Questões Sobre Tempo, Memória e Cultura - História - concurso
Questão 51
Como o objeto da história (entendida como um constructo
teórico) é o que aconteceu, abstraído tanto do presente quanto do
futuro, então o tempo torna-se um dos elementos determinantes
do conceito de história. Parece-me, no entanto, que nem a relação
que o tempo mantém com outros elementos nem o sentido
específico do seu efeito na história foram identificados até hoje
com a clareza desejável, tampouco com a clareza possível.
Georg Simmel. O problema do tempo histórico [1916]. In: Simmel. Ensaios
sobre teoria da história. Rio de Janeiro: Contraponto, 2011, p. 9 (com adaptações).
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item seguinte, relativos à relação entre tempo e história.
A ideia geral de tempo histórico que predomina na literatura
teórica expressa a relativa homogeneidade temática e
metodológica que caracteriza os diferentes ramos da
pesquisa histórica atual.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
A afirmação de que a ideia geral de tempo histórico na literatura teórica expressa uma relativa homogeneidade temática e metodológica entre os diferentes ramos da pesquisa histórica atual está incorreta. Como apontado por Georg Simmel no texto de referência, o tempo é um elemento determinante no conceito de história, mas sua relação com outros elementos e seu efeito específico ainda não foram completamente esclarecidos. Isso sugere uma complexidade e diversidade de abordagens, em vez de homogeneidade.
A pesquisa histórica contemporânea abrange uma variedade de perspectivas teóricas e metodológicas, como a história social, cultural, econômica e das mentalidades, cada uma com suas próprias concepções de tempo histórico. Portanto, não há uma uniformidade temática ou metodológica predominante, mas sim um diálogo entre diferentes correntes que enriquecem o entendimento da história.
Dessa forma, a resposta correta é E) ERRADO, pois a realidade da pesquisa histórica atual reflete uma pluralidade de abordagens em vez de uma homogeneidade simplista.
Questão 52
Ora, uma história não é narrada sob a pressão
esquizofrênica de ser ou a pura facticidade das informações das
fontes, de um lado, ou a imaginação ficcional de seu caráter
histórico. Sua facticidade própria, muito mais real do que a
facticidade dos dados das fontes, encontra-se na forma em que o
passado se torna um elemento influente na vida humana prática
no presente.
Jörn Rüsen. História viva. Teoria da História III: formas e funções
do conhecimento histórico. Brasília: EdUnB, 2007, p. 33 (com adaptações).
Considerando esse fragmento de texto, julgue o item subsequente, com referência a aspectos teórico-metodológicos dos estudos em história.
Uma das teses desenvolvidas no âmbito do narrativismo
historiográfico é a de que seriam pouco significativas as
diferenças entre as explicações do passado produzidas nos
campos da historiografia e da filosofia especulativa da
história.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
O fragmento de texto apresentado, extraído da obra de Jörn Rüsen, aborda a natureza da narrativa histórica, destacando que ela não se limita à mera reprodução factual das fontes nem à pura imaginação ficcional. Em vez disso, a história ganha sua facticidade mais autêntica ao se tornar um elemento influente na vida prática do presente. Essa perspectiva dialoga diretamente com as discussões do narrativismo historiográfico, que enfatiza o papel da construção narrativa na compreensão do passado.
No âmbito do narrativismo, uma das teses centrais é justamente a relativização das fronteiras rígidas entre a historiografia e outras formas de interpretação do passado, como a filosofia especulativa da história. Ambas compartilham a característica de serem construções narrativas que buscam dar sentido aos eventos históricos, ainda que partam de pressupostos e metodologias distintas. Portanto, a afirmação de que as diferenças entre essas duas formas de explicação do passado seriam pouco significativas está correta, conforme a perspectiva narrativista.
Assim, o gabarito "C) CERTO" reflete adequadamente a posição teórica do narrativismo historiográfico, que reconhece a proximidade entre a historiografia e a filosofia da história no que diz respeito à sua função de elaborar narrativas significativas sobre o passado.
Questão 53
Ora, uma história não é narrada sob a pressão
esquizofrênica de ser ou a pura facticidade das informações das
fontes, de um lado, ou a imaginação ficcional de seu caráter
histórico. Sua facticidade própria, muito mais real do que a
facticidade dos dados das fontes, encontra-se na forma em que o
passado se torna um elemento influente na vida humana prática
no presente.
