Questões Sobre Vanguardas Europeias - Literatura - concurso
Questão 21
É com base no mito da Arcádia que erguem suas doutrinas: destruindo a “hidra do mau gosto”, os árcades procuram realizar obra semelhante à dos clássicos antigos. Daí a imitação dos modelos greco-latinos ser a primeira característica a considerar na configuração da estética arcádica.
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1992. Adaptado.)
A “hidra do mau gosto” mencionada no texto refere-se ao estilo
- A)renascentista.
- B)pré-romântico.
- C)neoclássico.
- D)barroco.
- E)medieval.
A alternativa correta é D)
O trecho apresentado aborda a estética arcádica e sua oposição ao que chamam de "hidra do mau gosto", uma referência direta ao estilo barroco. Os árcades, inspirados no mito da Arcádia, buscavam retomar a simplicidade e o equilíbrio dos modelos clássicos greco-latinos, rejeitando os excessos e a complexidade do Barroco.
O Barroco, caracterizado por seu rebuscamento, contraste e dramaticidade, era visto pelos árcades como uma manifestação de mau gosto, daí a metáfora da "hidra", criatura mitológica que representa um mal a ser combatido. O Arcadismo, por sua vez, defendia uma linguagem mais clara, objetiva e pastoral, alinhada aos ideais neoclássicos.
Portanto, a alternativa correta é a D) barroco, pois o texto evidencia a rejeição dos árcades a esse movimento anterior, em favor de uma estética mais sóbria e equilibrada.
Questão 22
Texto IV: base para a questão.
Um homem de consciência
Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.
— Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons – agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está acabando…
João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
— É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora
nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada…
Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem
que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa
colossal ser delegado – e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!…
João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas.
Pela madrugada, botou-as num burro, montou no seu cavalo magro e partiu.
— Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
— Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
— Mas, como? Agora que você está delegado?
— Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.
E sumiu.”
(Monteiro Lobato, CIDADES MORTAS. 12a Edição. São Paulo, Editora Brasiliense, 1965)
Podemos reconhecer no conto elementos que o inserem no:
I – Modernismo, cujo projeto era o desejo de revelar o “verdadeiro” Brasil para o brasileiro, numa perspectiva não idealizada.
II – Pré-modernismo, pois há um diálogo concomitante com as estruturas estéticas do passado (como o
Realismo) e as de renovação que estavam para surgir (como o Modernismo).
III – Romantismo, pois a descrição de Itaoca, cidade do interior de São Paulo, segue os parâmetros do regionalismo dessa estética literária.
A partir das assertivas acima, julgue-as e marque a alternativa correta.
- A)Somente I e II são verdadeiras.
- B)Somente II e III são verdadeiras.
- C)Somente II é verdadeira.
- D)Somente I e III são verdadeiras.
- E)Somente a III é verdadeira.
A alternativa correta é C)
O conto "Um homem de consciência", de Monteiro Lobato, apresenta características que o inserem no contexto literário do Pré-modernismo, conforme a assertiva II. O texto dialoga tanto com estruturas estéticas do Realismo, como a crítica social e a representação objetiva da realidade, quanto antecipa elementos de renovação que marcariam o Modernismo, como a abordagem desidealizada da vida no interior.
A assertiva I é incorreta, pois embora o conto revele aspectos do Brasil real, sem idealizações, esse traço é mais característico do Pré-modernismo do que do Modernismo propriamente dito. Já a assertiva III também está errada, pois a descrição de Itaoca não segue os parâmetros românticos do regionalismo, mas sim uma abordagem mais crítica e realista, típica do Pré-modernismo.
Portanto, a alternativa correta é C) Somente II é verdadeira, já que apenas a segunda assertiva identifica corretamente o movimento literário ao qual o conto pertence.
Questão 23
O trecho da obra literária abaixo corresponde,
respectivamente a:
[…]
FIDALGO Esta barca onde vai ora,
que assi está apercebida?
