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Questões Sobre Barroco - Literatura - concurso

Questão 21

Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia
A cada canto um grande conselheiro,
que nos quer governar a cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia. (MENDES, 1998, p. 27).
 A partir do estudo crítico de Cleise Mendes, em Senhora Dona Bahia, pode-se afirmar:

A produção satírica de Gregório de Matos foi aceita com dificuldade pelos críticos de literatura, pois não
a consideravam expressão legítima da criação artística.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

A cidade da Bahia, no período retratado por Gregório de Matos, era um cenário de contradições sociais e morais, como evidenciado nos versos satíricos do poeta. A crítica mordaz de Matos revela uma sociedade marcada pela hipocrisia, onde figuras pretensiosas se intrometiam na vida alheia sem capacidade para gerir sequer seus próprios afazeres. A presença de "grandes conselheiros" que almejavam governar o mundo, mas falhavam em administrar suas cozinhas, simboliza a desconexão entre a aparência de autoridade e a realidade da incompetência.

Além disso, a Bahia daquela época era palco de fofocas e vigilância constante, com "frequentados olheiros" bisbilhotando a vida privada para depois expô-la publicamente. A inversão de valores é destacada na descrição de "mulatos desavergonhados" arrastando homens nobres pelos pés, uma imagem que subverte a hierarquia social vigente e expõe a decadência dos costumes. A corrupção e a desigualdade econômica também são temas centrais, com "estupendas usuras nos mercados" e a pobreza generalizada daqueles que se recusavam a participar do jogo da desonestidade.

Como aponta Cleise Mendes em Senhora Dona Bahia, a produção satírica de Gregório de Matos enfrentou resistência da crítica literária, que relutava em reconhecer seu valor artístico. Essa dificuldade em aceitar a sátira como expressão legítima da criação poética reflete, em parte, o desconforto diante do retrato cru e desidealizado que Matos fazia da sociedade baiana. No entanto, é justamente essa abordagem irreverente e crítica que consolida sua obra como um documento valioso para compreender as complexidades da Bahia colonial.

Questão 22

Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia
A cada canto um grande conselheiro,
que nos quer governar a cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia. (MENDES, 1998, p. 27).
 A partir do estudo crítico de Cleise Mendes, em Senhora Dona Bahia, pode-se afirmar:

O poema pertence à poesia satírica de Gregório de Matos pelo uso da ironia para expor ao ridículo
certos comportamentos da sociedade baiana do século XVII.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

O poema em questão, atribuído a Gregório de Matos, é um exemplo marcante da poesia satírica do século XVII, que retrata a cidade da Bahia de forma crítica e irônica. Através de versos afiados, o autor expõe os vícios e contradições da sociedade baiana da época, revelando um cenário de hipocrisia, fofoca, corrupção e desigualdade social.

Como apontado no estudo de Cleise Mendes em Senhora Dona Bahia, a obra de Gregório de Matos utiliza a ironia como ferramenta principal para ridicularizar comportamentos da elite e do povo. Os "grandes conselheiros" que não sabem governar nem sua própria cozinha, mas se acham capazes de governar o mundo, representam a arrogância e a incompetência dos poderosos. Já os "frequentados olheiros" simbolizam a vigilância moral e a bisbilhotice que invadia a vida privada, levando fofocas ao espaço público.

A menção aos "mulatos desavergonhados" que humilham os nobres, assim como as "estupendas usuras nos mercados", evidencia uma sociedade em transformação, onde hierarquias tradicionais são subvertidas e a ganância corrompe as relações econômicas. A conclusão do poema - "e eis aqui a cidade da Bahia" - sintetiza essa visão ácida de uma cidade marcada por contradições sociais.

Portanto, a alternativa C) CERTO está correta, pois o poema de fato pertence à tradição satírica de Gregório de Matos, usando a ironia para criticar a sociedade baiana do período colonial. A obra funciona como um documento literário que, além de seu valor artístico, oferece um retrato crítico dos costumes e problemas sociais da Bahia seiscentista.

