Questões Sobre Evasão Escolar - Pedagogia - concurso

O ensaio a seguir discute a questão da gestão escolar tradicional, marcada por um paradigma autoritário e centralizador, e analisa as alternativas apresentadas, destacando a resposta correta conforme o gabarito.

A gestão escolar, por muito tempo, foi pautada por um modelo hierárquico e burocrático, no qual a autoridade e o controle centralizado predominavam. Esse enfoque reflete uma visão mecanicista da administração, em que a eficiência é alcançada por meio da objetividade e da aplicação rigorosa de técnicas padronizadas. Nesse contexto, a alternativa D) – "A objetividade garante bons resultados, sendo a técnica o elemento fundamental para a melhoria do trabalho" – é a que melhor se alinha com essa perspectiva tradicional.

As demais alternativas apresentam visões mais flexíveis e dinâmicas da gestão, como a construção social da realidade (A), a imprevisibilidade do comportamento humano (B) e a aceitação de conflitos como parte do crescimento (C). Essas concepções estão mais associadas a modelos contemporâneos de gestão, que valorizam a participação, a adaptabilidade e a resolução colaborativa de problemas. No entanto, o gabarito indica que a resposta correta é a que reforça o paradigma tradicional, baseado no controle e na técnica como pilares da eficácia administrativa.

Portanto, a alternativa D) é a que melhor representa o pressuposto emergente do enfoque autoritário e centralizador da gestão escolar tradicional, conforme indicado no gabarito.

Alicia Fernández ressalta que o fracasso escolar pode ocorrer por causas "externas à estrutura familiar e individual do que fracassa em aprender, ou internas à estrutura familiar e individual". Partindo dessa reflexão, analisaremos as afirmativas sobre o tema.

A afirmativa I destaca a necessidade de planos de prevenção e intervenção nas instituições escolares para resolver problemas de aprendizagem reativos, o que está alinhado com a abordagem de Fernández ao considerar fatores externos. Já a afirmativa II aborda a intervenção psicopedagógica quando o fracasso está associado à estrutura individual e familiar da criança, correspondendo à perspectiva de causas internas apresentada pela autora.

A afirmativa III, por sua vez, descreve características da inibição cognitiva, mas não estabelece uma relação direta com as categorias de análise propostas por Fernández, ficando mais restrita a aspectos específicos do processo de aprendizagem.

Portanto, as afirmativas I e II são as que melhor refletem a perspectiva teórica de Alicia Fernández sobre as causas e abordagens do fracasso escolar, sendo a alternativa correta a letra A) I e II, apenas.

No que diz respeito às discussões sobre o fracasso escolar e suas relações com a família, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

(F) As famílias provenientes de classes baixas da população, por serem privadas de diversos recursos, tais como boa alimentação e acesso a cultura, não conseguem oferecer boas demandas para que seus filhos possam se desenvolver adequadamente, por isso essas crianças estão condenadas ao fracasso escolar.

(F) O desajuste familiar, como por exemplo, mães solteiras, impactam diretamente no desempenho acadêmico das crianças. Assim, crianças provenientes de lares desestruturados são as que mais apresentam queixas escolares e dificuldades de aprendizagem.

(V) A família é uma das responsáveis pelo desenvolvimento e aprendizagem da criança, considerando que os cuidadores são as primeiras fontes de socialização e serão referência afetiva para a construção de condutas das crianças. Por isso é importante que haja uma verdadeira parceria entre a escola e a família.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.

• A) F, V, F
• B) F, F, V
• C) V, V, F
• D) F, V, V

O gabarito correto é B).

A questão aborda diferentes perspectivas sobre evasão, abandono e repetência escolar, apresentando cinco assertivas que devem ser classificadas como verdadeiras (V) ou falsas (F). A análise dessas afirmações permite compreender como o fenômeno do fracasso escolar tem sido interpretado ao longo do tempo.

A primeira assertiva, baseada em Bourdieu e Passeron, afirma que a escola é responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos, especialmente os mais vulneráveis, reforçando seu caráter reprodutor. Esta afirmação é verdadeira (V), pois esses autores defendem que a escola reproduz as desigualdades sociais em vez de combatê-las.

A segunda afirmação, referente à obra "A pedagogia da repetência" de Ribeiro, atribui ao Estado a responsabilidade pelo fracasso escolar nos anos 80. Esta é falsa (F), pois o texto de Ribeiro critica justamente a tendência de culpar apenas o Estado, destacando que a escola também tem sua parcela de responsabilidade.

