No romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, a aquisição da fazenda São Bernardo pelo narrador-protagonista, Paulo Honório, ilustra o capitalismo predatório, sistema econômico que prima pelo acúmulo de capital a qualquer custo. A citação que melhor caracteriza esse sistema econômico é:
No romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, a aquisição da fazenda São
Bernardo pelo narrador-protagonista, Paulo Honório, ilustra o capitalismo predatório,
sistema econômico que prima pelo acúmulo de capital a qualquer custo. A citação que
melhor caracteriza esse sistema econômico é:
- A)“Até os dezoito anos gastei muita enxada ganhando cinco tostões por doze horas de serviço". (RAMOS, 1977, p. 13).
- B)“A cerca ainda estava no ponto em que eu a tinha encontrado no ano anterior. Mendonça forcejava por avançar, mas continha-se; eu procurava alcançar os limites antigos, inutilmente". (RAMOS, 1977, p. 30).
- C)“Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las". (RAMOS, 1977, p. 37).
- D)“Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões". (RAMOS, 1977, p. 15).
- E)“No outro dia, cedo, ele [Padilha] meteu o rabo na ratoeira e assinou a escritura". (RAMOS, 1977, p. 24).
Resposta:
A alternativa correta é C)
No romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, a trajetória de Paulo Honório como proprietário da fazenda São Bernardo serve como uma crítica contundente ao capitalismo predatório. O protagonista personifica a lógica implacável desse sistema, onde o acúmulo de riqueza justifica qualquer meio, mesmo que isso implique exploração, trapaça ou violência moral.
A citação que melhor sintetiza essa visão é a alternativa C): “Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las". Essa passagem revela a essência do capitalismo predatório na narrativa: a racionalização da imoralidade em nome do lucro. Paulo Honório não apenas reconhece a ambiguidade de seus atos, mas os legitima, pois o fim – a posse da terra – justifica os meios.
As outras opções, embora relevantes para a construção do personagem e do contexto socioeconômico, não capturam com tanta precisão a dinâmica do capitalismo predatório. A alternativa A) ilustra a exploração do trabalho, mas de forma passiva; B) e D) abordam conflitos territoriais e aspirações pessoais, sem destacar a ética distorcida do sistema. Já a opção E), embora mostre uma ação questionável, é pontual e não explicita a justificativa ideológica por trás dela.
Portanto, a alternativa C) é a que melhor encapsula a mentalidade do capitalismo predatório, onde o sucesso material se sobrepõe a qualquer consideração ética, tema central na obra de Graciliano Ramos.
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