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Questões Sobre Parnasianismo - Literatura - concurso

Questão 51

Quanto à poesia parnasiana, é correto afirmar que se caracteriza por

  • A)buscar uma linguagem capaz de sugerir a realidade, fazendo, para tanto, uso de símbolos, imagens, metáforas, sinestesias, além de recursos sonoros e cromáticos, tudo com a finalidade de exprimir o mundo interior, intuitivo, antilógico e antirracional.
  • B)cultivar o desprezo pela vida urbana, ressaltando o gosto pela paisagem campestre; elevar o ideal de uma vida simples, integrada à natureza; conter nos poemas elementos da cultura greco-latina; apresentar equilíbrio espiritual, racionalismo.
  • C)apresentar interesse por temas religiosos, refletindo o conflito espiritual, a morbidez como forma de acentuar o sentido trágico da vida, além do emprego constante de figuras de linguagem e de termos requintados.
  • D)possuir subjetivismo, egocentrismo e sentimentalismo, ampliando a experiência da sondagem interior e preparando o terreno para investigação psicológica.
  • E)pretender ser universal, utilizando-se de uma linguagem objetiva, que busca a contenção dos sentimentos e a perfeição formal.
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A alternativa correta é E)

O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França no século XIX e chegou ao Brasil no final desse mesmo período, influenciando poetas como Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia. Suas características principais estão diretamente relacionadas à opção E), que afirma que a poesia parnasiana pretende ser universal, utilizando-se de uma linguagem objetiva, buscando a contenção dos sentimentos e a perfeição formal.

Diferentemente do Romantismo, que valorizava a subjetividade e o sentimentalismo, os parnasianos buscavam a objetividade, o rigor estético e o culto à forma. A poesia parnasiana era marcada pelo preciosismo vocabular, pela métrica rigorosa e pela busca da "arte pela arte", ou seja, a valorização da estética em detrimento de temas sociais ou emocionais.

As outras alternativas apresentam características de outros movimentos literários: a opção A) descreve o Simbolismo, que priorizava a sugestão e o subjetivismo; a opção B) remete ao Arcadismo, com sua idealização da vida no campo e equilíbrio clássico; a opção C) aproxima-se de aspectos do Ultra-Romantismo, com seu tom sombrio e religioso; e a opção D) reforça traços do Romantismo, movimento que antecedeu o Parnasianismo.

Portanto, a resposta correta é mesmo a alternativa E), pois sintetiza de forma precisa os princípios fundamentais da poesia parnasiana: objetividade, contenção emocional e busca pela perfeição formal.

Questão 52

Mal secreto

      Se a cólera que espuma, a dor que mora
     N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
     Tudo o que punge, tudo o que devora
     O coração, no rosto se estampasse;
     Se se pudesse, o espírito que chora,
     Ver através da máscara da face,
     Quanta gente, talvez, que inveja agora
     Nos causa, então piedade nos causasse!
     Quanta gente que ri, talvez, consigo
     Guarda um atroz, recôndito inimigo,
     Como invisível chaga cancerosa!
     Quanta gente que ri, talvez existe,
     Cuja ventura única consiste
     Em parecer aos outros venturosa!

CORREIA. R In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: AFhambra, 1995.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que

  • A)a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
  • B)o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
  • C)a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
  • D)o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
  • E)a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.
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A alternativa correta é A)

Mal secreto: A Máscara Social no Parnasianismo de Raimundo Correia

No soneto Mal secreto, Raimundo Correia explora com maestria parnasiana um dos grandes paradoxos da condição humana: a contradição entre o que sentimos e o que mostramos ao mundo. Através de uma estrutura métrica rigorosa e linguagem precisa, o poeta desvela o abismo entre a aparência social e a realidade íntima, tema que encontra perfeita correspondência na alternativa A do questionamento proposto.

Ao desenvolver a imagem da "máscara da face", Correia constrói uma poderosa metáfora sobre a dissimulação necessária à vida em sociedade. Os versos revelam como "a cólera que espuma" e "a dor que mora n'alma" são cuidadosamente ocultadas sob um semblante socialmente aceitável. Essa construção poética evidencia como a pressão para corresponder às expectativas alheias força o indivíduo a criar uma persona distante de sua verdade interior.

