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Questões Sobre Tempo, Memória e Cultura - História - concurso

Questão 1

Leia o texto a seguir
TEMPO

A História – todos nós estamos acostumados com
essa definição – é o estudo das atividades e
produções humanas, ou seja, da cultura, ao longo
do tempo. Assim, no próprio conceito de História
está inserido o conceito de tempo, o que nos mostra
sua importância. No entanto, tempo é uma
daquelas noções que perpassam nosso dia a dia e
às quais damos pouca atenção, a despeito de
sabermos de sua importância. Na verdade, a
palavra tempo pode designar, em português, coisas
diferentes, desde o clima ao tempo histórico, o
tempo cultural.

Silva, Kalina Vanderlei Dicionário de conceitos históricos /
Kalina Vanderlei Silva, Maciel Henrique Silva. – 2.ed., 2ª
reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2009

Assinale a alternativa que se mostra equivocada
quanto à definição de Tempo para
história/historiografia:

  • A)Nem todas as civilizações possuem datas para convencionarem como o início do tempo, hierarquizando-as em primitivas e evoluídas.
  • B)Cronologia é a forma de representar os acontecimentos históricos no tempo, o que exige um calendário e uma noção de contagem do tempo.
  • C)O tempo, como produção humana, é uma ferramenta da História, visível em instrumentos como o calendário e a cronologia.
  • D)O calendário, o ano, o século e a cronologia são invenções importantes para a História como a entendemos hoje.
  • E)Cada cultura tem uma maneira específica de ver o tempo, muitas delas inclusive prescindindo do calendário.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é A)

O conceito de tempo é fundamental para a compreensão da História, pois está intrinsecamente ligado ao estudo das atividades humanas ao longo dos séculos. No entanto, a noção de tempo não é universal, variando conforme as culturas e suas percepções. O texto apresentado destaca que a palavra "tempo" pode assumir diferentes significados, desde o clima até o tempo histórico e cultural, evidenciando sua complexidade.

Entre as alternativas apresentadas, a que se mostra equivocada é a A), pois afirma que nem todas as civilizações possuem datas para convencionar o início do tempo, hierarquizando-as como primitivas ou evoluídas. Essa visão é problemática, pois pressupõe uma linearidade e superioridade cultural que não corresponde à realidade. Cada sociedade desenvolve suas próprias formas de medir e entender o tempo, sem que isso implique uma hierarquia de valor.

As demais alternativas apresentam definições corretas sobre o tempo na História. A alternativa B) destaca a cronologia como uma forma de organizar os eventos históricos, exigindo um calendário e uma contagem temporal. A alternativa C) reforça que o tempo é uma construção humana, utilizada como ferramenta pela História. Já a alternativa D) menciona a importância de invenções como o calendário e a cronologia para a historiografia moderna. Por fim, a alternativa E) reconhece a diversidade cultural na percepção do tempo, incluindo sociedades que não dependem de calendários.

Portanto, a resposta incorreta é a alternativa A), que reproduz uma visão etnocêntrica e simplista sobre a relação entre tempo e civilização.

Questão 2

Leia os excertos a seguir:
Excerto I – Segundo Jacques Le Goff, a memória é
a propriedade de conservar certas informações,
propriedade que se refere a um conjunto de funções
psíquicas que permite ao indivíduo atualizar
impressões ou informações passadas, ou
reinterpretadas como passadas. O estudo da
memória passa da Psicologia à Neurofisiologia,
com cada aspecto seu interessando a uma ciência
diferente, sendo a memória social um dos meios
fundamentais para se abordar os problemas do
tempo e da História.
Excerto II – A memória está nos próprios alicerces
da História, confundindo-se com o documento, com
o monumento e com a oralidade. Mas só muito
recentemente se tornou objeto de reflexão da
historiografia. Só no fim da década de 1970 que os
historiadores da Nova História começaram a
trabalhar com a memória.
Excerto III – Quando os historiadores começaram
a se apossar da memória como objeto da História, o
principal campo a trabalhá-la foi a História Oral.
Nessa área, muitos estudiosos têm-se preocupado
em perceber as formas da memória e como esta age
sobre nossa compreensão do passado e do presente.
Excerto IV – a memória não é apenas individual.
Na verdade, a forma de maior interesse para o
historiador é a memória coletiva, composta pelas
lembranças vividas pelo indivíduo ou que lhe foram
repassadas, mas que não lhe pertencem somente, e
são entendidas como propriedade de uma
comunidade, um grupo.
Após análise dos itens, assinale a alternativa
correta:

