Questões Sobre História da Educação Brasileira - Pedagogia - concurso

Os motivos para que a educação no Brasil ganhasse maior atenção da sociedade a partir de 1920 estão listados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.

• A) Continuidade das correntes imigratórias.
• B) Crescente urbanização.
• C) Surgimento das primeiras indústrias.
• D) Início da crise cafeeira.
• E) Universalização do direito de voto.

O gabarito correto é E) Universalização do direito de voto.

Sobre a Reforma Capanema, implementada no Brasil entre 1942 e 1946, é importante analisar as afirmativas apresentadas para compreender seu impacto na estrutura educacional da época.

A primeira afirmativa menciona que o Ensino Secundário foi organizado em um curso ginasial composto por duas séries. Essa informação é falsa (F), pois a Reforma Capanema estabeleceu o curso ginasial com quatro séries, não duas. Esse período correspondia à primeira etapa do secundário, seguido pelo colegial, que durava mais três anos.

A segunda afirmativa destaca que o Ensino Profissionalizante foi dividido em quatro modalidades: Industrial, Comercial, Agrícola e Normal. Essa afirmação é verdadeira (V), pois a reforma realmente estruturou o ensino técnico nessas quatro áreas, buscando formar mão de obra qualificada para atender às demandas do desenvolvimento nacional.

Por fim, a terceira afirmativa diz que o Ensino Primário foi organizado em um curso de quatro anos, complementado por um ano preparatório para o exame de admissão. Essa informação é verdadeira (V), já que a reforma manteve o primário de quatro anos e incluiu um ano adicional de preparação para o exame que dava acesso ao ensino secundário.

Portanto, a sequência correta das respostas é F, V e V, correspondente à alternativa B).

Com relação à educação brasileira no período colonial, é importante analisar as afirmativas apresentadas para compreender o contexto histórico e social da época.

A afirmativa I está correta, pois a educação não era prioridade para a maior parte da população colonial, uma vez que a economia se baseava na monocultura e no trabalho escravo. A mão de obra escravizada era mantida à margem do processo educacional, e a elite agrária não via necessidade de ampliar o acesso à educação.

A afirmativa II também está correta, pois os jesuítas desempenharam um papel fundamental na oferta educacional no Brasil colonial. Eles estabeleceram escolas e missões com o objetivo de catequizar os indígenas e, em menor escala, educar os filhos da elite colonial.

Já a afirmativa III está incorreta, pois o direito à educação, embora restrito, não era exclusivo dos donos de terras e senhores de engenho, nem se estendia às mulheres de forma igualitária. A educação feminina era limitada e voltada principalmente para os preceitos religiosos e domésticos.

Portanto, a alternativa correta é D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas, já que a III não reflete com precisão a realidade educacional do período colonial brasileiro.

Segundo Michel Foucault (1995) e os analistas institucionais, a escola é frequentemente associada a uma figura específica que reflete seu funcionamento e estrutura. Entre as opções apresentadas, a resposta correta é:

• D) Espelho

Essa analogia sugere que a escola age como um espelho da sociedade, reproduzindo suas normas, hierarquias e valores. Foucault e os teóricos institucionais destacam que a instituição escolar não apenas transmite conhecimento, mas também reflete e reforça as dinâmicas de poder e controle presentes no contexto social mais amplo.

Conforme os estudos de Philippe Ariès sobre a concepção de infância na Idade Média, é CORRETO afirmar:

• A) Havia preocupação com a proteção integral e o desenvolvimento das crianças conforme as particularidades dessa faixa etária.
• B) As crianças possuíam vestimentas próprias e brinquedos e brincadeiras adequadas à sua idade.
• C) O sentimento de infância começou a desaparecer, pois estas tiveram que abandonar suas brincadeiras para ingressarem no mundo adulto.
• D) A infância não era uma categoria socialmente reconhecida, pois as crianças se confundiam com as demais pessoas nas tarefas adultas.

O gabarito correto é D).

O texto apresentado aborda as diferentes concepções pedagógicas ao longo da história, dividindo-as em duas grandes tendências: as que priorizam a teoria sobre a prática e as que subordinam a teoria à prática. A análise dos itens permite identificar quais afirmações estão corretas.

No item I, afirma-se que as concepções pedagógicas podem ser agrupadas em duas tendências: uma que prioriza a teoria sobre a prática e outra que subordina a teoria à prática. No entanto, o texto comete um equívoco ao afirmar que a Pedagogia Tradicional subordina a teoria à prática e que a Pedagogia Nova prioriza a teoria. Na verdade, ocorre o contrário: a Pedagogia Tradicional está centrada na transmissão de conhecimentos (prática moldada pela teoria), enquanto a Pedagogia Nova valoriza a experiência e a aprendizagem ativa (prática sobre a teoria). Portanto, o item I está incorreto.

O item II descreve corretamente as concepções tradicionais, desde Platão até o método de ensino intuitivo do século XIX. Essas pedagogias enfatizam a centralidade da instrução, a figura do professor como transmissor de conhecimento e a assimilação de conteúdos pelos alunos. A prática é moldada pela teoria, o que caracteriza uma subordinação da prática à teoria. Essa afirmação está alinhada com a bibliografia pedagógica e, portanto, está correta.

