Questões Sobre Romantismo - Literatura - concurso

No Romantismo brasileiro, a representação do índio e do sertanejo assume características distintas em relação às obras modernistas, como Macunaíma, de Mário de Andrade. Gonçalves Dias, em I-Juca Pirama e Os Timbiras, idealiza o indígena como um herói nobre, puro e integrado à natureza, refletindo o nacionalismo ufanista do período romântico. Já Mário de Andrade, no Modernismo, desmitifica essa visão ao apresentar Macunaíma como um anti-herói multifacetado, marcado por contradições e influências culturais diversas.

Portanto, a afirmação de que a figuração do índio nas obras de Gonçalves Dias se aproxima da realizada por Mário de Andrade em Macunaíma está incorreta. Enquanto o Romantismo exalta uma identidade indígena idealizada, o Modernismo a descontrói, revelando uma perspectiva crítica e plural. A resposta correta é E) ERRADO.

O fragmento de Iracema, de José de Alencar, apresenta elementos característicos do romantismo brasileiro, em especial do indianismo, movimento que idealizou a figura do indígena como símbolo da identidade nacional. No entanto, a afirmação de que o autor utiliza a ficção para criticar a violência do genocídio indígena não encontra respaldo no trecho analisado ou na essência da obra.

José de Alencar, em Iracema, constrói uma narrativa lírica e idealizada, na qual a protagonista é retratada como a "virgem dos lábios de mel", envolta em uma natureza exuberante e pura. A descrição de Iracema e seu encontro com o guerreiro branco, Martim, segue uma perspectiva romântica, que exalta a beleza e a nobreza do indígena, mas não aborda de forma crítica a colonização ou a violência contra os povos nativos. O tom é mais de exaltação do passado mítico do que de denúncia histórica.

Embora o indianismo romântico possa ser interpretado como uma tentativa de valorizar a cultura indígena, sua abordagem é frequentemente sentimental e simbólica, distante de uma crítica contundente aos processos coloniais. Em O Guarani, por exemplo, Peri é idealizado como um herói nobre e leal, mas a obra não se aprofunda nas consequências devastadoras da colonização para os povos originários.

Portanto, a afirmação de que Alencar tece críticas explícitas ao genocídio indígena em suas obras é equivocada. Seu enfoque está na construção de uma identidade nacional romantizada, não na análise crítica da violência histórica. O gabarito correto é E) ERRADO.

O fragmento de Iracema, de José de Alencar, exemplifica claramente a idealização romântica do encontro entre europeus e indígenas, característica marcante do indianismo no Brasil. A narrativa apresenta Iracema, a virgem tabajara, como uma figura pura e harmoniosa, integrada à natureza, enquanto o guerreiro branco, Martim, surge como um estrangeiro de feições distintas, mas capaz de despertar sentimentos nobres na protagonista. Esse encontro é retratado de forma poética e simbólica, minimizando os conflitos históricos e enfatizando a beleza e a conexão entre os dois mundos.

A linguagem utilizada por Alencar reforça essa idealização, descrevendo Iracema com atributos quase míticos—"lábios de mel", "cabelos mais negros que a asa da graúna"—e contrastando-a com o estrangeiro, cuja aparência é associada a elementos naturais distantes, como "o branco das areias que bordam o mar". A cena em que Iracema fere Martim, mas depois o socorre, simboliza a transição entre a desconfiança inicial e a possibilidade de uma relação harmoniosa, típica da visão romântica que buscava construir uma identidade nacional baseada na fusão entre o indígena e o colonizador.

Portanto, a afirmação de que o texto idealiza o encontro entre brancos europeus e populações indígenas está correta, pois reflete o projeto literário e ideológico do Romantismo brasileiro, que enaltecia o indígena como símbolo da nação, ao mesmo tempo em que suavizava as contradições da colonização.

O fragmento de Iracema, de José de Alencar, ilustra claramente a apropriação do índio e de sua cultura como elementos centrais na construção da identidade nacional dentro do Romantismo brasileiro. O movimento romântico, em sua busca por uma expressão autenticamente nacional, encontrou no indígena um símbolo capaz de diferenciar a literatura brasileira das tradições europeias, estabelecendo um traço distintivo e original.

