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Questões Sobre Tempo, Memória e Cultura - História - concurso

Questão 61

Apesar do pioneirismo de Alcântara Machado na utilização de inventários como fonte para a história (Vida e morte do bandeirante
foi publicado em 1929), é nas décadas de 1960 e 1970, em razão das novas tendências da historiografia, que os
pesquisadores brasileiros passam a utilizar os arquivos judiciais de modo mais sistemático. Tal fenômeno está relacionado
com

  • A)a própria natureza dos processos judiciais, cuja estrutura dialógica põe em cena litigantes de diferentes extratos sociais e estimula uma multiplicidade de versões e abordagens.
  • B)o abandono e o descrédito de fontes discursivas e generalizantes, como a legislação, os relatórios administrativos e os relatos de viajantes.
  • C)a criação dos cursos superiores de Arquivologia, formando bacharéis que passaram a produzir instrumentos de acesso aos arquivos do Poder Judiciário.
  • D)as recomendações do Conselho Internacional de Arquivos e dos organismos que o representam no Brasil: associações profissionais e Conselho Nacional de Arquivos (Conarq).
  • E)a Lei de Acesso à Informação, liberando os arquivos dos órgãos judiciais dos prazos de confidencialidade e de sigilo que incidiam sobre a grande maioria dos processos por eles acumulados.
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A alternativa correta é A)

O uso de arquivos judiciais como fonte histórica ganhou maior relevância no Brasil durante as décadas de 1960 e 1970, impulsionado por transformações na historiografia que valorizaram novas abordagens e perspectivas. Embora Alcântara Machado já tivesse explorado inventários em sua obra Vida e morte do bandeirante (1929), foi nesse período posterior que os pesquisadores passaram a adotar tais documentos de maneira mais sistemática.

O fenômeno está diretamente ligado à natureza dos processos judiciais, conforme aponta a alternativa correta (A). Esses documentos possuem uma estrutura dialógica que coloca em evidência litigantes de diferentes estratos sociais, permitindo a análise de múltiplas versões e interpretações sobre um mesmo fato. Essa característica favoreceu o estudo de conflitos, relações de poder e dinâmicas sociais, alinhando-se às novas tendências historiográficas que buscavam uma história mais próxima das experiências cotidianas e das vozes marginalizadas.

As demais alternativas apresentam fatores que, embora possam ter contribuído de alguma forma para o acesso ou organização de arquivos, não explicam o interesse dos historiadores pelos processos judiciais naquele contexto específico. A mudança na historiografia, com ênfase na diversidade de fontes e na análise de conflitos, foi o principal motivador para essa virada metodológica.

Questão 62

Em Apologia da história, depois de afirmar que o modelo das ciências da natureza não se aplica à história, Marc Bloch discorre
sobre a especificidade da ciência dos homens no tempo e defende a ideia de que cabe ao historiador

  • A)render-se à evidência dos documentos, submetendo-os às críticas interna e externa.
  • B)descrever, o mais fielmente possível, os acontecimentos do passado.
  • C)formular perguntas aos documentos e forçá-los a dar respostas.
  • D)isolar o tempo presente de seu universo de preocupações e referências.
  • E)eximir-se de interpretar os vestígios do passado, evitando toda e qualquer subjetividade.
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A alternativa correta é C)

Em Apologia da história, Marc Bloch estabelece uma distinção fundamental entre a metodologia das ciências naturais e a prática historiográfica. Ao rejeitar a aplicação do modelo científico tradicional à história, ele enfatiza a singularidade daquilo que chama de ciência dos homens no tempo. Essa abordagem não se limita à mera coleta passiva de dados ou à reprodução literal dos eventos passados, mas exige uma postura ativa por parte do historiador.

A alternativa correta (C) reflete precisamente o cerne do pensamento de Bloch: o historiador deve formular perguntas aos documentos e forçá-los a dar respostas. Essa perspectiva rompe com a visão ingênua de que os documentos falam por si mesmos ou que a história consiste em uma narrativa objetiva e desinteressada. Pelo contrário, o trabalho do historiador é interrogativo e interpretativo, envolvendo um diálogo crítico com as fontes.

As demais alternativas representam concepções que Bloch rejeita explicitamente:

  • A) A submissão passiva à "evidência" dos documentos ignora que toda fonte é produto de um contexto e requer análise crítica;
  • B) A descrição fiel dos acontecimentos desconsidera que o registro histórico é sempre uma construção;
  • D) O isolamento do presente é impossível e indesejável, pois o historiador é um homem de seu tempo;
  • E) A tentativa de eliminar a subjetividade nega a natureza interpretativa do conhecimento histórico.

