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Questões Sobre Quinhentismo - Literatura - concurso

Questão 11

Dentre os excertos de poemas abaixo, quais podem
ser identificados como de Luís Vaz de Camões?
1) “Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia”.
2) “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades”.
3) “Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”.
4) “A praia é tão longa! E a onda bravia
As roupas de gaza te molha de escuma;
De noite — aos serenos — a areia é tão fria,
Tão úmido o vento que os ares perfuma!.
5) “Froixo o verso talvez, pálida a rima
Por estes meus delírios cambeteia,
Porém odeio o pó que deixa a lima
E o tedioso emendar que gela a veia!
São de Luís Vaz de Camões apenas os excertos:

  • A)1, 2 e 3
  • B)1, 4 e 5
  • C)2, 3 e 4
  • D)3, 4 e 5
  • E)2, 4 e 5
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A alternativa correta é A)

O poeta português Luís Vaz de Camões é uma das figuras mais importantes da literatura lusófona, principalmente por sua obra-prima Os Lusíadas, mas também por sua produção lírica. Analisando os excertos apresentados, é possível identificar claramente três deles como sendo de sua autoria.

O primeiro poema ("Sete anos de pastor Jacó servia...") faz parte da tradição camoniana, retratando uma temática bíblica com um estilo característico do Renascimento português. O segundo ("Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...") reflete a filosofia de Camões sobre a mutabilidade da vida, um tema recorrente em sua obra. Já o terceiro ("Amor é fogo que arde sem se ver...") é um dos mais famosos sonetos do autor, exemplificando sua habilidade em explorar os paradoxos do amor.

Os demais poemas apresentam características estilísticas e temáticas distintas, não condizentes com a obra camoniana. O quarto excerto possui um tom mais romântico, enquanto o quinto apresenta uma metalinguagem poética que não se alinha ao estilo de Camões.

Portanto, a alternativa correta é A) 1, 2 e 3, pois esses são os únicos versos que podem ser atribuídos com segurança à pena do grande poeta português do século XVI.

Questão 12

Filho do Classicismo português, Luís Vaz de Camões
sofreu influência de vários autores da Antiguidade.
Quanto aos escritores que foram lidos e que
terminaram por formar o gosto classicista do poeta
lusitano, podemos incluir:

1) Virgílio.

2) Horácio.

3) Padre Antônio Vieira.

4) Petrarca.

5) Carlos Magno.

Estão corretas apenas:

  • A)2, 3 e 5
  • B)3, 4 e 5
  • C)1, 2 e 4
  • D)1, 2 e 3
  • E)2, 4 e 5
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é C)

Filho do Classicismo português, Luís Vaz de Camões foi profundamente influenciado por autores da Antiguidade Clássica e do Renascimento, moldando sua obra dentro dos ideais estéticos e filosóficos de seu tempo. Entre os escritores que contribuíram para a formação de seu estilo, destacam-se Virgílio, Horácio e Petrarca, figuras essenciais para compreender as raízes literárias de Camões.

Virgílio, autor da Eneida, foi uma das principais referências para Camões, especialmente na composição de Os Lusíadas, onde a estrutura épica e a exaltação heroica encontram paralelos na obra do poeta latino. Horácio, por sua vez, influenciou a lírica camoniana, com sua defesa do equilíbrio formal e da clareza expressiva. Já Petrarca, ícone do Renascimento italiano, trouxe à poesia de Camões elementos do petrarquismo, como a idealização do amor e o uso de antíteses e paradoxos.

Padre Antônio Vieira e Carlos Magno, citados nas alternativas, não são influências diretas do Classicismo camoniano. Vieira pertence ao Barroco, movimento posterior, enquanto Carlos Magno é uma figura histórica, não um escritor. Portanto, a resposta correta é a alternativa C) 1, 2 e 4, que reconhece as verdadeiras bases literárias de Camões: Virgílio, Horácio e Petrarca.

Questão 13

Leia o trecho destacado do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta.

GUAIXARÁ

Esta virtude estrangeira

Me irrita sobremaneira.

Quem a teria trazido,

com seus hábitos polidos

estragando a terra inteira?

Só eu

permaneço nesta aldeia

como chefe guardião.

Minha lei é a inspiração

que lhe dou, daqui vou longe

visitar outro torrão.

Quem é forte como eu?