No trecho em questão, a personagem Iracema é retratada com uma beleza idealizada, associada à natureza e aos elementos da cultura indígena, como a graúna, a palmeira e a corça selvagem. Essa representação não apenas exalta a figura do nativo, mas também a vincula a uma pureza e harmonia que contrastam com a civilização europeia. O guerreiro branco, por sua vez, simboliza o contato entre as culturas, mas é a figura de Iracema que carrega o peso da brasilidade, com seus traços físicos, costumes e linguagem poética.

Alencar, assim como outros românticos, utiliza o índio não apenas como personagem, mas como metáfora de um Brasil ainda não corrompido pela colonização. A idealização do indígena serve, portanto, como um mote para expressar uma identidade nacional que se quer única e autêntica, distanciando-se dos modelos literários portugueses. A natureza exuberante, as tradições e a espiritualidade nativas são elevadas a um patamar quase mítico, reforçando a ideia de um "caráter nacional" próprio.

Portanto, a afirmação de que o índio e sua cultura foram utilizados pelos românticos como expressão da identidade nacional está correta. O indianismo, dentro do Romantismo, cumpriu esse papel ao transformar figuras como Iracema em símbolos de uma brasilidade idealizada, contribuindo para a formação de uma literatura que buscava afirmar sua originalidade em relação ao cânone europeu.

O indianismo romântico brasileiro, presente em obras como Iracema de José de Alencar, não pode ser caracterizado como um movimento de rejeição às tradições literárias europeias, mas sim como uma apropriação e ressignificação delas. O Romantismo no Brasil, influenciado diretamente pelos ideais europeus, buscou criar uma identidade nacional por meio da exaltação da figura do indígena e da natureza local, sem, contudo, romper com as estruturas formais e estéticas herdadas da Europa.

No fragmento de Iracema, percebe-se a idealização da personagem indígena, descrita com traços quase divinos, como "a virgem dos lábios de mel" e "os cabelos mais negros que a asa da graúna". Essa representação segue o modelo romântico europeu de exaltação do exótico e do primitivo, adaptado ao contexto brasileiro. Além disso, a linguagem empregada por Alencar é profundamente marcada por influências clássicas e românticas europeias, evidenciando que o autor não rejeitou essas tradições, mas as utilizou como base para construir uma narrativa nacionalista.

Portanto, o indianismo romântico não foi um movimento de ruptura com a literatura europeia, mas sim uma releitura dela, adaptando seus temas e formas à realidade brasileira. A afirmação de que houve uma "rejeição das tradições literárias europeias" é equivocada, pois o movimento se alimentou dessas tradições para criar uma literatura que celebrasse o Brasil, mesclando elementos locais e estrangeiros.

A questão apresenta dois trechos poéticos, um de Luís Vaz de Camões e outro de Almeida Garret, e solicita que se identifique uma característica da estética romântica presente no Texto 2, de Garret. O gabarito indica que a alternativa correta é a letra D, que aponta para "a expressão sentimental, voltada para a descrição de estados interiores".

De fato, o Romantismo, movimento literário do qual Almeida Garret é um dos principais representantes em Portugal, valorizava a subjetividade, a emotividade e a expressão dos sentimentos mais íntimos. No Texto 2, isso fica evidente através da descrição do amor como um "inferno", uma experiência contraditória que tanto alimenta quanto consome o sujeito lírico. O poeta não busca uma explicação racional para esse sentimento (como sugeriria a alternativa C), mas sim expõe sua angústia e perplexidade diante dele, caracterizando assim um estado interior complexo e intenso.

Além disso, embora o termo "inferno" possa remeter a uma ideia religiosa (alternativa B), o foco do poema não está na religiosidade em si, mas na experiência emocional do amor. Quanto à forma, o texto não apresenta liberdade formal (alternativa A), pois mantém uma estrutura métrica e rimas. Portanto, a alternativa D é a que melhor representa uma característica central do Romantismo presente no texto: a expressão sentimental e a exploração dos estados interiores do indivíduo.

O trecho de São Bernardo, de Graciliano Ramos, revela características fundamentais do "Romance de 30", movimento literário brasileiro que se destacou por sua abordagem crítica e realista das questões sociais e históricas do Nordeste. O narrador, Paulo Honório, expressa uma visão pragmática e desencantada das relações humanas, especialmente no que diz respeito ao casamento e às mulheres, refletindo a dureza e as contradições de seu contexto rural.