  • A)Os quatro excertos são alternativos à concepção que a historiografia contemporânea tem sobre memória, devendo haver uma 5ª via para compreender este conceito.
  • B)Os excertos I e II são complementares ao passo que os excertos III e IV são concorrentes quanto à conceituação da memória como fonte histórica.
  • C)Os excertos I, II e III estão interligados conceitualmente ao passo que o excerto IV destoa do restante, assumindo uma abordagem equivocada sobre o trabalho do historiador sobre o que vem a ser memória.
  • D)Os quatro excertos dizem respeito ao conceito de memória sendo complementares e mantendo entre si coerência conceitual.
  • E)Os excertos II e III são paradoxais aos excertos I e IV na medida em que estes últimos buscam um conceito mais amplo em detrimento dos outros dois, chegando ao ponto de que estes não poderiam compor a mesma categoria conceitual.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é D)

Os excertos apresentados abordam o conceito de memória sob diferentes perspectivas, mas mantêm uma coerência conceitual que os torna complementares. No Excerto I, Jacques Le Goff define a memória como uma propriedade psicológica e neurofisiológica, destacando sua importância para a História como um meio de interpretar o passado. Já o Excerto II reforça a relação intrínseca entre memória e História, mencionando sua tardia incorporação como objeto de estudo pela historiografia, especialmente a partir da Nova História nos anos 1970.

O Excerto III complementa essa ideia ao destacar o papel da História Oral como campo pioneiro no estudo da memória, analisando como ela influencia nossa compreensão do tempo. Por fim, o Excerto IV amplia o debate ao introduzir a noção de memória coletiva, que transcende o indivíduo e passa a ser entendida como um patrimônio compartilhado por grupos ou comunidades.

Assim, longe de serem contraditórios ou alternativos, os quatro excertos se articulam em torno de uma mesma concepção de memória, cada um contribuindo com um aspecto diferente: desde sua natureza psicológica e histórica até sua dimensão coletiva. Portanto, a alternativa correta é D), pois os textos são complementares e coerentes entre si.

Questão 3

Sobre o Ensino de História no Brasil, analise os
itens a seguir, julgue-os (C para os que forem
corretos e E para os que forem Errados) e em
seguida assinale a alternativa que corresponda de
forma adequada às conclusões realizadas.
I. Com as Leis n.º 4024/61 e 5692/71, os
conteúdos de história continuaram a ser trabalhados
em ordem cronológica, sendo memorizados e com
a prática cívica sendo o seu principal objetivo, e
com a hegemonia dos pressupostos positivistas.
II. Entre as décadas de 60 e 70, o extinto Conselho
Federal de Educação recomendava o ensino de
história geral e do Brasil, assim como o ensino de
história da América. Estas medidas resultaram em
um ensino de história com uma visão eurocêntrica,
tendendo à regionalização e às Histórias Múltiplas,
que articulava a revolução francesa e industrial com
os movimentos de independência dos países da
América, em especial o Brasil. Neste período as
disciplinas de História e Geografia foram
substituídas pelos Estudos Sociais.
III. A partir da década de 1980, o ensino de história
passou por discussões quanto ao seu objeto. Os
pressupostos da concepção positivista da história
passaram a ser negados, e aos poucos os
historiadores foram redescobrindo o homem como
agente do processo histórico, como o principal
personagem de uma história que sem sua presença
não existiria.
IV. Apesar de todas essas mudanças ocorridas nos
currículos, alguns autores salientam que não foram
suficientes para quebrar o ordenamento cronológico dos conteúdos, pois a sólida tradição escolar de
base positivista ainda imperava. Este cenário podia
ser visualizado nos livros didáticos, por exemplo,
através de um ensino que apresenta a população
brasileira como fruto da relação harmônica e não
conflituosa entre índios e negros que contribuíram
na obra colonizadora/civilizatória conduzida pelo
branco português/europeu e cristão.