Portanto, a resposta correta (C) sintetiza a essência da metodologia proposta por Bloch: a história como um processo ativo de questionamento, onde o documento não é um fim em si mesmo, mas um meio para reconstruir criticamente o passado.

Questão 63

Em seu conhecido artigo publicado em 1992 sobre a relação entre história e memória (A história, cativa da memória?), Ulpiano
Toledo Bezerra de Meneses rejeita o senso comum que associa a memória a mecanismo de registro e retenção de informações.
Para o autor,

  • A)a história confunde-se com a memória, pois ambas são operações ideológicas e processos psicossociais de representação do mundo.
  • B)a memória está enraizada no passado, e seu legado, na contemporaneidade, é representado pelas instituições de custódia de documentos, como os museus, arquivos e organismos congêneres.
  • C)a memória nacional é a somatória das memórias de diferentes grupos que, em razão de seus frágeis laços de coesão interna, acabam por se integrar à grande comunidade da nação.
  • D)uma espécie de militância da memória como bandeira política tem estimulado movimentos sociais e mobilizado historiadores em torno de certas práticas, a exemplo da chamada história oral.
  • E)a amnésia social é fruto da queima sistemática de arquivos e do descaso a que são relegados os bens culturais e o patrimônio histórico de determinado país.
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A alternativa correta é D)

No artigo "A história, cativa da memória?", publicado em 1992, Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses desafia a visão tradicional que reduz a memória a um simples mecanismo de armazenamento de informações. O autor propõe uma reflexão mais complexa sobre a relação entre história e memória, destacando seu caráter dinâmico e político.

Entre as alternativas apresentadas, a opção D) é a que melhor sintetiza o pensamento do autor. Meneses observa que a memória tem sido utilizada como instrumento de mobilização política, servindo como bandeira para movimentos sociais e inspirando novas abordagens historiográficas, como a história oral. Essa perspectiva revela como a memória não é passiva, mas sim um campo de disputa e construção identitária.

As demais alternativas apresentam visões parciais ou equivocadas sobre o tema. Enquanto algumas reduzem a memória a uma herança documental (B) ou a um processo de integração nacional (C), outras confundem os campos da história e da memória (A) ou atribuem a amnésia social apenas a fatores materiais (E). A análise de Meneses vai além, mostrando como a memória opera como força ativa na sociedade.

Portanto, a alternativa D) corretamente identifica o cerne da argumentação do autor: a memória como prática social engajada, que motiva tanto ações coletivas quanto novas formas de produção do conhecimento histórico.

Questão 64

A pluralidade de calendários existente ao compararmos as mais diversas culturas, passadas e presentes, demonstram que

  • A)os povos mais evoluídos tendem a desenvolver métodos elaborados de contagem ao contrário de civilizações primitivas que não se preocupam com o registro da passagem do tempo.
  • B)o trabalho industrial transformou completamente a concepção do tempo nas cidades em relação ao campo, que, em qualquer parte, ainda mantém formas de medição que se distanciam radicalmente do padrão urbano.
  • C)o interesse pela medição do tempo pode ser encontrado nos mais diversos povos, que desenvolveram calendários, registros e concepções de tempo intimamente relacionados às suas necessidades, crenças e identidades culturais.
  • D)o conhecimento da matemática e da astronomia resultaram na sofisticação dos calendários e em formas de organização do tempo racionais, desprovidas de sentidos celebrativos, míticos ou religiosos.
  • E)a importância conferida à passagem e à medição do tempo é maior em povos guerreiros, que regram seu cotidiano ao exercerem o domínio sobre os demais e valorizar o comércio em detrimento da agricultura.
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A alternativa correta é C)

A pluralidade de calendários existentes nas mais diversas culturas, passadas e presentes, revela uma característica fundamental da humanidade: a necessidade de organizar e compreender a passagem do tempo. A alternativa correta, C), destaca que o interesse pela medição temporal não é exclusivo de determinadas sociedades, mas sim uma expressão cultural presente em diferentes povos, cada qual adaptando seus sistemas às suas necessidades, crenças e identidades.

