isso tinha que ruir com as cornetas da crise. Como ruiu quase toda a literatura brasileira “de vanguarda”, provinciana e suspeita, quando não extremamente esgotada e reacionária.(Oswald de Andrade. Prefácio a Serafim Ponte Grande, 1933.)O texto de Oswald de Andrade

  Com pouco dinheiro, mas fora do eixo revolucionário do mundo, ignorando o Manifesto Comunista e não querendo ser burguês, passei naturalmente a ser boêmio. (…) Continuei na burguesia, de que mais que aliado, fui índice cretino, sentimental e poético. (…) A valorização do café foi uma operação imperialista. A poesia Pau Brasil também. Isso tinha que ruir com as cornetas da crise. Como ruiu quase toda a literatura brasileira “de vanguarda”, provinciana e suspeita, quando não extremamente esgotada e reacionária.

(Oswald de Andrade. Prefácio a Serafim Ponte Grande, 1933.)

O texto de Oswald de Andrade

Resposta:

A alternativa correta é E)

O trecho de Oswald de Andrade, retirado do prefácio de Serafim Ponte Grande (1933), revela uma reflexão crítica sobre sua própria trajetória e o contexto cultural e político do Brasil no início do século XX. O autor, um dos principais nomes do Modernismo brasileiro, reconhece sua posição ambígua: distante tanto do proletariado revolucionário quanto da burguesia, mas ainda assim vinculado a ela de forma "sentimental e poética". Sua análise aponta para a falência de certas expressões artísticas que, apesar de se autoproclamarem vanguardistas, acabaram reproduzindo estruturas provincianas e reacionárias.

A alternativa correta, E), destaca a defesa de uma literatura politizada e o abandono parcial dos princípios estéticos que marcaram sua fase anterior, como o Manifesto Pau-Brasil (1924). Oswald critica a "literatura brasileira de vanguarda" por seu caráter superficial e alienado, sugerindo a necessidade de ruptura com modelos esgotados. Sua autocrítica indica uma evolução ideológica, alinhando-se a um discurso mais engajado, em sintonia com as transformações sociais e econômicas do período pós-1929.

As demais alternativas não se sustentam no texto: não há menção ao controle estatal da arte (A), nem adesão a projetos de direita (B), tampouco um afastamento genérico dos modernistas em relação à esquerda (C). A crise do café é citada como pano de fundo simbólico, não como foco de preocupação dos dominantes (D). Oswald, portanto, reafirma aqui seu compromisso com uma arte crítica, distante tanto do elitismo burguês quanto do vanguardismo vazio.

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