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O escritor atinge a maturidade do realismo de sondagem moral que as obras seguintes iriam confirmar. Quando o romancista assumiu, naquele livro capital, o foco narrativo, na verdade passou ao defunto-autor delegação para exibir, com o despejo dos que já nada mais temem, as peças de cinismo e indiferença com que via montada a história dos homens. A revolução dessa obra, que parece cavar um fosso entre dois mundos, foi uma revolução ideológica e formal: aprofundando o desprezo às idealizações românticas e ferindo no cerne o mito do narrador onisciente, que tudo vê e tudo julga, deixou emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente. (Adaptado de: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2000, p. 174-177) O referente de “naquele livro capital” é o seguinte romance de Machado de Assis:

O escritor atinge a maturidade do realismo de sondagem moral que as obras seguintes iriam confirmar. Quando o romancista
assumiu, naquele livro capital, o foco narrativo, na verdade passou ao defunto-autor delegação para exibir, com o despejo dos
que já nada mais temem, as peças de cinismo e indiferença com que via montada a história dos homens. A revolução dessa
obra, que parece cavar um fosso entre dois mundos, foi uma revolução ideológica e formal: aprofundando o desprezo às
idealizações românticas e ferindo no cerne o mito do narrador onisciente, que tudo vê e tudo julga, deixou emergir a consciência
nua do indivíduo, fraco e incoerente
.

(Adaptado de: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2000, p. 174-177)

O referente de “naquele livro capital” é o seguinte romance de Machado de Assis:

Resposta:

A alternativa correta é A)

O texto em análise refere-se a uma obra fundamental de Machado de Assis, que marcou uma virada tanto na literatura brasileira quanto na carreira do autor. A descrição apresentada pelo crítico Alfredo Bosi aponta para características específicas desse romance, como a adoção de um "defunto-autor" como narrador, a ruptura com as idealizações românticas e a subversão do narrador onisciente. Esses elementos são emblemáticos de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), obra que inaugurou a fase madura do Realismo machadiano.

A menção ao "foco narrativo" assumido pelo romancista, que delega a voz a um "defunto-autor", é uma referência direta à inovação técnica de Brás Cubas, que narra sua própria história após a morte. Essa escolha permitiu a Machado de Assis explorar com liberdade irônica os vícios e contradições da sociedade, sem as amarras de um narrador convencional. A "revolução ideológica e formal" mencionada no texto consolida-se justamente nessa obra, que rompe com tradições literárias anteriores e estabelece novas possibilidades para o romance brasileiro.

Embora outras obras posteriores de Machado de Assis tenham desenvolvido e aprofundado essas inovações – como Quincas Borba, Dom Casmurro e Esaú e Jacó –, foi em Memórias Póstumas de Brás Cubas que essas características apareceram pela primeira vez de maneira plena. Portanto, a alternativa correta para a questão proposta é de fato a letra A), que identifica precisamente o "livro capital" ao qual o texto se refere.

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