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Tecendo a Manhã João Cabral de Melo Neto Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro;de um outro galo que apanhe o grito que um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. (MELO NETO, João Cabral. Obra completa – Volume Único. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 345)Sobre o poema Tecendo a Manhã, de João Cabral de Melo Neto, e o modernismo brasileiro, analise as afirmativas abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. I. O poema, pertencente ao livro A Educação pela Pedra, de João Cabral de Melo Neto, revela a face mais lírica e menos objetiva do poeta modernista, na evocação da concepção mágica e propiciatória dos cantos dos galos. II. É possível assegurar que o poeta João Cabral de Melo Neto realiza plenamente, em “Tecendo a Manhã”, o seu projeto de impessoalidade da poesia modernista na supressão do tom lírico tradicional. III. As metáforas da “manhã” e da “luz balão” representam o próprio poema (sinônimos ainda de “tela”, “tecido”, “tenda”, “toldo”), do que se conclui ser o poema metalinguístico. IV. Há no poema referência direta ao ditado popular “uma andorinha só não faz verão”, cujo tema é a solidariedade.

Tecendo a Manhã

João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro;de um outro galo

que apanhe o grito que um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

(MELO NETO, João Cabral. Obra completa – Volume Único. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994,
p. 345)

Sobre o poema Tecendo a Manhã, de João Cabral de Melo Neto, e o
modernismo brasileiro, analise as afirmativas abaixo e, em seguida, assinale
a alternativa que apresenta a sequência correta.

I. O poema, pertencente ao livro A Educação pela Pedra, de João Cabral
de Melo Neto, revela a face mais lírica e menos objetiva do poeta
modernista, na evocação da concepção mágica e propiciatória dos
cantos dos galos.

II. É possível assegurar que o poeta João Cabral de Melo Neto realiza
plenamente, em “Tecendo a Manhã”, o seu projeto de impessoalidade
da poesia modernista na supressão do tom lírico tradicional.

III. As metáforas da “manhã” e da “luz balão” representam o próprio
poema (sinônimos ainda de “tela”, “tecido”, “tenda”, “toldo”), do que
se conclui ser o poema metalinguístico.

IV. Há no poema referência direta ao ditado popular “uma andorinha só
não faz verão”, cujo tema é a solidariedade.

Resposta:

A alternativa correta é A)

Análise do poema "Tecendo a Manhã" e sua relação com o Modernismo Brasileiro

O poema "Tecendo a Manhã", de João Cabral de Melo Neto, é uma obra emblemática do modernismo brasileiro, que reflete tanto as características estilísticas do autor quanto os princípios do movimento literário ao qual pertence. A análise das afirmativas apresentadas permite uma compreensão mais aprofundada da obra e sua inserção no contexto modernista.

A afirmativa I está correta, pois o poema, de fato, pertence ao livro A Educação pela Pedra e revela um aspecto mais lírico de João Cabral, contrastando com sua usual objetividade. A imagem dos galos tecendo a manhã evoca uma concepção quase mágica, distanciando-se do rigor geométrico típico do poeta.

A afirmativa II está incorreta. Embora João Cabral busque a impessoalidade em sua poesia, "Tecendo a Manhã" não suprime completamente o lirismo. O poema mantém uma musicalidade e uma carga simbólica que o aproximam da tradição lírica, ainda que de forma contida.

A afirmativa III está correta. O poema é metalinguístico, pois as metáforas da "manhã", "luz balão", "tela", "tecido", "tenda" e "toldo" remetem ao próprio ato de criação poética, representando a construção do texto como um tecido que se forma coletivamente.

A afirmativa IV está incorreta. Embora o tema da solidariedade esteja presente no poema, não há uma referência direta ao ditado popular "uma andorinha só não faz verão". A ideia de coletividade é tratada de forma original, sem citação explícita de provérbios.

Portanto, a alternativa correta é A) Somente I e III estão corretas, pois essas afirmativas capturam com precisão os aspectos essenciais do poema e sua relação com a poética de João Cabral de Melo Neto e o modernismo brasileiro.

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