Questões Sobre Alfabetização e Letramento - Pedagogia - concurso

O desenvolvimento das competências linguísticas ao final da Educação Básica, conforme estabelecido no Conteúdo Básico Comum (CBC), visa capacitar o aluno a utilizar a linguagem oral e escrita em situações públicas de comunicação, além de estimular sua apreciação pelos usos artísticos da linguagem. No entanto, a relação entre as habilidades de leitura e produção textual não ocorre de forma linear ou equivalente, como sugere a alternativa A, considerada incorreta.

Ao analisar as opções apresentadas, percebe-se que a alternativa B está correta, pois reconhece a assincronia no desenvolvimento das competências linguísticas. Um aluno pode, de fato, interpretar um gênero textual antes de dominar sua produção, devido à complexidade envolvida na criação de textos coerentes e adequados ao contexto.

A alternativa C também está correta, uma vez que existem gêneros textuais — como leis ou manuais técnicos — cuja interpretação é essencial, mas cuja produção geralmente fica a cargo de especialistas. Já a alternativa D, embora possa gerar discussão, aponta para um aspecto relevante: a coerência e a coesão não são atributos intrínsecos do texto, mas sim resultados da competência do usuário em articulá-las durante a produção ou interpretação.

Portanto, a alternativa A é a única que não se sustenta, já que as competências de leitura e produção não são equivalentes nem se desenvolvem necessariamente em sincronia. O processo de aprendizagem da linguagem é complexo e multifacetado, exigindo abordagens diferenciadas para cada habilidade.

Segundo Márcia Gobbi (2010), a compreensão das linguagens infantis vai muito além da fala, abrangendo diversas formas de expressão que as crianças utilizam para se comunicar e interagir com o mundo. A autora destaca que estamos acostumados a associar linguagem apenas à verbalização, quando na verdade ela se manifesta de maneiras muito mais amplas e significativas na primeira infância.

A alternativa correta, B), aponta justamente para essa multiplicidade: o movimento, o desenho, a brincadeira, a música, a dança e os gestos são linguagens tão importantes quanto a fala no desenvolvimento infantil. Essas formas de expressão permitem que a criança explore seu entorno, construa conhecimentos e estabeleça relações de maneira integral, utilizando todo o seu corpo e seus sentidos.

Gobbi nos alerta que reduzir a linguagem apenas aos aspectos verbais ou à alfabetização (alternativa A) é limitar o potencial expressivo das crianças. Da mesma forma, embora a Libras (alternativa C) e o bilinguismo (alternativa D) sejam importantes, não representam o cerne da argumentação da autora sobre as múltiplas linguagens na infância.

Portanto, a resposta B) corretamente sintetiza o pensamento de Gobbi ao reconhecer que as crianças se comunicam e aprendem através de diversas linguagens corporais, artísticas e lúdicas, que devem ser valorizadas tanto quanto a linguagem verbal em seus processos de desenvolvimento e aprendizagem.

O desenvolvimento linguístico e cognitivo na Educação Infantil ocorre de forma integrada, especialmente quando as atividades promovem a interação entre diferentes habilidades. A concepção de currículo para essa etapa deve priorizar experiências que estimulem a expressão, a criatividade e a exploração do mundo pela criança, articulando linguagem, movimento e pensamento.

Entre as alternativas apresentadas, a B) se destaca como a que melhor exemplifica essa abordagem. A brincadeira cantada permite que a criança:

• Explore suas capacidades motoras e expressivas;
• Experimente ritmos, sons e significados das palavras;
• Desenvolva a imaginação ao imitar personagens;
• Amplie seu repertório linguístico de forma lúdica e significativa.

Essa atividade, ao contrário de propostas mais diretivas ou focadas em conteúdos específicos (como as demais alternativas), respeita o caráter global do desenvolvimento infantil. Ela integra naturalmente aspectos físicos, emocionais, sociais e cognitivos, criando condições ideais para a construção de conhecimentos sobre si e sobre o mundo.

O processo de alfabetização, conforme destacado na citação do documento oficial brasileiro, não pode ser reduzido a uma simples função biológica ou a um treino mecânico de habilidades. A afirmação “Para aprender a ler e escrever, a criança precisa construir um conhecimento de natureza conceitual” reforça a ideia de que a alfabetização é um ato cognitivo e social, no qual a criança interage com a linguagem em situações reais de comunicação.