Jörn Rüsen. História viva. Teoria da História III: formas e funções
do conhecimento histórico. Brasília: EdUnB, 2007, p. 33 (com adaptações).
Considerando esse fragmento de texto, julgue o item subsequente, com referência a aspectos teórico-metodológicos dos estudos em história.
A ênfase analítica no caráter construtivo e nos aspectos
ficcionais do conhecimento histórico raramente tem sido
combinada com apologias à tolerância de mentiras e
falsificações documentais.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
O fragmento de texto de Jörn Rüsen destaca a complexidade da narrativa histórica, que não se limita à mera facticidade das fontes nem à pura imaginação ficcional. Em vez disso, a história ganha vida na medida em que o passado se torna relevante para o presente, influenciando a prática humana. Essa perspectiva reforça o caráter construtivo do conhecimento histórico, que, embora reconheça elementos ficcionais em sua elaboração, não deve ser confundido com a tolerância a falsificações ou mentiras documentais.
A ênfase nos aspectos construtivos e ficcionais da história não implica, portanto, uma abertura para a manipulação deliberada de fatos. Pelo contrário, a análise histórica responsável busca equilibrar a interpretação criativa com o rigor metodológico, evitando distorções que comprometam a integridade do conhecimento produzido. Nesse sentido, o item avaliado está correto ao afirmar que raramente há combinação entre a abordagem construtivista e a apologia a falsificações.
A resposta C) CERTO está, portanto, de acordo com a reflexão proposta por Rüsen, que valoriza a narrativa histórica como um processo dinâmico, mas não menos comprometido com a busca por uma representação significativa e ética do passado.
Questão 54
Ora, uma história não é narrada sob a pressão
esquizofrênica de ser ou a pura facticidade das informações das
fontes, de um lado, ou a imaginação ficcional de seu caráter
histórico. Sua facticidade própria, muito mais real do que a
facticidade dos dados das fontes, encontra-se na forma em que o
passado se torna um elemento influente na vida humana prática
no presente.
Jörn Rüsen. História viva. Teoria da História III: formas e funções
do conhecimento histórico. Brasília: EdUnB, 2007, p. 33 (com adaptações).
Considerando esse fragmento de texto, julgue o item subsequente, com referência a aspectos teórico-metodológicos dos estudos em história.
O requisito da objetividade impõe ao historiador uma atitude
de distanciamento em relação ao seu próprio presente, do
contrário é impossível representar o passado tal como
realmente foi.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O fragmento de texto de Jörn Rüsen apresenta uma perspectiva crítica sobre a narrativa histórica, destacando que ela não se limita à mera reprodução factual das fontes nem à pura imaginação ficcional. Em vez disso, a história se constitui na maneira como o passado se torna relevante para a vida prática no presente. Essa abordagem questiona a noção tradicional de objetividade como um distanciamento absoluto do historiador em relação ao seu próprio contexto.
O item a ser julgado afirma que a objetividade exige do historiador um afastamento completo de seu presente para representar o passado "tal como realmente foi". No entanto, a visão de Rüsen sugere que a história é uma construção influenciada pela relação dinâmica entre passado e presente. A pretensão de neutralidade absoluta é ilusória, pois o próprio ato de interpretar fontes e narrar eventos está imbricado com as questões, valores e perspectivas do tempo em que o historiador vive.
Portanto, a resposta correta é E) ERRADO, pois a objetividade histórica não depende de um distanciamento total do presente, mas sim do reconhecimento crítico das mediações entre o passado estudado e o contexto de sua interpretação. A história, como prática viva, exige consciência metodológica sobre essas relações, e não sua negação.
Questão 55
Ora, uma história não é narrada sob a pressão
esquizofrênica de ser ou a pura facticidade das informações das
fontes, de um lado, ou a imaginação ficcional de seu caráter
histórico. Sua facticidade própria, muito mais real do que a
facticidade dos dados das fontes, encontra-se na forma em que o
passado se torna um elemento influente na vida humana prática
no presente.
Jörn Rüsen. História viva. Teoria da História III: formas e funções
do conhecimento histórico. Brasília: EdUnB, 2007, p. 33 (com adaptações).
Considerando esse fragmento de texto, julgue o item subsequente, com referência a aspectos teórico-metodológicos dos estudos em história.
