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Questões Sobre Naturalismo - Literatura - concurso

Questão 31

Considero-me um realista, mas sou realista não à maneira naturalista — que falseia a vida
— mas à maneira de nossa maravilhosa literatura popular, que transfigura a vida com a imaginação
para ser fiel à vida. […] O que eu procuro atingir, portanto, é, se não a verdade do mundo, a verdade
de meu mundo, afinal inapreensível em sua totalidade, mas mesmo assim, ou por isso mesmo,
tentador e belo […] Assim, sem exageros que acabem a ilusão consentida do público, é melhor não
apelar para as muletas do verismo nem esconder as traves da arquitetura teatral — sejam as do
autor, as do encenador ou as dos atores, pois todos nós temos as nossas; assim o público, vendo
que não pretendemos enganá-lo, que não queremos competir com a vida, aceita nossos andaimes
de papel, madeira e cola e pode, graças a essa generosidade, participar de nossa maravilhosa
realidade transfigurada.
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 26 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012. p. 16-17.
Sobre o texto acima, da “nota do autor” de O santo e a porca, e a peça em si, é correto
afirmar que

  • A)com o claro objetivo de retratar a vida como ela é no sertão, Suassuna investe em um teatro realista, que não “esconda as traves da arquitetura teatral”.
  • B)Suassuna recusa “apelar para as muletas do verismo”, motivo pelo qual a peça contém elementos chamados “fantásticos”, como a porca falante.
  • C)faz parte da “generosidade” do leitor aceitar momentos da trama pouco verossímeis, como o sumiço e a reaparição espontâneos da estátua de Santo Antônio.
  • D)há momentos da peça, como os disfarces múltiplos dos personagens, que dependem da “ilusão consentida do público”.
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A alternativa correta é D)

O trecho da "nota do autor" de O santo e a porca, de Ariano Suassuna, revela uma concepção de teatro que não busca reproduzir a realidade de forma crua, mas sim transfigurá-la por meio da imaginação, mantendo-se fiel à essência da vida. Suassuna rejeita o naturalismo e o verismo, optando por uma abordagem que reconhece abertamente os artifícios teatrais, como as "traves da arquitetura teatral". Essa postura convida o público a participar de uma "realidade transfigurada", onde a ilusão é consentida, mas não dissimulada.

Dentre as alternativas apresentadas, a que melhor reflete essa ideia é a D), pois destaca a importância da "ilusão consentida do público" para aceitar elementos como os disfarces múltiplos dos personagens. Esses recursos cênicos dependem da colaboração do espectador, que, ao reconhecer o caráter lúdico e construído da peça, pode se entregar à experiência teatral proposta por Suassuna. A peça não busca esconder seus mecanismos, mas sim celebrá-los como parte integrante de sua linguagem artística.

As demais alternativas não capturam com precisão o pensamento do autor. A opção A) é incorreta porque Suassuna não pretende retratar o sertão de forma realista, mas sim transfigurada. A alternativa B) está parcialmente correta ao mencionar a recusa ao verismo, mas a presença de elementos fantásticos, como a porca falante, não é o foco principal da reflexão do autor. Já a opção C) desvia-se do texto ao atribuir ao leitor uma "generosidade" que não é discutida no excerto.

Portanto, a resposta correta é D), pois reflete a ideia central de Suassuna sobre a relação entre teatro e público, onde a aceitação dos recursos cênicos é fundamental para a construção de uma realidade artística compartilhada.

Questão 32

Considere o texto abaixo. 
    Os homens reunidos em sociedade (relevem-me este
tom meio pedante) estão virtual e tacitamente obrigados a
obedecer às leis formuladas por eles mesmos para a conveniência comum. Há, porém, leis que eles não impuseram, que
acharam feitas, que precederam as sociedades, e que se hão
de cumprir não por uma determinação de jurisprudência humana, mas por uma necessidade divina e eterna. Entre essas, e
antes de todas, figura a da luta pela vida (…)
(ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de janeiro: Nova
Aguilar, 1986, p. 432) 

Um dos estilos de época marcantes do século XIX é
aquele pelo qual se manifesta a convicção de que todos
os atos humanos são determinados pela ação direta tanto
do meio social quanto por injunções biológicas. Tal determinismo está presente, como característica fundamental,