DIABO Vai pera a ilha perdida,
e há-de partir logo ess’ora.
FIDALGO Pera lá vai a senhora?
DIABO Senhor, a vosso serviço.
FIDALGO Parece-me isso cortiço…
DIABO Porque a vedes lá de fora.
FIDALGO Porém, a que terra passais?
DIABO Pera o inferno, senhor.
FIDALGO Terra é bem sem-sabor.
DIABO Quê?… E também cá zombais?
FIDALGO E passageiros achais
pera tal habitação?
DIABO Vejo-vos eu em feição
pera ir ao nosso cais…
- A)Cantiga de escárnio, de Gil Vicente, poeta português do Humanismo.
- B)Auto da barca do purgatório, de Gil Vicente, poeta português do Trovadorismo.
- C)Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, poeta português do Realismo.
- D)Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, poeta do Humanismo.
A alternativa correta é D)
O trecho apresentado pertence à obra Auto da Barca do Inferno, escrita por Gil Vicente, um dos principais representantes do teatro português durante o período do Humanismo. A cena retrata um diálogo entre um fidalgo e o diabo, característica marcante da peça, que satiriza os vícios humanos e os condena à viagem rumo ao inferno.
Gil Vicente, embora muitas vezes associado ao Trovadorismo por sua produção inicial, consolidou-se como figura central do Humanismo em Portugal. Sua obra critica a sociedade da época com humor e ironia, expondo a corrupção e a hipocrisia das diferentes classes sociais. O Auto da Barca do Inferno é parte de uma trilogia que inclui também o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória, todas com temática moralizante.
A alternativa correta é a D), pois o texto citado é efetivamente do Auto da Barca do Inferno, e Gil Vicente é um autor do Humanismo, não do Trovadorismo (como sugere a opção B) ou do Realismo (opção C). A opção A está incorreta porque o trecho não se trata de uma cantiga de escárnio, gênero lírico medieval, mas sim de uma peça teatral.
Questão 24
Considere o seguinte trecho do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto:
Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo
fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de
Janeiro. (Clara dos Anjos, p. 38.)
Com base no trecho selecionado e na leitura integral do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, assinale a
alternativa correta.
- A)O narrador é imparcial ao descrever os cenários do subúrbio e de outros pontos da cidade, demonstrando neutralidade na constatação das diferenças entre as regiões.
- B)O subúrbio é descrito ora de modo realista, ora de modo idealizado, contribuindo para a construção de uma visão, por vezes, romantizada da pobreza.
- C)O narrador disseca com rigor quase sociológico os problemas políticos da época, citando fatos e personagens históricos reais que se misturam à narrativa.
- D)O romance apresenta o ambiente do subúrbio aliando a descrição pormenorizada do espaço físico à caracterização dos personagens que o habitam.
- E)Os vários bairros e personagens que estão nos arredores da linha férrea do trem urbano são descritos como um conjunto indiferenciado, como se cada bairro não tivesse sua característica própria.
A alternativa correta é D)
O romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, apresenta uma narrativa que alia a descrição minuciosa do espaço físico do subúrbio carioca à caracterização dos personagens que o habitam. O trecho destacado revela a crítica social do autor, que denuncia a negligência do governo em relação às áreas periféricas, contrastando-as com os investimentos em regiões mais privilegiadas da cidade. Essa abordagem não é neutra, mas engajada, evidenciando as desigualdades e a marginalização sofrida pela população suburbana.
A alternativa correta, portanto, é a D), pois o romance de fato combina a representação detalhada do ambiente suburbano com a construção de personagens que refletem as contradições e desafios desse contexto. Lima Barreto não idealiza a pobreza, nem se limita a um tom sociológico ou a uma visão indiferenciada dos bairros. Sua narrativa é marcada por um realismo crítico que expõe as mazelas sociais enquanto humaniza seus personagens, dando voz a uma parcela da população frequentemente invisibilizada.
Questão 25
Leia o texto a seguir.
