INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o trecho extraído de “Maria-Fumaça”, de autoria de Mario Quintana, e analise as afirmativas que seguem.“As lentas, poeirentas, deliciosas viagens nos trens antigos. As famílias (viajavam famílias inteiras) levavam galinhas com farofa em cestas de vime, que ofereciam, pois não, aos viajantes solitários. E os viajantes solitários (e os meninos) ainda desciam nas estaçõezinhas pobres… Para os pastéis, os sonhos, as laranjas… (…) O mal dos aviões é que não se pode descer a toda hora para comprar laranjas. Nesses aviões, vamos todos imóveis e empacotados como encomendas. Às vezes encomendas para a Eternidade… Cruzes, poeta! Deixa-te de ideias funéreas e pensa nas aeromoças, arejadas e amáveis como anjos. E “anjos”, aplicado a elas, não é exagero nenhum. (…) Entre a monotonia irreparável das nuvens, nada vemos da viagem. Isto é, não viajamos: chegamos. Pobres turistas de aeroportos, damos a volta ao mundo sem nada ver do mundo.I. Nesse texto, Mario Quintana retira a matéria para sua criação literária do tema da viagem, comparando diferentes modalidades de transporte e hábitos dos viajantes. II. Valendo-se de uma linguagem simples, com frases irônicas e com humor, Mario Quintana reflete sobre a função da viagem e o seu significado para o viajante. III. Para o poeta, viajar de avião não concretiza o verdadeiro prazer da viagem, que estaria mais no ato de ver, experimentar, conhecer, do que no percurso partida-chegada.A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são:
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o trecho
extraído de “Maria-Fumaça”, de autoria de Mario
Quintana, e analise as afirmativas que seguem.
“As lentas, poeirentas, deliciosas viagens nos trens
antigos. As famílias (viajavam famílias inteiras) levavam
galinhas com farofa em cestas de vime, que ofereciam,
pois não, aos viajantes solitários.
E os viajantes solitários (e os meninos) ainda desciam
nas estaçõezinhas pobres… Para os pastéis, os sonhos,
as laranjas…
(…)
O mal dos aviões é que não se pode descer a toda hora
para comprar laranjas.
Nesses aviões, vamos todos imóveis e empacotados
como encomendas. Às vezes encomendas para a
Eternidade…
Cruzes, poeta! Deixa-te de ideias funéreas e pensa nas
aeromoças, arejadas e amáveis como anjos.
E “anjos”, aplicado a elas, não é exagero nenhum.
(…)
Entre a monotonia irreparável das nuvens, nada vemos
da viagem. Isto é, não viajamos: chegamos.
Pobres turistas de aeroportos, damos a volta ao mundo
sem nada ver do mundo.
I. Nesse texto, Mario Quintana retira a matéria para
sua criação literária do tema da viagem, comparando
diferentes modalidades de transporte e hábitos
dos viajantes.
II. Valendo-se de uma linguagem simples, com frases
irônicas e com humor, Mario Quintana reflete sobre
a função da viagem e o seu significado para o viajante.
III. Para o poeta, viajar de avião não concretiza o verdadeiro
prazer da viagem, que estaria mais no ato
de ver, experimentar, conhecer, do que no percurso
partida-chegada.
A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são:
- A)I, apenas.
- B)II, apenas.
- C)I e III, apenas.
- D)II e III, apenas.
- E)I, II e III.
Resposta:
A alternativa correta é E)
O trecho de "Maria-Fumaça", de Mario Quintana, oferece uma reflexão poética sobre as diferentes experiências de viagem, contrastando a nostalgia das viagens de trem com a impessoalidade dos voos modernos. O poeta utiliza uma linguagem simples, mas carregada de ironia e humor, para explorar o significado da jornada e como os meios de transporte afetam nossa percepção dela.
A afirmativa I está correta, pois Quintana de fato se inspira no tema da viagem, comparando os trens antigos – com sua atmosfera familiar e interações humanas – com a frieza dos aviões, onde os passageiros são tratados como "encomendas". Essa comparação serve como matéria-prima para sua criação literária.
A afirmativa II também é válida, já que o autor emprega um tom leve e irônico, como na passagem em que interrompe seu próprio devaneio funéreo para falar das aeromoças "arejadas e amáveis como anjos". Essa linguagem acessível não diminui a profundidade de sua reflexão sobre o verdadeiro sentido de viajar.
Por fim, a afirmativa III capta com precisão a crítica central do texto: para Quintana, a viagem de avião anula a essência do ato de viajar, reduzindo-o a um mero deslocamento entre pontos. O poeta valoriza a experiência sensorial e humana das viagens de trem, onde era possível "descer para comprar laranjas" e interagir com as paisagens e pessoas ao longo do caminho.
Portanto, todas as afirmativas estão corretas, pois cada uma aborda aspectos complementares da análise que Mario Quintana faz sobre as diferentes formas de viajar e seus significados. O texto vai além de uma simples descrição, transformando-se em uma meditação sobre como a modernidade alterou nossa relação com o espaço e com os outros durante as viagens.
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