Questões Sobre Alfabetização e Letramento - Pedagogia - concurso

No contexto contemporâneo, o processo de alfabetização e letramento transcende os limites da escola, iniciando-se antes mesmo da educação formal e envolvendo uma compreensão ampla das funções e usos da linguagem escrita. A análise das afirmativas apresentadas revela nuances importantes sobre esse processo, especialmente na educação infantil.

A afirmativa I está incorreta, pois reduz a alfabetização a um mero processo de codificação e decodificação, desconsiderando o papel do letramento e das experiências socioculturais. Já a afirmativa II está correta, pois destaca a importância das vivências significativas no desenvolvimento do interesse pela leitura e escrita.

As afirmativas III, IV e V também estão corretas, pois reconhecem que o processo de alfabetização começa antes do ensino formal, através de gestos, brincadeiras e interações sociais que preparam a criança para a escrita. Essas atividades lúdicas e imitativas são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem escrita.

Portanto, a alternativa E é a correta, pois contempla as afirmativas II, III, IV e V, que melhor representam uma visão contemporânea e abrangente do processo de alfabetização e letramento na educação infantil.

Pautando-se nas pesquisas relacionadas aos processos de alfabetização e letramento, é necessário reconhecer que:

A alternativa correta é a C), pois:

• A alfabetização refere-se à aquisição do sistema convencional de escrita, ou seja, o domínio do código linguístico, incluindo a decodificação de letras e sons.
• O letramento, por sua vez, vai além, abrangendo o desenvolvimento de habilidades sociais e práticas que envolvem o uso competente da leitura e da escrita em diferentes contextos.
• Essa distinção é fundamental para compreender que a escola não deve se limitar apenas ao ensino mecânico da escrita, mas também promover o uso significativo da linguagem em situações reais.

As demais alternativas apresentam equívocos conceituais, como confundir os termos (B), reduzir ambos a um único processo (D) ou atribuir contextos distintos para cada conceito (E). A alternativa A inverte os conceitos, tornando-se incorreta.

O conceito de letramento surge como uma resposta às demandas sociais e educacionais que vão além do simples domínio do código escrito. Enquanto a alfabetização se concentra na aquisição do sistema alfabético e ortográfico, o letramento abrange práticas mais amplas e complexas relacionadas ao uso social da leitura e da escrita.

A alternativa E) corretamente identifica o letramento como uma consequência da necessidade de nomear comportamentos e práticas sociais que transcendem a alfabetização. Isso inclui a capacidade de usar a língua escrita em diferentes contextos sociais, interpretar textos criticamente e produzir escritos com diversos propósitos comunicativos.

As outras alternativas apresentam visões mais restritas:

• A) e C) limitam-se às práticas escolares convencionais
• B) e D) focam exclusivamente nos aspectos técnicos da codificação/decodificação

O letramento, portanto, representa uma ampliação do conceito de alfabetização, incorporando dimensões socioculturais e funcionais do uso da escrita na vida cotidiana. Essa perspectiva reconhece que saber ler e escrever vai além de dominar o código, envolvendo competências para participar ativamente de práticas letradas em sociedade.

Dadas as afirmações abaixo:

I. Em meados da década de 1980, surgiu no Brasil um novo conceito: letramento – a palavra letramento está ligada ao termo literacy, usado nos Estados Unidos e na Inglaterra no mesmo período.

II. O conceito letramento busca situar os aspectos técnicos da aquisição da escrita, pois compreende que esta ocorre através de uma consciência fonológica de correspondência entre sons e palavras.

III. Alfabetizar e letrar são dois processos metodológicos diferentes, mas que devem ser considerados indissociáveis e simultâneos.

IV. Alfabetizar e letrar são sinônimos, ambos responsáveis pela aquisição do sistema da escrita e pelo desenvolvimento das práticas sociais de leitura e escrita.

Estão corretas apenas as afirmações:

• A) I e II.
• B) I e III.
• C) II e III.
• D) I e IV.
• E) II e IV.