A alternativa C) é a correta, pois o "Romance de 30" teve como principal característica a denúncia das desigualdades e dos problemas estruturais do Nordeste, como a seca, a miséria e as relações de poder arcaicas. Graciliano Ramos, assim como outros autores da época, como Jorge Amado e Rachel de Queiroz, utilizou a literatura como instrumento para expor as mazelas sociais, combinando rigor estilístico e profundidade psicológica em suas obras.

As demais alternativas não se aplicam ao contexto do trecho ou ao movimento em questão: A) refere-se mais à literatura urbana e modernista; B) descreve as vanguardas, que não eram o foco do "Romance de 30"; D) aproxima-se do naturalismo do século XIX, e E) está incompleta. Portanto, a opção que melhor define a produção literária dessa época é, de fato, a abordagem realista dos problemas históricos e sociais do Nordeste brasileiro.

Análise do poema "A Cavalgada" e a obra de Raimundo Correia

O poema "A Cavalgada", de Raimundo Correia, apresenta características marcantes que permitem identificar sua filiação ao movimento parnasiano. A descrição minuciosa da cena noturna, com imagens plásticas e precisas ("A lua banha a solitária estrada"), revela o típico "sentido plástico de suas descrições da natureza" mencionado na alternativa correta.

Apesar da aparente alegria da cena ("Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando"), o poema é permeado por uma atmosfera melancólica, especialmente no final quando "o silêncio outra vez soturno desce". Essa "melancolia" mencionada na opção E humaniza a paisagem, transformando a cena natural em veículo de emoção humana.

A precisão formal, o cuidado com a métrica e a rima, típicos do Parnasianismo, combinam-se com essa sensibilidade melancólica que transcende o mero formalismo. Como afirma a alternativa E, completa-se adequadamente: "Raimundo Correia é um dos poetas mais ligados aos padrões do movimento parnasiano. Alguns críticos valorizam nele o sentido plástico de suas descrições da natureza, muitas vezes acrescido de uma melancolia que humaniza a paisagem".

Assim, a obra de Correia exemplifica como o Parnasianismo brasileiro soube conciliar o culto à forma com a expressão de sentimentos humanos, indo além do formalismo vazio muitas vezes associado ao movimento.

O Romantismo foi um movimento artístico e literário que surgiu no final do século XVIII e se consolidou ao longo do século XIX, marcando uma ruptura com os ideais clássicos e racionalistas do Iluminismo. Entre suas principais características, destacam-se o subjetivismo, a valorização das emoções e da individualidade, o retorno à cultura medieval como fonte de inspiração e a idealização da mulher como figura sublime e inatingível.

No entanto, uma das alternativas apresentadas não condiz com os princípios do Romantismo: o antinacionalismo. Ao contrário dessa afirmação, o movimento romântico foi profundamente nacionalista, exaltando as tradições, a história e a cultura de cada nação como forma de afirmar sua identidade. Autores e artistas românticos buscavam retratar a essência de seu povo, muitas vezes idealizando o passado e as raízes nacionais.

Portanto, a alternativa que não representa uma característica do Romantismo é a B) Antinacionalismo, uma vez que o movimento, na verdade, promoveu o oposto: um forte sentimento de orgulho e valorização da nação.

O poema de Álvares de Azevedo apresenta características marcantes do Romantismo, movimento literário que valorizava a expressão de sentimentos intensos, o subjetivismo e temas como a morte e o sonho. A alternativa correta é B) a morte e o subjetivismo, pois o texto revela uma atmosfera melancólica e introspectiva, típica da segunda geração romântica.

No poema, a imagem da mulher adormecida é descrita com tons de idealização e beleza efêmera, associada à lua e a um anjo, elementos que remetem ao sonho e à transcendência. Além disso, a presença da morte é sugerida no último verso – "Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!" –, reforçando a fusão entre amor e morte, um dos temas centrais do Romantismo.

O subjetivismo também se destaca, já que o eu lírico exprime sua dor e devoção de forma intensamente pessoal, mergulhando em um universo emocional que privilegia a experiência individual sobre a razão. Dessa forma, o poema encapsula o espírito romântico, combinando lirismo, melancolia e uma visão idealizada do amor e da morte.