  • A)I – C; II – E; III – C; IV - E
  • B)I – C; II – E; III – E; IV - C
  • C)I – C; II – E; III – C; IV - C
  • D)I – E; II – E; III – C; IV - C
  • E)I – E; II – E; III – C; IV - E
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é C)

O ensino de História no Brasil passou por diversas transformações ao longo do século XX, refletindo mudanças políticas, pedagógicas e historiográficas. Analisando os itens apresentados, é possível identificar os acertos e equívocos em cada afirmação.

I. (C) Correta – As Leis nº 4024/61 e 5692/71 mantiveram uma abordagem tradicional do ensino de História, baseada na cronologia, na memorização e no enfoque cívico, ainda influenciado pelo positivismo. Essa perspectiva priorizava a linearidade dos fatos e a exaltação de heróis nacionais.

II. (E) Errada – Embora o Conselho Federal de Educação tenha recomendado o ensino de história geral, do Brasil e da América, não houve uma efetiva articulação entre esses conteúdos de forma a romper com o eurocentrismo. Além disso, a substituição de História e Geografia por Estudos Sociais reforçou uma visão superficial e descontextualizada, distanciando-se de uma abordagem crítica ou regionalizada.

III. (C) Correta – A partir dos anos 1980, houve uma renovação no ensino de História, com a crítica ao positivismo e a valorização do homem como sujeito histórico. Novas correntes historiográficas, como a História Social e Cultural, passaram a influenciar os currículos, destacando a importância das lutas e experiências dos diversos grupos sociais.

IV. (C) Correta – Apesar das mudanças teóricas, a estrutura cronológica e a visão tradicional persistiram em muitos materiais didáticos. A narrativa histórica ainda reproduzia mitos como a "democracia racial" e a harmonia entre indígenas, africanos e europeus, ocultando conflitos e resistências.

Portanto, a alternativa correta é C) I – C; II – E; III – C; IV – C, pois reflete adequadamente as continuidades e rupturas no ensino de História no Brasil.

Questão 4

Leia as reflexões a seguir sobre a Historiografia:
Excerto I

Vale ressaltar o quanto é imprescindível distinguir
a matéria-prima do trabalho dos historiadores (a
fonte primária) do produto acabado ou
semiacabado (fonte secundária e fonte terciária).
Neste viés, importa notar a diferença entre a fonte e
o documento e o estudo das fontes documentais: a
sua classificação, prioridade e tipologia (escritas,
orais, arqueológicas); o seu tratamento (reunião,
crítica, contraste), e manter o devido respeito a
essas fontes, principalmente com a sua citação fiel.
A subjetividade é uma singularidade da ciência
histórica.
Excerto II

A Historiografia é o equivalente a qualquer parte da
produção historiográfica, ou seja: ao conjunto dos
escritos dos historiadores acerca de um tema ou
período histórico específico. Por exemplo, a frase:
“é muito escassa a historiografia sobre a vida
cotidiana no Japão na Era Meiji” quer dizer que
existem poucos livros escritos sobre esta questão,
uma vez que até ao momento ela não recebeu
atenção por parte dos historiadores, e não porque
esse objeto de estudo seja pouco relevante ou
porque haja poucas fontes documentais que
proporcionem documentação histórica para fazê-lo.
Após a leitura dos dois excertos, analise as
afirmativas a seguir, assinale a que complementa
estes excertos iniciais com argumentos corretos
sobre a reflexão do historiador frente à reflexão
deste, em detrimento da objetividade, subjetividade
e sua inter-relação com o mundo científico e com a
sociedade:

