Questões Sobre Realismo - Literatura - concurso

O texto em questão aborda uma das principais obras da Literatura Brasileira, Dom Casmurro, publicado em 1899. A obra é reconhecida por seu olhar crítico sobre a sociedade brasileira e pela abordagem magistral do tema do ciúme, que gira em torno da personagem Capitu, uma das mais emblemáticas da literatura nacional.

Dentre as alternativas apresentadas, a que preenche corretamente a lacuna é a letra D) Machado de Assis, pois ele é o autor dessa obra-prima. Machado de Assis é um dos maiores nomes da literatura brasileira, conhecido por sua escrita irônica e profunda análise psicológica de seus personagens.

As demais alternativas estão incorretas: Guimarães Rosa (A) é autor de obras como Grande Sertão: Veredas; José Saramago (B) foi um escritor português, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura; e Luís de Camões (C) é o grande poeta português, autor de Os Lusíadas.

Portanto, a resposta correta é D) Machado de Assis, confirmando sua autoria sobre Dom Casmurro e seu papel fundamental na literatura brasileira.

O Realismo no Brasil marcou uma ruptura com as tendências românticas que predominavam até então, inaugurando uma nova fase na literatura nacional. Esse movimento, influenciado pelo cientificismo e pelo positivismo da época, buscava retratar a sociedade de forma objetiva e crítica, explorando temas como as contradições humanas e as desigualdades sociais. A obra que simboliza o início desse período é "Memórias Póstumas de Brás Cubas", publicada em 1881 por Machado de Assis.

Embora outras obras listadas sejam importantes para a literatura brasileira, como "Dom Casmurro" (também de Machado de Assis), "O Mulato" de Aluísio Azevedo e "O Ateneu" de Raul Pompéia, foi "Memórias Póstumas de Brás Cubas" que introduziu o Realismo de forma definitiva no país. A escolha da alternativa B como correta se justifica pelo caráter inovador da obra, que apresenta um narrador morto, ironia fina e uma análise profunda da psicologia humana, características essenciais do movimento realista.

O texto apresentado destaca a complexidade social retratada por Machado de Assis em suas obras, especialmente em Dom Casmurro. Os trechos selecionados ilustram dois tipos sociais distintos que permeiam a narrativa machadiana: a elite proprietária e os indivíduos em posição subalterna, mas integrados ao cotidiano familiar.

No primeiro segmento, observa-se a figura do proprietário que administra seus bens - incluindo escravos - com pragmatismo econômico, característico da classe dominante da época. Já o segundo trecho retrata o agregado, personagem comum nas casas abastadas do século XIX, que ocupava uma posição intermediária entre a servidão e a convivência familiar, recebendo pequenos favores em troca de serviços ou companhia.

A alternativa correta (A) identifica precisamente esses tipos sociais na obra: D. Glória representa a proprietária que gerencia seus bens, enquanto José Dias exemplifica o agregado que se insere no núcleo familiar sem pertencer verdadeiramente a ele. Essa dualidade revela a maestria de Machado em capturar as nuances das relações sociais de seu tempo, expondo tanto o poder econômico quanto as dependências afetivas que estruturavam a sociedade fluminense oitocentista.

O trecho de Dom Casmurro revela a complexidade psicológica de Bentinho, o narrador, ao refletir sobre sua relação com Capitu. Ele questiona se a personalidade dissimulada que atribui à esposa adulta já estava presente na Capitu menina ou se foi moldada por circunstâncias posteriores. No entanto, sua conclusão aponta para a primeira hipótese, como indica a metáfora da "fruta dentro da casca", sugerindo que os traços da adulta já existiam na criança. Essa interpretação é reforçada pela menção aos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", que representam, para Bentinho, a essência enganosa de Capitu.

A alternativa correta (A) destaca essa percepção do narrador, que enxerga uma continuidade entre a Capitu menina e a adulta, atribuindo-lhe desde cedo características que justificariam sua suposta traição. Embora ele demonstre dúvidas ("talvez", "não tenho certeza"), sua narrativa tende a confirmar a desconfiança, reforçando a ambiguidade central do romance. A referência bíblica, longe de sugerir perdão (como na opção B), serve para ironizar sua própria incapacidade de evitar o ciúme, enquanto as demais alternativas (C, D, E) distorcem elementos do texto ou introduzem informações inexistentes.

