Questões Sobre História da Educação Brasileira - Pedagogia - concurso

O texto apresentado, citando Belloni através de Bianchetti, aborda a necessidade de integração entre educação e mundo do trabalho, destacando a importância da formação continuada alinhada às demandas profissionais. A análise das afirmativas revela o seguinte:

I. Correta. A autora enfatiza a sinergia entre o campo educacional e o econômico, sugerindo que a formação para o trabalho não deve dissociar-se da qualificação humana, mas integrá-la em estruturas de aprendizagem contínua.

II. Incorreta. O texto não menciona críticas às universidades corporativas, tampouco as "leva ao pé da letra". O foco está na colaboração entre educação e trabalho, sem juízos de valor sobre modelos específicos.

III. Incorreta. Embora a democratização do acesso à educação superior seja um tema relevante, a citação não aborda diretamente a questão da plena cidadania para filhos de trabalhadores. O trecho concentra-se na articulação entre formação e ambientes laborais.

Portanto, apenas a afirmativa I está correta, conforme indicado na alternativa D).

No contexto das reformas democráticas e emancipatórias para o século XXI, Boaventura de Sousa Santos (2004) destaca a necessidade de reconquistar a legitimidade da universidade, especialmente no que diz respeito à sua relação com a escola pública. Essa discussão coloca em evidência o saber pedagógico como eixo central, abrangendo três dimensões fundamentais para a transformação educacional.

O saber pedagógico, conforme apontado no texto, envolve três subitens interligados: a produção e difusão do saber pedagógico, a pesquisa educacional e a formação de docentes para a escola pública. Esses elementos são essenciais para fortalecer a conexão entre a universidade e a educação básica, promovendo uma prática educativa mais crítica e contextualizada.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra C, pois sintetiza de forma abrangente as três dimensões necessárias para a reconquista da legitimidade universitária no campo da educação: a geração e circulação de conhecimentos pedagógicos (produção/difusão), a investigação comprometida com a realidade escolar (pesquisa educacional) e o preparo de professores capazes de atuar nas escolas públicas (formação docente).

As outras alternativas, embora abordem aspectos relevantes da formação docente e da pesquisa, não contemplam de forma integrada os três pilares do saber pedagógico propostos por Santos. A ênfase na escola pública, presente na alternativa C, reforça o compromisso social da universidade com a democratização do conhecimento e a melhoria da educação básica.

A transnacionalização do mercado de serviços universitários é um dos pilares do projeto neoliberal para a universidade. Este projeto está articulado com a redução do financiamento público, mas não se limita a ela. Outros fatores igualmente decisivos são:

I desregulação das trocas comerciais em geral.
II defesa da solução mercantil por parte das agências financeiras multilaterais.
III revolução nas tecnologias de informação e de comunicação.
IV polarização das ideias no âmbito das universidades confessionais.

Dentre os fatores acima:

• A) somente II e III estão corretos.
• B) somente I e II estão corretos.
• C) todos estão corretos.
• D) somente I, II e III estão corretos.
• E) somente III e IV estão corretos.

O gabarito correto é D).

Entre a década de 1980 até meados da década de 1990, as universidades privadas sem fins lucrativos enfrentaram o desafio de garantir sua sobrevivência por meio da expansão e mercadorização. Esse período marcou uma fase de crescimento nacional, seguido pelo surgimento de um mercado transnacional de educação superior no final dos anos 1990, impulsionado por entidades que enxergavam nesse modelo uma solução global para os problemas educacionais.

De acordo com o texto, as instituições que defendiam essa perspectiva eram:

• I o Banco Mundial, que historicamente promove políticas de privatização e mercantilização da educação como parte de suas diretrizes econômicas.
• II a Organização Mundial de Comércio, que incluiu a educação como um serviço passível de liberalização e comércio internacional.

As demais opções apresentadas não correspondem às principais entidades citadas no contexto da globalização da educação superior:

• III O Conselho de Especialistas em Educação do Senado não é mencionado como um ator relevante nesse cenário transnacional.
• IV O Ministério da Educação e Cultura atua em âmbito nacional, não sendo um protagonista na defesa do mercado globalizado de educação.
• V A UNESCO, embora seja uma organização internacional, tem uma abordagem mais crítica em relação à mercantilização da educação.

Portanto, a alternativa correta é B) somente I e II estão corretos, pois apenas o Banco Mundial e a Organização Mundial de Comércio são identificados como os principais defensores da educação superior como um mercado transnacional.

Analise as duas afirmativas e verifique a possibilidade de relação causal entre elas.

I A crise institucional ao longo de dois séculos configura-se como o elo mais fraco da universidade pública.

PORQUE

II A autonomia científica e pedagógica da universidade pública está assentada na dependência financeira do Estado.

Sobre as afirmativas acima, pode-se dizer que:

• A) I e II estão corretas, e a afirmativa II é uma justificativa da afirmativa I.
• B) I e II estão corretas, e a afirmativa II NÃO é uma justificativa da afirmativa I.
• C) I está correta, mas a afirmativa II está errada.
• D) I está errada, mas a afirmativa II está correta.
• E) I e II estão erradas.

O gabarito correto é A.