Delírio ao olhar pras Cagarras
Arrepio ao cantar das cigarras
[…]
NOPORN. Fumaça. In: NOPORN. Boca. São Paulo: Tratore Distribuidora dos Independentes, 2016. 1 CD. Faixa 3 (4’48”)
A canção “Fumaça”, do duo NoPorn, composto por Liana Padilha e Luca Lauri, emprega dois
recursos caros a duas poéticas da virada do século XIX para o século XX: primeiro, a
aproximação de elementos distantes, criando novas realidades, por vezes oníricas, como a
imagem de uma “pedra, com plumagem de ave”; segundo, a sinestesia, que promove o
cruzamento de sensações, perceptível em construções como “manchada de som” e “sabor da
fumaça”. O primeiro e o segundo recursos criativos expostos podem ser associados,
respectivamente, ao:
- A)Romantismo e Realismo.
- B)Expressionismo e Impressionismo.
- C)Cubismo e Futurismo.
- D)Surrealismo e Simbolismo.
- E)Pós-modernismo e Modernismo.
A alternativa correta é D)
A canção "Fumaça", do duo NoPorn, apresenta uma riqueza poética que dialoga com movimentos artísticos marcantes da virada do século XIX para o XX. A letra constrói imagens surpreendentes, como "pedra, com plumagem de ave", que remetem ao princípio surrealista de aproximar elementos distantes para criar realidades oníricas e deslocadas da lógica convencional. Esse recurso, característico do Surrealismo, busca transcender o racionalismo e mergulhar no universo do inconsciente e do sonho.
Além disso, a canção emprega sinestesias marcantes, como "manchada de som" e "sabor da fumaça", que evocam a poética simbolista. O Simbolismo, em sua busca por expressar o inefável, frequentemente recorria a esse cruzamento de sensações para traduzir experiências subjetivas e estados de alma. A fusão entre percepções sensoriais distintas cria uma linguagem sugestiva, que vai além da descrição objetiva.
Assim, a combinação desses dois recursos – a justaposição de imagens dissonantes e o uso de sinestesia – aponta para a influência do Surrealismo e do Simbolismo na construção poética da canção. Esses movimentos, embora distintos, compartilham uma abordagem que privilegia o subjetivo, o simbólico e a ruptura com representações realistas do mundo.
Portanto, a alternativa correta é D) Surrealismo e Simbolismo, pois esses são os movimentos que melhor correspondem, respectivamente, aos dois recursos criativos destacados na análise da canção.
Questão 26
E venham, então, os alegres incendiários de dedos
carbonizados! Vamos! Ateiem fogo às estantes das
bibliotecas! Desviem o curso dos canais, para inundar
os museus! Empunhem as picaretas, os machados,
os martelos e deitem abaixo sem piedade as cidades
veneradas!
MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. Disponível em: www.sibila.com.br.
Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado).
Que princípio marcante do Futurismo e comum a várias
correntes artísticas e culturais das primeiras três décadas
do século XX está destacado no texto?
- A)A tradição é uma força incontornável.
- B)A arte é expressão da memória coletiva.
- C)A modernidade é a superação decisiva da história.
- D)A realidade cultural é determinada economicamente.
- E)A memória é um elemento crucial da identidade cultural.
A alternativa correta é C)
O texto do Manifesto Futurista de Marinetti expressa um princípio central do Futurismo e de diversas correntes artísticas do início do século XX: a ruptura radical com o passado e a exaltação da modernidade como uma força transformadora. A convocação para destruir bibliotecas, museus e cidades veneradas simboliza o desejo de superar a história e as tradições, substituindo-as por uma visão dinâmica e inovadora do futuro.
Entre as alternativas apresentadas, a que melhor representa esse princípio é a C) A modernidade é a superação decisiva da história. O Futurismo defendia a ideia de que a arte e a cultura deveriam romper com o passado e abraçar a velocidade, a tecnologia e a mudança, características da vida moderna. Esse pensamento influenciou não apenas as artes visuais, mas também a literatura, a música e a arquitetura da época.
