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   Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a probabilidade de crer que foi coletânea das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia.    Provavelmente começaram a lastimar-se do calor. Um dia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopando que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do morador fronteiro, e logo às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica  (ASSIS, Machado de. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva Rio de Janeiro, 2007, p. 27).Ao final, Machado de Assis diz: “Eis a origem da crônica”. Essa forma de desfecho:

   Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a probabilidade de crer que foi coletânea das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia.
    Provavelmente começaram a lastimar-se do calor. Um dia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopando que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do morador fronteiro, e logo às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica 

(ASSIS, Machado de. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva Rio de Janeiro, 2007, p. 27).

Ao final, Machado de Assis diz: “Eis a origem da crônica”. Essa forma de desfecho:



Resposta:

A alternativa correta é E)

O trecho de Machado de Assis sobre a origem da crônica apresenta uma estrutura narrativa que culmina na afirmação "Eis a origem da crônica". Essa frase final não é apenas um fechamento abrupto, mas sim a conclusão lógica de um raciocínio desenvolvido ao longo do texto.

Inicialmente, o autor levanta uma questão sobre o nascimento do gênero, sugerindo sua origem nas conversas cotidianas entre vizinhas. Em seguida, descreve o processo natural pelo qual esses diálogos banais se transformam em matéria narrativa, mostrando como temas aparentemente simples podem evoluir para histórias mais complexas.

A opção E) é a correta porque reconhece essa progressão do pensamento machadiano: primeiro a problematização sobre as origens do gênero, depois a apresentação dos elementos que o compõem (as conversas, os temas cotidianos, a transformação do trivial em literário) e, finalmente, a conclusão que sintetiza essa reflexão.

Diferentemente das outras alternativas, que interpretam o fecho como desconexo, meramente estilístico ou sintaticamente inadequado, a opção E) compreende que a frase final está perfeitamente integrada ao desenvolvimento da ideia central do texto, servindo como coroamento da reflexão sobre a natureza e origem da crônica.

Assim, Machado de Assis demonstra, tanto na forma quanto no conteúdo, as características essenciais do gênero cronístico: a aparente simplicidade que esconde uma construção cuidadosa, a transformação do cotidiano em literatura, e a capacidade de extrair significado profundo das situações mais corriqueiras.

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