Ao analisar as demais opções, percebe-se que elas partem de premissas equivocadas ou reducionistas. A alternativa A) ignora que mesmo sociedades consideradas "primitivas" desenvolveram métodos complexos de registro temporal, muitas vezes vinculados a ciclos naturais. Já a opção B) estabelece uma dicotomia simplista entre campo e cidade, desconsiderando a diversidade de concepções temporais dentro de cada contexto. A alternativa D) despreza o aspecto simbólico e ritualístico presente em muitos calendários, mesmo os mais sofisticados. Por fim, a opção E) associa erroneamente a medição do tempo a características bélicas ou comerciais, negligenciando sua relação com atividades como a agricultura.

A resposta correta, portanto, reconhece que a criação de calendários é um fenômeno universal, manifestando-se de formas distintas conforme o contexto cultural. Desde os calendários lunares dos povos antigos até os sistemas solares modernos, a medição do tempo sempre refletiu valores, conhecimentos e necessidades específicas de cada sociedade, demonstrando a riqueza da diversidade cultural humana.

Questão 65

A história-problema, preocupada em estudar e
compreender as relações entre o presente e o passado
e as produções de conhecimento pelos alunos, tem
sido constantemente evocada como alternativa
para se alcançar o objetivo pedagógico de prover de
significado o ensino da História. Com base na proposta
curricular do Conteúdo Básico Comum (CBC), assinale
a alternativa incorreta.

  • A)Muitas dúvidas são levantadas tanto quanto à aplicabilidade da história-problema quanto aos aspectos teóricos e conceituais presentes.
  • B)O historiador se torna consciente de que ele escolhe algumas questões, em torno das quais ele construirá o seu objeto de estudo, estabelecendo diálogo entre o presente e o passado.
  • C)Do ponto de vista didático-pedagógico, pretende-se que os alunos sejam sujeitos passivos de seus processos de aprendizagem.
  • D)A história-problema, diferentemente da história tradicional, visa ao exame analítico de um problema, de questões através de diferentes períodos históricos.
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A alternativa correta é C)

A história-problema surge como uma abordagem pedagógica que busca tornar o ensino de História mais significativo, estabelecendo conexões entre o presente e o passado e incentivando a produção crítica de conhecimento pelos alunos. Essa metodologia contrasta com a história tradicional, que muitas vezes prioriza a memorização de fatos isolados. Analisando as alternativas com base no Conteúdo Básico Comum (CBC), é possível identificar a afirmação incorreta.

A alternativa A) menciona as dúvidas sobre a aplicabilidade da história-problema e seus aspectos teóricos, o que é válido, pois essa abordagem ainda enfrenta desafios em sua implementação. Já a alternativa B) destaca o papel ativo do historiador na seleção de questões e na construção de seu objeto de estudo, algo essencial na história-problema, que valoriza a interpretação e o diálogo temporal.

A alternativa D) reforça a diferença entre a história-problema e a história tradicional, enfatizando a análise crítica de questões ao longo do tempo, um dos pilares dessa metodologia. Porém, a alternativa C) afirma que os alunos devem ser sujeitos passivos em seu processo de aprendizagem, o que é incorreto, pois a história-problema justamente pressupõe a participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento histórico.

Portanto, a resposta correta é C), já que a história-problema busca engajar os alunos como agentes reflexivos, e não como meros receptores passivos de informações.

Questão 66

O desenvolvimento do raciocínio histórico, em oposição
a um ensino que visa apenas à memorização, implica
várias mudanças nas concepções e práticas do ensino
da História. De acordo com a Proposta Curricular do
Conteúdo Básico Comum (CBC), assinale a alternativa
correta.

  • A)O que se tornou central a ser ensinado é “o passado tal como aconteceu”.
  • B)Devemos considerar que cada forma de registro tem uma “linguagem própria”:
  • C)A investigação pressupõe apenas verificação de como as coisas ocorreram.
  • D)As mudanças e permanências que acontecem num determinado tempo explicam-se pelo que aconteceu num tempo cronológico imediatamente anterior.
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A alternativa correta é B)

O ensino da História, quando focado no desenvolvimento do raciocínio histórico, vai além da simples memorização de fatos e datas. Essa abordagem exige uma transformação nas concepções e práticas pedagógicas, como destacado na Proposta Curricular do Conteúdo Básico Comum (CBC).

Entre as alternativas apresentadas, a correta é a B), que afirma: "Devemos considerar que cada forma de registro tem uma 'linguagem própria'". Essa ideia reforça a importância de analisar as fontes históricas em sua pluralidade, reconhecendo que documentos, imagens, relatos orais e outros registros carregam particularidades que devem ser interpretadas criticamente.

