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TEXTO 1                                      O mundo do menino impossível Fim de tarde, boquinha da noite com as primeiras estrelas e os derradeiros sinos. Entre as estrelas e lá detrás da igreja, surge a lua cheia para chorar com os poetas. E vão dormir as duas coisas novas desse mundo: o sol e os meninos. Mas ainda vela o menino impossível, aí do lado, enquanto todas as crianças mansas dormem            acalentadas por Mãe-negra da Noite. O menino impossível que destruiu os brinquedos perfeitos que os vovós lhe deram: o urso de Nurnberg, o velho barbado jugoslavo, as poupées de Paris aux cheveux crêpés, o carrinho português feito de folha de flandres a caixa de música checoslovaca, o polichinelo italiano made in England, o trem de ferro de U. S. A. e o macaco brasileiro de Buenos Aires, moviendo la cola y la cabeza. O menino impossível que destruiu até os soldados de chumbo de Moscou e furou os olhos de um Papá Noel, brinca com sabugos de milho, caixas vazias, tacos de pau, pedrinhas brancas do rio… “Faz de conta que os sabugos são bois…” “Faz de conta…” “Faz de conta…” […] O menino pousa a testa e sonha dentro da noite quieta da lâmpada apagada, com o mundo maravilhoso que ele tirou do nada… […] (LIMA, Jorge de. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2006. p. 27-30. Adaptado.)Jorge de Lima, a partir de Poemas (1927), adere ao Modernismo e adota procedimentos estilísticos novos, como o uso do verso livre, sem deixar de manter sua estreita ligação com os clássicos e com a herança portuguesa. Nesse período, amplia sua tendência para valorizar mais o mundo noturno e imaginário, o devaneio, o sonho, como exemplifica o poema “O mundo do menino impossível”. Sobre o Texto 1, marque a alternativa correta:

TEXTO 1

                                     O mundo do menino impossível

Fim de tarde, boquinha da noite

com as primeiras estrelas
e os derradeiros sinos.

Entre as estrelas e lá detrás da igreja,

surge a lua cheia

para chorar com os poetas.

E vão dormir as duas coisas novas desse mundo:

o sol e os meninos.

Mas ainda vela

o menino impossível,

aí do lado,

enquanto todas as crianças mansas

dormem

           acalentadas

por Mãe-negra da Noite.

O menino impossível

que destruiu

os brinquedos perfeitos

que os vovós lhe deram:

o urso de Nurnberg,


o velho barbado jugoslavo,

as poupées de Paris aux


cheveux crêpés
,


o carrinho português


feito de folha de flandres
a

caixa de música checoslovaca,

o polichinelo italiano

made in England,

o trem de ferro de U. S. A.

e o macaco brasileiro

de Buenos Aires,

moviendo la cola y la cabeza.

 O menino impossível

que destruiu até

os soldados de chumbo de Moscou

e furou os olhos de um Papá Noel,

brinca com sabugos de milho,

caixas vazias,

tacos de pau,

pedrinhas brancas do rio…

“Faz de conta que os sabugos

são bois…”

“Faz de conta…”

“Faz de conta…”

[…]

O menino pousa a testa

e sonha dentro da noite quieta

da lâmpada apagada,

com o mundo maravilhoso

que ele tirou do nada…

[…] 

(LIMA, Jorge de. Melhores poemas. São Paulo: Global,
2006. p. 27-30. Adaptado.)

Jorge de Lima, a partir de Poemas (1927), adere ao
Modernismo e adota procedimentos estilísticos novos,
como o uso do verso livre, sem deixar de manter sua
estreita ligação com os clássicos e com a herança portuguesa.
Nesse período, amplia sua tendência para valorizar
mais o mundo noturno e imaginário, o devaneio, o
sonho, como exemplifica o poema “O mundo do menino
impossível”. Sobre o Texto 1, marque a alternativa correta:

Resposta:

A alternativa correta é C)

O poema "O mundo do menino impossível", de Jorge de Lima, é uma obra que exemplifica a transição do autor para o Modernismo, mantendo ainda traços da tradição clássica e da herança literária portuguesa. O texto retrata o universo imaginativo de uma criança que desafia as convenções e as expectativas sociais, preferindo brincar com objetos simples e criar seu próprio mundo a partir do nada.

A alternativa correta, C, destaca que o poema apresenta o mundo da imaginação infantil, onde a criança busca liberdade e felicidade, longe das imposições da industrialização e das ideias preconcebidas. O menino impossível, ao destruir os brinquedos perfeitos e industrializados, simboliza a rejeição a um mundo padronizado e a valorização da criatividade espontânea. Suas brincadeiras com sabugos de milho, caixas vazias e pedrinhas brancas revelam uma capacidade de transformar o ordinário em extraordinário, movido pelo poder do imaginário.

O poema não se limita a uma simples recordação afetiva da infância (alternativa B), nem assume um tom sobrenatural ou mágico (alternativa A). Também não se concentra em temas metafísicos, místicos ou sociais de maneira explícita (alternativa D). Em vez disso, ele celebra a pureza e a inventividade da infância, mostrando como o menino impossível constrói seu próprio universo, livre das amarras do mundo adulto e industrializado.

Assim, a obra de Jorge de Lima, nesse período, reforça a importância do devaneio e do sonho como elementos centrais da experiência humana, especialmente na infância, onde a imaginação não conhece limites.

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