  • A)no romance O cortiço, de Aluísio Azevedo.
  • B)nos contos de Várias histórias, de Machado de Assis.
  • C)nas narrativas de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo.
  • D)nos poemas de Primeiros cantos, de Gonçalves Dias.
  • E)no indianismo de O Guarani, de José de Alencar.
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A alternativa correta é A)

O trecho de Machado de Assis apresentado reflete sobre a dualidade das leis humanas e naturais, destacando a "luta pela vida" como uma força primordial que transcende a organização social. Essa ideia dialoga diretamente com o determinismo, corrente de pensamento marcante no século XIX, que defendia a influência decisiva do meio e da biologia no comportamento humano. No contexto literário brasileiro, essa visão se manifesta de forma mais explícita no Naturalismo, movimento que buscava retratar o ser humano como produto de suas condições sociais e fisiológicas.

Entre as opções apresentadas, O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, é a obra que melhor exemplifica essa perspectiva determinista. O romance naturalista retrata os moradores de um cortiço no Rio de Janeiro como seres cujas ações são moldadas pelo ambiente degradante, pela miséria e por impulsos animais. Personagens como João Romão e Bertoleza são apresentados como vítimas de forças sociais e biológicas além de seu controle, ilustrando a tese naturalista de que o homem é determinado por fatores externos.

Embora Machado de Assis (opção B) também trate de questões sociais em seus contos, sua abordagem é mais irônica e psicológica, distanciando-se do determinismo radical. As demais alternativas representam vertentes românticas: o ultra-romantismo de Álvares de Azevedo (C), o nacionalismo de Gonçalves Dias (D) e o indianismo de José de Alencar (E), todas marcadas por subjetivismo e idealização, antagônicas ao rigor científico do Naturalismo presente em O cortiço.

Questão 33

Sobre a obra O bom Crioulo, de Adolfo Caminha, podemos afirmar que:

  • A)Há na obra alguns traços de um narrador romântico, uma vez que se desenvolvem os seguintes temas: a dor da separação e do ciúme; a descoberta do amor e a presença do herói forte e protetor, capaz de qualquer sacrifício pelo ente amado.
  • B)A trama centraliza na história de um amor romântico, entre dois homens. Entretanto, os fatos são narrados objetivamente, através da 1ª pessoa, com interferência desse narrador, que emite comentários a respeito de certas circunstâncias do enredo.
  • C)O autor é um grande representante da vertente do Romantismo brasileiro, porque recusa o sentimentalismo e aborda temas chocantes como o homossexualismo, por exemplo.
  • D)A obra não apresenta nenhum traço do Naturalismo, embora trate dos temas da sexualidade, da luxúria dos encontros amorosos e os indivíduos são dominados pelos instintos.
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A alternativa correta é A)

A obra O Bom Crioulo, de Adolfo Caminha, é um marco na literatura brasileira por sua abordagem ousada e inovadora. Embora muitas vezes associada ao Naturalismo, a narrativa apresenta elementos que remetem ao Romantismo, conforme destacado na alternativa correta (A).

O protagonista, Amaro, encarna características do herói romântico: é forte, protetor e capaz de grandes sacrifícios por amor. A dor da separação e o ciúme são temas centrais, explorados com intensidade dramática, típica do sentimentalismo romântico. A descoberta do amor, mesmo em um contexto proibido e marginalizado, também reforça essa influência.

Embora a obra aborde a homossexualidade de forma direta – um tema considerado chocante para a época –, sua estrutura narrativa e desenvolvimento emocional dos personagens mantêm traços românticos. A alternativa (B) está incorreta porque o narrador não é em primeira pessoa, e sim em terceira, com um distanciamento mais próximo do Naturalismo. Já as alternativas (C) e (D) falham ao atribuir a Caminha uma filiação exclusiva ao Romantismo ou negar completamente a influência naturalista, quando na verdade a obra mescla ambas as correntes.

Portanto, a alternativa (A) é a que melhor sintetiza a presença de elementos românticos em O Bom Crioulo, mesmo dentro de uma narrativa que também dialoga com o Naturalismo em sua crítica social e abordagem determinista.

Questão 34

Ao mesmo tempo em que narram fatos, os narradores de Casa de Pensão e Clara dos Anjos também assumem postura
intrusa e opinativa: eles interrompem a narração de acontecimentos e inserem seus comentários e opiniões,
apresentando análises sociológicas ou psicológicas de acontecimentos, ambientes e personagens. Nas alternativas
abaixo, foram transcritos trechos dos dois romances. Assinale a alternativa em que se observa tal atitude intrusa e
opinativa do narrador no romance de Aluísio Azevedo.

