Questões Sobre Quinhentismo - Literatura - concurso
Questão 31
A estrofe exemplifica a lírica clássica portuguesa, na qual
- A)o mundo das realizações humanas é narrado em sua dimensão ideal e grandiosa.
- B)a natureza, pelo seu equilíbrio, deve servir como modelo para o homem.
- C)o espaço natural mimetiza o conflito amoroso do poeta, através das cantigas.
- D)o extravasamento dos sentimentos supera, de modo exacerbado, o domínio da razão.
- E)a descrição da natureza e de tudo que lhe diz respeito é feita de modo objetivo.
A alternativa correta é B)
A estrofe de Luís Vaz de Camões, presente em sua obra completa, é um exemplo marcante da lírica clássica portuguesa, que frequentemente retrata a natureza como um espaço harmonioso e equilibrado. O poema descreve um cenário bucólico, onde o prado, as flores, as abelhas e as ovelhas coexistem em perfeita sintonia, guiadas pelo som divino do rio Tejo. Essa representação sugere que a natureza, em sua serenidade e ordem, serve como um modelo a ser seguido pelo homem.
A alternativa correta, B, afirma que "a natureza, pelo seu equilíbrio, deve servir como modelo para o homem", o que está em consonância com o espírito clássico da época. Camões, como outros poetas do período, via na natureza um reflexo da harmonia universal, algo que o ser humano deveria aspirar em sua vida e em suas ações. A descrição delicada e idealizada do ambiente natural reforça essa ideia, contrastando com as outras alternativas apresentadas.
As demais opções não se adequam ao contexto da estrofe. A alternativa A fala de realizações humanas grandiosas, algo ausente no texto. A alternativa C menciona conflitos amorosos, que não são abordados no poema. A alternativa D trata de sentimentos exacerbados, o que não condiz com o tom sereno da descrição. Por fim, a alternativa E sugere uma descrição objetiva da natureza, enquanto o texto claramente a idealiza, atribuindo-lhe características quase divinas.
Portanto, a resposta correta é de fato a alternativa B, que capta a essência da mensagem transmitida por Camões em sua poesia lírica clássica.
Questão 32
“Os Lusíadas” – Luís Vaz de Camões.
Canto II
Já neste tempo o lúcido Planeta
Que as horas vai do dia distinguindo,
Chegava à desejada e lenta meta,
A luz celeste às gentes encobrindo;
E da casa marítima secreta he estava o Deus
Nocturno a porta abrindo,
Quando as infidas gentes se chegaram
Às naus, que pouco havia que ancoraram.
Os Lusiadas é um longo poema dividido em dez partes,
denominadas “Cantos”. São 8.816 versos, distribuídos em
1.102 estrofes. Neste poema, retratam-se os feitos heroicos
do povo português, especialmente as conquistas marítimas.
A linguagem é solene, muito diferente da empregada no
cotidiano. A objetividade dominada a cena, não havendo
espaço para as divagações do “eu”.
Tendo estas informações acerca do livro de Camões
indique a que gênero literário pertence Os Lusíadas.
- A)Lírico.
- B)Épico.
- C)Dramático.
- D)Epistolar.
A alternativa correta é B)
“Os Lusíadas” – Luís Vaz de Camões: Uma Obra Épica
O poema Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, é uma das obras mais importantes da literatura portuguesa e um marco do Renascimento. Composto por dez cantos e escrito em versos decassílabos, o poema narra a grandiosa viagem de Vasco da Gama às Índias, celebrando as conquistas marítimas e o heroísmo do povo português.
O trecho apresentado, pertencente ao Canto II, exemplifica a linguagem elevada e solene característica do gênero épico. A descrição do "lúcido Planeta" e a chegada das "infidas gentes" às naus reforçam o tom narrativo e objetivo, típico de uma epopeia, que busca exaltar feitos coletivos e históricos, em vez de explorar sentimentos individuais.
O gênero épico, representado pela alternativa B), é definido por narrativas grandiosas que exaltam ações heroicas, frequentemente envolvendo viagens, batalhas e intervenções divinas. Os Lusíadas se encaixa perfeitamente nessa definição, pois retrata a expansão marítima portuguesa com um estilo majestoso, repleto de invocações às musas e referências mitológicas.