As outras alternativas não se alinham com o espírito do texto. O Futurismo rejeitava a tradição (A), não via a arte como expressão da memória coletiva (B), e seu foco não estava na determinação econômica da cultura (D) nem na memória como elemento identitário (E). A resposta correta, portanto, é a alternativa C.
Questão 27
A partir do início do século XX, na França, alguns artistas
vão subverter a concepção que se tinha da pintura. Em vez
de simplesmente representar o que era visto, eles decidem
representar aquilo que não podia ser visto. Os rostos de perfil
têm dois olhos, a natureza se decompõe em formas geométricas… a realidade se revela em todas as suas facetas, como
um cubo achatado.
(Christian Demilly. Arte em movimentos
e outras correntes do século XX, 2016. Adaptado.)
Uma obra representativa da estética à qual o texto se refere
está reproduzida em:
- E)
A alternativa correta é C)
O texto descreve uma transformação radical na arte no início do século XX, especialmente na França, onde artistas passaram a romper com as convenções tradicionais da pintura. Em vez de se limitar à representação fiel da realidade visível, esses criadores buscaram expressar o invisível, desconstruindo formas e perspectivas. Movimentos como o Cubismo, liderado por Picasso e Braque, exemplificam essa ruptura ao decompor objetos e figuras em planos geométricos, mostrando múltiplos ângulos simultaneamente.
A referência a "rostos de perfil com dois olhos" e à natureza fragmentada em formas geométricas aponta claramente para essa corrente artística. O Cubismo, em particular, desafiava a noção de espaço e perspectiva, apresentando a realidade de maneira multifacetada, como "um cubo achatado". Essa abordagem inovadora abriu caminho para outras vanguardas que exploraram a subjetividade e a abstração.
Embora a alternativa E tenha sido mencionada, o gabarito correto é C), indicando uma obra que sintetiza essa estética revolucionária. O texto de Christian Demilly contextualiza essa mudança paradigmática, destacando como a arte do século XX se libertou das amarras da representação convencional para explorar novas dimensões da percepção e da expressão.
Referência: Christian Demilly. Arte em movimentos e outras correntes do século XX, 2016. Adaptado.
Questão 28
menciona também que o teatro de Gil Vicente mergulha raízes na tradição oral. Completando, o
autor escreve que é o primeiro documento do teatro português, de autoria vicentina, o (a):
- A)Monólogo do Vaqueiro.
- B)Farsa de Inês Pereira.
- C)Auto da Barca do Inferno.
- D)Na Festa de São Lourenço.
- E)Auto da Visitação.
A alternativa correta é A)
Segundo Bosi (2013), a documentação referente ao teatro medieval português é extremamente limitada, o que dificulta o estudo aprofundado desse período. O autor destaca que as obras de Gil Vicente possuem raízes firmemente plantadas na tradição oral, característica que influenciou sua produção dramatúrgica. Dentre as peças atribuídas a Vicente, o Monólogo do Vaqueiro é considerado o primeiro documento do teatro português de autoria vicentina, marcando assim o início de uma tradição teatral no país.
Essa peça, escrita em 1502 para celebrar o nascimento do futuro rei D. João III, representa um marco na história do teatro português. Sua estrutura simples, baseada no diálogo de um vaqueiro com sua esposa, reflete tanto as influências populares quanto a capacidade de Vicente em transformar elementos do cotidiano em arte. Portanto, a alternativa correta para a questão apresentada é A) Monólogo do Vaqueiro, confirmando sua posição como obra fundadora do teatro vicentino e, por extensão, do teatro português como um todo.
Questão 29
século XX, na Europa, por ocasião das Vanguardas Europeias:
irreverência e de ruptura total, com a história da tradição, qual é o movimento de Vanguarda
que mais defendeu esses ideais?