O poeta vai além ao sugerir o caráter ilusório das relações sociais: "Quanta gente que ri, talvez existe, / Cuja ventura única consiste / Em parecer aos outros venturosa!". Esses versos finais sintetizam com ironia a essência do "mal secreto" - a infelicidade mascarada de felicidade, a angústia transformada em espetáculo social. A escolha lexical ("parecer" em oposição a "ser") reforça a ideia de que a aceitação social exige a encenação permanente.

Correia, ao articular essa reflexão com a perfeição formal exigida pelo Parnasianismo, demonstra como a escola literária conseguia tratar de temas profundamente humanos mesmo dentro de suas restrições estéticas. O soneto permanece atual justamente por revelar essa dimensão atemporal da condição humana: nosso eterno conflito entre autenticidade e adaptação social.

Questão 53

        Essa poesia não logrou estabelecer-se em Portugal. De
origem francesa, suas primeiras manifestações datam de
1866, quando um editor parisiense publica uma coletânea de
poemas; em 1871 e 1876, saem outras duas coletâneas. Os
poetas desse movimento literário pregam o princípio da Arte
pela Arte, isto é, defendem uma arte que não sirva a nada e
a ninguém, uma arte inútil, uma arte voltada para si própria.
A Arte procuraria a Beleza e a Verdade que existiriam nos seres
concretos, e não no sentimento do artista. Por isso, o belo
se confundiria com a forma que o reveste, e não com algo
que existiria dentro dele. Daí vem que esses poetas sejam
formalistas e preguem o cuidado da forma artística como
exigência preliminar. Para consegui-lo, defendem uma atitude
de impassibilidade diante das coisas: não se emocionar
jamais; antes, impessoalizar-se tanto quanto possível pela
descrição dos objetos, via de regra inertes ou obedientes aos
movimentos próprios da Natureza (o fluxo e refluxo das ondas
do mar, o voo dos pássaros, etc.). Esteticistas, anseiam
uma arte universalista.
        Em Portugal, tentou-se introduzir esse movimento; certamente,
impregnou alguns poetas, exerceu influência, mas
não passou de prurido, que pouco alterou o ritmo literário
do tempo. Na verdade, o modo fortuito como alguns se deixaram
contaminar da nova moda poética revelava apenas
veleidade francófila, em decorrência de razões de gosto pessoal
ou de grupos restritos: faltou-lhes intuito comum.
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1999. Adaptado.)

As informações apresentadas no texto referem-se à literatura

  • A)simbolista, cuja busca pelo Belo implicou a liberdade na expressão dos sentimentos. O texto deixa claro que essa literatura alcançou notável aceitação entre os poetas da época.
  • B)simbolista, cuja preocupação com a expressão do sentimento filia-se à tradição poética do Renascimento. O texto deixa claro que essa literatura teve um desenvolvimento tímido na cena literária portuguesa.
  • C)parnasiana, cuja preocupação com a objetividade a opõe ao subjetivismo romântico. O texto deixa claro que essa literatura não se impôs na cena literária portuguesa.
  • D)parnasiana, cuja liberdade de expressão e cujo compromisso social permitem fundamentar a Arte pela Arte. O texto deixa claro que essa literatura teve pouco espaço na cena literária portuguesa.
  • E)realista, cuja influência da tradição clássica é fundamental para se chegar à perfeição. O texto deixa claro que essa literatura teve uma disseminação irregular na cena literária portuguesa.
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A alternativa correta é C)

O texto apresentado descreve as características de um movimento literário que surgiu na França em 1866, marcado pelo princípio da "Arte pela Arte". Esse movimento defendia uma arte desvinculada de utilidade prática, focada na busca pela Beleza e Verdade através da forma, e não do sentimento do artista. Os poetas desse movimento eram formalistas, valorizando a impassibilidade e a descrição objetiva de elementos da natureza, em oposição ao subjetivismo romântico.

Embora tenha havido tentativas de introduzir esse movimento em Portugal, o texto afirma que ele não se estabeleceu de forma significativa, limitando-se a influenciar alguns poetas de maneira esporádica, sem alterar o panorama literário da época. Essa descrição corresponde ao movimento parnasiano, que se opunha ao sentimentalismo romântico e priorizava a objetividade e o rigor formal.

Entre as alternativas apresentadas, a letra C é a única que identifica corretamente o movimento como parnasiano, destacando sua oposição ao subjetivismo romântico e seu fracasso em se consolidar em Portugal. As demais alternativas incorrem em erros ao associar o movimento ao simbolismo ou realismo, ou ao atribuir características como liberdade de expressão ou compromisso social, que não estão presentes no texto.