O gabarito correto é B).

Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, em suas pesquisas, destacam a importância do professor compreender a psicogênese da língua escrita para acompanhar o desenvolvimento da criança no processo de alfabetização. Segundo suas teorias, a escrita não é simplesmente uma reprodução de modelos adultos, mas um objeto de conhecimento construído ativamente pela criança por meio de interações sociais e tentativas individuais.

A alternativa correta é a D), pois reflete o conceito central da teoria psicogenética: a escrita é um objeto de conhecimento que se desenvolve por meio das hipóteses construídas pela criança, considerando seu processo de interação e o contexto social. As outras alternativas não representam adequadamente essa perspectiva:

• A) Incorreta: Embora relacione construção do pensamento e progresso escolar, não aborda o aspecto construtivista da escrita.
• B) Incorreta: Reduz a aprendizagem a um mecanismo de correspondência, ignorando o processo de construção cognitiva.
• C) Incorreta: Contradiz a teoria, que rejeita a ideia de cópia passiva.
• E) Incorreta: Desconsidera as hipóteses próprias da criança, central na abordagem psicogenética.

Portanto, a teoria de Ferreiro e Teberosky enfatiza que a alfabetização deve valorizar o processo de construção do conhecimento pela criança, suas tentativas e a dimensão social da escrita.

“Caca caiu
Ela caiu
Coca calou.”

O texto apresentado ilustra um método tradicional de alfabetização, caracterizado pela repetição de estruturas linguísticas simples e pela ênfase na decodificação de sílabas e palavras. Esse tipo de abordagem está diretamente associado ao uso de cartilhas, que eram amplamente utilizadas no processo de ensino da leitura e escrita no Brasil durante décadas.

A alternativa correta é a B) na utilização das cartilhas, pois o trecho reflete a metodologia mecânica e fragmentada típica desses materiais, que priorizavam a memorização de sílabas e palavras isoladas, sem uma preocupação significativa com o contexto ou o significado.

Embora outras abordagens, como as defendidas por Emilia Ferreiro (alternativa A) ou as baseadas no interesse da criança (alternativa C), na compreensão contextual (D) ou no universo sociocultural (E), sejam mais modernas e alinhadas com as teorias construtivistas, o exemplo dado claramente remete ao modelo tradicional das cartilhas.

O conceito de letramento, embora recente no campo da educação e das ciências linguísticas, representa uma evolução significativa na compreensão das práticas sociais relacionadas à linguagem. Introduzido há pouco mais de vinte anos, o termo surge da necessidade de nomear e analisar comportamentos que vão além da simples alfabetização, abrangendo o uso efetivo da leitura e da escrita em contextos sociais diversos.

A alternativa correta, conforme indicado no gabarito, é a letra A) leitura e escrita. Isso porque o letramento está intrinsecamente ligado à capacidade de interpretar, produzir e interagir com textos escritos de forma crítica e funcional, inserindo-se nas dinâmicas culturais e comunicativas da sociedade. Enquanto a alfabetização refere-se ao domínio do código linguístico, o letramento enfatiza as práticas sociais que envolvem esse conhecimento.

As demais opções apresentam áreas importantes, mas não definem o cerne do letramento. A tradução (B), por exemplo, é uma competência específica; já a matemática e tecnologia (C), embora relacionadas a outros tipos de literacia, não são o foco central do conceito. Educação e política (D) ou ciência e didática (E) podem influenciar o letramento, mas não o caracterizam em sua essência.

Portanto, o letramento consolida-se como um paradigma essencial para entender como indivíduos e grupos utilizam a leitura e a escrita para participar ativamente da vida em sociedade, transformando informações em conhecimento e ação.

A abordagem pedagógica conhecida como alfabetizar letrando representa uma evolução em relação aos métodos tradicionais de alfabetização. Essa perspectiva inovadora se distingue por priorizar não apenas o domínio mecânico do código escrito, mas principalmente o desenvolvimento de competências de leitura e escrita em contextos sociais significativos.

