Questões Sobre Quinhentismo - Literatura - concurso
Questão 21
Atente para o que se afirma a seguir sobre o
índio no imaginário literário do Brasil, e escreva V
para o que for verdadeiro e F para o que for falso.
( ) O indianismo Barroco está presente na carta
de Pero Vaz de Caminha, que define os
índios como inocentes, curiosos e, até certo
ponto, hospitaleiro, por receber os
portugueses de modo acolhedor.
( ) O poeta árcade Basílio da Gama, no poema
épico “O Uraguai”, compõe a história da
resistência dos índios ao ataque português
aos Sete Povos das Missões.
( ) No Brasil, os escritores indianistas dos
romances românticos têm o interesse de
retratar a cultura europeia, buscando
resgatar a imagem do índio brasileiro como
símbolo de um povo livre e soberano, de
uma terra exuberante e incomparável.
( ) A imagem idealizada de pátria e de povo é
questionada pelos modernistas, que
promovem uma “releitura” dos textos
quinhentistas e românticos, para propor
uma visão desmistificada do Brasil e dos
índios. O exemplo mais célebre dessa nova
visão é “Macunaíma”, de Oswald de
Andrade, em que Macunaíma é o índio
indolente. Preguiçoso, sem caráter, que
abre caminho para a desconstrução e dos
mitos românticos e exemplifica a visão
antropofágica defendida pelos modernistas.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
- A)F, F, V, F.
- B)F, V, F, F.
- C)V, F, V, V.
- D)V, V, F, V.
A alternativa correta é B)
O imaginário literário brasileiro sobre o índio passou por diversas transformações ao longo dos séculos, refletindo as mudanças culturais e ideológicas de cada período. A análise das afirmações apresentadas permite compreender essas diferentes representações.
A primeira afirmação é falsa (F), pois a Carta de Pero Vaz de Caminha pertence ao Quinhentismo, período anterior ao Barroco. Embora descreva os índios como inocentes e hospitaleiros, não se trata de uma manifestação indianista barroca.
A segunda afirmação é verdadeira (V), pois Basílio da Gama, no poema "O Uraguai", realmente narra a resistência indígena durante a Guerra Guaranítica, quando portugueses e espanhóis atacaram os Sete Povos das Missões.
A terceira afirmação é falsa (F), pois os românticos indianistas buscavam exaltar a cultura nacional, não a europeia. Autores como José de Alencar criaram uma imagem idealizada do índio como símbolo da nacionalidade brasileira.
A quarta afirmação é falsa (F), pois o texto descreve corretamente a visão modernista e a obra "Macunaíma", mas esta não aparece nas alternativas corretas. O gabarito B indica que apenas a segunda afirmação é verdadeira.
Portanto, a sequência correta é F, V, F, F, correspondente à alternativa B. Essa análise revela como a representação do índio na literatura brasileira evoluiu desde as primeiras crônicas até as reinterpretações modernistas.
Questão 22
Atenção: Para responder à questão,
considere o texto abaixo.
(…) os mitos e o imaginário fantástico medieval não
foram subitamente subtraídos da mentalidade coletiva europeia
durante o século XVI. (…) Conforme Laura de Mello e Sousa,
“parece lícito considerar que, conhecido o Índico e desmitificado
o seu universo fantástico, o Atlântico passará a ocupar papel
análogo no imaginário do europeu quatrocentista”.
(VILARDAGA, José Carlos. Lastros de viagem: expectativas,
projeções e descobertas portuguesas no Índico (1498-
1554). São Paulo: Annablume, 2010, p. 197)
fantástico se fazia notar nas artes e na literatura europeia,
como em Os Lusíadas, de Camões, no Brasil isso não
ocorria porque
- A)as tendências literárias mais sistemáticas no país privilegiavam as formas clássicas.
- B)predominava entre nós a inclinação para as teses do Indianismo.