Questão 54

“A leitura deste conto nos permite ver uma experiência radical da modernidade brasileira: uma autora que representa o cotidiano mais simples, aparentemente prosaico, através de imagens poéticas que o adensam e iluminam, mostrando faces inusitadas. A primeira parte da narrativa, do ponto de vista da evolução do enredo, é simples; trata-se de um passeio de bonde de uma dona de casa saciada e aparentemente equilibrada, com um começo, meio e fim constituindo o que poderíamos chamar de trama tradicional. Os filhos crescem sem sobressaltos, o marido a protege, tudo dentro dos papéis esperados pelo mundo da cultura. Mas esta é apenas a parte inicial do conto, a camada superficial que será bruscamente dilacerada na segunda parte do texto; este procedimento […] de mostrar um mundo coeso, aparentemente linear, para nele introduzir a ruptura e a contradição, constituem […] uma metáfora da visibilidade do universo humano, construída em graus diverso, por olhares e possibilidades diferenciadas. […] A outra bela imagem do texto – a do saco de tricô – lembra-nos a figura de Penélope, mas com um encaminhamento moderno: diferentemente da personagem que controla seus fios, montando-os e remontando-os, Ana é surpreendida pela parada brusca do bonde que faz desatarem, metaforicamente, seu tricô e seu ordenamento do mundo. Pela escrita dessa autora, podemos observar que seus escritos funcionam como esse saco de tricô, que se desata, surpreendendo a aparente tranquilidade da personagem, do leitor e da narrativa” (Vera Romariz – Só ou bem acompanhado? Reflexões sobre a literatura e a cultura). Pela caracterização que Vera Romariz faz da obra e da autora, podemos perceber que se trata de __________, ligada ao movimento ________.

Qual opção completa corretamente as lacunas acima?



  • A)Clarice Lispector – Modernismo da geração de 45
  • B)Rachel de Queiroz – Modernismo da geração de 30
  • C)Francisca Julia – Parnasianismo
  • D)Cecília Meireles – Modernismo na poesia de 30
  • E)Ana Cristina César – Modernismo contemporâneo
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A alternativa correta é A)

O ensaio a seguir analisa o trecho crítico de Vera Romariz sobre uma autora brasileira, destacando características marcantes de sua obra e sua relação com o movimento modernista.

No texto, Romariz descreve uma narrativa que parte de um cotidiano aparentemente banal — um passeio de bonde — para, em seguida, subverter essa linearidade com uma ruptura brusca. Essa estrutura, que expõe a fragilidade da ordem social e psicológica, é emblemática da escrita de Clarice Lispector, autora conhecida por explorar as contradições internas e a complexidade da experiência humana. A referência ao "saco de tricô" como metáfora do descontrole e da desordem reforça a abordagem introspectiva e existencialista presente em sua obra.

Além disso, a análise aponta para o movimento Modernista da geração de 45, no qual Clarice se insere. Diferentemente da primeira fase do Modernismo, marcada por um caráter mais nacionalista e experimental, a geração de 45 aprofundou-se na investigação psicológica e na linguagem introspectiva, características evidentes no conto analisado por Romariz.

Assim, a opção que corretamente completa as lacunas é A) Clarice Lispector – Modernismo da geração de 45, pois alia a descrição da autora e sua técnica narrativa ao contexto literário em que sua produção se consolidou.

Questão 55

Identifique, das alternativas abaixo, a que se refere à poesia parnasiana brasileira:



  • A)Poesia declamatória, cujo exemplo maior é o poema “O navio negreiro”.
  • B)Poesia sugestiva, fruto do inconsciente e de um “eu­profundo”, geralmente com tons vagos e imprecisos.
  • C)Poesia de ideais clássicos, de forte culto à forma, impassibilidade e distante de temáticas associadas a problemas sociais.
  • D)Poesia de personagens mórbidas e doentias, de ambientes tétricos, fortemente influenciada pelo poeta inglês Lord Byron.
  • E)Poesia satânica e extremamente sensual, fortemente influenciada na sua temática pelo poeta francês Charles Baudelaire.
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A alternativa correta é C)

Identifique, das alternativas abaixo, a que se refere à poesia parnasiana brasileira:

  • A) Poesia declamatória, cujo exemplo maior é o poema “O navio negreiro”.
  • B) Poesia sugestiva, fruto do inconsciente e de um “eu profundo”, geralmente com tons vagos e imprecisos.
  • C) Poesia de ideais clássicos, de forte culto à forma, impassibilidade e distante de temáticas associadas a problemas sociais.
  • D) Poesia de personagens mórbidas e doentias, de ambientes tétricos, fortemente influenciada pelo poeta inglês Lord Byron.
  • E) Poesia satânica e extremamente sensual, fortemente influenciada na sua temática pelo poeta francês Charles Baudelaire.