As demais alternativas apresentam equívocos:

  • A) Incorreta, pois a História não busca apenas reproduzir "o passado tal como aconteceu", mas sim interpretá-lo a partir de múltiplas perspectivas.
  • C) Incorreta, porque a investigação histórica não se limita à verificação de fatos, mas envolve análise, contextualização e problematização.
  • D) Incorreta, já que as mudanças e permanências históricas não podem ser reduzidas a uma relação linear de causa e efeito com o período anterior.

Portanto, a alternativa B) é a que melhor reflete uma visão contemporânea do ensino de História, valorizando a diversidade de registros e a construção de um pensamento crítico.

Questão 67

Analise as afirmativas sobre o uso da história oral e das suas fontes e marque
a opção correta.

I – As fontes orais devem ser empregadas para corrigir as fontes escritas, ou
seja, para proporcionar um melhor uso do documento escrito pelo
historiador.

II – A rejeição das fontes orais por parte dos historiadores é devida, sobretudo,
à impossibilidade de poder testá-las, como se faz com o registro escrito.

III – A fonte oral é mais um instrumento que o historiador dispõe para realizar a
escrita da história da perspectiva dos subalternos.

  • A)Somente I está correta.
  • B)Somente II está correta.
  • C)Somente III está correta.
  • D)Somente I e II estão corretas
  • E)Somente II e III estão corretas.
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A alternativa correta é C)

Analise as afirmativas sobre o uso da história oral e das suas fontes e marque a opção correta.

I – As fontes orais devem ser empregadas para corrigir as fontes escritas, ou seja, para proporcionar um melhor uso do documento escrito pelo historiador.

II – A rejeição das fontes orais por parte dos historiadores é devida, sobretudo, à impossibilidade de poder testá-las, como se faz com o registro escrito.

III – A fonte oral é mais um instrumento que o historiador dispõe para realizar a escrita da história da perspectiva dos subalternos.

  • A) Somente I está correta.
  • B) Somente II está correta.
  • C) Somente III está correta.
  • D) Somente I e II estão corretas.
  • E) Somente II e III estão corretas.

O gabarito correto é C).

Questão 68

No caso de imagens, como no caso de textos, o historiador necessita ler nas entrelinhas, observando os detalhes pequenos
mas significativos – incluindo ausências significativas –, usando-os como pistas para informações que os produtores de imagens
não sabiam que eles sabiam, ou para suposições que eles não estavam conscientes de possuir.

(BURKE, Peter. Testemunha ocular: História e imagem. Bauru: EDUSC, 2004. p. 237)


De acordo com o autor, em termos historiográficos, as imagens devem ser tratadas como 

  • A)documentos que traduzem o passado de forma objetiva.
  • B)recursos que complementam o conteúdo obtido através de textos.
  • C)fontes indiciais que operam no campo das representações.
  • D)registros precários que tendem a distorcer a realidade.
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A alternativa correta é C)

No estudo da história, as imagens não são meras ilustrações ou registros objetivos do passado, mas sim fontes ricas em significados que exigem uma leitura crítica e atenta. Peter Burke, em sua obra Testemunha ocular: História e imagem, destaca que o historiador deve ir além do que é aparente, analisando detalhes sutis e até mesmo as ausências presentes nas imagens. Esses elementos funcionam como pistas que revelam informações não intencionais ou pressupostos inconscientes de seus criadores.

Dessa forma, as imagens devem ser tratadas como fontes indiciais que operam no campo das representações, conforme a alternativa correta (C). Elas não são documentos neutros (A), nem apenas complementos para textos (B), muito menos registros distorcidos da realidade (D). Em vez disso, carregam camadas de significado que refletem os contextos culturais, sociais e ideológicos de sua produção, exigindo uma interpretação cuidadosa por parte do historiador.

Portanto, a análise de imagens na historiografia vai além da superfície, envolvendo uma decifração crítica que considera tanto o explícito quanto o implícito, revelando assim as complexidades das representações visuais do passado.

Questão 69

“A postura que adotamos com respeito ao passado,
quais as relações entre passado, presente e futuro
não são apenas questões de interesse vital para
todos: são indispensáveis. É inevitável fazer
comparações entre o presente e o passado: essa é a
finalidade dos álbuns de fotos de famílias ou filmes
domésticos. Não podemos deixar de aprender com
isso, pois é o que a experiência significa. Podemos
aprender coisas erradas – e, positivamente, é o que
fazemos com frequência -, mas se não aprendermos,
ou não temos nenhuma oportunidade de aprender, ou
nos recusamos a aprender de algum passado algo
que é relevante ao nosso propósito, somos, no limite,
mentalmente anormais […]”.