Questão 23

Considerando a poesia de Gregório de Matos e o momento literário em que sua obra se insere, avalie as seguintes
afirmativas:


1. Apresentando a luta do homem no embate entre a carne e o espírito, a terra e o céu, o presente e a eternidade,
os poemas religiosos do autor correspondem à sensibilidade da época e encontram paralelo na obra de um seu
contemporâneo, Padre Antônio Vieira.

2. Os poemas erótico-irônicos são um exemplo da versatilidade do poeta, mas não são representativos da melhor
poesia do autor, por não apresentarem a mesma sofisticação e riqueza de recursos poéticos que os poemas
líricos ou religiosos apresentam.

3. Como bom exemplo da poesia barroca, a poesia do autor incrementa e exagera alguns recursos poéticos,
deixando sua linguagem mais rebuscada e enredada pelo uso de figuras de linguagem raras e de resultados
tortuosos.

4. A presença do elemento mulato nessa poesia resgata para a literatura uma dimensão social problemática da
sociedade baiana da época: num país de escravos, o mestiço é um ser em conflito, vítima e algoz em uma
sociedade violentamente desigual.


Assinale a alternativa correta.

  • A)Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
  • B)Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
  • C)Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
  • D)Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
  • E)Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
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A alternativa correta é C)

Gregório de Matos, conhecido como "Boca do Inferno", é uma das figuras mais emblemáticas do Barroco brasileiro. Sua obra, marcada pela dualidade entre o sagrado e o profano, reflete as contradições de sua época. Analisando as afirmativas apresentadas, é possível compreender melhor o lugar de sua poesia no contexto literário.

A primeira afirmativa está correta, pois os poemas religiosos de Gregório de Matos exploram o conflito entre carne e espírito, terra e céu, temas caros ao Barroco. Essa sensibilidade espiritual encontra eco na obra do Padre Antônio Vieira, seu contemporâneo, que também abordou questões semelhantes em seus sermões.

A segunda afirmativa é falsa. Embora os poemas erótico-irônicos de Gregório de Matos sejam vistos como menos sofisticados por alguns críticos, eles são essenciais para entender sua versatilidade e o caráter satírico de sua obra. Esses poemas não são inferiores em recursos poéticos, mas sim diferentes em tom e propósito.

A terceira afirmativa é verdadeira, pois a poesia de Gregório de Matos é um exemplo claro do estilo barroco, com seu uso exagerado de figuras de linguagem, antíteses e paradoxos. Sua linguagem rebuscada e tortuosa é característica do período, refletindo a complexidade e o conflito da época.

A quarta afirmativa também é correta. Gregório de Matos, ao retratar o elemento mulato em sua poesia, traz à tona as tensões sociais da Bahia colonial. O mestiço, como figura marginalizada, simboliza os conflitos de uma sociedade escravocrata e profundamente desigual.

Portanto, a alternativa correta é a C) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras, pois são as que melhor representam a complexidade e o impacto da obra de Gregório de Matos no Barroco brasileiro.

Questão 24

Instrução: para responder a questão, leia o texto abaixo.