  • A)A reflexão sobre a possibilidade ou impossibilidade de um enfoque objetivo conduz à necessidade de superar a oposição entre a objetividade (a de uma inexistente ciência "pura", que não seja contaminada pelo cientista) e subjetividade (implicada nos interesses, ideologia e limitações do cientista), com o conceito de intersubjetividade, que obriga a considerar a tarefa do historiador, como o de qualquer cientista, como um produtor social, inseparável do restante da cultura humana, em diálogo com os demais historiadores e com toda sociedade como um todo.
  • B)A reflexão sobre a possibilidade ou impossibilidade de um enfoque subjetivo conduz à necessidade de superar a oposição entre a subjetividade (a de uma inexistente ciência "pura") e objetividade (implicada nos interesses, ideologia e limitações do cientista), com o conceito de (trans)subjetividade, que obriga a considerar a tarefa do historiador, como o de qualquer cientista, como um produtor social, inseparável do restante da cultura humana, em diálogo com os demais historiadores e com toda sociedade como um todo.
  • C)A reflexão sobre a possibilidade ou impossibilidade de um enfoque metafísico conduz à necessidade de superar a oposição entre a materialidade (a de uma inexistente ciência "pura", que não seja contaminada pelo cientista) e imaterialidade (implicada nos interesses, ideologia e limitações do cientista), com o conceito de interobjetividade, que imputa ao historiador o ofício, como o de qualquer cientista, como um produtor social, inseparável do restante da cultura humana, em diálogo com os demais historiadores e com toda sociedade como um todo.
  • D)As digressões sobre as possibilidades ou impossibilidades de diversos enfoques objetivos conduzem à necessidade de harmonizar a aparente oposição entre a objetividade e a subjetividade, com o conceito de intersubjetividade, que obriga a considerar a tarefa do historiador, como sendo superior a qualquer outro cientista uma vez que este como um produtor social, inseparável do restante da cultura humana, em diálogo com os demais historiadores e com toda sociedade como um todo, produz ciência a partir de fontes históricas.
  • E)As digressões sobre as possibilidades inerentes a diversos enfoques objetivos conduzem à necessidade de compreender que há uma aparente oposição entre a objetividade e a subjetividade, com o conceito de intersubjetividade, que obriga a considerar a tarefa dos historiadores, como sendo equânimes a qualquer outro cientista, uma vez que este como um produtor social, inseparável do restante da cultura humana, em diálogo com os demais historiadores e com toda sociedade como um todo, produz ciência a partir de fontes históricas materiais e imateriais.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é A)

A análise dos excertos sobre historiografia revela a complexidade do trabalho do historiador, que lida com fontes primárias, secundárias e terciárias, além de enfrentar o desafio da subjetividade inerente à ciência histórica. O Excerto I destaca a importância do tratamento rigoroso das fontes e do respeito à sua fidedignidade, enquanto o Excerto II define a historiografia como o conjunto de produções sobre um tema ou período específico, muitas vezes influenciado pela disponibilidade de estudos e não necessariamente pela relevância do objeto.

A alternativa correta, A), complementa essas reflexões ao abordar a intersubjetividade como um conceito-chave para superar a falsa dicotomia entre objetividade e subjetividade. Ela reconhece que o historiador, assim como outros cientistas, é um produtor social inserido em um contexto cultural e em constante diálogo com outros pesquisadores e com a sociedade. Essa perspectiva evita tanto a ilusão de uma ciência "pura" e neutra quanto o relativismo extremo, posicionando o conhecimento histórico como uma construção coletiva e crítica.

As demais alternativas apresentam distorções conceituais ou hierarquizações equivocadas. A alternativa B) inverte os termos "objetividade" e "subjetividade", enquanto C) introduz elementos metafísicos alheios à discussão. D) e E) incorrem em equívocos ao sugerir superioridade ou equiparação absoluta entre historiadores e outros cientistas, desviando-se do cerne da questão: a natureza dialógica e social da produção historiográfica. Portanto, a resposta A) é a que melhor sintetiza a relação entre reflexão histórica, subjetividade e engajamento científico-social.