Como eu, conceituado?

Sou diabo bem assado.

A fama me precedeu;

Guaixará sou chamado

Meu sistema é o bem viver.

Que não seja constrangido

o prazer, nem abolido.

Quero as tabas acender

com meu fogo preferido

Boa medida é beber

cauim até vomitar.

Isto é jeito de gozar

a vida, e se recomenda

a quem queira aproveitar.

Partindo do trecho acima e da leitura da obra, todas as alternativas estão corretas, EXCETO

  • A)Sendo parte da produção jesuítica, o gênero auto adapta os temas à situação de comunicação e propósito da catequese.
  • B)O uso de nomes e referências indígenas no Auto de São Lourenço é uma estratégia a serviço do processo de aculturação.
  • C)O martírio de São Lourenço, dando nome à peça, representa o exemplo ou testemunho da salvação pela fé proposto ao indígena
  • D)O Auto de São Lourenço assimila aspectos da mitologia indígena com a finalidade de promover a conciliação de valores religiosos contrários, propiciando a simpatia do indígena.
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A alternativa correta é D)

O trecho destacado do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta, apresenta o personagem Guaixará, um demônio que expressa sua resistência aos valores cristãos trazidos pelos jesuítas. A análise desse excerto e da obra como um todo permite avaliar as alternativas propostas, sendo a opção D) a incorreta.

O Auto de São Lourenço é uma peça teatral escrita no contexto da catequese jesuítica no Brasil colonial, buscando converter os indígenas ao cristianismo. A alternativa A) está correta, pois o gênero auto, de fato, adapta temas religiosos à realidade local, utilizando elementos teatrais para fins pedagógicos e evangelizadores.

A alternativa B) também está correta, já que o uso de nomes indígenas, como Guaixará, e referências culturais locais servem como estratégia de aproximação e aculturação, facilitando a transmissão da mensagem cristã.

A alternativa C) é igualmente válida, pois o martírio de São Lourenço, padroeiro da peça, simboliza o sacrifício e a fé cristã, servindo como modelo de conduta para os indígenas.

Por fim, a alternativa D) é a incorreta. Embora o auto utilize elementos da cultura indígena, seu objetivo não é conciliar valores religiosos opostos ou promover a simpatia do indígena pela mitologia nativa, mas sim substituir suas crenças tradicionais pela doutrina cristã. A figura de Guaixará, por exemplo, representa justamente o mal a ser combatido, e não uma tentativa de harmonização entre visões de mundo distintas.

Assim, a obra de Anchieta reflete o projeto colonizador e missionário da Companhia de Jesus, que buscava erradicar as crenças indígenas em favor do catolicismo, sem espaço para verdadeira conciliação entre sistemas religiosos antagônicos.

Questão 14

Sete anos de pastor Jacob servia
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida,
começa de servir outros sete anos,
dizendo: — Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida! (CAMÕES, 2005, p. 44).
 Sobre esse poema de Luís de Camões, é correto afirmar:

Constância do amor e brevidade da vida são, no poema de Luís de Camões, reflexões do pastor Jacob
em face do seu destino.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

O poema de Luís de Camões, retratando a história bíblica de Jacob e Raquel, explora temas profundos como o amor persistente e a efemeridade da vida. A afirmação de que "Constância do amor e brevidade da vida são, no poema de Luís de Camões, reflexões do pastor Jacob em face do seu destino" está correta, conforme o gabarito indica (C) CERTO.

O texto revela a dedicação inabalável de Jacob, que serve Labão por sete anos com o único objetivo de se casar com Raquel, sua amada. No entanto, é enganado pelo pai dela, que lhe entrega Lia em seu lugar. Mesmo diante da decepção, Jacob não desiste de seu amor e se dispõe a servir mais sete anos, demonstrando uma constância emocional admirável. Seu lamento final — "para tão longo amor tão curta a vida!" — sintetiza a dualidade entre a grandeza de seu sentimento e a limitação temporal da existência humana.

Assim, Camões utiliza a narrativa para refletir sobre a natureza do amor verdadeiro, que persiste apesar dos obstáculos, e sobre a consciência da finitude, que intensifica o valor do tempo dedicado ao afeto. A resposta correta, portanto, é C) CERTO, pois o poema de fato articula essas duas reflexões centrais na voz do pastor Jacob.