- A)Futurismo.
- B)Surrealismo.
- C)Expressionismo.
- D)Dadaísmo.
- E)Cubismo.
A alternativa correta é A)
Os trechos citados de Mário de Andrade e Manuel Bandeira exemplificam a busca por liberdade criativa, irreverência e ruptura com as convenções artísticas tradicionais. Essas características são marcas das Vanguardas Europeias, movimentos que surgiram no início do século XX com o objetivo de revolucionar a arte e a literatura.
Entre as opções apresentadas, o Futurismo (alternativa A) foi o movimento que mais radicalmente defendeu esses ideais. Lançado em 1909 pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti, o Manifesto Futurista pregava a destruição do passado, a exaltação da velocidade, da tecnologia e da violência, além de uma postura agressivamente anti-tradicional. O movimento celebrava a ruptura total com as formas clássicas, propondo uma arte dinâmica, caótica e alinhada com a modernidade industrial.
Os versos de Mário de Andrade, com sua enumeração de ordens aparentemente caóticas, e o poema de Manuel Bandeira, que rejeita o lirismo convencional, ecoam justamente o espírito futurista de subversão e libertação criativa. Portanto, a resposta correta é A) Futurismo.
Questão 30
Na obra Quaderna (1960), João Cabral de Melo Neto incluiu um conjunto de
textos, intitulado “Poemas da cabra”, cujo tema é o papel desse animal no universo social e
cultural nordestino. Um desses poemas é reproduzido ao lado:
Um núcleo de cabra é visível
por debaixo de muitas coisas.
Com a natureza da cabra
Outras aprendem sua crosta.
Um núcleo de cabra é visível
em certos atributos roucos
que têm as coisas obrigadas
a fazer de seu corpo couro.
A fazer de seu couro sola.
a armar-se em couraças, escamas:
como se dá com certas coisas
e muitas condições humanas.
Os jumentos são animais
que muito aprenderam da cabra.
O nordestino, convivendo-a,
fez-se de sua mesma casta.
Acerca desse poema, NÃO se pode afirmar que:
- A)o poeta vê a cabra como um animal forte e que influencia outros seres que vivem em condições adversas.
- B)aquilo que a cabra parece ensinar aos demais seres é a resignação e a paciência diante da adversidade.
- C)a cabra oferece uma espécie de modelo comportamental para aqueles que precisam ser fortes para enfrentar uma vida dura.
- D)a cabra é um animal resistente ao meio hostil em que vive, assim como outros animais também o são, como o jumento.
- E)há no poema uma aproximação entre a cabra e o homem nordestino, pois ambos são fortes e resistentes.
A alternativa correta é B)
Na análise do poema "Poemas da cabra", de João Cabral de Melo Neto, presente na obra Quaderna (1960), é possível identificar a figura da cabra como um símbolo de resistência e influência no contexto socioambiental do Nordeste brasileiro. O poema destaca a presença marcante da cabra em meio às adversidades, sugerindo que sua natureza resiliente serve de modelo para outros seres, como os jumentos e até mesmo o homem nordestino.
O texto evidencia que a cabra não apenas sobrevive em condições hostis, mas também transmite sua força e adaptabilidade aos que a cercam. Essa ideia é reforçada pelos versos que descrevem como outros animais e até mesmo o ser humano incorporam características da cabra, tornando-se mais resistentes, como se fossem "da mesma casta".
Entre as alternativas apresentadas, a única que não se sustenta no poema é a letra B, que afirma que a cabra ensina "resignação e paciência" diante das adversidades. O poema não sugere passividade, mas sim uma força ativa e uma capacidade de adaptação que se impõe no meio. A cabra é retratada como um animal que enfrenta as dificuldades com tenacidade, inspirando outros a fazerem o mesmo, e não como um símbolo de submissão.
Portanto, a resposta correta é B, pois o poema de João Cabral celebra a resistência e a influência da cabra, e não qualquer forma de conformismo.