Assim, o trecho exemplifica a maestria de Machado de Assis em construir um narrador cuja parcialidade revela mais sobre si mesmo do que sobre os fatos, deixando ao leitor a tarefa de decifrar a verdade – ou a ausência dela.

O romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, representa uma ruptura significativa tanto na trajetória do autor quanto na literatura brasileira do século XIX. Sua inovação reside não apenas no conteúdo, mas também na forma narrativa, marcando o início do Realismo no Brasil. A alternativa C) é a correta porque sintetiza as principais características da obra: o abandono das idealizações românticas, o emprego de técnicas narrativas pouco convencionais e a sugestão implícita das contradições sociais.

Em primeiro lugar, Machado de Assis rejeita os excessos sentimentais e idealizados do Romantismo, optando por uma abordagem irônica e cética da sociedade. Brás Cubas, narrador defunto, expõe suas falhas e egoísmos sem qualquer pudor, desconstruindo a figura do herói romântico. Além disso, a estrutura narrativa quebra com a linearidade tradicional, incorporando digressões, metalinguagem e um tom fragmentado que reflete a subjetividade do protagonista.

Por fim, embora o romance não apresente uma crítica social explícita, ele sugere as contradições e hipocrisias da elite brasileira por meio da ironia e do humor ácido. Machado não propõe soluções ou engajamento direto, mas revela as mazelas de forma subtil, consolidando sua obra como um marco na literatura nacional.

O texto de Antonio Candido sobre Machado de Assis não sustenta a ideia de que sua ficção apresenta um "atraso" em relação às produções realistas contemporâneas. Pelo contrário, o crítico destaca a deliberada escolha estilística de Machado em adotar uma narrativa fragmentária, elíptica e interventiva, que dialoga com tradições literárias anteriores, como a de Sterne e Voltaire, mas com uma originalidade que desafia as convenções de seu tempo. A aparente "despreocupação com as modas dominantes" não é sinal de arcaísmo, mas de uma consciência artística que subverte expectativas e cria uma voz única. Portanto, a afirmação de que há um "atraso" na ficção machadiana é equivocada, pois ignora a intencionalidade e a sofisticação de sua técnica narrativa.

A análise de Antonio Candido sobre a obra de Machado de Assis destaca características como a fragmentação, a incompletude e o uso da elipse como elementos fundamentais da narrativa machadiana. Esses traços, que divergiam das tendências literárias dominantes no século XIX, como o realismo detalhista de Zola ou a objetividade flaubertiana, revelam uma técnica narrativa singular, marcada pela intervenção do narrador e pela ambiguidade deliberada. Curiosamente, essas mesmas características são frequentemente associadas à ficção contemporânea, que valoriza a subjetividade, a ruptura com linearidade e a participação ativa do leitor na construção do sentido.

Ao comparar a obra de Machado de Assis com a produção literária atual, percebe-se que o autor foi precursor de uma estética que só ganharia força no século XX e XXI. A fragmentação, por exemplo, tornou-se um recurso central em narrativas modernas e pós-modernas, assim como a elipse e a incompletude, que desafiam o leitor a preencher lacunas e interpretar nuances. Portanto, é correto afirmar que os elementos apontados por Candido não apenas definem a originalidade de Machado, mas também antecipam procedimentos amplamente utilizados na ficção contemporânea.

Dessa forma, a afirmação de que tais características estão presentes tanto na obra machadiana quanto na literatura atual é válida, reforçando a atualidade e a influência duradoura do autor brasileiro. A opção correta é, portanto, C) CERTO, pois a análise crítica estabelece uma conexão clara entre a técnica narrativa de Machado de Assis e as tendências da ficção contemporânea.