Questão 5

Leia o texto a seguir:  
   A História pode ser vista analogamente ao
que temos em um carro. O para-brisa apontando o
futuro e os espelhos retrovisores para o passado
como referências. Sendo assim, a Teoria da
História reporta aqueles que decidiram seguir este
ofício da docência em História como um
importante instrumento, pois, por meio dela, é que
os fatos, as evidências e a existência do ser
humano, enquanto constructo social, se faz. 
  Considerando o caput introdutório da
questão como motivador para tema central
apresentado, analise os itens a seguir, julgue-os
colocando C para os que forem Corretos e E para
os que forem Errados, e em seguida assinale a
alternativa que corresponda a estes julgamentos. 
I. A teoria da história pode ser denominada como
uma subdisciplina da história. Por sua vez esta
teoria procura compreender as diversas
formulações do conhecimento histórico. Por não
existir uma concepção única e consensual para a
análise do passado, as diversas teorias da história alimentam debates constantes entre os defensores
de diversas concepções.
II. No século XIX, a aplicação do pensamento
formulado por Auguste Comte, na área de análise
histórica, acreditava que os pesquisadores deveriam
encontrar o fator que determinasse a verdadeira
história: ela seria algo indiscutível e localizada por
meio dos documentos governamentais que jamais
estariam errados, com omissões, ou deturpados. De
acordo com tal forma de análise, apenas as histórias
militares e políticas teriam importância de serem
verificadas. Após a localização dos fatos do
passado, deveriam ser criadas leis gerais que
explicassem todos os dados coletados. A
quantidade de leis deveria ser a mínima possível,
até se alcançar uma lei única e universal. 
III. O positivismo revela a necessidade de uma
pesquisa científica e metódica nas ciências sociais,
fruto e tentativa de aplicação do mesmo que ocorre
nas demais ciências a partir do século XIX. Até
então, as narrativas históricas se limitavam a textos
que misturavam credos religiosos com possíveis
realidades, impossibilitando de serem separados um
do outro, ou mesmo narrativas de pessoas de
destaque que tivessem presenciado os ocorridos. 
IV. O positivismo na atualidade (Séc. XXI)
encontra pouca receptividade dos historiadores. No
entanto, é digna a sua lembrança já que, pela
primeira vez, existe a preocupação de se
desenvolver narrativas históricas seguindo
determinados critérios. 
V. A Escola dos Annales trata de uma linha
historiográfica surgida na França por meio da
revista Annales d’histoire économique et sociale,
criada por Marc Bloch e Lucien Febvre. Os dois
autores fundadores de tal publicação achavam
insuficientes as formas com que a História era
tratada até então. Apesar disso, não foram os
primeiros a proporem novas abordagens, nem
receberam a fama de forma indevida. Bebendo das
fontes de diversos autores, compilam uma forma
própria de análise do passado. 
VI. Nova História é corrente historiográfica surgida
nos anos 1970 e correspondente à terceira geração
da chamada Escola dos Annales. Seu nome derivou
da publicação da obra “Fazer a História“, em três
volumes, organizada pelos historiógrafos Jacques
Le Goff e Pierre Nora, seus principais expoentes na
França. 

  • A)I - C ; II - E; III - C; IV - C; V - C; VI- E.
  • B)I - C ; II - C; III - C; IV - C; V - C; VI- C.
  • C)I - C ; II - C; III - E; IV - C; V - E; VI- C.
  • D)I - C ; II - C; III - C; IV - E; V - C; VI- C.
  • E)I - E ; II - E; III - E; IV - E; V - E; VI- E.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é B)

O texto apresentado aborda a Teoria da História e suas diferentes correntes, destacando a importância da reflexão sobre o passado e as metodologias utilizadas para interpretá-lo. A analogia inicial entre a História e um carro, com o para-brisa voltado para o futuro e os retrovisores para o passado, ilustra a necessidade de olhar para trás como forma de compreender e projetar o caminho adiante.

O primeiro item (I) está correto ao afirmar que a Teoria da História é uma subdisciplina que busca entender as diversas formulações do conhecimento histórico. Como não há um consenso sobre como analisar o passado, os debates entre diferentes concepções são constantes, enriquecendo a disciplina.

O segundo item (II) também está correto ao descrever a influência do positivismo de Auguste Comte no século XIX. Essa corrente defendia a ideia de que a história deveria ser baseada em documentos oficiais infalíveis, priorizando eventos políticos e militares, e buscando leis universais que explicassem os fatos históricos.

O terceiro item (III) corretamente aponta que o positivismo trouxe uma abordagem mais científica e metódica para as ciências sociais, contrastando com narrativas anteriores que misturavam elementos religiosos e testemunhos pessoais sem critérios rigorosos.

O quarto item (IV) está correto ao mencionar que, embora o positivismo tenha pouca aceitação entre os historiadores contemporâneos, sua contribuição foi fundamental por introduzir a preocupação com critérios metodológicos na construção das narrativas históricas.