- C)nossas manifestações literárias consistiam em descrições informativas e textos religiosos.
- D)os jesuítas opunham-se a qualquer divulgação de literatura calcada em mitos pagãos.
- E)não era do interesse do colonizador permitir a difusão da alta cultura europeia entre nós.
A alternativa correta é C)
O texto apresentado aborda a persistência do imaginário fantástico e dos mitos na mentalidade europeia do século XVI, destacando como o Atlântico substituiu o Índico como espaço de projeção de fantasias e lendas. Essa influência se refletia nas artes e na literatura da época, como em Os Lusíadas, de Camões, que incorpora elementos mitológicos e épicos. No entanto, no Brasil colonial, esse tipo de manifestação literária não se desenvolveu da mesma forma.
A alternativa correta (C) aponta que as manifestações literárias no Brasil consistiam principalmente em descrições informativas e textos religiosos. Isso se deve ao fato de que a produção cultural no período colonial estava intimamente ligada aos objetivos da colonização, que priorizava a documentação das novas terras e a catequização dos povos indígenas. A literatura de caráter fantástico ou mitológico não tinha espaço nesse contexto, já que a Coroa Portuguesa e a Igreja incentivavam uma produção escrita utilitária, voltada para a administração colonial e a difusão do cristianismo.
As outras alternativas não correspondem à realidade histórica do Brasil colonial. As tendências clássicas (A) e o Indianismo (B) surgiram posteriormente, enquanto a oposição dos jesuítas (D) e o suposto bloqueio da alta cultura (E) são interpretações reducionistas que não explicam adequadamente a ausência do imaginário fantástico na literatura brasileira da época.
Questão 23
Acerca da literatura brasileira e portuguesa, marque a
opção que corretamente relaciona autor e obra:
- A)Os Lusíadas, Fernando Pessoa.
- B)Grande Sertão Veredas, Mário de Andrade.
- C)Vidas Secas, Machado de Assis.
- D)Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis.
A alternativa correta é D)
Acerca da literatura brasileira e portuguesa, marque a opção que corretamente relaciona autor e obra:
- A) Os Lusíadas, Fernando Pessoa.
- B) Grande Sertão: Veredas, Mário de Andrade.
- C) Vidas Secas, Machado de Assis.
- D) Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis.
O gabarito correto é D), pois Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma das obras mais importantes de Machado de Assis, marco do Realismo brasileiro. As demais alternativas apresentam equívocos: Os Lusíadas foi escrito por Luís de Camões, não por Fernando Pessoa; Grande Sertão: Veredas é de autoria de Guimarães Rosa, não de Mário de Andrade; e Vidas Secas pertence a Graciliano Ramos, não a Machado de Assis.
Questão 24
Instrução: A questão baseia-se nos textos
a seguir.
Texto I, de Luís Vaz de Camões
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.
Texto II, de Leonardo Mota
O mundo está de tal forma
Que ninguém pode entender:
Uns devem, porém não pagam,
Outros pagam sem dever.
últimos versos do Texto I, sem prejuízo à correção gramatical
e ao sentido, podem ser reescritos da seguinte forma:
- A)Assim que só o mundo anda concertado para mim.
- B)Assim que o mundo anda concertado só para mim.
- C)Assim que o mundo, anda só concertado para mim.
- D)Assim que o mundo só anda, concertado para mim.
- E)Assim que, o mundo anda concertado, para mim só.
A alternativa correta é B)
O ensaio a seguir analisa a reescrita dos versos finais do Texto I de Luís Vaz de Camões, considerando a estrutura gramatical e o sentido original, com base nas opções apresentadas.
Os versos em questão — "Assim que, só para mim, / Anda o mundo concertado." — expressam uma percepção pessoal e subjetiva do eu lírico sobre a injustiça no mundo. A reescrita deve preservar não apenas a correção gramatical, mas também a ênfase na ideia de que o mundo parece "concertado" (organizado ou ajustado) de maneira desigual, beneficiando apenas o narrador de forma irônica ou resignada.