A terceira assertiva, que relaciona evasão e repetência com a forma como a escola recebe diferentes segmentos sociais, é verdadeira (V). Essa perspectiva considera que a escola muitas vezes não está preparada para lidar com a diversidade de seus alunos.

A quarta afirmação, que menciona como causas da evasão a falta de escolas, necessidade de trabalho e "excelente ensino" para filhos da classe trabalhadora, é falsa (F). O erro está na menção ao "excelente ensino", pois justamente o oposto ocorre - as escolas frequentadas pelas classes populares geralmente oferecem educação de menor qualidade.

Por fim, a quinta assertiva, que considera faltas, delinquência e abuso de drogas como preditores fracos de abandono escolar, é falsa (F). Na realidade, esses são fatores fortemente associados ao fracasso e abandono escolar.

Portanto, a sequência correta é V - F - V - F - F, correspondente à alternativa D). Essa análise demonstra como o fenômeno da evasão e repetência escolar é complexo e multifatorial, envolvendo aspectos institucionais, sociais e individuais.

O sistema educacional brasileiro enfrenta desafios históricos, como altas taxas de repetência, evasão escolar e analfabetismo, que evidenciam uma desconexão entre as políticas públicas e as reais necessidades da população. Conforme apontado por Luckesi (1999), décadas de campanhas pela erradicação do analfabetismo não produziram os resultados esperados, mantendo o país em patamares preocupantes. Essa realidade exige uma reflexão sobre os pilares da democratização da educação, que deve visar tanto o desenvolvimento coletivo quanto individual.

Entre as alternativas apresentadas para sustentar essa democratização, a opção correta é a E) acesso universal ao ensino, permanência na escola e qualidade satisfatória da instrução. Essa tríade representa os fundamentos essenciais para um sistema educacional inclusivo e eficaz. O acesso garante o direito à educação, a permanência combate a evasão escolar, e a qualidade assegura que o ensino seja transformador. Enquanto outras alternativas mencionam elementos importantes como avaliação e planejamento, apenas a alternativa E aborda de forma integral os três eixos estruturantes necessários para superar as desigualdades educacionais no Brasil.

A organização documental em uma escola é um aspecto fundamental para o bom funcionamento da instituição, sendo a secretaria escolar a principal responsável por essa tarefa. Entre suas atribuições, destacam-se a manutenção de registros como fichas de alunos, atas de conselho e atas finais, que são essenciais para o acompanhamento do rendimento e da frequência dos discentes.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) estabelece no artigo 12, inciso VIII, a obrigatoriedade de as escolas notificarem os órgãos competentes quando um aluno ultrapassar determinados limites de faltas. Conforme a legislação, essa notificação deve ocorrer quando o estudante atingir cinquenta por cento do percentual de faltas permitido em lei, o que corresponde à alternativa B) da questão apresentada.

Essa medida tem como objetivo garantir o direito à educação e combater a evasão escolar, permitindo que o Conselho Tutelar, o Poder Judiciário e o Ministério Público possam tomar as providências necessárias para assegurar a frequência do aluno à escola. Portanto, a correta interpretação e aplicação dessa norma é crucial para o cumprimento das obrigações legais por parte das instituições de ensino.

Com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), os itens apresentados descrevem as incumbências atribuídas às escolas no que diz respeito à sua organização, gestão e relação com a comunidade escolar. A legislação estabelece que a escola possui autonomia para elaborar e executar sua proposta pedagógica, conforme o item I, garantindo assim uma educação que atenda às necessidades específicas de seus alunos e da comunidade em que está inserida.

Além disso, os itens II e III destacam a responsabilidade da escola em administrar seus recursos humanos, materiais e financeiros, bem como assegurar o cumprimento da carga horária mínima exigida por lei. Essas atribuições reforçam o papel da instituição como gestora de seu próprio funcionamento, dentro dos parâmetros legais.

Os itens IV a VIII abordam questões relacionadas ao acompanhamento do trabalho docente, ao suporte aos alunos com dificuldades de aprendizagem e à comunicação com as famílias e órgãos competentes, como o Conselho Tutelar, em casos de irregularidades. Essas incumbências evidenciam a importância da escola como mediadora entre os alunos, suas famílias e a sociedade, garantindo o direito à educação e o cumprimento das normas estabelecidas.