Questão 15

Sete anos de pastor Jacob servia
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida,
começa de servir outros sete anos,
dizendo: — Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida! (CAMÕES, 2005, p. 44).
 Sobre esse poema de Luís de Camões, é correto afirmar:

Aforma verbal “servia” relacionada com a ação de Jacob em função de Raquel pode remeter à vassalagem
amorosa comum nas cantigas de amor medievais.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

Sobre o poema "Sete anos de pastor Jacob servia", de Luís de Camões, a afirmação de que a forma verbal "servia" remete à vassalagem amorosa, comum nas cantigas de amor medievais, está correta. Esse elemento reforça a tradição lírica do amor cortês, em que o sujeito poético se coloca em posição de servo perante a amada, idealizada e inacessível.

No poema, Jacob serve Labão, mas seu verdadeiro objetivo é Raquel, evidenciando a submissão do eu lírico ao objeto de seu amor. A estrutura narrativa e o tom de devoção são características que ecoam a poesia trovadoresca, especialmente nas cantigas de amor, onde o cavaleiro ou pastor se submete à dama como um vassalo. A decepção de Jacob ao receber Lia em vez de Raquel também reforça o sofrimento amoroso típico dessa tradição.

Portanto, a alternativa C) CERTO está correta, pois o poema de Camões dialoga diretamente com a concepção de amor servil presente na lírica medieval.

Questão 16

Sete anos de pastor Jacob servia
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida,
começa de servir outros sete anos,
dizendo: — Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida! (CAMÕES, 2005, p. 44).
 Sobre esse poema de Luís de Camões, é correto afirmar:

O tema do poema é bíblico e refere-se ao amor de Jacob por Raquel, filha de Labão, descrito no Gênesis.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

O poema de Luís de Camões, intitulado "Sete anos de pastor Jacob servia", retrata uma narrativa de origem bíblica, mais especificamente do livro de Gênesis. A história de Jacob, que trabalhou por sete anos para se casar com Raquel, apenas para ser enganado por Labão, seu futuro sogro, que lhe deu Lia em seu lugar, é o cerne do poema camoniano.

Camões, ao abordar esse episódio, não apenas reproduz a narrativa bíblica, mas também explora temas universais como o amor, a espera, o engano e a persistência. O poeta utiliza uma linguagem lírica e emotiva para expressar a dor e a resignação de Jacob, que, mesmo diante do logro, decide servir mais sete anos por Raquel, demonstrando a intensidade de seu afeto.

A afirmação de que o poema tem um tema bíblico e refere-se ao amor de Jacob por Raquel está, portanto, correta. A escolha de Camões por esse episódio específico revela sua habilidade em transformar uma passagem religiosa em uma reflexão poética sobre as complexidades do amor humano e os sacrifícios que ele pode demandar.

Assim, a alternativa C) CERTO é a resposta correta, pois o poema de fato se baseia na história bíblica de Jacob e Raquel, conforme descrito no Gênesis.

Questão 17

E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos
três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as vergonhas. Nas mãos traziam arcos
com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o batel; e Nicolau lhes fez sinal que pousassem
os arcos. E eles pousaram. Não podia ali haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar
quebrar na costa. Deu-lhes somente um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava
na cabeça e um sobreiro preto. Um deles deu-lhe um sobreiro de penas de aves, compridas, com
uma copazinha pequena, de penas vermelhas pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal
grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o
capitão manda a Vossa Alteza, e com isso se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles
mais fala, por causa do mar. (CORTESÃO, 1943, p. 202).
   
    Segundo Eneida Leal Cunha, em Ainda a Carta de Caminha, ao se lançar um olhar contemporâneo
sobre a narrativa de Caminha, é correto afirmar:

A Carta de Pero Vaz de Caminha é uma versão unilateral do primeiro encontro e narra o espanto do
homem europeu, do século XVI, diante de seres humanos radicalmente diferentes.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

A Carta de Pero Vaz de Caminha, documento histórico fundamental para a compreensão do encontro entre os povos europeus e os nativos do território que viria a ser o Brasil, apresenta uma narrativa marcada pelo espanto e pela perspectiva unilateral do colonizador. Como aponta Eneida Leal Cunha em Ainda a Carta de Caminha, o texto reflete a visão de um homem do século XVI diante de uma realidade completamente distinta da sua, tanto em termos culturais quanto físicos.