Portanto, a resposta correta é B) Épico, já que o poema de Camões cumpre todos os requisitos do gênero: grandiosidade temática, linguagem elevada e celebração de feitos históricos coletivos.
Questão 33
Leia as estrofes do Canto IV de Os Lusíadas, referentes ao episódio do Velho do Restelo, para responder às questões de números 69 e 70.
Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios1;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio2 engana!
A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
(Luís de Camões. Obra completa, 2005, p. 112. Adaptado)
1 insultos
2 estúpido, ignorante
A segunda estrofe destaca uma das motivações das navegações
portuguesas, em busca de novas terras. Trata-se
do interesse
- A)mercantilista, simbolizado, no poema, pelas promessas de encontrar minas de ouro.
- B)religioso, simbolizado, no poema, pelo desejo de conhecer novas histórias e novos credos.
- C)diplomático, simbolizado, no poema, pelo empenho em auxiliar reinos decadentes.
- D)arqueológico, simbolizado, no poema, pela intenção de conhecer antigos impérios.
- E)belicoso, simbolizado, no poema, pelo intuito de se responder a insultos e ameaças.
A alternativa correta é A)
O episódio do Velho do Restelo, presente no Canto IV de Os Lusíadas, traz uma crítica contundente às motivações por trás das Grandes Navegações portuguesas. Na segunda estrofe analisada, Camões expõe de forma irônica os interesses que impulsionavam essas expedições, destacando a busca por riquezas materiais como um dos principais fatores.
As promessas de "reinos e de minas de ouro", mencionadas no poema, simbolizam claramente o caráter mercantilista que orientava as navegações. Esse interesse econômico, que movia tanto os navegadores quanto a Coroa portuguesa, é retratado pelo poeta como uma ilusão que engana o povo, seduzido por falsas glórias e fama efêmera.
A alternativa A) é a correta porque capta precisamente essa dimensão econômica das navegações, representada no texto pela perspectiva crítica do Velho do Restelo. As outras opções - religiosas, diplomáticas, arqueológicas ou bélicas - não encontram sustentação nos versos analisados, que focam especificamente na ambição material como motor das aventuras marítimas.
Através dessa passagem, Camões oferece uma visão desencantada do expansionismo português, questionando os reais benefícios dessas empreitadas para o povo e para a nação, em contraste com o discurso oficial que celebrava as conquistas ultramarinas.
Questão 34
Leia as estrofes do Canto IV de Os Lusíadas, referentes ao episódio do Velho do Restelo, para responder às questões de números 69 e 70.
Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios1;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio2 engana!
A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
(Luís de Camões. Obra completa, 2005, p. 112. Adaptado)
1 insultos
2 estúpido, ignorante
Considerando o contexto do discurso do Velho do Restelo,
nos versos – Chamam-te Fama e Glória soberana, / Nomes
com quem se o povo néscio engana! – as palavras em destaque
enfatizam o
- A)objetivo nobre dos navegadores portugueses, que viajaram sem a intenção de conquistar notoriedade, buscando melhorar a vida de seu povo.
- B)espírito empreendedor do povo português, que trocara as promessas de fama e glória pela chance de desbravar mares nunca antes navegados.
- C)caráter ilusório e destrutivo dos ideais de fama e de glória que levaram os navegadores portugueses a empreender suas viagens.
- D)propósito louvável dos portugueses que se aventuraram pelos mares, embora eles tenham sido incompreendidos pelo povo.
- E)perfil destemido e desprendido dos portugueses que deixaram a segurança da terra para enfrentar os perigos do mar.
A alternativa correta é C)
O episódio do Velho do Restelo, presente no Canto IV de Os Lusíadas, representa uma crítica contundente aos ideais expansionistas que moviam as navegações portuguesas. Nos versos destacados — "Chamam-te Fama e Glória soberana, / Nomes com quem se o povo néscio engana!" —, Camões, por meio da voz do Velho do Restelo, expõe o caráter ilusório e destrutivo da busca por fama e glória, que motivava as expedições marítimas.
