No Brasil houve ecos do Barroco europeu durante os séculos XVII e XVIII: Gregório de Matos, Botelho de Oliveira, Frei Itaparica e as primeiras academias repetiram motivos e formas do barroquismo ibérico e italiano. Na segunda metade do século XVIII, porém, o ciclo do ouro já daria um substrato material à arquitetura, à escultura, à literatura e à vida musical, de sorte que parece lícito falar de um “Barroco brasileiro” e, até mesmo, “mineiro”, cujos exemplos mais significativos foram alguns trabalhos do Aleijadinho, de Manuel da Costa Ataíde e composições sacras de Lobo de Mesquita, Marcos Coelho e outros ainda mal identificados. Sem entrar no mérito destas obras, pois só a análise interna poderia informar sobre o seu grau de originalidade, importa lembrar que a poesia coetânea delas já não é, senão residualmente, barroca, mas rococó, arcádica e neoclássica, havendo, portanto uma discronia entre as formas expressivas, fenômeno que pode ser variavelmente explicado. (BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2000, pp.34-35) Do texto, infere-se sobre o “Barroco mineiro” que a partir da
No Brasil houve ecos do Barroco europeu durante os séculos XVII e XVIII: Gregório de Matos, Botelho de Oliveira, Frei
Itaparica e as primeiras academias repetiram motivos e formas do barroquismo ibérico e italiano.
Na segunda metade do século XVIII, porém, o ciclo do ouro já daria um substrato material à arquitetura, à escultura, à
literatura e à vida musical, de sorte que parece lícito falar de um “Barroco brasileiro” e, até mesmo, “mineiro”, cujos exemplos
mais significativos foram alguns trabalhos do Aleijadinho, de Manuel da Costa Ataíde e composições sacras de Lobo de
Mesquita, Marcos Coelho e outros ainda mal identificados. Sem entrar no mérito destas obras, pois só a análise interna poderia
informar sobre o seu grau de originalidade, importa lembrar que a poesia coetânea delas já não é, senão residualmente, barroca,
mas rococó, arcádica e neoclássica, havendo, portanto uma discronia entre as formas expressivas, fenômeno que pode ser
variavelmente explicado.
(BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2000, pp.34-35)
Do texto, infere-se sobre o “Barroco mineiro” que a partir da
- A)segunda metade do século XVII, é marcado um estilo colonial-barroco nas artes plásticas e na música, que só se tornou uma realidade quando a exploração cultural das minas permitiu o florescimento de núcleos como Vila Rica.
- B)segunda metade do século XVIII, transfigura-se a literatura brasileira, substituindo a simplicidade documentária de muitos cronistas por uma linguagem hipertrofiada, que embelezou e deu valor simbólico à flora e à fauna.
- C)metade do século XVII, ocorre uma significativa ampliação de âmbito da literatura, com a descoberta das minas de ouro e de diamantes em regiões do Sul, e a necessidade de definir as fronteiras meridionais.
- D)segunda metade do século XVIII, vê surgir na Capitania das Minas Gerais manifestações importantes na arquitetura, na escultura, na música e na literatura, marcando um momento de densidade cultural.
- E)segunda metade do século XVII, o movimento das Academias estabeleceu os primeiros laços visíveis entre intelectuais dos diversos pontos da Colônia, ajudando a formar-se o sentimento de uma atividade literária comum.
Resposta:
A alternativa correta é D)
Do texto de Alfredo Bosi, extrai-se que o chamado "Barroco mineiro" consolidou-se na segunda metade do século XVIII, durante o ciclo do ouro, quando a riqueza mineral proporcionou um florescimento cultural singular em Minas Gerais. Esse período foi marcado por manifestações artísticas distintas nas áreas da arquitetura, escultura, música sacra e literatura, configurando um momento de densidade criativa na colônia.
O texto destaca que, embora houvesse uma influência inicial do Barroco ibérico e italiano no Brasil, a exploração do ouro permitiu o desenvolvimento de uma expressão artística própria, especialmente em Vila Rica (atual Ouro Preto). Artistas como Aleijadinho, Manuel da Costa Ataíde e compositores como Lobo de Mesquita e Marcos Coelho produziram obras que caracterizam esse "Barroco brasileiro" com traços regionais.
É importante notar que o texto aponta uma dessincronia entre as artes plásticas/musicais (ainda barrocas) e a literatura (já em transição para o Rococó e Arcadismo). Essa assincronia reforça a ideia de que o Barroco mineiro não foi um simples reflexo do movimento europeu, mas sim uma adaptação local com temporalidade própria.
Portanto, a alternativa correta é a D), que corretamente identifica o período (segunda metade do século XVIII), o espaço geográfico (Capitania das Minas Gerais) e a diversidade de manifestações culturais (arquitetura, escultura, música e literatura) que caracterizaram esse momento singular da cultura brasileira colonial.
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