O gabarito correto é C).

Questão 56

Vaso grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197, p.144.

 Acerca do soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, e do período histórico-literário a que ele remete, julgue os itens de 117 a 119 e assinale a opção correta no item 120, que é do tipo C.

A partir da leitura do soneto Vaso grego, assinale a opção correta a respeito do tratamento estético conferido aos mitos antigos pela poética parnasiana.

  • A)A recorrência a temas mitológicos atraía o leitor comum e amenizava os efeitos de distanciamento impostos a ele pelo rebuscamento da linguagem parnasiana.
  • B)Os mitos antigos são atualizados na poesia parnasiana e recebem um significado poético novo, que promove a ruptura efetiva com o passado e a tradição mítica.
  • C)O tratamento estético dos mitos gregos na poesia parnasiana aproxima o antigo mundo mitológico dos problemas imediatos e concretos da vida social brasileira.
  • D)A presença de elementos da arte e da mitologia gregas no soneto apresentado está de acordo com uma máxima do Parnasianismo: a arte pela arte.
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A alternativa correta é D)

O soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, é um exemplo emblemático da estética parnasiana, movimento literário que valorizava a perfeição formal, o culto à beleza e o distanciamento dos temas cotidianos em favor de uma arte refinada e descompromissada com questões sociais imediatas. A presença de elementos da mitologia e da arte gregas no poema — como a referência ao "poeta de Teos" (Anacreonte) e à "antiga lira" — reforça a conexão com o ideal parnasiano de "arte pela arte", expresso na opção D.

O Parnasianismo buscava resgatar a tradição clássica, não para atualizá-la ou romper com o passado, como sugere a alternativa B, mas para celebrá-la como modelo de perfeição estética. A linguagem rebuscada e o tratamento elevado dos temas mitológicos, como visto no soneto, não tinham o objetivo de amenizar o distanciamento do leitor comum (alternativa A), mas sim de afirmar uma poesia elitizada, alheia aos problemas concretos da vida social (alternativa C).

Assim, o soneto Vaso grego ilustra a máxima parnasiana ao transformar o vaso grego — objeto artístico e simbólico — em um veículo de transcendência estética, onde a voz do poeta se confunde com a música da "antiga lira", num diálogo atemporal com a tradição clássica. A opção D, portanto, é a única que sintetiza corretamente o tratamento estético dos mitos antigos no Parnasianismo.

Questão 57

Vaso grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197, p.144.

 Acerca do soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, e do período histórico-literário a que ele remete, julgue os itens de 117 a 119 e assinale a opção correta no item 120, que é do tipo C.

A temática abordada no soneto Vaso grego é representativa da tendência atribuída pela crítica literária ao Parnasianismo no Brasil: a descrição apaixonada de objetos antigos, por meio da qual se expressava, de forma evidente, a subjetividade do eu lírico.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é E)

O soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, é uma obra emblemática do Parnasianismo brasileiro, movimento literário que se destacou pela busca da perfeição formal, pelo culto à arte pela arte e pela valorização de temas clássicos e descritivos. No entanto, a afirmação de que o poema apresenta uma "descrição apaixonada de objetos antigos, por meio da qual se expressava, de forma evidente, a subjetividade do eu lírico" não corresponde às características parnasianas.

O Parnasianismo, em contraste com o Romantismo, rejeitava a exaltação emocional e a expressão direta dos sentimentos do poeta. Em vez disso, privilegiava a objetividade, a impessoalidade e a precisão descritiva, muitas vezes utilizando referências mitológicas e históricas para criar uma atmosfera de distanciamento e refinamento estético. No caso de Vaso grego, o eu lírico descreve a taça grega com um tom contemplativo e erudito, sem transbordar em subjetividade ou paixão explícita.