Analisando as alternativas:

I. Função da maturação biológica. – Incorreta. A alfabetização não depende apenas do desenvolvimento biológico, mas de interações sociais e construção ativa de conhecimento.

II. Desenvolvimento de capacidades relacionadas à percepção, memorização e treino de habilidades sensório-mecânicas. – Incorreta. Embora essas habilidades possam auxiliar, a alfabetização vai além de exercícios repetitivos e mecânicos.

III. Processo de construção de conhecimento pelas crianças por meio de práticas sociais e de escrita. – Correta. Essa alternativa reflete a perspectiva conceitual da citação, destacando o papel ativo da criança e a importância do contexto social.

IV. Aquisição de um código de transcrição da fala. – Incorreta. A alfabetização não se limita à decodificação, mas envolve compreensão e uso significativo da língua.

Portanto, apenas a alternativa C) III está correta, pois alinha-se com a visão de alfabetização como um processo de construção conceitual e participação em práticas sociais de leitura e escrita.

O texto apresentado discute a importância de compreender a alfabetização em seu sentido específico, evitando generalizações que possam diluir sua natureza essencial. O autor critica a tendência de atribuir um significado excessivamente amplo ao processo de alfabetização, o que pode levar à perda de sua especificidade e, consequentemente, a reflexos negativos na definição das habilidades básicas de leitura e escrita, bem como na competência necessária para alfabetizar.

Dentre as opções apresentadas, a alternativa correta é a D), que define a alfabetização como o processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e de escrita. Essa definição ressalta o caráter técnico e específico da alfabetização, diferenciando-a de outros processos linguísticos e cognitivos mais amplos, como o desenvolvimento da língua oral ou a leitura de mundo.

As demais alternativas, embora relevantes no contexto educacional, ampliam excessivamente o conceito de alfabetização. A alternativa A) foca no desenvolvimento total da língua (oral e escrita), enquanto a B) incorpora a leitura de mundo, elementos que, apesar de importantes, não definem a alfabetização em si. Já a alternativa C) aborda a aquisição da língua materna como um processo contínuo, o que também extrapola o escopo específico da alfabetização.

Portanto, a resposta correta é a D), pois ela captura a essência do processo de alfabetização como a aquisição do código escrito e das habilidades fundamentais de leitura e escrita, conforme defendido pelo autor.

Em uma atividade de linguagem escrita, Laura, uma criança de 6 anos, escreveu "LEITI" ao tentar representar a palavra "leite". Essa situação revela um momento importante no processo de aprendizagem da escrita, que deve ser analisado sob uma perspectiva construtivista, considerando o conhecimento como um processo em construção.

A resposta correta para essa situação é a alternativa B), pois demonstra que a criança está em uma fase de transição no processo de alfabetização. Nesse estágio, é comum que os aprendizes estabeleçam uma relação direta entre a fala e a escrita, representando os sons que ouvem da maneira como os percebem.

O erro cometido por Laura não deve ser visto como uma falha ou falta de atenção, mas sim como um indício valioso de seu processo de pensamento. Ao escrever "LEITI", ela demonstra:

• Consciência fonológica, identificando os sons da palavra
• Conhecimento do sistema alfabético, usando letras para representar sons
• Uma hipótese de escrita que reflete sua compreensão atual da língua

Essa abordagem contrasta com visões mais tradicionais que poderiam interpretar o erro como falta de aprendizagem (alternativas A, D e E) ou desatenção (alternativa C). Pelo contrário, a escrita de Laura revela um pensamento ativo e um esforço genuíno de representação linguística.

O papel do educador, nesse contexto, é valorizar a tentativa da criança, compreender sua lógica e, a partir desse ponto, ajudar a avançar em sua compreensão do sistema de escrita. Essa perspectiva respeita o processo de construção do conhecimento e promove uma aprendizagem mais significativa.

Análise das Afirmativas sobre o Desenvolvimento da Escrita

O desenvolvimento da escrita é um processo complexo que envolve estímulos, mediação pedagógica e interação com o ambiente. Analisando as afirmativas apresentadas, podemos compreender melhor quais delas estão corretas.

Afirmativa I: A linguagem falada é, de fato, a base para o desenvolvimento da escrita. O estímulo ao desenho e ao brincar permite que a criança explore símbolos e representações, preparando-a para a escrita formal. Portanto, essa afirmativa está correta.

Afirmativa II: O papel da pedagogia é essencial nesse processo, pois um ambiente rico em estímulos e mediado por práticas pedagógicas intencionais favorece o desenvolvimento da escrita. Atividades que trabalhem o imaginário e a criatividade são fundamentais. Logo, essa afirmativa também está correta.

Afirmativa III: Embora as crianças possam trazer experiências prévias relacionadas à comunicação, afirmar que já dominam habilidades de escrita antes da escola é incorreto. A escrita é um aprendizado formal que depende de instrução e prática sistemática. Dessa forma, essa afirmativa está incorreta.

Conclui-se que apenas as afirmativas I e II estão corretas, correspondendo à alternativa C).

Análise sobre o desenvolvimento da escrita

O processo de aquisição da escrita é complexo e envolve diversas etapas cognitivas e linguísticas. A alternativa A) está incorreta porque, embora a criança atinja a escrita alfabética — fase em que já compreende a relação entre fonemas e grafemas —, isso não significa que ela domine completamente a ortografia. A ortografia exige conhecimentos adicionais, como regras gramaticais, memorização de palavras irregulares e convenções da língua, que são consolidados posteriormente.

As demais alternativas apresentam aspectos corretos do desenvolvimento da escrita:

• B) Reflete uma fase inicial em que a criança ignora palavras curtas ou artigos, focando em unidades que considera significativas.
• C) Destaca a importância da mediação do professor para orientar a direcionalidade da leitura, fundamental no processo de decodificação.
• D) Ressalta o papel da entonação e da maturação cognitiva para que a criança avance da dependência de imagens para a leitura autônoma.

Portanto, a alfabetização é um processo contínuo que vai além da simples decifração do código escrito, exigindo tempo, prática e orientação adequada.

Análise sobre as múltiplas linguagens no desenvolvimento infantil

O desenvolvimento infantil é um processo complexo que envolve diversas formas de expressão e comunicação. As múltiplas linguagens desempenham um papel crucial nesse processo, contribuindo para o crescimento cognitivo, emocional e social da criança. No contexto apresentado, três afirmações estão corretas, enquanto uma se mostra incorreta, conforme o gabarito indicado.

As opções A e B destacam a importância do jogo simbólico como ferramenta essencial para a imaginação, representação e compreensão do mundo pela criança. Através dessa linguagem lúdica, a criança experimenta papéis, desenvolve a fantasia e constrói significados, o que está alinhado com as teorias do desenvolvimento infantil.

A alternativa C reforça a relevância de trabalhar as múltiplas linguagens na educação infantil, pois elas abrangem não apenas aspectos cognitivos, mas também psicomotores, afetivos e sociais. Essa visão integrada é fundamental para uma educação holística na primeira infância.

Já a opção D, indicada como incorreta, afirma que a linguagem literária organiza os fatos de forma similar à linguagem oral cotidiana. Na realidade, a literatura infantil possui características distintas, como ritmo, métrica, figuras de linguagem e estrutura narrativa, que a diferenciam da fala comum. Portanto, essa afirmação não reflete adequadamente a natureza da linguagem literária.

Em síntese, compreender as múltiplas linguagens no desenvolvimento infantil é essencial para práticas educativas eficazes. Enquanto o jogo simbólico e o trabalho integrado das linguagens são fundamentais, é importante reconhecer as particularidades da linguagem literária, que vai além da simples reprodução da oralidade cotidiana.

A respeito da oralidade, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

(V) É uma das formas de o sujeito participar de processos de interação nas situações de comunicação informais ou formais.

(F) A oralidade e a escrita são duas modalidades da língua diferentes, mas dependentes.

(F) Há uma diferença entre as várias situações de uso da fala e da escrita sem acarretar consequências para o ensino e a aprendizagem.

(V) É uma produção sonora que envolve ainda recursos, como gestualidade, movimentos do corpo e mímica, tom e velocidade de voz, dentre outros.

A sequência está correta em:

• A) V, F, F, V.
• B) F, V, V, F.
• C) F, V, F, V.
• D) V, F, V, V.

O gabarito correto é A).