O quinto item (V) também está correto ao destacar a Escola dos Annales, fundada por Marc Bloch e Lucien Febvre. Essa corrente ampliou os horizontes da História, incorporando novas abordagens e influências de outros autores, sem pretender ser a única inovadora no campo.

Por fim, o sexto item (VI) está correto ao descrever a Nova História como uma corrente dos anos 1970, ligada à terceira geração dos Annales e impulsionada por obras como "Fazer a História", de Jacques Le Goff e Pierre Nora.

Portanto, a alternativa correta é a B) I - C; II - C; III - C; IV - C; V - C; VI - C, pois todos os itens estão de acordo com as concepções teóricas e históricas apresentadas.

Questão 6

“Quando o doente se acostuma ao seu estado de vigília,
começavam a apagar-se da sua memória as lembranças da
infância, em seguida o nome e a noção das coisas, e por último
a identidade das pessoas e ainda a consciência do próprio ser,
até se afundar numa idiotice sem passado.”

MÁRQUEZ, Gabriel García. Cem anos de solidão. – 59ª ed. – Rio de Janeiro: Record,
2006. p. 47-48.

“Um novo regime de historicidade, centrado sobre o presente,
estaria se formulando no Ocidente? A partir da Queda do Muro
de Berlim (1989), ocorreu um crescimento rápido da categoria
do presente e se impôs a evidência de um presente onipresente,
nomeado de presentismo, onde se vive entre a amnésia e a
vontade de nada esquecer.”

HARTOG, François. Tempo e patrimônio. Varia História, Belo Horizonte, vol.22, nº36,
p.261-273, jul./dez., 2006. (com adaptações)

Relacionando as consequências da epidemia de insônia que
acometeu a Macondo de Cem anos de solidão com as
implicações que o presentismo traz para a nossa experiência
histórica atual, é correto afirmar que a função social do
historiador na sociedade atual deve ser:

  • A)Empreender um mapeamento científico dos acontecimentos passados de modo a orientar seguramente os homens no caminho a ser trilhado no futuro.
  • B)Extrair dos fatos, através dos documentos, as leis que regem os grupos humanos, explicando assim a configuração atual da sociedade.
  • C)Fornecer à sociedade uma análise do passado eficiente para impedir futuras guerras e crises, bem como capaz de evitar catástrofes sociais.
  • D)Impedir que o presente seja vivido solitária e silenciosamente, estabelecendo-se como mediador de um diálogo entre os homens do presente e os do passado.
  • E)Promover uma reconstituição fiel do passado através do colecionamento de datas e fatos dispostos em ordem cronológica.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é D)

A passagem de Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez, descreve a perda progressiva da memória e da identidade causada pela epidemia de insônia em Macondo, levando a uma "idiotice sem passado". Paralelamente, François Hartog discute o presentismo, um fenômeno contemporâneo marcado pela onipresença do presente, oscilando entre a amnésia e a compulsão por registrar tudo. Ambos os contextos revelam um risco comum: a dissolução do vínculo com o passado e a solidão resultante da falta de diálogo entre tempos históricos.

Nesse cenário, a função social do historiador não pode se limitar à mera catalogação de fatos (E) ou à busca de leis universais (B), mas deve atuar como ponte entre temporalidades. A alternativa D) é a correta porque propõe um papel ativo: impedir que o presente seja vivido em isolamento, mediando o diálogo entre passado e presente. Essa perspectiva evita tanto a armadilha do futurismo ingênuo (A) quanto a ilusão de que a história pode ser instrumentalizada para prevenir crises (C). O historiador, assim, torna-se um guardião da continuidade humana, resistindo à fragmentação do tempo típica do presentismo e à amnésia coletiva retratada por Márquez.

Questão 7

A renovação historiográfica ocorrida no século XX, com os
“Annales”, promoveu uma transformação na concepção de
documento e na relação do historiador com ele. A concepção
renovada de documento e de seu uso em sala de aula parte do
pressuposto de que o trabalho com diferentes fontes e
linguagens pode ser o ponto de partida para a prática do ensino
de história. Nesta perspectiva, os documentos

