Questões Sobre Vanguardas Europeias - Literatura - concurso

O fragmento apresentado pertence à literatura de viagem, conforme indicado pelo gabarito correto (alternativa D). Esse tipo de texto é característico do período colonial, quando cronistas e viajantes europeus registravam suas impressões sobre as terras e os povos recém-descobertos.

A descrição dos indígenas brasileiros, feita de maneira detalhada e com um tom de admiração pela sua "inocência", reflete o olhar do colonizador diante de um mundo desconhecido. A linguagem simples e direta, sem os rebuscamentos típicos do Barroco ou a objetividade científica do Naturalismo, confirma a natureza documental e informativa da literatura de viagem.

Além disso, a ausência de preocupações estéticas mais elaboradas, como as que marcam o Parnasianismo, também reforça a classificação do texto como parte desse gênero literário. A literatura de viagem serviu como importante fonte de informação sobre o Novo Mundo e influenciou a formação da identidade cultural brasileira.

O poema "Poeminha fulminante", de Ilka Brunhilde Laurito, apresenta uma estrutura aparentemente simples, mas carregada de significados e efeitos estéticos. A análise das alternativas revela que a opção E) é a mais adequada para interpretar os sentidos produzidos pelo texto.

A expressão imprecativa "o raio que me parta" no penúltimo verso exemplifica precisamente a atitude estética mencionada na alternativa E. O poeta toma um clichê linguístico - uma expressão comum e desgastada pelo uso - e a revitaliza através de um contexto poético peculiar. Essa reinvenção do lugar-comum demonstra a capacidade criativa de transformar o trivial em algo singular, característica fundamental da criação artística.

Os demais versos, com suas variações sobre o verbo "relampear", criam um jogo linguístico que antecipa o desfecho impactante. A sequência de neologismos e variações verbais (relampa, relampadeja, relampeja, etc.) estabelece um ritmo crescente de expectativa, que culmina na solução inesperada do verso final. Essa construção revela o domínio técnico da autora em manipular os elementos da linguagem para produzir efeitos poéticos significativos.

Portanto, a alternativa E corretamente identifica o aspecto mais relevante da construção poética: a capacidade de transformar o convencional em extraordinário através de um tratamento estético peculiar, característica essencial da boa poesia.

O poema "Poeminha fulminante", de Ilka Brunhilde Laurito, apresenta uma estrutura peculiar que convida o leitor a refletir sobre a relação entre forma e conteúdo. A autora utiliza uma série de variações verbais relacionadas ao ato de relampear, dispostas em versos curtos e interrogativos, criando um efeito visual e rítmico que remete ao movimento de um raio. Essa escolha estética não é aleatória, mas sim uma estratégia consciente para reforçar o tema central do texto: a descarga elétrica e seu impacto.

A opção D) é a mais adequada para destacar a intencionalidade da autora, pois evidencia como a disposição gráfica dos versos — cada um contendo uma única palavra — reproduz visualmente a trajetória descendente de um relâmpago. Essa fusão entre forma e conteúdo é um recurso poético que enriquece a leitura, demonstrando como a linguagem pode transcender seu aspecto meramente informativo para se tornar uma experiência sensorial.

As demais alternativas, embora plausíveis em outros contextos, não capturam a essência da obra. O uso do diminutivo "Poeminha" não carrega um tom pejorativo (A), nem sugere uma desvalorização do texto (B) ou uma brincadeira privada (C). A repetição de interrogações (E) também não está ligada a verbos defectivos, mas sim à construção de um clima de expectativa e tensão, que se resolve com a chegada do raio no verso final.

Assim, o professor pode utilizar esse poema para mostrar como as escolhas formais — como a disposição espacial das palavras e a pontuação — estão intrinsecamente ligadas ao significado do texto, reforçando a ideia de que na literatura cada elemento é cuidadosamente selecionado para contribuir com a mensagem artística.