De ficção e realidade: diálogo possível
– Literatura é fuga do real, cara! Veja o Brasil que temos: propina, tráfico de influência, delações,
politicalha, trapaças…  
– Quem disse que a Literatura não tem os pés fincados na realidade? Para o momento brasileiro,
valem os versos: “Começa o mundo enfim pela ignorância,/ e tem qualquer dos bens por natureza”.
– Que bens? A rifa das licitações? O propinoduto?  
– É isso mesmo, cara! Diferente do fantasma romântico, parece que o dinheiro virou uma “febre
que nunca descansa,/ O delírio que te há de matar!…”. 
 – O que nós temos é uma safra de corruptos e corrompidos.
– Verdade! Sujeito assim safado mereceria “ser das gentes o espectro execrado”. O tal “Ouro
branco! Ouro preto! Ouro podre” corrompeu muito político. “De cada ribeirão trepidante e de cada
recosto/ de montanha, o metal rolou na cascalhada/ Para o fausto d’El-Rei”. Que vergonha!
– É! Mas, certamente, esse não é o “Ouro nativo que na ganga impura/ A bruta mina entre os
cascalhos vela…”.
– Sei lá! O que mais nos reserva a Lava-Jato?
– Veja só, cara! Ouvindo os noticiários, tenho a impressão que o assalto do vampiro tem mais
equidade: “
– Cê vem com a gente. É uma loja. Nós roubamos e dividimos o dinheiro. Em partes
iguais”
– Então, ainda há o que cantar neste país?
– Claro! Vai o legado das Olimpíadas e das Paralimpíadas: “Entre o laboratório de erros/ e o
labirinto de surpresas,/ canta o conhecimento do limite,/ a madura experiência a brotar da rota
esperança”.  

Assinale a alternativa INCORRETA, considerando os poemas originais de onde os versos foram
extraídos.

  • A)“Começa o mundo enfim pela ignorância” faz parte do poema barroco “À instabilidade das cousas do mundo”, de Gregório de Matos Guerra.
  • B)A “febre” e o “delírio que te há de matar”, simbolicamente, estão associados ao erotismo presente nos versos românticos de Álvares de Azevedo.
  • C)“O metal rolou na cascalhada/ Para o fausto d’El-Rei” são versos atribuídos ao árcade inconfidente mineiro Tomás Antônio Gonzaga.
  • D)O verso “ser das gentes o espectro execrado” integra a maldição do velho tupi ao seu filho, no poema indianista de Gonçalves Dias.
  • E)“Ouro nativo que na ganga impura” corresponde a uma figura metafórica para Língua Portuguesa, do poeta parnasiano Olavo Bilac.
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A alternativa correta é C)

O diálogo apresentado entrelaça referências literárias com críticas à realidade política brasileira, utilizando versos de diferentes movimentos poéticos. A análise das alternativas revela que a opção incorreta é a C), pois os versos "O metal rolou na cascalhada/ Para o fausto d’El-Rei" não pertencem a Tomás Antônio Gonzaga, árcade e inconfidente mineiro, mas sim ao poema "O Elogio da Vaidade" de Gregório de Matos, poeta barroco. Essa atribuição errônea contrasta com as demais alternativas, que identificam corretamente os autores e contextos dos versos citados: Gregório de Matos (A), Álvares de Azevedo (B), Gonçalves Dias (D) e Olavo Bilac (E). A questão evidencia como a literatura, mesmo em suas formas mais líricas, mantém diálogo direto com a realidade social, seja para denunciar, satirizar ou transcender as mazelas humanas.

Questão 25

Tendo em vista a Carta XVII ao Rei D. Afonso VI, escrita pelo Pe. Antônio Vieira, assinale a
alternativa que NÃO condiz com as afirmações do autor.

  • A)Aponta injustiças e tiranias impostas, afirmando que no espaço de quarenta anos se mataram e se destruíram, pela costa e sertões desta terra, mais de dois milhões de índios.
  • B)Solicita ao Rei não apenas a firmeza da lei, mas a necessidade de castigo aos que a violarem, e afirma que há religiosos corruptos que apregoam e fazem o contrário do que deveriam fazer
  • C)Insinua, em tom profético, que Deus castiga os reis injustos, e exemplifica que puniu o Faraó do Egito, tirando-lhes os primogênitos, por este consentir no cativeiro do povo hebreu.
  • D)Pede ao Rei que envie mais governadores e capitães-mores, tão decentes quanto os que aqui estão, pois só esses conseguem refrear a ganância e a imoralidade dos portugueses.
  • E)Afirma que os índios livres das aldeias, assistidos pelos missionários, estão tão bem instruídos na doutrina cristã quanto os portugueses que melhor a dominam.
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A alternativa correta é D)