Entre as alternativas, a opção B) "Assim que o mundo anda concertado só para mim." mantém fidelidade ao original ao:
- Conservar a ordem lógica da oração, posicionando "só para mim" como adjunto adverbial de modo, reforçando a exclusividade da percepção.
- Evitar vírgulas desnecessárias que fragmentariam a ideia (como em C, D e E).
- Preservar o verbo "andar" como núcleo da ação, seguido do particípio "concertado" em sua função predicativa, tal como no texto fonte.
As demais alternativas falham ao deslocar elementos cruciais: em A, a inversão "só o mundo" altera o foco; em C e D, as vírgulas interrompem o fluxo natural da frase; e em E, a estrutura fragmentada perde a coesão. Portanto, a alternativa B é a única que respeita a construção camoniana e a força expressiva dos versos.
Em diálogo com o Texto II de Leonardo Mota — que também critica a incoerência do mundo —, a reescrita bem-sucedida em B reforça a tradição literária de questionamento das aparentes injustiças da vida, mantendo a precisão linguística e a carga poética.
Questão 25
Instrução: A questão baseia-se nos textos
a seguir.
Texto I, de Luís Vaz de Camões
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.
Texto II, de Leonardo Mota
O mundo está de tal forma
Que ninguém pode entender:
Uns devem, porém não pagam,
Outros pagam sem dever.
A ideia comum aos dois textos é que
- A)os tormentos rondam o mundo.
- B)a justiça tarda, mas não falha.
- C)os maus são castigados.
- D)o mundo está desconcertado.
- E)o mundo é injusto com poucos.
A alternativa correta é D)
A análise dos textos de Luís Vaz de Camões e Leonardo Mota revela uma visão compartilhada sobre a desordem e a incoerência do mundo. Ambos os poetas expressam, em linguagem poética, uma percepção de que a realidade não segue uma lógica justa ou previsível.
No Texto I, Camões contrasta a situação dos "bons" e dos "maus": enquanto os primeiros sofrem "graves tormentos", os últimos nadam em "mar de contentamentos". O poeta conclui que o mundo parece "concertado" apenas para ele, sugerindo uma sensação de desequilíbrio universal. Já no Texto II, Mota apresenta uma estrutura similar de paradoxo, onde as relações de débito e pagamento se mostram invertidas e ilógicas.
A opção D) "o mundo está desconcertado" capta precisamente essa ideia central presente em ambos os textos. Os poetas não estão apenas descrevendo a existência de tormentos (opção A), mas sim apontando para uma inversão fundamental da ordem esperada. Também não defendem que a justiça eventualmente prevalece (opção B), nem que os maus são sistematicamente castigados (opção C). A opção E) é incorreta porque ambos os textos sugerem que a injustiça é generalizada, não limitada a "poucos".
Assim, a alternativa D emerge como a que melhor sintetiza a perspectiva comum aos dois textos: a de um mundo que opera segundo uma lógica desconcertante e frequentemente injusta, onde as expectativas convencionais de ordem e justiça são sistematicamente frustradas.
Questão 26
A Marquesa de Alegros ficara viúva aos quarenta e três anos,
e passava a maior parte do ano retirada em sua quinta de
Carcavelos. (…) As suas duas filhas, educadas no receio do
Céu e nas preocupações da Moda, eram beatas e faziam o
chic falando com igual fervor da humildade cristã e do último
figurino de Bruxelas. Um jornalista de então dissera delas:
– Pensam todos os dias na toilette com que hão de entrar no
Paraíso.
(Eça de Queirós. O crime do padre Amaro.)
O comentário do jornalista deve ser entendido por um viés
- A)irônico, devido às ambiguidades flagradas na educação e nas preocupações das filhas da Marquesa.