                                                                                     HOBSBAWN, Eric.Sobre História , 2011. 

Para o historiador Eric Hobsbawn: 

  • A)o passado constitui a história.
  • B)a história dissocia-se do passado.
  • C)o passado é a única forma de se estudar a história.
  • D)a história estabelece as características do passado.
  • E)ao estudar o passado, o futuro será estabelecido.
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A alternativa correta é A)

No trecho apresentado, Eric Hobsbawn discute a importância da relação entre passado, presente e futuro, destacando como a reflexão sobre o passado é fundamental para a compreensão da experiência humana. O historiador enfatiza que é inevitável comparar o presente com o passado, seja por meio de registros familiares, como álbuns de fotos, ou pela análise histórica mais ampla. Essa comparação não apenas nos permite aprender com as experiências anteriores, mas também nos ajuda a evitar erros e a construir um futuro mais consciente.

Hobsbawn argumenta que negar-se a aprender com o passado ou ignorar sua relevância para os propósitos atuais é um comportamento mentalmente anormal, pois a história é justamente o estudo e a interpretação do passado. Dessa forma, a alternativa correta é a A), que afirma que "o passado constitui a história". Isso porque a história, como disciplina, baseia-se na análise e reconstrução do passado para entender os processos sociais, políticos e culturais que moldaram o mundo em que vivemos.

As demais alternativas não correspondem ao pensamento do autor. A alternativa B) está incorreta, pois a história não se dissocia do passado, mas sim o estuda. A alternativa C) é reducionista, já que a história não se limita apenas ao passado, mas também à sua interpretação e relação com o presente. A alternativa D) inverte a lógica, pois é a história que busca compreender o passado, e não o contrário. Por fim, a alternativa E) exagera ao afirmar que o estudo do passado determinará o futuro, quando na verdade ele oferece subsídios para reflexão, mas não garante um futuro predeterminado.

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Questão 70

As realidades são únicas. Não saberíamos pretender explicar uma instituição, se não a ligarmos às grandes
correntes intelectuais, sentimentais, místicas da mentalidade contemporânea. Essa interpretação por dentro
dos fatos de organização social será a lei de meu ensino como ela é a de meu esforço pessoal.

(André Burguière apud REVEL, J. História e Historiografia. Exercícios críticos. Curitiba: EdUFPR, 2010.) 

Sobre essa importante tendência historiográfica do século XX, é correto afirmar: 

  • A)Apropriou-se dos métodos dos estudos de linguagem, usando-os para interpretar os fatos, dando-lhes um caráter literário.
  • B)Aproximou-se das várias ciências sociais adotando muitos de seus paradigmas, revolucionando a questão documental.
  • C)Buscou na filosofia do final do século XIX o instrumental para a análise da realidade, definindo claramente os limites do campo do historiador.
  • D)Reuniu os paradigmas então estabelecidos, aproximando-os e construindo um método que resultou na somatória das tendências historiográficas do século XIX.
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A alternativa correta é B)

O excerto apresentado remete a uma importante tendência historiográfica do século XX, que se caracterizou por uma abordagem interdisciplinar e inovadora no estudo da história. Como afirma o texto, compreender uma instituição exige conectá-la às grandes correntes intelectuais, sentimentais e místicas do contexto em que está inserida, o que demanda uma análise profunda dos fatos sociais.

A alternativa correta, conforme indicado, é a letra B), pois essa corrente historiográfica efetivamente se aproximou das ciências sociais, incorporando seus paradigmas e revolucionando a maneira como os documentos históricos são interpretados. Essa abordagem permitiu uma análise mais ampla e contextualizada dos fenômenos históricos, superando visões tradicionais e fragmentadas.

As demais alternativas não correspondem plenamente às características dessa tendência. A letra A) menciona um caráter literário que, embora presente em algumas vertentes, não define o movimento como um todo. A letra C) faz referência à filosofia do século XIX, o que não se aplica à inovação metodológica proposta. Já a letra D) sugere uma mera soma de paradigmas do século XIX, o que não reflete a ruptura e a originalidade desse enfoque historiográfico.

Portanto, a resposta correta é a alternativa B), que sintetiza a essência dessa transformação na historiografia, marcada pela interdisciplinaridade e pela redefinição do uso das fontes documentais.

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