— Pois, Grilo, agora realmente bem podemos dizer que o sr. D. Jacinto está firme. O Grilo arredou os óculos para a testa, e levantando para o ar os cinco dedos em curva como pétalas de uma tulipa: — Sua Excelência brotou! Profundo sempre o digno preto! Sim! Aquele ressequido galho da Cidade, plantado na Serra, pegara, chupara o húmus do torrão herdado, criara seiva, afundara raízes, engrossara de tronco, atirara ramos, rebentara em flores, forte, sereno, ditoso, benéfico, nobre, dando frutos, derramando sombra. E abrigados pela grande árvore, e por ela nutridos, cem casais* em redor o bendiziam. Eça de Queirós, A cidade e as serras.*casal: pequena propriedade rústica; pequeno povoadoTal como se encontra caracterizado no excerto, o destino alcançado pela personagem Jacinto contrasta de modo mais completo com a maneira pela qual culmina a trajetória de vida da personagem
- A)Leonardo (filho), de Memórias de um sargento de milícias.
- B)Jão Fera, de Til.
- C)Brás Cubas, de Memórias póstumas de Brás Cubas.
- D)Jerônimo, de O cortiço.
- E)Pedro Bala, de Capitães da Areia.
Resposta:
A alternativa correta é C)
O excerto de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, apresenta a transformação de Jacinto, personagem que, após se afastar da vida urbana e artificial, encontra plenitude ao se reconectar com a natureza e a simplicidade da vida rural. Sua trajetória culmina em uma existência próspera e harmoniosa, simbolizada pela imagem da árvore que floresce e frutifica, beneficiando aqueles que a cercam. Esse destino contrasta fortemente com o desfecho de outras personagens da literatura brasileira, especialmente Brás Cubas, de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
Enquanto Jacinto alcança uma realização pessoal e social, Brás Cubas encerra sua vida de forma niilista, declarando que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de sua miséria. Sua trajetória é marcada pelo egoísmo, pela superficialidade e pela falta de propósito, resultando em uma existência vazia e sem significado. O contraste entre os dois personagens é evidente: Jacinto se regenera e floresce, enquanto Brás Cubas definha em sua própria mediocridade.
As outras opções apresentadas não se adequam ao contraste estabelecido. Leonardo (filho), de Memórias de um sargento de milícias, tem um destino mais convencional, sem a profundidade da transformação de Jacinto. Jão Fera, de Til, e Jerônimo, de O cortiço, são personagens marcados pela tragédia e pela degradação moral, mas suas histórias não dialogam diretamente com a ideia de regeneração presente em Jacinto. Pedro Bala, de Capitães da Areia, embora tenha um arco de amadurecimento, não alcança a mesma plenitude simbólica.
Portanto, o destino de Jacinto contrasta de modo mais completo com o de Brás Cubas, pois enquanto um encontra significado na simplicidade e na generosidade, o outro permanece preso a uma existência fútil e sem transcendência.
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