A afirmação de Aranha (2006) de que “a instituição escolar não existiu sempre, e sua natureza e importância variaram no tempo, dependendo das necessidades socioeconômicas dos grupos em que esteve inserida”, busca desnaturalizar o conceito de escola, contextualizando seu surgimento e as razões que impeliram este movimento. A autora situa no século XVI o inicio da escola institucionalizada, semelhante a que existe nos dias atuais, aliada ao surgimento de dois conceitos importantes. Quais são esses conceitos?

O ensaio proposto parte da reflexão crítica de Aranha (2006) sobre a historicidade da instituição escolar, destacando seu caráter não natural, mas socialmente construído. A autora associa o surgimento da escola moderna no século XVI à emergência de dois conceitos fundamentais: infância e família (alternativa B). Essas noções, inexistentes como categorias sociais específicas na Antiguidade e Idade Média, ganharam relevância com as transformações do Renascimento e da Reforma Protestante, que passaram a enxergar a criança como sujeito distinto do adulto, demandando formação específica, e a família como núcleo afetivo e educacional.

A concepção moderna de infância, elaborada por pensadores como Comenius e Rousseau, rompeu com a visão medieval que assimilava crianças a "adultos em miniatura". Paralelamente, a família burguesa emergente reorganizou-se como espaço de afetividade e preparação para o mundo, exigindo da escola funções antes dispersas em oficinas ou mosteiros. Essa dupla construção histórica - a criança como ser em desenvolvimento e a família como célula educativa - tornou-se alicerce para a escolarização massiva posterior, demonstrando como a escola responde a demandas concretas de cada época, conforme enfatiza Aranha.