A palavra "soberana" sugere uma falsa grandeza atribuída a esses ideais, enquanto "engana" revela como o povo, ingenuamente, é seduzido por promessas vazias. O Velho do Restelo questiona os reais benefícios dessas aventuras, apontando para os "desastres", "perigos" e "mortes" que acompanham essas empreitadas. Sua fala é uma denúncia contra a cegueira coletiva que glorifica a expansão sem considerar seus custos humanos e sociais.
Portanto, a alternativa C) é a correta, pois capta a essência da crítica camoniana: a fama e a glória são ilusões que mascaram a destruição e o sofrimento causados pelas navegações. O Velho do Restelo funciona como uma voz dissonante, questionando o discurso heroico e nacionalista que celebrava as conquistas portuguesas.
Questão 35
Em relação ao momento histórico do Quinhentismo brasileiro, podemos afirmar que
- A)a Europa do século XVI vive o auge do Renascimento, com a cultura humanística recrudescendo os quadros rígidos da cultura medieval.
- B)o século XVI marca também uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas e, de outro, as forças tradicionais da cultura medieval.
- C)os dogmas católicos são contestados nos tribunais da Inquisição (livros proibidos) e no Concílio de Trento, em 1545.
- D)o homem europeu estabelece duas tendências literárias no Quinhentismo: a literatura conformativa e a literatura dominicana.
- E)a política das grandes navegações coíbe a busca pela conquista espiritual levada a efeito pela Igreja Católica.
A alternativa correta é B)
Em relação ao momento histórico do Quinhentismo brasileiro, podemos afirmar que:
- A) A Europa do século XVI vive o auge do Renascimento, com a cultura humanística recrudescendo os quadros rígidos da cultura medieval.
- B) O século XVI marca também uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas e, de outro, as forças tradicionais da cultura medieval.
- C) Os dogmas católicos são contestados nos tribunais da Inquisição (livros proibidos) e no Concílio de Trento, em 1545.
- D) O homem europeu estabelece duas tendências literárias no Quinhentismo: a literatura conformativa e a literatura dominicana.
- E) A política das grandes navegações coíbe a busca pela conquista espiritual levada a efeito pela Igreja Católica.
O gabarito correto é B).
Questão 36
“A feição deles é serem pardos, quase avermelhados, de rostos regulares e narizes bem feitos; andam nus sem nenhuma cobertura; nem se importam de cobrir nenhuma coisa, nem de mostrar suas vergonhas.” Essa passagem pertence à Carta de Pero Vaz de Caminha, primeiro texto escrito no Brasil, no qual eram descritos a terra e o povo que a habitava.A respeito da Literatura Quinhentista, é correto afirmar que :
- A)os textos dessa época têm grande valor literário.
- B)registra apenas o choque cultural entre colonizadores e colonizados
- C)toda essa produção está diretamente relacionada à intenção de catequizar os selvagens
- D)os textos quinhentistas fazem parte do movimento literário intitulado Poesia Pau-Brasil.
- E)a literatura da época está relacionada ao espírito aventureiro da expansão marítima e comercial portuguesa.
A alternativa correta é E)
A Literatura Quinhentista, representada por textos como a Carta de Pero Vaz de Caminha, está profundamente ligada ao contexto histórico da expansão marítima e comercial portuguesa. Esse período marcou o início do registro escrito sobre as terras recém-descobertas e seus habitantes, sob um olhar europeu que mesclava curiosidade, admiração e objetivos econômicos.
A alternativa correta é a E), pois a produção literária da época reflete o espírito aventureiro e as motivações que impulsionaram as Grandes Navegações. Os relatos, como o de Caminha, não tinham como principal finalidade o valor estético (eliminando a opção A), nem se restringiam ao choque cultural (opção B), tampouco eram exclusivamente instrumentos de catequese (opção C). A opção D é anacrônica, já que a Poesia Pau-Brasil é um movimento modernista do século XX.
Assim, a Literatura Quinhentista funciona como documento histórico e literário, revelando tanto as impressões dos exploradores quanto os interesses da Coroa Portuguesa em legitimar a posse das novas terras e explorar seus recursos.