Instrução: O texto a seguir é base para a questão. Não é possível idear nada mais puro e harmonioso do que o perfil dessa estátua de moça. Era alta e esbelta. Tinha um desses talhes flexíveis e lançados, que são hastes de lírio para o rosto gentil; porém na mesma delicadeza do porte esculpiam-se os contornos mais graciosos com firme nitidez das linhas e uma deliciosa suavidade nos relevos. Não era alva, também não era morena. Tinha sua tez a cor das pétalas da magnólia, quando vão desfalecendo ao beijo do sol. Mimosa cor de mulher, se a aveluda a pubescência* juvenil, e a luz coa pelo fino tecido, e um sangue puro a escumilha** de róseo matiz. A dela era assim. Uma altivez de rainha cingia-lhe a fronte, como diadema cintilando na cabeça de um anjo. Havia em toda a sua pessoa um quer que fosse de sublime e excelso que a abstraía da terra. Contemplando-a naquele instante de enlevo, dir-se-ia que ela se preparava para sua celeste ascensão.(José de Alencar, Diva.)* Pubescência: puberdade. ** Escumilha: borda sobre escumilha (tecido).Sobre a perspectiva de descrição da personagem, é correto afirmar que o narrador tem um enfoque
Instrução: O texto a seguir é base para a questão.
Não é possível idear nada mais puro e harmonioso do que o
perfil dessa estátua de moça.
Era alta e esbelta. Tinha um desses talhes flexíveis e lançados,
que são hastes de lírio para o rosto gentil; porém na mesma delicadeza
do porte esculpiam-se os contornos mais graciosos com
firme nitidez das linhas e uma deliciosa suavidade nos relevos.
Não era alva, também não era morena. Tinha sua tez a cor
das pétalas da magnólia, quando vão desfalecendo ao beijo do
sol. Mimosa cor de mulher, se a aveluda a pubescência* juvenil,
e a luz coa pelo fino tecido, e um sangue puro a escumilha** de
róseo matiz. A dela era assim.
Uma altivez de rainha cingia-lhe a fronte, como diadema
cintilando na cabeça de um anjo. Havia em toda a sua pessoa
um quer que fosse de sublime e excelso que a abstraía da terra.
Contemplando-a naquele instante de enlevo, dir-se-ia que ela se
preparava para sua celeste ascensão.
(José de Alencar, Diva.)
* Pubescência: puberdade.
** Escumilha: borda sobre escumilha (tecido).
Sobre a perspectiva de descrição da personagem, é correto
afirmar que o narrador tem um enfoque
- A)imparcial, o que pode ser constatado pela linguagem precisa, racional e isenta de juízos de valor.
- B)objetivo e imparcial, ainda que, em algumas passagens, enalteça traços da personalidade da moça.
- C)duplo, já que alude a aspectos comportamentais e psicológicos tanto em 1.ª quanto em 3.ª pessoa.
- D)subjetivo, flagrante pela seleção vocabular, apesar de o texto ser elaborado em 3.ª pessoa.
- E)parcial, marcado pelas impressões pessoais, que se evidenciam pelo emprego da 1.ª pessoa.
Resposta:
A alternativa correta é D)
O trecho de Diva, de José de Alencar, apresenta uma descrição profundamente subjetiva da personagem, evidenciada pela linguagem carregada de admiração e juízos de valor. Apesar de o narrador utilizar a terceira pessoa, sua perspectiva é marcadamente pessoal, como demonstram as escolhas lexicais e as imagens poéticas empregadas.
A descrição da moça é repleta de adjetivos valorativos, como "puro e harmonioso", "gentil", "graciosos", "deliciosa suavidade" e "altivez de rainha", que revelam um olhar idealizador. Além disso, comparações como "haste de lírio" e "cor das pétalas da magnólia" reforçam a subjetividade, transformando a personagem em quase uma figura celestial, distante da realidade terrena.
Embora o texto não utilize a primeira pessoa, a parcialidade do narrador é inegável. Ele não se limita a descrever traços físicos ou comportamentais de forma neutra, mas projeta sua própria percepção emocional e estética sobre a personagem. Essa abordagem subjetiva, típica do estilo romântico de Alencar, confere ao trecho um tom lírico e idealizado, afastando-se completamente de qualquer pretensão de imparcialidade.
Deixe um comentário