Na década de 1990, a universidade enfrentou uma série de crises que evidenciaram a urgência de reformas estruturais. Esses desafios refletiam as transformações sociais, políticas e econômicas do final do século XX, exigindo uma reavaliação do papel das instituições de ensino superior.

As crises mencionadas no texto são:

• I. Crise de hegemonia: Relacionada à perda de influência da universidade como principal centro produtor e disseminador de conhecimento, diante do surgimento de novas fontes de informação e atores sociais.
• II. Crise de legitimidade: Referente à questionamento sobre a relevância social da universidade e sua capacidade de atender às demandas da sociedade.
• III. Crise institucional: Envolvia problemas de gestão, burocracia e dificuldades de adaptação às mudanças do contexto histórico.

A crise de infraestrutura (IV), embora seja um desafio recorrente em muitas instituições, não é considerada uma das crises centrais que demandavam reformas profundas no modelo universitário da época. Portanto, a alternativa correta é a B) somente I, II e III estão corretas, conforme indicado no gabarito.

Essas crises interligadas demonstraram a necessidade de repensar a universidade como instituição, seu compromisso social e seu modelo de funcionamento, temas que continuam relevantes nas discussões sobre educação superior até os dias atuais.

O modelo neonapoleônico, que influenciou a estruturação do ensino superior no Brasil, tem moldado o perfil da maioria das universidades brasileiras. Esse modelo prioriza a formação profissional e a disseminação do conhecimento em detrimento da produção científica e da pesquisa avançada. Dessa forma, as instituições de ensino superior (IES) que seguem esse padrão são classificadas principalmente como universidades:

• A) de ensino.
• B) híbridas.
• C) de pesquisa.
• D) profissionalizantes.
• E) filantrópicas.

O gabarito correto é A) de ensino, pois o modelo neonapoleônico enfatiza a transmissão de conhecimento e a formação de profissionais, em vez de focar na pesquisa ou em outras características institucionais.

As universidades neo-humboldtianas representam um modelo de ensino superior que busca aliar a formação acadêmica à pesquisa científica, seguindo os princípios estabelecidos por Wilhelm von Humboldt. Suas características centrais incluem:

I. Alto percentual de professores com título de doutor: Essa é uma marca essencial, pois garante que o corpo docente possua qualificação avançada, capaz de conduzir pesquisas e orientar alunos em níveis mais elevados de estudo.

II. Alto percentual de professores em regime de tempo integral: A dedicação exclusiva permite maior envolvimento com atividades de pesquisa e orientação, fortalecendo a integração entre ensino e produção de conhecimento.

III. Pós-graduação consolidada: A existência de programas de mestrado e doutorado bem estruturados é fundamental, pois reflete a maturidade da instituição em formar pesquisadores e contribuir para o avanço da ciência.

IV. Existência efetiva de pesquisa associada à formação: A pesquisa não é apenas um complemento, mas parte integrante do processo educativo, permitindo que os alunos desenvolvam habilidades críticas e participem ativamente da construção do saber.

Portanto, todas as afirmativas (I, II, III e IV) estão corretas, pois descrevem aspectos intrínsecos ao modelo neo-humboldtiano. A alternativa C é a resposta adequada.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi fundada em 1966, durante um período de expansão e modernização do ensino superior no Brasil. Sua estrutura organizacional e acadêmica foi inspirada em um modelo inovador para a época, buscando diferenciar-se das universidades tradicionais.

Entre as opções apresentadas, a alternativa correta é a D) UnB (Universidade de Brasília). A Unicamp seguiu um modelo semelhante ao da UnB, que havia sido criada poucos anos antes, em 1962. Ambas as instituições romperam com a estrutura departamental rígida das universidades mais antigas, como a USP e a UFRJ, adotando uma organização mais flexível, baseada em institutos interdisciplinares.

Esse modelo permitiu maior integração entre as áreas do conhecimento e uma abordagem mais moderna para o ensino e a pesquisa. Tanto a UnB quanto a Unicamp foram projetadas como universidades completas desde sua fundação, com campus integrado e uma visão de desenvolvimento científico e tecnológico alinhado com as necessidades do país.

No Brasil, a trajetória do ensino superior, desde as adaptações do modelo napoleônico até uma aproximação com o modelo humboldtiano, foi marcada por uma série de eventos fundamentais ao longo do século XX. Esse processo ganhou maior destaque na década de 1980, com o debate em torno da indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão. No entanto, as bases para essa transformação foram estabelecidas décadas antes, com a criação de instituições científicas e acadêmicas que impulsionaram a pesquisa no país.

Entre os principais eventos que pavimentaram esse caminho, destaca-se a fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em 1948, uma entidade crucial para a defesa da ciência e da educação no Brasil. Logo em seguida, em 1951, foram criados o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), organismos essenciais para o fomento à pesquisa e à formação de recursos humanos qualificados. Além disso, em 1962, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) surgiu como uma das primeiras agências estaduais de apoio à ciência, consolidando um ecossistema de pesquisa no país.

Portanto, a alternativa correta que lista essas instituições fundadoras é a A), que menciona a SBPC (1948), o CNPq e a Capes (1951) e a Fapesp (1962). Essas organizações foram pilares na construção de um sistema de ensino superior mais alinhado com a integração entre pesquisa e educação, princípio central do modelo humboldtiano.