Entre as alternativas apresentadas, a opção A se destaca como correta porque:

• Enfatiza o uso real da linguagem em situações cotidianas
• Promove a compreensão das funções sociais da escrita
• Favorece a construção de sentido nos processos de leitura
• Integra a aprendizagem do sistema alfabético a práticas significativas

As demais alternativas, embora contenham elementos relevantes para o processo de alfabetização, não capturam a essência do "alfabetizar letrando". Essa abordagem vai além do ensino do código (B), supera a dicotomia entre métodos analíticos e sintéticos (C e D), e transcende a mera codificação/decodificação (E).

O grande diferencial dessa perspectiva está justamente na articulação entre o aprendizado técnico da escrita e seu uso social efetivo, preparando os alunos não apenas para decifrar letras, mas para participar plenamente de práticas letradas em sua comunidade.

O papel da escola no ensino da linguagem oral deve ser compreendido dentro de uma perspectiva sociolinguística, que reconhece a variação linguística como um fenômeno natural e intrínseco a qualquer língua. Nesse contexto, a alternativa correta é a letra E, que propõe ensinar ao aluno "as falas mais adequadas ao contexto de uso".

A ideia de uma única fala correta (alternativa A) é equivocada, pois desconsidera a diversidade linguística e as diferentes formas de expressão que existem em uma comunidade. Da mesma forma, a simples correção da fala (alternativa B) pode ser reducionista, já que a língua não se limita a um modelo rígido e imutável.

Embora a escola deva apresentar a língua de maior prestígio social (alternativa C), isso não significa desvalorizar as variedades linguísticas que os alunos trazem de suas experiências cotidianas. O objetivo não é impor uma forma única, mas ampliar o repertório comunicativo dos estudantes.

O treinamento do uso formal da fala (alternativa D) também é importante, mas não pode ser o único foco. A escola deve preparar o aluno para se comunicar em diferentes situações, desde as mais informais até as mais formais, sempre considerando a adequação ao contexto.

Portanto, a resposta mais abrangente e correta é a alternativa E, pois reconhece que a linguagem é flexível e deve ser adaptada conforme a situação, sem desmerecer as variedades linguísticas que os alunos já dominam. A escola tem o papel de desenvolver a competência comunicativa, permitindo que o aluno faça escolhas linguísticas conscientes e adequadas a cada contexto social.

Grosso modo, o conhecimento sobre alfabetização disponível aos educadores da educação básica até os anos oitenta levava-os a inferir que a causa do fracasso escolar estava no aluno; faltava-lhe algo e, por isso, não aprendia a ler e escrever. Para compensar esse suposto déficit, o professor realizava nas classes de primeiro ano, em geral no primeiro bimestre, um conjunto de atividades mimeografadas, conhecidas como atividades de "prontidão para a alfabetização".

Essa prática didática estava fundamentada na ideia de que o aluno precisava desenvolver certas habilidades psicomotoras antes de ser exposto ao processo de alfabetização propriamente dito. As atividades de prontidão, como exercícios de coordenação motora fina, discriminação visual e auditiva, entre outras, eram vistas como pré-requisitos para a aprendizagem da leitura e da escrita.

Dentre as alternativas apresentadas, a que melhor se alinha com essa concepção é a letra D) "O treino de habilidades psicomotoras produz as condições necessárias à aprendizagem da leitura e da escrita". Essa visão reflete a crença de que o aluno precisava ser "preparado" para a alfabetização através do desenvolvimento de habilidades específicas, antes de poder efetivamente aprender a ler e escrever.

As demais alternativas apresentam concepções mais modernas sobre alfabetização, que não correspondem à prática didática descrita no texto. A alternativa A) enfatiza os conhecimentos prévios do aluno, B) focaliza a codificação e decodificação, C) destaca fatores sociais e culturais, e E) aborda a construção conceitual - todas essas são perspectivas que surgiram ou ganharam força após os anos 1980, em contraposição à visão de prontidão que predominava anteriormente.