Por fim, os itens IX a XI tratam de medidas voltadas para a promoção de um ambiente escolar seguro e inclusivo, com ações de prevenção à violência, ao bullying e ao uso de drogas. Essas atribuições reforçam o compromisso da escola com a formação integral dos estudantes, indo além do aspecto acadêmico e abrangendo questões sociais e emocionais.

Diante disso, fica claro que todas as incumbências listadas são de responsabilidade da escola, conforme estabelecido pela LDB. Portanto, a alternativa correta é D) Escola.

No contexto apresentado, a situação envolve uma criança que vem faltando sistematicamente à creche sem justificativas da família. Paula, como monitora, demonstrou responsabilidade ao comunicar a diretora sobre o caso, considerando o impacto que a ausência pode ter no desenvolvimento infantil e o direito da criança à educação.

A primeira atitude correta a ser tomada pela diretora, conforme indicado pelo gabarito, é a alternativa A) conversar com os pais ou responsáveis. Essa abordagem é a mais adequada por vários motivos:

• Permite entender as razões por trás das faltas, que podem estar relacionadas a questões familiares, de saúde ou outras dificuldades.
• Estabelece um diálogo direto com a família, fortalecendo a parceria entre a instituição e os responsáveis.
• Possibilita orientar os pais sobre a importância da frequência escolar e os efeitos negativos das ausências prolongadas.
• Evita medidas mais extremas inicialmente, como notificações ou intervenções externas, que podem ser desnecessárias se o problema for resolvido com comunicação.

As demais alternativas, embora possam ser pertinentes em situações mais graves ou após esgotadas as tentativas de diálogo, não representam a primeira ação adequada. Notificar a Associação de Pais e Mestres (B), a Secretaria de Educação (C), registrar um boletim de ocorrência (D) ou acionar a Assistência Social (E) são medidas que devem ser consideradas apenas se a conversa com a família não resolver o problema ou se houver indícios de negligência ou violação de direitos.

Portanto, o diálogo com os responsáveis é o passo inicial mais coerente, alinhado com o princípio de buscar soluções colaborativas e de proteção ao desenvolvimento da criança.

A evasão no ensino superior é um tema complexo e multifacetado, cuja interpretação varia conforme a definição adotada. Dados do MEC apontam um índice alarmante de aproximadamente 45%, mas essa estatística não reflete necessariamente um cenário puramente negativo. Parte significativa desse percentual pode ser atribuída à mobilidade acadêmica, como mudanças de curso ou transferências, caracterizando o que se denomina "evasão aparente".

A distinção entre evasão aparente e real é crucial para uma análise precisa do fenômeno. A primeira engloba situações como jubilamento, cancelamento de matrícula ou perda de vaga, enquanto a segunda diz respeito ao abandono definitivo do sistema de ensino. A alternativa correta (E) destaca justamente esse aspecto, diferenciando-se das demais ao focar no rompimento permanente do vínculo estudantil, em contraste com transferências ou motivações específicas (financeiras ou acadêmicas).

Essa classificação revela um paradoxo: embora os números gerais sejam preocupantes, nem todos os casos representam fracasso educacional. A evasão real, porém, demanda atenção prioritária por simbolizar a exclusão definitiva de indivíduos do processo formativo, com impactos sociais e econômicos de longo prazo. A compreensão dessas nuances é essencial para políticas públicas que visem não apenas reduzir estatísticas, mas efetivamente garantir a permanência e conclusão dos estudos.

A evasão e o abandono escolar são fenômenos multifacetados, resultantes de uma complexa interação entre fatores individuais, sociais e institucionais. Como aponta o texto, esse processo não se resume a uma simples decisão do aluno, mas envolve questões como reprovações sucessivas, desestrutura familiar, violência no ambiente escolar e a falta de perspectivas em relação ao futuro. A alternativa correta (A) – "cumulativo", "reprovações", "valores", "brigas", "desrespeito" – demonstra como esses elementos se entrelaçam, criando um ciclo que afasta os estudantes da escola.

A natureza cumulativa do problema é especialmente relevante, pois mostra que cada reprovação, conflito ou falta de apoio amplifica o risco de evasão. A ausência de formação em valores e o desrespeito dentro da sala de aula refletem tanto uma crise educacional quanto social, onde a escola deixa de ser percebida como um espaço de transformação. Essa análise vai ao encontro da visão de Silva Filho e Araújo (2017), que destacam a necessidade de políticas públicas que enfrentem essas causas de forma integrada, reconhecendo que o abandono escolar é sintoma de desigualdades profundas.