  • A)são compreendidos como vestígios do passado, que devem servir para responder a indagações e problematizações de alunos e professores, com o objetivo de estabelecer um diálogo com o passado e o presente, tendo como referência o conteúdo histórico ensinado.
  • B)são considerados a base do conhecimento histórico, visto que eles falam por si mesmos, cabendo ao professor e aos alunos resignarem-se diante da verdade imanente às fontes históricas.
  • C)são entendidos como ilustrações da narrativa histórica, sendo utilizados para decorar o material didático e torná-lo mais atrativo para os alunos, possibilitando que estes prestem mais atenção às aulas.
  • D)são tratados como prova irrefutável da realidade passada e comprovação da narrativa histórica transmitida pelo professor ao aluno. Este então considerado um receptor passivo e preocupado em decorar o conteúdo ensinado.
  • E)são utilizados como instrumentos didáticos, uma forma do professor motivar o aluno para o conhecimento histórico, esperando-se que, por meio da utilização do documento em sala de aula, o aluno possa ter contato pessoal e próximo com as realidades passadas.
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A alternativa correta é A)

A renovação historiográfica promovida pela Escola dos Annales no século XX trouxe uma nova perspectiva sobre o uso de documentos no ensino de história. Essa abordagem inovadora entende as fontes históricas não como meras ilustrações ou verdades absolutas, mas como vestígios do passado que devem ser problematizados e interrogados. A alternativa correta (A) reflete essa concepção, ao destacar que os documentos servem para estabelecer um diálogo entre passado e presente, mediado por questionamentos de professores e alunos.

Essa visão contrasta com as abordagens tradicionais representadas nas outras alternativas. Enquanto a opção B) trata os documentos como portadores de uma verdade imanente, e a D) os vê como provas irrefutáveis, a perspectiva dos Annales reconhece que toda fonte é uma construção que requer interpretação crítica. Da mesma forma, as alternativas C) e E), embora valorizem o aspecto didático, reduzem o documento a um recurso ilustrativo ou motivacional, sem explorar seu potencial como objeto de investigação histórica.

A abordagem correta, portanto, entende que o trabalho com documentos em sala de aula deve ser pautado pela problematização. Ao invés de servir como ilustração ou verdade pronta, as fontes históricas tornam-se ferramentas para desenvolver o pensamento crítico dos alunos, permitindo que construam seu conhecimento histórico através da análise e da interpretação dos vestígios do passado em diálogo com o presente.

Questão 8

O “tempo histórico” é entendido como uma experiência particular
de cada sociedade que no presente se relaciona com seu
passado (“espaço de experiência”) e seu futuro (“horizonte de
expectativa”), possibilitando a consideração da existência de
tempos plurais, heterogêneos e não lineares, tendo em vista que
estas relações variam. Esta é uma construção conceitual
apresentada por qual destes autores em sua respectiva obra?

  • A)Jacques Le Goff (História e Memória).
  • B)José Carlos Reis (História e Teoria).
  • C)Marc Bloch (Apologia da História).
  • D)Paul Ricoeur (Tempo e Narrativa).
  • E)Reinhart Koselleck (Futuro Passado).
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A alternativa correta é E)

O conceito de "tempo histórico", que engloba a relação entre o "espaço de experiência" e o "horizonte de expectativa", foi desenvolvido pelo historiador alemão Reinhart Koselleck em sua obra Futuro Passado. Essa abordagem destaca a pluralidade e a não linearidade dos tempos históricos, enfatizando como diferentes sociedades interpretam seu passado e projetam seu futuro de maneiras distintas. Koselleck argumenta que a experiência do tempo varia conforme o contexto histórico e cultural, rompendo com visões unidirecionais ou homogêneas da história.

Enquanto outros autores mencionados nas alternativas contribuíram significativamente para a teoria da história – como Jacques Le Goff com seus estudos sobre memória, Marc Bloch com a defesa da história como ciência, Paul Ricoeur com suas reflexões sobre narrativa e tempo, e José Carlos Reis com análises teóricas –, foi Koselleck quem estruturou essa noção específica de temporalidade histórica. Sua obra é fundamental para compreender como as sociedades articulam passado, presente e futuro em suas trajetórias singulares.

Gabarito correto: E) Reinhart Koselleck (Futuro Passado).

