Questões Sobre O Desenvolvimento dos Conceitos Científicos na Infância - Pedagogia - concurso

De acordo com Mèredieu (2006), o estágio vegetativo motor, dentro da evolução do desenho infantil, é caracterizado por traços que refletem uma simples excitação motora. Nessa fase inicial, a criança produz movimentos mais arredondados, convexos ou alongados, mantendo o lápis em contato constante com a folha. Esses "turbilhões elípticos", como descreve a autora, partem do centro e demonstram uma expressão gráfica ainda muito ligada ao gesto físico, sem preocupação com representações figurativas ou imitação da escrita adulta.

A alternativa A é a correta porque descreve precisamente esse momento do desenvolvimento, no qual o traçado da criança é essencialmente motor, sem intenção representacional. As outras opções desviam-se dessa definição ao mencionar características de estágios posteriores, como o controle visual do traçado (B), a imitação da escrita (C), o aparecimento de formas descontínuas (D) ou a tentativa de representação verbalizada (E), que não correspondem ao estágio vegetativo motor conforme apresentado por Mèredieu.

O monitor de creche Flávio, ao trabalhar com crianças de um ano de idade, demonstra compreensão sobre o desenvolvimento infantil nessa fase. Nessa etapa, as crianças aprendem e se expressam principalmente por meio de ações e movimentos, ainda não possuindo habilidades motoras e cognitivas mais complexas. Portanto, a escolha de atividades deve ser adequada ao seu estágio de desenvolvimento.

Entre as opções apresentadas, a alternativa C) é a mais apropriada, pois envolve uma interação física simples e afetiva entre o adulto e a criança, com movimentos suaves e repetitivos acompanhados de uma cantiga. Essa atividade estimula o vínculo, o ritmo e a coordenação motora de forma segura e prazerosa para bebês de um ano.

As demais alternativas envolvem regras complexas (A, D, E) ou movimentos muito elaborados (B) que não são compatíveis com as capacidades de crianças tão pequenas. A atividade proposta na opção C) respeita as limitações e potencialidades dessa faixa etária, promovendo desenvolvimento por meio de uma experiência lúdica e acessível.

O desenvolvimento da linguagem na primeira infância é um processo complexo e essencial, que depende não apenas de estímulos linguísticos, mas também de um ambiente afetivo favorável. Como destacado por Arribas e colaboradores (2004), a interação comunicativa deve ser pautada pela clareza, pela adequação sintática e, sobretudo, pela sensibilidade às intenções da criança. Dentro desse contexto, a alternativa D) – que propõe falar com a criança e ouvi-la para enriquecer sua capacidade comunicativa – é a mais coerente com os princípios de uma educação infantil eficaz.

As demais alternativas apresentam equívocos em relação às estratégias adequadas para o desenvolvimento linguístico. Falar rápido (alternativa A) pode dificultar a compreensão, enquanto a linguagem excessivamente infantilizada (alternativa B) pode limitar a exposição a estruturas mais complexas. Evitar falar com a criança (alternativa C) priva-a de modelos linguísticos essenciais, e focar apenas nos fonemas (alternativa E) reduz a comunicação a um aspecto mecânico, negligenciando sua função social e afetiva.

Portanto, a interação dialógica, em que a criança é ouvida e incentivada a se expressar, é fundamental para o desenvolvimento pleno de suas habilidades comunicativas, confirmando a alternativa D como a correta.

De acordo com Dias, citado por Kishimoto (2009), a educação político-estética surge como uma alternativa para transformar a realidade rígida e opressora presente em muitas instituições escolares. Essa abordagem reconhece o ser humano como um ser simbólico, cujo pensamento está intrinsecamente ligado à capacidade de sonhar, imaginar e interagir criativamente com a realidade. Nesse contexto, a Educação Infantil deve proporcionar experiências que valorizem a expressão e o desenvolvimento integral da criança.

Entre as alternativas apresentadas, a opção E) destaca-se como a correta, pois está alinhada com os princípios de uma educação que respeita o processo de construção do pensamento infantil. Essa perspectiva defende o direito da criança de se desenvolver por meio de linguagens expressivas como o jogo, o desenho e a música, entre outras, reconhecendo a importância dessas atividades para sua formação integral.

As demais alternativas apresentam limitações que contradizem a proposta de uma educação político-estética. Enquanto algumas priorizam o ensino formal de conceitos específicos (A) ou a imposição de uma rotina rígida (B), outras restringem a espontaneidade infantil a momentos e espaços determinados (C) ou segregam as atividades lúdicas em períodos específicos (D). A alternativa E, por outro lado, enfatiza a importância de integrar as linguagens expressivas no cotidiano escolar, garantindo que a criança possa desenvolver-se de maneira plena e significativa.

Em Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem, Vitor da Fonseca apresenta uma abordagem integrada sobre o desenvolvimento infantil, destacando a interação entre fatores biológicos e sociais. O autor propõe que o crescimento da criança não é um processo isolado, mas sim uma reconstrução dinâmica dessas duas heranças fundamentais. Ao final da obra, ele sintetiza sua teoria em 13 postulados, que servem como pilares para compreender como ocorre a aprendizagem humana.

Entre os postulados apresentados, o que melhor reflete a perspectiva de Fonseca é a alternativa B: "o desenvolvimento cognitivo da criança é determinado pela história concreta da experiência psicomotora que ela edificou em um dado contexto sociocultural". Esta afirmação está em perfeita sintonia com a visão holística do autor, que enfatiza a importância das vivências motoras no contexto cultural como base para a construção do conhecimento.

As demais alternativas apresentam concepções que divergem da teoria de Fonseca. A alternativa A inverte a relação entre desenvolvimento psicomotor e psicolinguístico. A C desconsidera a interdependência entre maturação biológica e experiência social, aspecto central na obra. A D nega a importância das aquisições auditivas, contrariando o papel dos sentidos no desenvolvimento. