Questões Sobre A Didática e o Processo de Ensino e Aprendizagem - Pedagogia - concurso

Com base na Deliberação CEE 9/97 e seus fundamentos, a progressão continuada refere-se ao processo de desenvolvimento e aprendizagem, o qual descreve um movimento de ir sempre adiante, avançando, progredindo e, por isso, opõe-se à ideia de repetência.

A progressão continuada é um modelo educacional que busca garantir o direito à aprendizagem contínua, evitando a retenção do aluno no mesmo ano escolar. Dessa forma, o sistema prioriza o acompanhamento pedagógico e a superação de dificuldades ao longo do processo, em vez de interromper a trajetória do estudante por meio da repetência.

As demais alternativas - avaliação, aceleração, recuperação e disciplina - não se contrapõem diretamente ao princípio da progressão continuada. Pelo contrário, podem ser estratégias complementares para garantir o avanço do aluno dentro desse modelo educacional.

Portanto, a alternativa correta é a letra B) repetência, pois representa justamente o oposto do que propõe a progressão continuada no processo de ensino-aprendizagem.

As proposições de Macedo (2005), elaboradas sob a perspectiva construtivista, destacam a importância de um contexto de aprendizagem que priorize a expressão dos sentimentos dos professores. O autor argumenta que, muitas vezes, os educadores enfrentam conflitos internos ao lidar com ideias teoricamente válidas, mas que, na prática, geram insegurança ou despreparo. A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra A, que reforça essa abordagem.

Essa perspectiva ressalta a necessidade de um ambiente acolhedor, onde os docentes possam compartilhar suas dúvidas e ambivalências sem receio de julgamento. Macedo (2005) defende que, ao reconhecer e trabalhar essas contradições, os professores podem desenvolver maior confiança e autonomia em sua prática pedagógica. Essa visão está alinhada com os princípios construtivistas, que valorizam o processo de construção do conhecimento tanto para os alunos quanto para os educadores.

As demais alternativas, embora apresentem aspectos relevantes da educação, como participação ativa do docente (B), inovação em sala de aula (C), foco no desenvolvimento do aluno (D) e formação continuada (E), não capturam o cerne da proposta de Macedo (2005). O autor enfatiza especificamente a dimensão emocional e reflexiva do professor, destacando que a aprendizagem profissional também ocorre por meio da confrontação de sentimentos e ideias conflitantes.

Alarcão (2003), em sua obra, apresenta uma crítica contundente aos paradigmas tradicionais de educação e formação, apontando a necessidade de substituí-los por um modelo mais dinâmico e adaptável às necessidades dos aprendizes. Entre as alternativas apresentadas, a opção B) destaca-se como a mais alinhada com a proposta do autor, ao defender um paradigma fundamentado na noção de grupos flexíveis de aprendizagem, que se reconstituem conforme os objetivos ou demandas específicas.

Essa abordagem rompe com a rigidez dos modelos tradicionais, que frequentemente priorizam turmas fixas e homogeneizadas (como mencionado nas alternativas A, C e E), ou a segmentação disciplinar excessiva (alternativa D). Em vez disso, Alarcão propõe um sistema que valoriza a flexibilidade e a personalização, permitindo que os agrupamentos de alunos se adaptem conforme as situações de aprendizagem, sem perder de vista os objetivos educacionais.

A escolha da alternativa B) como correta reflete a compreensão de que a educação contemporânea exige modelos mais orgânicos, capazes de responder às diferenças individuais e aos contextos em constante transformação. A ideia de grupos flexíveis não apenas promove uma maior eficácia no processo de ensino-aprendizagem, mas também estimula a colaboração e a autonomia dos estudantes, princípios essenciais para uma formação integral.

O modelo construtivista de aprendizagem e o ensino baseado na resolução de problemas exigem que o professor estabeleça um diálogo constante com o processo de aprendizagem do aluno. Essa abordagem demanda uma postura ativa, reflexiva e autônoma por parte do educador, que precisa considerar múltiplas variáveis e tomar decisões pedagógicas adequadas a cada contexto (Weisz, 2002). Diante disso, a formação docente deve ser pensada de maneira a preparar o professor para essa complexidade.

Entre as alternativas apresentadas, a opção C destaca-se como a mais adequada, pois propõe um processo cooperativo de formação teórica permanente, que estimula a autonomia e a reflexão crítica. Essa abordagem permite que o educador estabeleça relações significativas entre as teorias estudadas e sua prática, além de promover a análise compartilhada da realidade educacional. Dessa forma, o professor desenvolve a capacidade de adaptar suas estratégias de ensino às necessidades dos alunos, alinhando-se aos princípios do construtivismo e da resolução de problemas.

As demais alternativas apresentam limitações significativas. A opção A restringe a formação a um modelo institucionalizado, sem garantir a autonomia necessária. A alternativa B prioriza um treinamento pragmático, sem aprofundamento teórico. Já as opções D e E focam em aspectos específicos da formação, como didática ou parcerias em sala de aula, sem abordar a construção coletiva do conhecimento e a reflexão crítica que são fundamentais para uma prática docente alinhada aos modelos mencionados.

Portanto, a alternativa C é a que melhor atende às demandas de uma formação docente consistente, preparando o professor para os desafios de um ensino construtivista e baseado na resolução de problemas.

A escola tem um papel fundamental na formação de leitores e escritores autônomos, capazes de interagir criticamente com o mundo por meio da linguagem. Segundo Lerner (2002), o ensino da leitura e da escrita deve ir além da simples decodificação de textos ou da execução de tarefas escolares isoladas. É necessário formar indivíduos que vejam a leitura como uma ferramenta para resolver problemas, explorar novos universos e ampliar seus horizontes.

Entre as alternativas apresentadas, a opção B) destaca-se como a mais adequada, pois reflete a visão de um leitor ativo, que busca no texto não apenas respostas prontas, mas também significados pessoais e coletivos. Um leitor formado dessa maneira não se limita a cumprir demandas externas, como ler textos indicados por outros (alternativas A, C e D) ou demonstrar desempenho em atividades específicas (alternativa E). Em vez disso, ele desenvolve autonomia para selecionar materiais escritos de acordo com suas necessidades e interesses, além de se aventurar na literatura como forma de acesso a outras realidades.

Portanto, a escola deve promover situações de aprendizagem que incentivem a curiosidade, a escolha consciente e o prazer pela leitura. Somente assim será possível formar verdadeiros praticantes da escrita e da leitura, capazes de utilizar a linguagem como instrumento de transformação pessoal e social.

Lerner (2002) afirma que a língua escrita, criada para representar e comunicar significados, aparece nas práticas docentes, de modo geral, fragmentada, em pedacinhos. Esse fenômeno está presente na transposição didática, a qual, de acordo com a autora,

• A) afeta todos os saberes que ingressam na escola e deveria ser eliminado da prática docente, pois ao modificar o conhecimento para transformá-lo em objeto de ensino, a escola dificulta o processo de aprendizagem dos alunos nas diferentes disciplinas.
• B) é fundamental no ensino da escrita e da leitura, para contornar a complexidade desse conhecimento que, apresentado de forma mais simples, favorece a memorização do aluno.
• C) não pode ter seu controle exclusivamente sob responsabilidade do professor; os governos devem tornar possível à comunidade científica se pronunciar sobre a pertinência dos recortes que se fazem ao selecionar os conteúdos escolares.
• D) é objeto de crítica dos educadores de modo geral, porque ao receberem conteúdos prontos para serem ensinados aos alunos, os professores pouco podem fazer para adequá-los ao nível de desenvolvimento dos mesmos.
• E) permite avaliar e controlar passo a passo o processo de aprendizagem, procedimento importante dentro da instituição escolar, que necessariamente deve prestar contas dos resultados alcançados a toda sociedade.

O gabarito correto é C).

Identifique, nas alternativas a seguir, aquela que reúne todas as posições defendidas por La Taille (1998) a respeito de concepções que fundamentam ações pedagógicas que favorecem o desenvolvimento infantil.

• A) Os saberes ingênuos da criança são o melhor aliado do conhecimento científico. As crianças, longe de permanecerem desinteressadas pelo mundo em que vivem, criam suas próprias concepções, cujas características dependem de seu estágio de desenvolvimento.
• B) A maturação biológica é o fator central do desenvolvimento cognitivo infantil, impulsionado pelo desejo onipotente de crescer. A motivação lúdica envolve a criança na ação, favorecendo o seu desenvolvimento pleno.
• C) As obras literárias são impróprias para o ensino infantil em virtude da imaturidade da criança para compreendê-las. O ensino de História e Geografia deve pautar-se pela história e geografia pessoais do aluno.
• D) Os saberes ingênuos da criança devem ser substituídos pelo saber científico. O professor deve estar ciente de que não há interesse extrínseco à matéria que mova o aluno para estudar.
• E) Deve-se aproximar a cultura da criança ao invés de aproximar a criança da cultura. As produções culturais podem e devem ser apresentadas às crianças, desde que sua linguagem seja adaptada para o mundo infantil.

O gabarito correto é A).

Hernández (1998) propõe uma abordagem educacional centrada nos projetos de trabalho como estratégia pedagógica, destacando sua importância para uma aprendizagem significativa. Segundo o autor, essa metodologia permite que os estudantes desenvolvam habilidades cognitivas e sociais ao engajarem-se ativamente no processo de construção do conhecimento.

Os pontos apresentados no texto evidenciam as características essenciais dos projetos de trabalho:

1. A participação dos alunos em pesquisas com significado pessoal, utilizando diversas estratégias investigativas.
2. O envolvimento no planejamento do próprio aprendizado, promovendo autonomia.
3. O desenvolvimento de flexibilidade cognitiva e compreensão do contexto sociocultural.
4. A capacidade de analisar problemas profundamente, formulando hipóteses e indo além das informações superficiais.

O item V não se alinha completamente com a perspectiva de Hernández, pois sugere uma abordagem mais diretiva, centrada no professor e no cumprimento rígido do currículo, o que contraria a essência dos projetos de trabalho como espaços abertos de investigação.

Portanto, a alternativa correta é D) I, II, III e IV, apenas, pois sintetiza adequadamente os princípios defendidos pelo autor sobre projetos de trabalho como ferramenta para uma educação compreensiva e significativa.

Leia a proposição a seguir: Coll (1994) relata que investigações antropológicas e transculturais colocaram em relevo a universalidade das capacidades cognitivas básicas, como a capacidade de generalizar, recordar, formar conceitos, raciocinar logicamente etc, em todos os grupos culturais estudados. Afirma que as mesmas investigações evidenciam diferenças importantes na maneira de utilizar tais capacidades em situações concretas de resolução de problemas. Ao final, sugere que há alguns universais cognitivos, mas a sua colocação em prática efetiva depende da natureza das aprendizagens específicas que as experiências educacionais propiciam. As afirmações do autor nos permitem concluir que

• A) a capacidade de generalizar, recordar, formar conceitos, raciocinar logicamente por se caracterizar como capacidades cognitivas universais, não se vinculam direta ou indiretamente à experiência escolar.
• B) a experiência escolar é fundamental para que as capacidades cognitivas básicas sejam caracterizadas como cognitivos universais, além de ser um diferencial nos resultados de pesquisas, nos grupos culturais mais desenvolvidos.
• C) a educação escolar propicia aos sujeitos o exercício de suas capacidades de generalizar, recordar, formar conceitos, raciocinar logicamente etc porque se tratam de características cognitivas universais.
• D) as experiências de sala de aula podem propiciar aprendizagens específicas que permitem ao sujeito utilizar de modo efetivo a capacidade de generalizar, recordar, formar conceitos, raciocinar logicamente etc, na resolução de problemas.
• E) experiências escolares podem favorecer o desenvolvimento das capacidades cognitivas básicas, desde que não se caracterizem como capacidades cognitivas básicas universais.

O gabarito correto é D).

Os dois recortes apresentados de Weisz (2002) ilustram visões opostas sobre a aprendizagem e o papel do professor. A primeira afirmação descreve uma abordagem em que o professor recebe um "pacote" de técnicas prontas para aplicar em sala de aula, sem considerar as particularidades dos alunos. Essa perspectiva está alinhada com a concepção empirista, que enxerga o aluno como um receptor passivo de conhecimento, um sujeito "vazio" a ser preenchido por meio da transmissão de informações.

Já a segunda afirmação apresenta uma visão diametralmente oposta, na qual o professor deve compreender o processo individual de aprendizagem de cada aluno e oferecer suporte personalizado para que ele avance em seu conhecimento. Essa abordagem reflete a concepção construtivista, que considera o aluno como protagonista ativo de sua aprendizagem, construindo conhecimento por meio da interação com o objeto de estudo e com os outros, mediado pelo professor.

A alternativa correta é a C), pois identifica corretamente a primeira afirmação como representante do empirismo (transmissão mecânica de conhecimento) e a segunda como construtivista (aprendizagem ativa e contextualizada). As demais alternativas ou invertem as concepções ou atribuem classificações incorretas, como espontaneísmo ou inatismo, que não correspondem às ideias apresentadas nos trechos.