  • A)“Por outro lado, as mulatas folgavam em tê-lo perto de si, achavam-no vivo e atilado, provocavam-lhe ditos de graça, mexiam com ele, faziam-lhe perguntas maliciosas, só para 'ver o que o demônio do menino respondia'. E logo que Amâncio dava a réplica, piscando os olhos e mostrando a ponta da língua, caíam todas num ataque de riso, a olharem umas para as outras com intenção”.
  • B)“Muita vez chorou de ternura, mas sempre às escondidas; muita vez sentiu o coração saltar para o filho, mas sempre se conteve, receoso de cair no ridículo./ E não se lembrava, o imprudente, de que o amor de pai é bem ao contrário do amor de filho; não se lembrava de que aquele nasce e subsiste por si e que este precisa ser criado; que aquele é um princípio e que este é uma consequência; que um vem de dentro para fora e que o outro vem de fora para dentro”.
  • C)“O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. Não imaginava as catástrofes imprevistas da vida, que nos empurram, às vezes, para onde nunca sonhamos ter de parar. Não via que, adquirida uma pequena profissão honesta e digna do seu sexo, auxiliaria seus pais e seu marido, quando casada fosse”.
  • D)“A casa da família do famoso violeiro não ficava nas ruas fronteiras à gare da Central; mas, numa transversal, cuidada, limpa e calçada a paralelepípedos. Nos subúrbios, há disso: ao lado de uma rua, quase oculta em seu cerrado matagal, topa-se uma catita, de ar urbano inteiramente. Indaga-se por que tal via pública mereceu tantos cuidados da edilidade, e os historiógrafos locais explicam: é porque nela, há anos, morou o deputado tal ou o ministro sicrano ou o intendente fulano”.
  • E)“O provinciano, muito desvigorizado com a moléstia, sentia perfeitamente que os lúbricos impulsos, que dantes lhe inspirava a graciosa rapariga, iam-se agora destecendo e dissipando à luz de um novo sentimento de gratidão e respeito. A primitiva Amélia desaparecia aos poucos, para dar lugar àquela extremosa criança, àquela irmãzinha venerável, que lhe enchia o quarto com o frescor balsâmico de sua virgindade e rociava-lhe o coração com a trêfega mimalhice de sua ternura”.
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A alternativa correta é B)

A análise do narrador intrusivo e opinativo nos romances Casa de Pensão e Clara dos Anjos revela uma característica marcante da prosa naturalista de Aluísio Azevedo. Entre as alternativas apresentadas, a opção B é a que melhor exemplifica essa postura, pois o narrador não apenas descreve os sentimentos do personagem, mas também intervém com uma reflexão moral e psicológica sobre a natureza do amor paternal e filial.

No trecho selecionado, o narrador vai além da simples narração dos fatos, assumindo um tom didático e analítico. Ele contrasta o amor de pai e o amor de filho, apresentando uma visão quase filosófica sobre as relações familiares. Essa intervenção direta, carregada de juízos de valor e generalizações, é típica do narrador onisciente e opinativo que marca a escrita de Azevedo.

Enquanto as outras alternativas apresentam descrições de cenas ou estados emocionais dos personagens, apenas na alternativa B o narrador se permite interromper o fluxo narrativo para oferecer ao leitor uma análise conceitual sobre os temas abordados. Essa característica reforça o caráter crítico e social da obra de Azevedo, onde o narrador frequentemente assume o papel de comentarista dos costumes e comportamentos humanos.

Questão 35

Depois de analisar O Cortiço, é correto afirmar:
I – A relação direta das tensões entre os “donos” dos cortiços se estabelece não só no acirramento das diferenças entre os moradores de
ambos os cortiços, como também na própria nominação desses espaços coletivos nos quais se percebe, metaforicamente, uma relação
animalesca e predatória entre os cabeça-de-gato (termo que alude à imagem do predador) e os carapicus (termo cujo valor semântico,
vinculado ao de cabeça-de-gato, atualiza a imagem de presa).
II – O final trágico de Bertoleza e o “diploma de sócio benemérito” dado a João Romão pela “comissão de abolicionistas” expressam as
dissimetrias sociais, de gênero, étnico-culturais, dentre outras, viabilizando os estratagemas naturalistas que apontavam para suas
personagens fortes, tornando improdutiva, em determinados momentos, a luta dos vencidos ou dos que procuravam sair da condição
de menor, de fraco.
III – No trecho “E, durante muito tempo, fez-se um vaivém de mercadores. Apareceram os tabuleiros de carne fresca e outros de tripas e fatos
de boi; só não vinham hortaliças, porque havia muitas hortas no cortiço” (cap. 3), percebe-se que o espaço do cortiço formava uma
espécie de mundo à parte e à margem da sociedade em que se assentava. Parecia independente, autônomo, inclusive em seus aspectos
econômicos.