O poema evoca a figura de Anacreonte, poeta lírico grego, e sugere uma conexão entre o objeto antigo e a arte imortal, mas sem mergulhar em sentimentalismo. A voz que emana do vaso é "ignota" (desconhecida) e comparada à música de uma lira, reforçando o ideal parnasiano de beleza impessoal e atemporal. Portanto, a afirmação está incorreta, pois o Parnasianismo buscava justamente evitar a expressão evidente da subjetividade, optando por uma postura mais contida e formal.

Assim, o gabarito correto para a questão é E) ERRADO, já que a descrição no soneto segue os princípios de objetividade e contenção emocional típicos do Parnasianismo, e não uma expressão apaixonada e subjetiva do eu lírico.

Questão 58

Vaso grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197, p.144.

 Acerca do soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, e do período histórico-literário a que ele remete, julgue os itens de 117 a 119 e assinale a opção correta no item 120, que é do tipo C.

O refinamento da linguagem e as formas labirínticas dos versos do soneto Vaso grego atestam o quanto a poesia parnasiana no Brasil, país de desigualdade social, asseverou a distância entre a língua falada e a escrita.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

O soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, é um exemplo emblemático da poesia parnasiana no Brasil, movimento que se caracterizou pelo culto à forma, ao rigor métrico e ao refinamento estético. O poema, ao descrever uma taça grega adornada com relevos dourados e associá-la à figura do poeta Anacreonte, evoca uma atmosfera clássica e mitológica, típica do Parnasianismo. A linguagem empregada é elaborada, repleta de imagens requintadas e vocabulário erudito, o que reforça a distância entre a língua falada e a escrita, uma das marcas do movimento.

O Parnasianismo, surgido na França no século XIX e posteriormente difundido no Brasil, buscava a perfeição formal e a objetividade, contrastando com o subjetivismo e o sentimentalismo do Romantismo. No contexto brasileiro, marcado por profundas desigualdades sociais, essa poesia de caráter elitista e muitas vezes hermático acabou por acentuar a cisão entre a produção literária e a realidade cotidiana da maioria da população. O soneto de Alberto de Oliveira, com seus versos labirínticos e sua linguagem rebuscada, ilustra essa tendência, confirmando a assertiva de que a poesia parnasiana no Brasil reforçou a distância entre a língua falada e a escrita.

Portanto, a afirmação apresentada está correta, e o gabarito correspondente é C) CERTO.

Questão 59

Vaso grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197, p.144.

 Acerca do soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, e do período histórico-literário a que ele remete, julgue os itens de 117 a 119 e assinale a opção correta no item 120, que é do tipo C.

No período em que o Parnasianismo se destacou, o Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, vivia forte influxo de modernização tardia em relação aos centros europeus, o que incentivou o consumo de mercadorias culturais luxuosas, mas desligadas da realidade local. Assim, verifica-se que a recorrência a temas advindos da Antiguidade Clássica era a correspondência estética dessa tendência manifestada na objetividade social brasileira.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

O soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, é uma obra emblemática do Parnasianismo no Brasil, movimento literário que se destacou no final do século XIX e início do século XX. O poema retrata uma taça grega ricamente adornada, que, após servir aos deuses do Olimpo, passa a ser utilizada pelo poeta Anacreonte, simbolizando a transição entre o sagrado e o artístico. A descrição minuciosa do objeto e a referência à Antiguidade Clássica são características marcantes do estilo parnasiano, que valorizava a forma perfeita, o culto à beleza e o distanciamento dos temas cotidianos.

O período em que o Parnasianismo floresceu no Brasil coincidiu com um momento de intensa modernização no país, especialmente no Rio de Janeiro, então capital federal. Contudo, essa modernização era tardia em relação aos centros europeus, o que gerou um consumo de mercadorias culturais luxuosas, mas muitas vezes desvinculadas da realidade local. A recorrência a temas clássicos, como no Vaso grego, refletia essa tendência, pois oferecia uma fuga estética para um mundo idealizado, distante das contradições sociais e políticas do Brasil da época.

Portanto, a afirmação de que a recorrência a temas da Antiguidade Clássica no Parnasianismo correspondia a uma tendência estética desligada da realidade local está correta. O gabarito C) CERTO é, de fato, o mais adequado, pois o poema de Alberto de Oliveira exemplifica justamente essa busca pela perfeição formal e pelo universalismo, típicos do movimento parnasiano, em contraste com as particularidades do contexto brasileiro.

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