Na Carta XVII ao Rei D. Afonso VI, o Pe. Antônio Vieira expõe uma série de críticas e apelos em defesa dos indígenas, denunciando abusos e defendendo a justiça. Suas afirmações são marcadas por um tom profético e moralista, característico de sua oratória. Entre as alternativas apresentadas, a que não condiz com o pensamento do autor é a D), pois Vieira não solicita ao Rei o envio de mais governadores e capitães-mores "decentes", mas sim denuncia a corrupção e a violência dos colonizadores portugueses, incluindo aqueles que já ocupavam tais cargos.

As demais alternativas refletem fielmente o conteúdo da carta:

  • A) Vieira denuncia o extermínio de mais de dois milhões de índios em quarenta anos, evidenciando a brutalidade da colonização.
  • B) Ele clama por justiça e punição aos violadores da lei, inclusive religiosos corruptos que agem contra os princípios cristãos.
  • C) O autor adota um tom profético, alertando sobre os castigos divinos aos reis injustos, citando o exemplo do Faraó do Egito.
  • E) Afirma que os índios das aldeias, quando assistidos pelos missionários, são tão bem instruídos na fé cristã quanto os portugueses mais devotos.

Portanto, a alternativa D) destoa do discurso de Vieira, que não demonstra confiança na administração colonial, mas sim a condena veementemente.

Questão 26

Assinale a alternativa correta sobre o Sermão do bom sucesso das armas e o Sermão de Santo
Antônio
, do padre Antônio Vieira.

  • A)No Sermão do bom sucesso das armas, o orador constrói argumentos para desqualificar o interlocutor e, então, provar seu erro em proteger os holandeses.
  • B)No Sermão de Santo Antônio, o orador dirige-se aos peixes, a fim de destacar suas virtudes, inexistentes nos homens.
  • C)No Sermão do bom sucesso das armas, o orador simula uma interpelação a Deus para conclamar os maranhenses a lutarem contra os holandeses.
  • D)No Sermão de Santo Antônio, o orador, simulando dirigir-se aos peixes, repreende, entre outras coisas, a tendência dos homens a se entredevorarem.
  • E)No Sermão do bom sucesso das armas, o orador simula a vitória dos holandeses, a fim de destacar a necessidade de os brasileiros abandonarem seus pecados.
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A alternativa correta é D)

O Sermão de Santo Antônio, do padre Antônio Vieira, é uma obra-prima da oratória sacra e da literatura barroca portuguesa. Nele, o pregador utiliza uma estratégia retórica singular: dirige-se aos peixes como forma de criticar indiretamente os vícios e contradições dos homens. Essa abordagem alegórica permite a Vieira satirizar comportamentos humanos, como a ganância, a hipocrisia e, sobretudo, a violência entre os próprios seres humanos, representada pela tendência a "se entredevorarem".

A alternativa D) está correta porque capta a essência do sermão: a repreensão moral disfarçada sob o diálogo com os peixes. Ao contrário de simplesmente exaltar as virtudes dos animais marinhos, como sugere a opção B), Vieira usa essa figura para contrastar a suposta inocência dos peixes com a corrupção humana. O sermão não é um elogio ingênuo, mas uma crítica mordaz à sociedade da época.

Quanto ao Sermão do bom sucesso das armas, as demais alternativas apresentam distorções. Vieira não desqualifica interlocutores (A), nem simula vitórias holandesas (E). Seu objetivo era animar os portugueses na luta contra os invasores, invocando a proteção divina, mas sem recorrer aos artifícios mencionados nas opções incorretas.

Portanto, a alternativa D) é a única que reflete com precisão o caráter satírico e moralizante do Sermão de Santo Antônio, onde a fala dirigida aos peixes serve como espelho para as mazelas humanas.