  • A)as proposições I, II e III estão corretas
  • B)apenas I está correta
  • C)apenas II está correta
  • D)apenas III está correta
  • E)estão corretas apenas I e III
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A alternativa correta é A)

Após uma análise cuidadosa de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, é possível afirmar que as três proposições apresentadas estão corretas, conforme demonstrado a seguir.

I - A relação entre os cortiços e seus moradores é marcada por tensões que vão além da simples rivalidade. A metáfora animalesca presente nos termos cabeça-de-gato e carapicus reforça a dinâmica de predador e presa, evidenciando a brutalidade e a desigualdade social que permeiam o ambiente do cortiço. Essa linguagem simbólica é uma característica marcante do Naturalismo, que busca retratar o ser humano sob influência do meio e da hereditariedade.

II - O destino de Bertoleza e a ascensão social de João Romão exemplificam as dissimetrias presentes na sociedade da época. Enquanto Bertoleza, uma mulher negra e escravizada, tem um fim trágico, João Romão é recompensado por sua ambição e exploração, mesmo que imoral. Essa contradição ilustra como o Naturalismo retrata a luta desigual entre os fortes e os fracos, muitas vezes sem esperança de redenção para os oprimidos.

III - O trecho destacado mostra que o cortiço funciona como um microcosmo autossuficiente, distante das estruturas formais da sociedade. A dinâmica econômica interna, com mercadores e produtos circulando sem dependência externa, reforça a ideia de um espaço marginalizado, porém organizado em suas próprias regras. Essa autonomia relativa é mais uma prova da influência do meio na formação dos indivíduos, tema central na obra.

Portanto, as proposições I, II e III estão corretas, pois todas refletem aspectos fundamentais da narrativa naturalista de O Cortiço, seja na representação das relações sociais, na crítica às desigualdades ou na construção do espaço como determinante da condição humana.

Questão 36

Sobre O Cortiço de Aluísio Azevedo, é correto afirmar:
I – Romance cujo enredo traz à tona questões de ordem pessoal
(de determinadas personagens) e coletiva (há personagens
cujas tensões vividas remetem o leitor para questões de ordem
mais geral, centradas num coletivo). As questões
problematizadas numa perspectiva coletiva podem ser
visualizadas em episódios como aquele em que os moradores
do Carapicus e do Cabeça-de-gato se enfrentam e a tensão criada
denuncia uma demanda coletiva e não apenas individual.
II – Romance cujo enredo aponta, embora timidamente, para a
resolução de conflitos coletivos, visando uma melhoria do
espaço urbano em que se assentam os cortiços Carapicus e
Cabeça-de-gato, principalmente no que diz respeito ao projeto
de saneamento básico e do fornecimento de energia elétrica,
projetos que davam início à modernização dos centros urbanos
do País no final do século XIX.
III – Romance cujo enredo problematiza muito mais as questões do
pré-modernismo brasileiro, com a construção de um pensamento
sanitarista e de modernização do espaço urbano do Rio de
Janeiro do início do século XX, do que a proposta naturalista
que insistia nas tensões particulares de suas personagens,
demanda da “escola naturalista” cujas narrativas são as melhores
representantes, no Brasil, dessa época.

  • A)apenas I e III estão corretas
  • B)apenas I está correta
  • C)apenas III está correta
  • D)apenas I e II estão corretas
  • E)apenas II está correta
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A alternativa correta é B)

O romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, é uma obra fundamental do Naturalismo brasileiro, que retrata de forma crua e realista a vida nos cortiços do Rio de Janeiro no final do século XIX. A análise das afirmativas apresentadas revela que apenas a primeira está correta, conforme o gabarito indicado.

A afirmativa I está correta, pois o romance aborda tanto questões individuais das personagens quanto problemas coletivos, como a tensão entre os moradores dos cortiços Carapicus e Cabeça-de-gato. Esses conflitos refletem demandas sociais mais amplas, indo além dos dramas pessoais, característica marcante do Naturalismo, que busca expor as mazelas da sociedade.