Admitida a decomposição do conhecimento histórico nas
atividades da pesquisa, de um lado, e, de outro, da
historiografia (ou escrita da história), infere-se que o
emprego do termo “facticidade” no texto não se relaciona
com a primeira atividade, mas apenas com a segunda.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O fragmento de texto de Jörn Rüsen aborda a natureza complexa da narrativa histórica, que não se limita à dicotomia entre facticidade pura das fontes e imaginação ficcional. Ao contrário, Rüsen destaca que a verdadeira facticidade da história reside na maneira como o passado se torna um elemento ativo e influente na vida prática do presente. Essa perspectiva sugere que a facticidade não está restrita apenas à fase de pesquisa ou à escrita da história, mas permeia ambas as atividades de forma integrada.
A afirmação de que o termo "facticidade" no texto se relaciona apenas com a historiografia (escrita da história) e não com a pesquisa é equivocada. Rüsen não estabelece essa separação rígida, pois sua concepção de facticidade abrange a relação dinâmica entre passado e presente, que se manifesta tanto na investigação quanto na narrativa histórica. Portanto, a decomposição do conhecimento histórico em pesquisa e escrita não implica que a facticidade seja exclusiva de uma dessas etapas.
Dessa forma, o gabarito correto é E) ERRADO, pois a facticidade, conforme apresentada no texto, está intrinsicamente ligada tanto à pesquisa quanto à escrita da história, sendo parte fundamental do processo contínuo de construção do conhecimento histórico.
Questão 56
Ora, uma história não é narrada sob a pressão
esquizofrênica de ser ou a pura facticidade das informações das
fontes, de um lado, ou a imaginação ficcional de seu caráter
histórico. Sua facticidade própria, muito mais real do que a
facticidade dos dados das fontes, encontra-se na forma em que o
passado se torna um elemento influente na vida humana prática
no presente.
Jörn Rüsen. História viva. Teoria da História III: formas e funções
do conhecimento histórico. Brasília: EdUnB, 2007, p. 33 (com adaptações).
Considerando esse fragmento de texto, julgue o item subsequente, com referência a aspectos teórico-metodológicos dos estudos em história.
As reflexões apresentadas no texto projetam o conhecimento
histórico como algo fortemente determinado pela imaginação
ficcional e subdeterminado pelos resultados de pesquisa.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O fragmento de texto de Jörn Rüsen apresenta uma perspectiva sobre a narrativa histórica que rejeita a dicotomia simplista entre facticidade pura e imaginação ficcional. Segundo o autor, a essência da história não reside na mera reprodução dos dados das fontes nem na criação de uma ficção desvinculada da realidade, mas na maneira como o passado se integra à vida prática no presente. Essa abordagem sugere que o conhecimento histórico é um processo dinâmico, no qual a interpretação e a relevância para o presente desempenham um papel central.
A afirmação de que o conhecimento histórico é "fortemente determinado pela imaginação ficcional e subdeterminado pelos resultados de pesquisa" não condiz com o pensamento expresso no texto. Rüsen não despreza a importância das fontes ou dos dados empíricos, mas enfatiza que a facticidade da história está na sua capacidade de influenciar o presente de forma significativa. Portanto, a imaginação não domina a pesquisa histórica a ponto de subordinar os resultados das investigações. Pelo contrário, o texto defende uma relação equilibrada entre os elementos objetivos e subjetivos na construção do conhecimento histórico.
Dessa forma, o gabarito correto para o item em questão é E) ERRADO, pois a interpretação proposta no enunciado não reflete adequadamente as ideias apresentadas por Rüsen. O autor não reduz a história à ficção, mas a coloca como um diálogo entre o passado e o presente, mediado pela pesquisa rigorosa e pela reflexão crítica.
Questão 57
Ora, uma história não é narrada sob a pressão
esquizofrênica de ser ou a pura facticidade das informações das
fontes, de um lado, ou a imaginação ficcional de seu caráter
histórico. Sua facticidade própria, muito mais real do que a
facticidade dos dados das fontes, encontra-se na forma em que o
passado se torna um elemento influente na vida humana prática
no presente.
Jörn Rüsen. História viva. Teoria da História III: formas e funções
do conhecimento histórico. Brasília: EdUnB, 2007, p. 33 (com adaptações).
Considerando esse fragmento de texto, julgue o item subsequente, com referência a aspectos teórico-metodológicos
dos estudos em história.