Questão 27

Associe as colunas 1 e 2 abaixo:

Coluna 1 Escola Literária

1. Barroco

2. Arcadismo

3. Romantismo

4. Modernismo

Coluna 2 Característica

( ) A linguagem quanto ao conteúdo enfatiza o
bucolismo, o Carpe Diem e o Fugere urbem.

( ) Há uma idealização, com extrema valorização
da subjetividade. A linguagem faz uso de
descrições minuciosas, com constantes comparações e ampla metaforização.

( ) Figuras de linguagem que melhor definem
o estado de alma do homem é a antítese e o
paradoxo.

( ) Surgem os poetas condoreiros que defendem
a justiça social e a liberdade.

( ) Fragmentação e flashes cinematográficos.
Ironia, humor, piada e paródia com temas
extraídos do cotidiano.

( ) O homem sente-se dilacerado e angustiado
diante da alteração de valores, dividindo-se
entre o mundo espiritual e o mundo material.

( ) Vocabulário e sintaxe mais simples, irregularidade estrófica e gosto por métricas populares.

( ) Quebra de valores artísticos e tradicionais e
busca de técnicas e meios de expressão capazes
de traduzir a nova realidade. A ordem é: “Todos
os ritmos sobretudo os inumeráveis”; “Todas as
palavras sobretudo os barbarismos universais”.

Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo.

  • A)1 • 3 • 2 • 3 • 2 • 2 • 4 • 3
  • B)2 • 3 • 1 • 3 • 4 • 1 • 3 • 4
  • C)3 • 2 • 1 • 4 • 1 • 3 • 2 • 4
  • D)3 • 3 • 4 • 4 • 2 • 2 • 1 • 1
  • E)4 • 3 • 3 • 2 • 1 • 1 • 2 • 2
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A alternativa correta é B)

A associação correta entre as escolas literárias da Coluna 1 e suas respectivas características da Coluna 2 é apresentada na alternativa B) 2 • 3 • 1 • 3 • 4 • 1 • 3 • 4. Essa sequência estabelece as seguintes correspondências:

1. Barroco (1): Relaciona-se com características como o uso de antítese e paradoxo para expressar o conflito espiritual do homem, além da sensação de dilaceração entre o material e o espiritual.

2. Arcadismo (2): Identifica-se pelo bucolismo, a exaltação do Carpe Diem e do Fugere urbem, além de uma linguagem mais simples e métricas populares.

3. Romantismo (3): Marcado pela idealização, subjetividade intensa e descrições minuciosas, além da presença dos poetas condoreiros, que abordam temas sociais e de liberdade.

4. Modernismo (4): Caracteriza-se pela fragmentação, uso de ironia e humor, quebra de tradições artísticas e busca por novas formas de expressão, como indicado nos manifestos modernistas.

Portanto, a alternativa B é a que melhor organiza essas relações, seguindo a ordem das características apresentadas na Coluna 2.

Questão 28

Clarice Lispector é escritora e pertence aos escritores de qual escola literária? 

  • A)Simbolismo;
  • B)Romantismo;
  • C)Modernismo;
  • D)Barroco.
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A alternativa correta é C)

Clarice Lispector é uma das escritoras mais importantes da literatura brasileira, reconhecida por sua prosa introspectiva e inovadora. Sua obra está inserida no contexto do Modernismo, movimento literário que rompeu com as tradições formais do passado e explorou novas formas de expressão, tanto na linguagem quanto na temática.

Embora o Modernismo brasileiro tenha tido sua fase mais marcante na primeira metade do século XX, com a Semana de Arte Moderna de 1922, a produção de Clarice Lispector—que se destacou principalmente nas décadas de 1940 a 1970—mantém traços modernistas em sua abordagem psicológica, fluxo de consciência e subjetividade. Sua escrita desafia convenções narrativas, aproximando-se do experimentalismo típico do movimento.