Já o item III apresenta as correntes renovadoras, como a Escola Nova e o construtivismo, afirmando que elas desembocam em teorias da aprendizagem, mas sem centralidade no educando ou na interação entre alunos e professores. Essa descrição está equivocada, pois as pedagogias renovadoras justamente colocam o aluno no centro do processo, valorizando sua autonomia e a interação. Além disso, o texto inverte a relação entre teoria e prática, afirmando que essas correntes estabelecem o primado da teoria sobre a prática, quando, na realidade, elas valorizam a prática e a experiência direta. Portanto, o item III está incorreto.

Dessa forma, apenas o item II está correto, o que corresponde à alternativa D).

Durante o período colonial no Brasil (1530-1822), os Jesuítas desempenharam um papel fundamental na educação da colônia, seguindo um modelo pedagógico estruturado e influente. A alternativa correta sobre sua atuação é a letra B), que afirma que os Jesuítas adotaram o método de ensino conhecido como Ratio Studiorum, inspirado no modelo medieval escolástico.

O Ratio Studiorum era um sistema educacional rigoroso, desenvolvido pela Companhia de Jesus, que priorizava a formação humanista, religiosa e intelectual. Esse método organizava os estudos em etapas progressivas, com ênfase na retórica, filosofia e teologia, alinhando-se aos princípios da Igreja Católica. A educação jesuítica, embora elitizada e voltada principalmente para a formação de sacerdotes e membros da elite colonial, foi a base do ensino no Brasil por séculos.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou anacrônicas. Os Jesuítas não instauraram uma educação pública no sentido moderno (A), nem foram expulsos por defenderem uma "educação democrática" (C) — na verdade, sua expulsão em 1759 ocorreu por motivos políticos e econômicos, durante o governo do Marquês de Pombal. Também não foram responsáveis pela criação dos primeiros cursos jurídicos (D), que só surgiram no Império, em 1827, e sua influência na Colônia foi, sem dúvida, marcante (E), contrariando a afirmação de que teriam sido irrelevantes.

Portanto, a alternativa B) é a única que reflete com precisão o legado educacional dos Jesuítas no Brasil colonial, destacando seu método pedagógico e sua contribuição duradoura para a história da educação no país.

Em relação aos princípios orientadores do ensino no Brasil, a alternativa incorreta é a letra D), que menciona a "transferência para candidatos procedentes de outras escolas".

Os princípios fundamentais da educação brasileira, conforme estabelecidos na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), incluem:

• A) Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas – garantindo a liberdade de ensino e a diversidade de abordagens educacionais.
• B) Gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais – assegurando o direito à educação sem custos para o aluno.
• C) Coexistência de instituições públicas e privadas – permitindo diferentes modelos de gestão e financiamento.
• E) Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola – combatendo desigualdades e promovendo a inclusão.

A alternativa D), no entanto, não se configura como um princípio orientador do ensino brasileiro. A transferência de alunos entre escolas, embora possa ocorrer na prática, não está prevista como um direito ou diretriz legal, diferentemente dos outros itens listados.

A Lei nº 11.645/2008 representa um marco importante na educação brasileira ao incluir no currículo escolar o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Essa legislação visa não apenas preencher lacunas históricas, mas também promover o reconhecimento e valorização das contribuições dos povos negro e indígena na formação da sociedade brasileira.

O texto apresentado destaca os principais conteúdos programáticos que devem ser abordados, incluindo:

• A história da África e dos africanos
• A luta dos negros e indígenas no Brasil
• A cultura negra e indígena brasileira
• A participação desses povos na formação da sociedade
• Suas contribuições nas áreas social, econômica e política

Quanto à abrangência da lei, conforme o art. 26, esses conteúdos devem constar nos currículos dos estabelecimentos de ensino:

dos ensinos fundamental e médio das redes pública e particular

Esta determinação legal busca garantir que todas as crianças e jovens, independentemente do tipo de instituição que frequentam, tenham acesso a um conhecimento mais completo e plural sobre a formação do Brasil, superando visões eurocêntricas que tradicionalmente dominaram o ensino de história.

O pensamento de Jacques Delors, expresso no "Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI" (1998), revolucionou a concepção tradicional de educação ao defender a aprendizagem contínua como resposta às demandas da sociedade do conhecimento. Sua visão supera a ideia de terminalidade dos cursos, especialmente no ensino superior, propondo uma formação permanente baseada em quatro pilares fundamentais.

Entre as alternativas apresentadas, a correta é a D), que sintetiza os pilares da educação conforme Delors: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Esses princípios representam uma abordagem holística da educação, integrando dimensões cognitivas, práticas, sociais e existenciais.

O primeiro pilar, aprender a conhecer, refere-se ao domínio dos instrumentos do conhecimento, desenvolvendo a curiosidade intelectual e a capacidade de aprender a aprender. O segundo, aprender a fazer, relaciona-se à aplicação prática do conhecimento, adaptando-o a contextos profissionais e sociais em constante transformação.

O terceiro pilar, aprender a conviver, trata da construção de relações interpessoais e da compreensão mútua, essenciais em sociedades cada vez mais diversas. Por fim, aprender a ser engloba o desenvolvimento integral da pessoa, formando indivíduos autônomos, críticos e responsáveis.

Essa proposta mantém extrema atualidade, oferecendo diretrizes para uma educação capaz de preparar os indivíduos para os desafios complexos do século XXI, onde a aprendizagem deixou de ser uma fase da vida para tornar-se um processo contínuo e permanente.