Os aspectos estéticos, políticos, retóricos e(ou) morais que
frequentemente caracterizam a historiografia não
necessariamente comprometem o seu valor epistêmico.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
O fragmento de texto de Jörn Rüsen aborda a complexa relação entre facticidade e narrativa histórica, destacando que a história não se limita a uma mera reprodução de dados ou a uma invenção ficcional. Em vez disso, sua verdadeira facticidade reside na maneira como o passado se torna relevante para o presente, influenciando a vida prática dos seres humanos. Essa perspectiva sugere que a historiografia não é neutra, mas sim permeada por elementos estéticos, políticos, retóricos e morais que moldam sua construção.
A afirmação de que esses aspectos não necessariamente comprometem o valor epistêmico da historiografia está correta. Rüsen enfatiza que a história é uma forma de conhecimento que opera entre a factualidade das fontes e a interpretação narrativa, sem que isso diminua sua validade. Pelo contrário, esses elementos são constitutivos do processo de dar sentido ao passado, tornando-o significativo para o presente. Portanto, a presença de dimensões estéticas, políticas ou morais não invalida o caráter científico da história, desde que haja rigor metodológico e reflexão crítica sobre como essas camadas influenciam a narrativa.
Assim, a resposta correta é C) CERTO, pois a historiografia, mesmo quando marcada por escolhas retóricas ou posicionamentos políticos, pode manter seu valor epistêmico ao articular o passado de maneira coerente e reflexiva, cumprindo sua função de tornar a experiência histórica relevante para a vida prática.
Questão 58
caso dos processos criminais, é fundamental ter em conta o que é considerado crime em diferentes sociedades e como se dá,
em diferentes contextos e temporalidades, o andamento de uma investigação criminal, no âmbito do poder judiciário (…) é
justamente na relação entre produção de vários discursos sobre o crime e o real que está a chave da nossa análise. O que nos
interessa é o processo de transformação dos atos em autos, sabendo que ele é sempre a construção de um conjunto de versões
sobre um determinado acontecimento.
fontes. São Paulo: Contexto, p. 122)
- A)de documento jurídico em cada época, bem como a origem dos acervos constituídos pelos arquivos judiciários, partindo-se do princípio de que estas instituições são isentas.
- B)de lei em cada sociedade e em cada época, bem como os rituais e procedimentos jurídicos, buscando-se a narrativa objetiva em cada documento.
- C)de crime definido pela sociedade em cada época, bem como os rituais e procedimentos jurídicos, buscando-se problematizar a documentação como registro neutro.
- D)autodefinido pelo Estado em cada época, partindo-se do princípio de que o documento não é uma forma de acesso objetivo e direto ao passado.
- E)de investigação criminal em cada época, partindo-se do princípio de que um documento jurídico oficial e autêntico revela a verdade sobre os acontecimentos passados.
A alternativa correta é C)
O texto de Keila Grinberg destaca a importância de compreender a natureza dos processos criminais como construções discursivas, e não como registros neutros ou objetivos da realidade. A autora enfatiza que o historiador deve analisar como os atos se transformam em autos, ou seja, como os eventos são convertidos em versões documentais dentro de um contexto jurídico específico. Essa abordagem exige um olhar crítico sobre o que cada sociedade define como crime em determinado período histórico, bem como sobre os rituais e procedimentos que moldam a produção desses documentos.
A alternativa correta (C) sintetiza essa perspectiva ao propor que o historiador considere o conceito de crime conforme definido pela sociedade em cada época, além dos rituais e procedimentos jurídicos, problematizando a ideia de neutralidade documental. Isso está em sintonia com a visão de Grinberg, que alerta para o fato de os processos criminais serem sempre construções de versões sobre os acontecimentos, e não reflexos diretos da realidade. As demais alternativas falham ao pressupor isenção institucional (A), buscar uma narrativa objetiva (B), atribuir exclusivamente ao Estado a definição do crime (D) ou tratar documentos jurídicos como reveladores da verdade (E), posições que ignoram o caráter interpretativo e contextual da documentação histórica.
Questão 59
Sob a definição de “patrimônio imaterial” encontram-se
- A)as lendas, canções e narrativas que constituem o patrimônio folclórico de uma sociedade, desde que nunca transcritos e transformados em textos com autoria, processo que deslegitima a fonte original e interfere em seus significados para a comunidade.