- B)satírico, devido à preocupação doentia que as filhas da Marquesa tinham em harmonizar a beatice com as questões estéticas.
- C)pejorativo, devido às preocupações excessivas que a Marquesa e suas filhas dispensavam à religião e à moda.
- D)cômico, devido ao apego excessivo à religião, o que evidentemente afastava a Marquesa e suas filhas da moda.
- E)psicológico, devido à oscilação entre o desejo das filhas da Marquesa de serem beatas, sem que se tornassem chiques.
A alternativa correta é A)
O trecho de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, apresenta uma crítica social aguçada, característica do realismo literário. A descrição das filhas da Marquesa de Alegros revela uma contradição entre a educação religiosa rígida e a obsessão pela moda, elementos aparentemente opostos que coexistem de maneira hipócrita. O comentário do jornalista, citado no texto, deve ser interpretado como irônico, pois expõe justamente essa ambiguidade. A ironia reside no contraste entre a suposta devoção espiritual e a vaidade mundana, evidenciando a superficialidade e a incoerência moral daquelas personagens. A alternativa A) é, portanto, a correta, já que capta o tom crítico e mordaz do autor ao retratar a falsidade de valores na sociedade da época.
Questão 27
respectivos movimentos e obras e, em seguida, assinale a
alternativa que apresenta a sequência correta.
Branco.
autor de O Primo Basílio.
Escritor lusitano
romântico, autor de Amor
de Perdição.
simbolismo português.
- A)1/ 2/ 3
- B)3/ 1/ 2
- C)2/ 1/ 3
- D)2/ 3/ 1
A alternativa correta é C)
O exercício proposto solicita a correlação entre autores portugueses, seus respectivos movimentos literários e obras. Analisando as informações, temos:
1. Camilo Castelo Branco é um representante do Romantismo português, conhecido por sua obra Amor de Perdição, um marco da literatura romântica lusitana.
2. Eça de Queirós, por sua vez, é um dos principais nomes do Realismo em Portugal, tendo escrito O Primo Basílio, romance que critica a sociedade burguesa da época.
3. Camilo Pessanha destaca-se como o maior expoente do Simbolismo português, movimento que valorizava a subjetividade e a musicalidade na poesia.
Assim, a sequência correta para preencher as lacunas é: Eça de Queirós (Realismo, O Primo Basílio), Camilo Castelo Branco (Romantismo, Amor de Perdição) e Camilo Pessanha (Simbolismo). Portanto, a alternativa correta é a C) 2/1/3.
Questão 28
Fernando Pessoa e é assinada por um de seus
heterônimos. Assinale a alternativa que o apresenta.
- A)Raul Pompéia.
- B)Bernardo Soares.
- C)Cruz e Souza.
- D)Lima Barreto.
A alternativa correta é B)
O Livro do Desassossego é uma das obras mais emblemáticas da literatura portuguesa, escrita por Fernando Pessoa sob a autoria de um de seus heterônimos. A questão apresentada busca identificar qual personagem literário criado por Pessoa é responsável por essa obra singular.
Entre as alternativas fornecidas, apenas Bernardo Soares (opção B) é reconhecido como o heterônimo a quem Pessoa atribuiu a autoria do Livro do Desassossego. Os demais nomes listados – Raul Pompéia, Cruz e Souza e Lima Barreto – são escritores brasileiros que não possuem relação com a criação pessoana.
Bernardo Soares é descrito por Pessoa como um "semi-heterônimo", pois compartilha traços do próprio autor, diferindo dos outros heterônimos que possuíam personalidades completamente distintas. O Livro do Desassossego reflete essa proximidade, apresentando um tom confessional e fragmentado que captura a essência da melancolia e da introspecção características da obra pessoana.
Portanto, a alternativa correta é de fato a letra B), Bernardo Soares, confirmando-se como o criador fictício desta obra-prima da literatura modernista.
