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A seguir, há dois poemas de épocas diferentes: o primeiro, do final do século XIX e o segundo, em meados do século XX. Leia-os, para responder à questão: Texto 1 A UM POETA Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! Mas que na forma de disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego. Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade. (BILAC, Olavo. A um poeta. In: CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: do Romantismo ao Realismo. v. II. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,1972. p. 254.) Texto 2 OFICINA IRRITADA Eu quero compor um soneto duro como poeta algum ousara escrever. Eu quero pintar um soneto escuro, seco, abafado, difícil de ler. Quero que meu soneto, no futuro, não desperte em ninguém nenhum prazer. E que, no seu maligno ar imaturo, ao mesmo tempo saiba ser, não ser. Esse meu verbo antipático e impuro há de pungir, há de fazer sofrer, tendão de Vênus sob o pedicuro. Ninguém o lembrará: tiro no muro, cão mijando no caos, enquanto Arcturo, claro enigma, se deixa surpreender. (ANDRADE, Carlos Drummond. Antologia poética. Organizada pelo autor. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1983. p. 178.)Na última estrofe do texto 2, o poeta utiliza-se de duas imagens para expressar o soneto pretendido: “tiro no muro” e “cão mijando no caos”. Indique a alternativa CORRETA quanto ao emprego desse recurso.

A seguir, há dois poemas de épocas diferentes: o primeiro, do final do século XIX e o
segundo, em meados do século XX. Leia-os, para responder à questão:
Texto 1
A UM POETA
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma de disfarce o emprego
D
o esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
(BILAC, Olavo. A um poeta. In: CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: do
Romantismo ao Realismo. v. II. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,1972. p. 254.)
Texto 2
OFICINA IRRITADA
Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.
Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.
Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.
Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
(ANDRADE, Carlos Drummond. Antologia poética. Organizada pelo autor. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1983. p. 178.)

Na última estrofe do texto 2, o poeta utiliza-se de duas imagens para expressar o soneto
pretendido: “tiro no muro” e “cão mijando no caos”. Indique a alternativa CORRETA quanto
ao emprego desse recurso.

Resposta:

A alternativa correta é B)

Os poemas apresentados, de Olavo Bilac e Carlos Drummond de Andrade, representam visões distintas sobre a criação poética em épocas diferentes. Enquanto Bilac, no século XIX, defende uma arte trabalhada com paciência e equilíbrio, inspirada na pureza e simplicidade clássica, Drummond, no século XX, propõe uma poesia deliberadamente áspera e desafiadora, rejeitando os ideais de beleza tradicional.

Na última estrofe do Texto 2, "Oficina Irritada", Drummond emprega as imagens "tiro no muro" e "cão mijando no caos" como metáforas que expressam seu descontentamento com a poesia parnasiana. Essas figuras transmitem a ideia de algo inútil, caótico e efêmero, refletindo sua rejeição aos princípios de perfeição formal e beleza idealizada defendidos por Bilac. A alternativa correta é a B), pois o poeta utiliza metáforas para manifestar seu desencanto e irritação diante da tradição parnasiana, marcando sua proposta de uma poesia mais crua e dissonante.

As outras alternativas não se adequam ao recurso empregado: não há sinestesia (A), gradação (C) ou antítese (E) nesses versos. A menção a "Arcturo" (D) não é o foco principal, servindo antes como contraponto irônico ao caos descrito. Assim, a resposta correta é B), confirmando o uso de metáforas para criticar a tradição e afirmar uma poética moderna.

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