O trecho citado ilustra esse encontro assimétrico: os indígenas, descritos como "pardos, todos nus", são retratados a partir da ótica europeia, que enfatiza sua diferença em relação aos padrões de vestimenta e comportamento do Velho Mundo. A troca de objetos—como o barrete vermelho e a carapuça de linho oferecidos pelos portugueses em contrapartida ao sobreiro de penas e ao ramal de continhas—simboliza não apenas um primeiro contato cultural, mas também a incompreensão mútua que marcou esse momento histórico.

De fato, a Carta é um registro valioso, mas carregado de subjetividades. A ausência de vozes indígenas no documento reforça sua natureza unilateral, confirmando a afirmação de que se trata de uma narrativa centrada no espanto europeu diante do "outro" radicalmente diferente. Portanto, a alternativa C) está correta: a Carta de Caminha é, de fato, uma versão unilateral desse primeiro encontro, refletindo as limitações e os preconceitos de sua época.

Questão 18

E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos
três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as vergonhas. Nas mãos traziam arcos
com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o batel; e Nicolau lhes fez sinal que pousassem
os arcos. E eles pousaram. Não podia ali haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar
quebrar na costa. Deu-lhes somente um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava
na cabeça e um sobreiro preto. Um deles deu-lhe um sobreiro de penas de aves, compridas, com
uma copazinha pequena, de penas vermelhas pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal
grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o
capitão manda a Vossa Alteza, e com isso se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles
mais fala, por causa do mar. (CORTESÃO, 1943, p. 202).
   
    Segundo Eneida Leal Cunha, em Ainda a Carta de Caminha, ao se lançar um olhar contemporâneo
sobre a narrativa de Caminha, é correto afirmar:

A Carta de Pero Vaz de Caminha é o marco inicial para uma série de textos que progressivamente se
particularizaram e deram expressão às peculiaridades da Colônia em detrimento total da hegemonia
metropolitana.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é E)

A análise de Eneida Leal Cunha sobre a Carta de Caminha nos permite refletir sobre seu papel na construção da identidade colonial. Embora o documento seja um marco histórico do encontro entre portugueses e indígenas, sua função não era destacar as particularidades da colônia, mas sim relatar as primeiras impressões ao reino. A narrativa de Caminha segue uma perspectiva metropolitana, descrevendo a terra e seus habitantes sob o olhar do colonizador, sem ainda projetar uma autonomia cultural ou política da futura colônia.

A afirmação de que a Carta teria iniciado textos que expressavam peculiaridades coloniais em detrimento da hegemonia metropolitana é equivocada. Pelo contrário, o documento reforça a submissão ao projeto português, sendo um instrumento de dominação e não de emancipação cultural. A visão de Caminha ainda está profundamente ligada aos interesses da Coroa, longe de qualquer noção de autonomia colonial.

Portanto, o gabarito E) ERRADO está correto, pois a Carta não representa um rompimento com a metrópole, mas sim a consolidação de seu domínio sobre as terras recém-descobertas. A construção de uma identidade colonial distinta viria apenas em momentos posteriores, quando as tensões entre colônia e metrópole se intensificariam.

Questão 19

Relacione as duas colunas de acordo com a característica e o período literário e assinale a alternativa correta: 

A) Barroco.   
              
B) Arcadismo.
C) Simbolismo. 
D) Romantismo 
E) Parnasianismo. 
F) Modernismo.
1 – Regionalismo.             
2 – Oposições.          
3 – Bucolismo.          
4 – Busca da perfeição poética.     
5 – Condoreirismo.           
6 – Introspecção, mergulho nas profundezas do eu.  

  • A)A (2) – B (3) – C (6) – D (5) – E (4) – F (1).
  • B)A (2) – B (3) – C (1) – D (6) – E (5) – F (4).
  • C)A (2) – B (3) – C (5) – D (6) – E (4) – F (1).
  • D)A (1) – B (3) – C (2) – D (4) – E (5) – F (6).
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A alternativa correta é A)

Relacione as duas colunas de acordo com a característica e o período literário e assinale a alternativa correta:

A) Barroco.
B) Arcadismo.
C) Simbolismo.
D) Romantismo.
E) Parnasianismo.
F) Modernismo.
1 - Regionalismo.
2 - Oposições.
3 - Bucolismo.
4 - Busca da perfeição poética.
5 - Condoreirismo.
6 - Introspecção, mergulho nas profundezas do eu.
  • A) A (2) – B (3) – C (6) – D (5) – E (4) – F (1).
  • B) A (2) – B (3) – C (1) – D (6) – E (5) – F (4).
  • C) A (2) – B (3) – C (5) – D (6) – E (4) – F (1).
  • D) A (1) – B (3) – C (2) – D (4) – E (5) – F (6).