O texto de Antonio Candido destaca a singularidade da técnica narrativa de Machado de Assis, que se distanciava das correntes literárias dominantes de seu tempo, como o realismo de Flaubert e o naturalismo de Zola. Em vez de aderir a essas tendências, Machado optou por um estilo fragmentário, irônico e interventivo, resgatando elementos do século XVIII, como a influência de Laurence Sterne e o conte philosophique de Voltaire. Essa abordagem contrastava com o rigor formal e a objetividade que caracterizavam as obras de seus contemporâneos europeus.

No entanto, ao afirmar que os escritores modernistas brasileiros também recuperaram o modelo antirrealista do século XVIII, o item comete um equívoco. O Modernismo no Brasil, embora tenha rompido com as convenções literárias tradicionais, inspirou-se principalmente nas vanguardas europeias do início do século XX, como o futurismo, o cubismo e o surrealismo, além de valorizar a cultura popular e nacional. A conexão direta com o antirrealismo setecentista, como feito por Machado de Assis, não é uma característica central do movimento modernista. Portanto, a afirmação está incorreta.

Em suma, enquanto Machado de Assis dialogou com a tradição literária do século XVIII de maneira singular, os modernistas buscaram outras referências e rupturas, consolidando um projeto estético distinto. A resposta correta, portanto, é E) ERRADO.

O romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é uma obra marcante da literatura brasileira, conhecida por sua narrativa irônica e reflexões filosóficas sobre a vida e a condição humana. Entre as opções apresentadas, apenas a alternativa C) apresenta uma relação correta com a obra, conforme o gabarito indicado.

A passagem descrita na alternativa C) refere-se a um momento em que Brás Cubas, narrador e protagonista, reflete sobre seu ato de generosidade após ser salvo por um almocreve. Ele sente remorso por ter dado uma moeda de prata (um cruzado) em vez de moedas de cobre (vinténs), demonstrando sua mesquinhez e contradição moral. Esse trecho é emblemático da caracterização de Brás Cubas como um anti-herói, cujas ações muitas vezes revelam egoísmo e superficialidade.

As demais alternativas, embora mencionem personagens presentes na obra, não correspondem a eventos ou diálogos do romance. Virgília, Marcela, Eugênia e até mesmo o falecimento do pai de Brás são elementos narrativos importantes, mas as citações apresentadas não estão alinhadas com o texto original de Machado de Assis. Portanto, a alternativa C) é a única que reflete com precisão um trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

O trecho apresentado, extraído de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, ilustra de maneira singular a reflexão sobre a morte e a condição humana. A obra, narrada em primeira pessoa por um defunto autor, Brás Cubas, subverte as convenções literárias ao apresentar um protagonista que já está morto, mas que relata sua vida com ironia e distanciamento crítico. Essa abordagem inovadora permite ao leitor confrontar-se com temas como a efemeridade da existência, a vaidade humana e a busca por um legado que transcenda a morte.

A análise das afirmações sobre a obra machadiana revela aspectos importantes de sua produção literária. A primeira afirmação é verdadeira, pois tanto Dom Casmurro quanto Memórias Póstumas de Brás Cubas são narrados em primeira pessoa e retratam personagens da elite carioca do século XIX, refletindo as contradições e os valores dessa classe social. A segunda afirmação também é verdadeira, já que o último capítulo de Memórias Póstumas é marcado por um tom de negatividade, no qual Brás Cubas enumera suas frustrações, incluindo a ausência de filhos e a impossibilidade de perpetuar sua linhagem.

Por outro lado, a terceira afirmação é falsa, pois não há consenso entre os críticos sobre Dom Casmurro ser uma narrativa baseada em memórias sinceras de um homem traído. A ambiguidade da obra, especialmente em relação à suposta traição de Capitu, é justamente um dos elementos que a tornam tão discutida e engenhosa. Por fim, a quarta afirmação é falsa, uma vez que Machado de Assis também escreveu poesia e peças teatrais, embora seja mais reconhecido por seus romances e contos.

Assim, a sequência correta é V – V – F – F, conforme a alternativa A. A obra de Machado de Assis, especialmente Memórias Póstumas de Brás Cubas, desafia o leitor a refletir sobre a vida, a morte e as ilusões humanas, mantendo sua relevância e profundidade mais de um século após sua publicação.