Questão 9

A construção da História enquanto ciência pelos positivistas
durante o século XIX baseava-se na compreensão da narrativa
histórica como

  • A)um enredo, um argumento, uma reflexão balizada por uma situação constituída e contextualizada no momento da escrita.
  • B)um produto do presente, não um retrato fiel do passado, considerando-se a narrativa como objetiva e verdadeira, mas também como subjetiva e hipotética.
  • C)uma expressão artística, caracterizada de modo semelhante aos diferentes gêneros literários: dramático, épico, hagiográfico, etc.
  • D)uma expressão da realidade, verdade inquestionável, pois baseada em fatos, comprovados através da verificação da autenticidade dos documentos oficiais.
  • E)uma produção historiográfica datada, carregada das marcas de seu tempo e do lugar social do historiador.
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A alternativa correta é D)

A construção da História como ciência pelos positivistas no século XIX fundamentava-se em princípios que buscavam estabelecer uma narrativa histórica objetiva e imparcial. De acordo com essa perspectiva, a História deveria ser entendida como uma expressão da realidade, baseada em fatos comprováveis e documentados. Essa abordagem valorizava a verificação meticulosa de fontes oficiais, consideradas como evidências incontestáveis do passado.

Entre as alternativas apresentadas, a opção D) é a que melhor reflete essa visão positivista, pois afirma que a narrativa histórica seria uma "verdade inquestionável, baseada em fatos, comprovados através da verificação da autenticidade dos documentos oficiais". Essa concepção contrasta com interpretações mais modernas, que reconhecem a subjetividade e as influências contextuais na produção historiográfica.

Os positivistas acreditavam que, ao seguir métodos rigorosos de análise documental, seria possível reconstruir o passado de forma neutra e científica, distanciando-se de interpretações literárias ou subjetivas. Essa postura influenciou profundamente a historiografia do século XIX, embora posteriormente tenha sido questionada por correntes que enfatizam a natureza construída e interpretativa do conhecimento histórico.

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Questão 10

Uma das grandes discussões da historiografia contemporânea diz respeito ao
surgimento das nações, dos nacionalismos e dos sentidos de nacionalidade. A
esse respeito, assinale a opção que é condizente com a história do
nacionalismo no cenário europeu ocidental.

  • A)O nacionalismo foi uma ideologia que buscou a restauração das monarquias nacionais católicas que sucumbiram aos avanços da revolução francesa, bem como aos avanços militares napoleônicos no início do século XIX.
  • B)O nacionalismo pode ser explicado a partir da força da maçonaria no território europeu entre as décadas finais do século XVIll e as primeiras do século XIX.
  • C)O nacionalismo foi uma ideologia que surgiu como instrumento a justificar o anterior aparecimento das nações, buscando atribuir sentido à sua formação.
  • D)O nacionalismo foi uma ideologia que precedeu a formação das nações europeias, sendo o sustentáculo maior do combate de idéias ao absolutismo monárquico desde meados do século XVIII.
  • E)O nacionalismo foi a ideologia nascida na Península Ibérica e serviu como justificação ideológica para as guerras de independência de Espanha e Portugal contra o invasor napoleônico.
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A alternativa correta é C)

O nacionalismo europeu ocidental é um fenômeno complexo que tem gerado intensos debates historiográficos. A opção correta (C) aponta que o nacionalismo surgiu como uma ideologia para justificar e dar sentido à formação prévia das nações, o que reflete uma compreensão mais atualizada desse processo histórico.

A formação dos Estados nacionais na Europa Ocidental foi um processo gradual, onde elementos como língua comum, território definido e cultura compartilhada foram se consolidando antes do surgimento do ideário nacionalista. O nacionalismo, portanto, não precedeu as nações, mas sim emergiu como ferramenta política e cultural para legitimar essas formações já em curso.

As outras alternativas apresentam equívocos históricos significativos. O nacionalismo não foi um movimento restaurador monárquico (A), nem esteve ligado exclusivamente à maçonaria (B). Também não é correto afirmar que antecedeu as nações (D) ou que teve origem específica na Península Ibérica (E). O caso ibérico foi particular, mas não pode ser tomado como origem do fenômeno nacionalista europeu.

A compreensão de que o nacionalismo serviu para justificar formações nacionais já existentes ou em formação nos permite entender melhor como identidades coletivas foram construídas e mobilizadas politicamente no século XIX, tornando-se um dos pilares da ordem política moderna.

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