O gabarito correto é A).

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Questão 20

           Mesmo sem querer recuar conceitos anacronicamente,
parece que Caramuru, de Santa Rita Durão, pode ser considerado
uma epopeia do tipo que se chamaria hoje colonialista, porque
glorifica métodos e ideologias que censuramos até no passado. Mas
que ainda são aceitos, recomendados e praticados pelos amigos da
ordem a todo preço, entre os quais se alinharia o nosso velho
Durão, que era filho de um repressor de quilombos e hoje talvez se
situasse entre os reacionários, com todo o seu talento, cultura e
paixão. Como sabemos, Caramuru é uma resposta ao poema de
Basílio da Gama, O Uraguai, cujo pombalismo ilustrado estava
mais perto daquilo que no tempo era progresso. Mesmo sendo
progresso de déspota esclarecido, useiro da brutalidade e do arbítrio.
          A possível atualidade do Caramuru estaria um pouco na
presença constante da violência e da opressão, disfarçadas por uma
ideologia bem arquitetada, que tranquiliza a consciência. Durão é,
em grau surpreendente, um poeta da guerra e da imposição cultural,
e não ficaria deslocado em nosso tempo excepcionalmente bruto e
agressivo. Basílio da Gama, que celebra uma guerra destruidora, no
fundo não simpatiza com ela e quase justifica o inimigo (que não
consegue deixar de tratar como vítima), lamentando a necessidade
cruel da razão de Estado. Mas Durão não só adere ideologicamente
ao exercício da força, como parece ter por ela uma espécie de
fascinação.
Antonio Candido. Movimento e parada. In: Na sala de aula: caderno de
análise literária. São Paulo: Editora Ática, 1985, p. 8-9 (com adaptações).

Tendo como referência inicial o texto precedente, publicado pela primeira vez em 1985, julgue o item a seguir.

Os expoentes da literatura colonial produzida no Brasil entre
os séculos XVI e XVIII incluem textos colonialistas em defesa
da política da metrópole portuguesa de exploração de terras,
recursos e pessoas.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

O texto de Antonio Candido sobre Caramuru, de Santa Rita Durão, oferece uma análise crítica da literatura colonial brasileira, destacando seu caráter ideológico e sua relação com as estruturas de poder da época. Ao examinar a obra de Durão, Candido identifica nela traços de uma epopeia colonialista, que glorifica a dominação e a imposição cultural, características intrínsecas ao projeto colonial português. Essa perspectiva confirma que a literatura produzida no Brasil entre os séculos XVI e XVIII frequentemente serviu como instrumento de legitimação da exploração metropolitana.

Santa Rita Durão, filho de um repressor de quilombos, constrói em Caramuru uma narrativa que exalta a violência e a subjugação dos povos nativos, alinhando-se aos interesses coloniais. Sua obra contrasta com O Uraguai, de Basílio da Gama, que, embora também retrate a violência colonial, demonstra certa ambiguidade ao lamentar seus efeitos. Enquanto Durão celebra a força bruta e a imposição cultural, Gama revela uma consciência crítica, ainda que limitada pelo contexto do despotismo esclarecido.

Assim, é correto afirmar que os expoentes da literatura colonial brasileira, como Durão e Gama, produziram textos que, em maior ou menor grau, defendiam ou justificavam a política metropolitana de exploração. Mesmo quando apresentavam nuances críticas, essas obras estavam inseridas em um sistema que naturalizava a violência e a dominação. Portanto, a afirmação de que a literatura colonial inclui textos colonialistas em defesa da exploração portuguesa está correta, conforme demonstra a análise de Candido.

Referência: Antonio Candido. Movimento e parada. In: Na sala de aula: caderno de análise literária. São Paulo: Editora Ática, 1985, p. 8-9.

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