Já a afirmativa II está incorreta, pois o enredo não aponta para a resolução de conflitos coletivos ou melhorias urbanas, como saneamento básico e energia elétrica. Pelo contrário, a obra denuncia as condições precárias de vida, sem propor soluções concretas para esses problemas.

A afirmativa III também está incorreta, uma vez que O Cortiço é uma obra representativa do Naturalismo, e não do Pré-Modernismo. O foco do romance está nas tensões particulares das personagens e na influência do meio sobre elas, elementos típicos da escola naturalista, e não em questões sanitárias ou de modernização urbana, que seriam mais características do período posterior.

Portanto, a alternativa correta é a B) apenas I está correta, pois as demais afirmativas distorcem o propósito e o contexto literário da obra.

Questão 37

Sobre o Naturalismo literário, é correto afirmar:
I – Ao aprofundar aspectos realistas da literatura, cientificiza um
discurso, assumido no plano estético pela ficção, induzindo o
leitor a buscar não somente entretenimento em seus romances,
mas também a problematização de estruturas sociais e de
aspectos psicológicos das personagens.
II – O romance de tese, a exemplo de O cortiço, é o melhor projeto
para o naturalista, uma vez que este só é considerado naturalista
na medida em que sua produção literária se realiza unicamente
no chamado romance de tese.
III – O realce de traços físicos e psicológicos nos romances de tese
ratifica a ideia de o naturalismo, em suas narrativas, acentuar as
tensões sociais e de demandas coletivas como proposta a ser
problematizada a partir do elemento com o qual o leitor
estabelece um grau de intimidade ou identificação, a saber, a
personagem de ficção.

  • A)somente II e III estão corretas
  • B)somente I está correta
  • C)somente I e II estão corretas
  • D)somente I e III estão corretas
  • E)as três proposições estão corretas
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A alternativa correta é D)

O Naturalismo literário, movimento que surgiu como uma radicalização do Realismo, buscou incorporar métodos científicos na construção de suas narrativas, explorando de forma crítica as estruturas sociais e os aspectos psicológicos das personagens. A afirmação I está correta, pois o Naturalismo, de fato, aprofundou os aspectos realistas ao introduzir uma abordagem mais analítica e determinista, incentivando o leitor a refletir sobre questões sociais e comportamentais, indo além do mero entretenimento.

Já a afirmação II é incorreta. Embora o romance de tese, como O cortiço de Aluísio Azevedo, seja uma das expressões mais conhecidas do Naturalismo, o movimento não se limita a esse formato. O Naturalismo também se manifestou em outras formas narrativas, como contos e crônicas, e sua essência está mais na abordagem científica e na crítica social do que exclusivamente no romance de tese.

A afirmação III, por sua vez, está correta. O Naturalismo destacou traços físicos e psicológicos das personagens para reforçar a influência do meio e da hereditariedade em seu comportamento, criando uma identificação entre o leitor e as tensões sociais retratadas. Essa estratégia narrativa permitiu que questões coletivas fossem problematizadas a partir da experiência individual das personagens.

Portanto, apenas as afirmações I e III estão corretas, tornando a alternativa D a resposta adequada.

Questão 38

Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma
obra de Raul Pompeia:

  • A)Sagarana.
  • B)As Joias da Coroa.
  • C)Canções sem Metro.
  • D)Uma Tragédia no Amazonas.
  • E)O Ateneu.
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A alternativa correta é A)

Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma obra de Raul Pompeia:

  • A) Sagarana.
  • B) As Joias da Coroa.
  • C) Canções sem Metro.
  • D) Uma Tragédia no Amazonas.
  • E) O Ateneu.

O gabarito correto é A).

