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Texto 10A3AAA       Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.       […]       O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.           Aluísio Azevedo. O cortiço. 15.ª ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-9.A escola naturalista no Brasil, à qual pertence o romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, caracteriza-se literariamente pela presença de narrativas com protagonismo de personagens

Texto 10A3AAA

      Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo,
não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um
acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas
de chumbo.

      […]

      O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos
os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um
só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer
compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas;
ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se.
Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa
de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta
e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação
de respirar sobre a terra.

          Aluísio Azevedo. O cortiço. 15.ª ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-9.

A escola naturalista no Brasil, à qual pertence o romance O cortiço,
de Aluísio Azevedo, caracteriza-se literariamente pela presença de
narrativas com protagonismo de personagens

Resposta:

A alternativa correta é E)

A Representação do Marginalizado no Naturalismo de "O Cortiço"

O trecho de O cortiço, de Aluísio Azevedo, exemplifica a essência da escola naturalista no Brasil, que busca retratar a realidade de forma crua e objetiva, com ênfase nos aspectos mais brutais da condição humana. O cortiço, como espaço central da narrativa, não é apenas um cenário, mas um organismo vivo que pulsa e se transforma junto com seus habitantes. A descrição do despertar coletivo, com seu barulho caótico e vitalidade quase animal, revela o protagonismo dos marginalizados, que vivem à margem da sociedade.

A linguagem utilizada pelo autor é carregada de imagens sensoriais, como o "zunzum" das vozes e a "lama preta e nutriente da vida", que reforçam a ideia de uma existência marcada pela luta e pela sobrevivência. Os personagens não são heróis ou figuras lendárias, mas pessoas comuns, muitas vezes brutais, que expressam seus desejos e frustrações de maneira direta e visceral. Essa abordagem é típica do naturalismo, que busca desvendar as forças biológicas e sociais que determinam o comportamento humano.

A opção correta, portanto, é a E) marginalizados ou pobres, pois o naturalismo brasileiro, seguindo a tendência inaugurada por Aluísio Azevedo, eleva os excluídos sociais ao centro da narrativa, mostrando suas vidas com todas as contradições e complexidades. Ao fazer isso, o autor não apenas denuncia as desigualdades, mas também humaniza aqueles que muitas vezes são invisibilizados pela literatura tradicional.

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