Em 1909, o jornal parisiense Le Figaro publicou um manifesto artístico revolucionário, escrito pelo italiano Filippo Tommaso Marinetti. Esse documento marcou o surgimento de um dos movimentos de vanguarda mais radicais do início do século XX. O trecho citado — "Queremos cantar o homem ao volante, que percorre a Terra com a lança do seu espírito, traçando o círculo de sua órbita" — reflete claramente os ideais do Futurismo.

O Futurismo, representado pela alternativa D), celebrava a velocidade, a tecnologia, a máquina e a modernidade, em oposição ao passado e às tradições artísticas estabelecidas. Marinetti e seus seguidores exaltavam a energia dinâmica da vida urbana e industrial, glorificando o movimento e a transformação constante. A imagem do "homem ao volante" simboliza justamente essa fusão entre o ser humano e a máquina, uma das marcas registradas do movimento.

Enquanto o Expressionismo (A) focava nas emoções subjetivas, o Dadaísmo (B) na negação da lógica, o Surrealismo (C) no inconsciente e o Cubismo (E) na fragmentação geométrica das formas, o Futurismo se destacava por sua paixão pelo progresso tecnológico e pela ruptura com o convencional. Portanto, o gabarito correto é, de fato, D) Futurismo.

O texto Apelo, de Dalton Trevisan, não pode ser considerado uma exceção no que diz respeito ao espaço representado na narrativa contemporânea brasileira. A afirmação de que a literatura brasileira atual é predominantemente rural é equivocada, especialmente quando se observa o contexto histórico e literário das últimas décadas.

Desde meados do século XX, o Brasil passou por um intenso processo de urbanização, e a literatura acompanhou essa transformação. Autores como Dalton Trevisan, Rubem Fonseca e Sérgio Sant'Anna, por exemplo, consolidaram uma tradição urbana na prosa brasileira, retratando cidades, seus conflitos e personagens marcados pela vida moderna. O próprio Apelo se passa em um ambiente doméstico urbano, onde a ausência da "Senhora" revela a solidão e os pequenos dramas cotidianos de um narrador inserido nesse contexto.

Embora existam obras contemporâneas que explorem o espaço rural – como as de João Guimarães Rosa ou Milton Hatoum –, elas não representam a predominância temática. Pelo contrário, a cidade, com suas complexidades, segue como cenário central de grande parte da produção literária brasileira recente. Portanto, a afirmação apresentada está incorreta, e o gabarito E) ERRADO é o correto.

O texto Apelo, de Dalton Trevisan, revela uma narrativa intimista e melancólica, marcada pela ausência e pela saudade. A linguagem é concisa, mas carregada de significados emocionais, características que aproximam o autor da tradição literária brasileira, especialmente do minimalismo e da prosa urbana. No entanto, ao analisar a afirmação sobre a organização de escritores contemporâneos em grupos que retomam projetos das vanguardas europeias, é necessário considerar o contexto atual da literatura brasileira.

Embora o Modernismo brasileiro tenha sido fortemente influenciado pelas vanguardas europeias, como o Futurismo e o Surrealismo, a literatura contemporânea apresenta uma diversidade maior de abordagens. Muitos autores hoje não se vinculam a grupos ou movimentos específicos, preferindo uma produção mais individual e plural. A pesquisa formal e temática ainda existe, mas não necessariamente como uma retomada direta dos projetos vanguardistas europeus. A literatura brasileira atual é marcada por hibridismos, experimentações próprias e diálogos com questões locais e globais de maneira mais autônoma.

Portanto, a afirmação de que "parte significativa dos escritores da literatura brasileira contemporânea organiza-se em grupos que retomam projetos construídos pelas vanguardas europeias" não reflete adequadamente a realidade atual. A resposta correta é E) ERRADO, pois a produção literária contemporânea é mais fragmentada e menos dependente de modelos europeus do que no período modernista.