Portanto, a alternativa correta é:

  • C) Modernismo

Questão 29

Segundo Bosi (2013), “na esteira do Camões épico e das epopeias menores dos fins do século XVI, o poemeto em oitavas heroicas publicado em 1601 pode ser considerado um primeiro e canhestro exemplo de maneirismo nas letras da colônia”. Considerando a literatura barroca no Brasil, tal excerto se refere a:

  • A)Prosopopeia, de Bento Teixeira.
  • B)“Triste Bahia”, de Gregório de Matos.
  • C)Sermão da Sexagésima, de Antônio Vieira.
  • D)Música do Parnaso, de Botelho de Oliveira.
  • E)Sermão XIV do Rosário, de Antônio Vieira.
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A alternativa correta é A)

O excerto apresentado, que menciona um "poemetto em oitavas heroicas publicado em 1601" como um exemplo inicial do maneirismo nas letras coloniais, refere-se claramente à obra Prosopopeia, de Bento Teixeira. Publicada no início do século XVII, essa obra é considerada um marco da literatura barroca no Brasil, ainda que seu estilo seja visto como um tanto desajeitado ("canhestro"), conforme observado por Bosi (2013).

A Prosopopeia é um poema épico que segue a tradição camoniana, utilizando o formato das oitavas heroicas para exaltar Jorge de Albuquerque Coelho, então governador de Pernambuco. Sua importância reside no fato de ser uma das primeiras manifestações literárias produzidas no Brasil colonial, refletindo as influências do maneirismo e do barroco europeu adaptadas ao contexto local.

As demais alternativas listadas não correspondem à descrição fornecida no excerto: Gregório de Matos e Botelho de Oliveira são autores barrocos, mas suas obras citadas não se encaixam no contexto do texto; já os sermões de Antônio Vieira, embora fundamentais para o barroco literário, pertencem a um gênero e período distintos.

Portanto, a alternativa correta é A) Prosopopeia, de Bento Teixeira, conforme indicado no gabarito.

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Questão 30

À CIDADE DA BAHIA
    
Triste Bahia! Ó quão dessemoção
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, mi mi empenhado
Rica você já é, você é meu abundante.
    
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em sua larga barra tem entrada,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
    
Deste em tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
    
Oh se quisera Deus, que de repente
Um dia amanhecer tão sisuda
Que para algodão ou teu capote!
   

À CIDADE DA BAHIA , de Gregório de Matos, produzido no contexto do século XVII, é um poema da seguinte fase literária:

  • A)Arcadismo.
  • B)Barroco.
  • C)Realismo.
  • D)Parnasianismo
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A alternativa correta é B)

O poema À Cidade da Bahia, de Gregório de Matos, é uma obra emblemática do Barroco brasileiro, movimento literário que predominou no século XVII. A escolha da alternativa B) como correta se justifica pelo contexto histórico e estilístico da produção do autor, conhecido como o "Boca do Inferno" por sua linguagem satírica e crítica social.

Gregório de Matos reflete, em seus versos, as contradições e os excessos típicos do Barroco, marcado pelo dualismo entre o sagrado e o profano, a riqueza e a decadência. No poema em questão, o autor lamenta a transformação da Bahia, outrora próspera, agora corrompida pelo comércio e pela ganância, utilizando-se de antíteses e hipérboles — recursos característicos do estilo barroco.

Além disso, o tom melancólico e a crítica à sociedade colonial reforçam a filiação do texto ao Barroco, movimento que explorava temas como a fugacidade da vida e a ilusão das aparências. A referência a "droga inúteis" e ao "sagaz Brichote" evidencia a visão pessimista do autor, alinhada à estética barroca de contrastes e questionamentos morais.

Portanto, a obra de Gregório de Matos não se enquadra no Arcadismo (A), Realismo (C) ou Parnasianismo (D), pois esses movimentos surgiram posteriormente, com propostas estéticas e temáticas distintas. O Barroco, com sua dramaticidade e complexidade, é o cenário perfeito para a poesia incisiva e reflexiva de À Cidade da Bahia.

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