Questão 39

Com relação ao enredo e/ou características da obra, a única alternativa correta é:

  • A)Bom-Crioulo é uma obra literária do Romantismo, retratando o período histórico da Abolição dos escravos, o fim do Imperialismo e início da República.
  • B)a obra Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, é realista, com tendência naturalista; explora a figura do negro, da religiosidade de matriz africana e o tema da homossexualidade.
  • C)Amaro, mais conhecido como Bom-Crioulo, é configurado como um negro delicado, ingênuo, ex-escravo que foi seduzido por Aleixo, através do qual iniciou suas experiências homossexuais.
  • D)os fatos narrados ocorrem no mar e na terra, mais precisamente no Rio de Janeiro, na pensão de D. Carolina, entretanto, o desfecho da narrativa se dá com o assassinato de Amaro, quando este estava em viagem ao Brasil com destino à África.
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A alternativa correta é B)

A obra Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, é um marco na literatura brasileira por sua abordagem crua e realista, com evidentes traços naturalistas. Publicada em 1895, a narrativa explora temas considerados tabus para a época, como a homossexualidade, a condição social do negro no pós-abolição e elementos da religiosidade africana. O protagonista, Amaro (Bom-Crioulo), é um ex-escravo que vive uma relação complexa com Aleixo, um jovem marinheiro branco, retratando as tensões raciais e passionais de forma direta e sem idealizações românticas.

A alternativa correta, portanto, é a B, pois a obra se enquadra no Realismo-Naturalismo, movimento literário que buscava retratar a sociedade de maneira objetiva, muitas vezes focando em aspectos marginalizados. O enredo se passa majoritariamente no Rio de Janeiro, em ambientes como a pensão de D. Carolina e navios, mas não há menção a uma viagem à África no desfecho. Além disso, a caracterização de Amaro como "delicado e ingênuo" (alternativa C) não corresponde ao texto original, que o apresenta como um homem forte e marcado por suas experiências brutais.

A obra se destaca justamente por romper com estereótipos literários do período, apresentando personagens complexos e uma trama que desafiava os valores da sociedade brasileira do século XIX. Sua relevância permanece atual, especialmente nas discussões sobre representação racial e sexualidade na literatura.

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Questão 40

Assinale V para verdadeiro e F para falso nas
afirmativas a seguir:
( ) Após o movimento experimentalista da Geração
de 22, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e
Carlos Drummond de Andrade fazem parte da
Geração que traz para a literatura o
amadurecimento do movimento modernista.
( ) Na prosa de ficção da geração de 30, a
paisagem nos é familiar. Estão ali o nordeste
decadente, as agruras das classes médias no
começo da fase urbanizadora, os conflitos
internos da burguesia entre provinciana e
cosmopolita.
( ) Caetés (1933), São Bernardo (1934) e Angústia
(1936) são romances autobiográficos de
Graciliano Ramos, portanto escritos em primeira
pessoa, nos quais as narrativas se prendem à
análise do mundo interior, sem desprezar o
contexto sócio-político em que vive cada
personagem.
( ) Na escrita de Graciliano Ramos, o “herói” é
sempre um problema: não aceita o mundo, nem
os outros, nem a si mesmo.
( ) Graciliano Ramos é, ao mesmo tempo, ora neo-realista, ao molde de um Machado de Assis, ora
neo-naturalista, ao molde de um Aluízio
Azevedo, ao contextualizar seus romances no
Nordeste ou na memória da vida de origem
nordestina de seus personagens.
Assinale a alternativa que relaciona a sequência
CORRETA de V e F de cima para baixo:

  • A)V–V–F–V–F
  • B)V–V–V–V–F
  • C)V–V–F–V–V
  • D)F–V–F–V–V
  • E)F–V–V–F–F
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A alternativa correta é A)

O texto apresenta uma série de afirmações sobre a literatura brasileira, em especial sobre o modernismo e a obra de Graciliano Ramos, solicitando que se avalie cada uma como verdadeira (V) ou falsa (F). A sequência correta, conforme o gabarito, é a alternativa A) V–V–F–V–F.

A primeira afirmação é verdadeira, pois Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Carlos Drummond de Andrade são nomes centrais da segunda fase do modernismo, marcada pelo amadurecimento das propostas estéticas iniciadas em 1922. A segunda também é verdadeira, já que a prosa dos anos 30 retratou temas regionais e urbanos com forte crítica social.

A terceira afirmação é falsa, pois apenas "Angústia" é narrado em primeira pessoa entre os romances citados de Graciliano Ramos. A quarta é verdadeira, pois seus protagonistas são frequentemente anti-heróis em conflito consigo mesmos e com o mundo. Por fim, a quinta é falsa, pois Graciliano não pode ser enquadrado rigidamente como neo-realista ou neo-naturalista, já que sua obra transcende esses rótulos.

Essa análise demonstra como a geração de 30 consolidou uma literatura engajada e psicologicamente densa, com Graciliano Ramos como um de seus expoentes mais originais.

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