- B)o conjunto das edificações construídas no passado que estejam ameaçadas de deterioração e ainda não foram estudadas e tombadas pelo Serviço de Patrimônio Histórico em algum dos seus âmbitos de atuação: municipal, estadual ou federal.
- C)as expressões e movimentos artísticos populares reconhecidos pelo Estado, excluindo-se as técnicas de artesanato e conhecimentos transmitidos oralmente, sobre os quais não se pode determinar um lugar e uma época de origem.
- D)as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas − com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados − que as comunidades, os grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
- E)as habilidades e práticas associadas a conhecimentos e técnicas populares − com a produção de instrumentos, objetos, artefatos − que o Estado chancele como parte da história nacional e a ONU reconheça como patrimônio intangível da Humanidade.
A alternativa correta é D)
O conceito de patrimônio imaterial é fundamental para a preservação da diversidade cultural e das tradições que formam a identidade de comunidades e grupos sociais. Conforme a definição correta apresentada na alternativa D), esse patrimônio abrange:
- Práticas cotidianas e rituais;
- Representações simbólicas e expressões artísticas;
- Conhecimentos tradicionais transmitidos entre gerações;
- Técnicas artesanais e seus instrumentos associados;
- Lugares culturais que carregam significado para determinados grupos.
Diferentemente do patrimônio material, que se refere a edificações e objetos tangíveis, o patrimônio imaterial é dinâmico e está intrinsecamente ligado à vivência das comunidades. Sua preservação depende do reconhecimento desses grupos como detentores e perpetuadores de suas próprias tradições.
As outras alternativas apresentam equívocos:
- A) Erra ao restringir o folclore apenas à oralidade, ignorando que sua transcrição não necessariamente o deslegitima.
- B) Confunde patrimônio imaterial com patrimônio arquitetônico em risco.
- C) Exclui indevidamente saberes tradicionais transmitidos oralmente.
- E) Limita o conceito apenas ao que é reconhecido por instituições, desconsiderando a autoidentificação das comunidades.
Portanto, a definição mais abrangente e precisa é mesmo a da alternativa D), que compreende o patrimônio imaterial como um conjunto vivo de manifestações culturais reconhecidas pelos próprios grupos que as praticam.
Questão 60
No processo de afirmação da História como disciplina científica, no século XIX,
- A)aceitava-se como “verdade sobre o passado” as memórias comunitárias orais que eram transcritas pelos historiadores e transformadas em documentos oficiais de Arquivo de historiadores.
- B)predominava o documento escrito de caráter oficial como forma de conhecer os fatos ocorridos, em detrimento das formas de narrativa oral e comunitária sobre o passado.
- C)considerava-se a memória como uma ciência auxiliar da história científica, à medida em que ajudava a elucidar o conteúdo dos documentos escritos, prática que deu origem à Paleografia.
- D)valorizava-se a memória comunitária como base alternativa à história oficial dos Estados-Nação que surgiram no século XIX.
- E)defendia-se que história e memória tinham uma relação de completude, sendo a memória oral e coletiva utilizada para preencher as lacunas narrativas do discurso científico da história.
A alternativa correta é B)
No processo de afirmação da História como disciplina científica, no século XIX, houve uma clara valorização do documento escrito de caráter oficial como principal fonte para o conhecimento do passado. Esse período foi marcado pelo esforço de consolidar a História como uma ciência rigorosa, baseada em métodos objetivos e em fontes consideradas confiáveis.
A alternativa B) é a correta, pois reflete a predominância do documento escrito oficial nesse contexto. Os historiadores do século XIX tendiam a desconsiderar narrativas orais e comunitárias, considerando-as pouco confiáveis ou subjetivas. Em vez disso, priorizavam arquivos, registros governamentais e outros documentos formais como base para suas pesquisas.
As demais alternativas apresentam visões que não correspondem ao pensamento historiográfico dominante da época:
- A) As memórias comunitárias orais não eram aceitas como "verdade" nem transformadas em documentos oficiais.
- C) A memória não era considerada uma ciência auxiliar da História nesse período.
- D) A memória comunitária não era valorizada como alternativa à história oficial.
- E) Não havia uma defesa da relação de completude entre história e memória oral.
Portanto, o século XIX estabeleceu uma hierarquia de fontes históricas que privilegiava o documento escrito oficial, em consonância com o projeto de construção de uma história científica e com o fortalecimento dos Estados-Nação modernos.