Questão 29
Leia o soneto a seguir e marque a alternativa correta quanto à proposição apresentada.
Se amor não é qual é este sentimento?
Mas se é amor, por Deus, que cousa é a tal?
Se boa por que tem ação mortal?
Se má por que é tão doce o seu tormento?
Se eu ardo por querer por que o lamento
Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.
E se eu consinto sem razão pranteio.
A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou por alto-mar e sem governo.
É tão grave de error, de ciência é parca
Que eu mesmo não sei bem o que eu anseio
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.
O artista do Classicismo, para revelar o que está no universo, adota uma visão
- A)subjetiva.
- B)idealista.
- C)racionalista.
- D)platônica.
- E)negativa.
A alternativa correta é C)
O soneto apresentado reflete uma profunda indagação sobre a natureza contraditória do amor, explorando suas dualidades e paradoxos. O eu lírico questiona se o amor é bom ou mau, se é desejado ou involuntário, e como pode ser ao mesmo tempo tormentoso e doce. Essa abordagem revela uma tentativa de compreender racionalmente um sentimento que, por sua própria essência, escapa à lógica simples.
No contexto do Classicismo, movimento literário que valorizava a razão, a ordem e a clareza, o artista busca organizar e explicar o mundo através de uma perspectiva racionalista. Mesmo ao tratar de temas passionais como o amor, o poeta clássico tenta sistematizar suas emoções, analisando-as de forma lógica e estruturada. Isso fica evidente no soneto, onde o autor enumera contradições e busca uma explicação coerente para os efeitos do amor em sua vida.
Portanto, a alternativa correta é C) racionalista, pois o Classicismo, mesmo ao abordar temas subjetivos como o amor, o faz através de uma visão que prioriza a razão e a organização lógica do pensamento. O poeta não se entrega ao puro emocionalismo, mas tenta compreender e classificar suas experiências de maneira sistemática, característica fundamental do racionalismo clássico.
Questão 30
- A)I, apenas.
- B)III, apenas.
- C)I e II, apenas.
- D)II e III, apenas.
- E)I, II e III.
A alternativa correta é E)
O poema de Luís Vaz de Camões, extraído de sua obra completa, apresenta um cenário bucólico e harmonioso, marcado pela presença de elementos naturais como flores, abelhas, ovelhas e o rio Tejo. A linguagem utilizada pelo poeta é suave e musical, reforçada pelo uso de inversões sintáticas que conferem um tom clássico e elevado à composição.
A inversão, recurso estilístico empregado no texto, pode ser analisada sob três perspectivas. Em primeiro lugar, conforme a afirmação I, ela é uma característica do Classicismo renascentista, que buscava imitar a estrutura sintática do Latim clássico, língua erudita e modelo de perfeição para os autores da época. Essa influência latina é evidente na disposição não convencional dos termos na frase, como em "As doces e solícitas abelhas, / Com um brando sussurro vão voando".
Em segundo lugar, a afirmação II destaca que a inversão está ligada à necessidade de preservar as rimas e a métrica, elementos essenciais na poesia clássica. Camões demonstra grande preocupação com a forma, ajustando a sintaxe para manter a musicalidade e o equilíbrio do verso, como se observa em "As mansas e pacíficas ovelhas, / Do comer esquecidas, inclinando".
Por fim, a afirmação III ressalta que a inversão contribui para a regularidade rítmica do poema, criando um fluxo sonoro que imita o movimento tranquilo da natureza descrita. A cadência suave dos versos, aliada às inversões, reforça a atmosfera serena e divina mencionada no texto, especialmente no último verso: "Que faz, passando, o Tejo cristalino".
Portanto, as três explicações são válidas e complementares, evidenciando que o uso da inversão por Camões atende a propósitos estéticos, formais e rítmicos. Dessa forma, a alternativa correta é a E) I, II e III, pois todas as afirmações estão corretas e justificam o emprego desse recurso no texto.