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“Se gostas de afetação e pompa de palavras e do estilo que chamam culto, não me leias. Quando esse estilo florescia, nasceram as primeiras verduras do meu; mas valeu-me tanto sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido. (…) Esse desventurado estilo que hoje se usa, os que querem honrar chamam-lhe culto, os que o condenam chamam-lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro (…) e muito cerrado. É possível que somos portugueses e havemos de ouvir um pregador em português e não havemos de entender o que diz?!” Padre Antônio Vieira, nesse trecho, faz uma crítica ao estilo barroco conhecido como

Se gostas de afetação e pompa de palavras e do estilo que chamam culto, não me leias.
Quando esse estilo florescia, nasceram as primeiras verduras do meu; mas valeu-me tanto sempre
a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido. (…) Esse desventurado estilo
que hoje se usa, os que querem honrar chamam-lhe culto, os que o condenam chamam-lhe escuro,
mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro (…) e muito cerrado. É
possível que somos portugueses e havemos de ouvir um pregador em português e não havemos
de entender o que diz?!


Padre Antônio Vieira, nesse trecho, faz uma crítica ao estilo barroco conhecido como

Resposta:

A alternativa correta é D)

O trecho citado do Padre Antônio Vieira revela uma crítica contundente ao estilo barroco conhecido como gongorismo, marcado por uma linguagem excessivamente rebuscada, repleta de artifícios retóricos e afetação linguística. Vieira, defensor da clareza e da comunicação direta, condena essa tendência que, em sua época, era frequentemente chamada de "estilo culto". Ele argumenta que a complexidade desnecessária da linguagem não apenas obscurece o sentido, mas também afasta o público, impedindo que a mensagem seja compreendida.

Ao descrever o estilo como "negro" e "cerrado", Vieira reforça sua posição contra o gongorismo, movimento inspirado no poeta espanhol Luís de Góngora, cuja obra era caracterizada por um vocabulário erudito, metáforas intrincadas e sintaxe elaborada. Essa crítica se alinha com a distinção entre os dois principais estilos do Barroco ibérico: o conceptismo, que priorizava o jogo de ideias e a argumentação lógica (representado por autores como Quevedo), e o cultismo (ou gongorismo), que valorizava a forma sobre o conteúdo.

Portanto, a alternativa correta é a D), pois o texto de Vieira claramente aponta as características do gongorismo — linguagem extravagante, artificialidade e obscuridade — como alvo de sua reprovação. Sua defesa da simplicidade e da clareza reflete não apenas uma preferência estilística, mas também uma preocupação com a eficácia da comunicação, especialmente em contextos como a pregação religiosa, onde a compreensão do público era essencial.

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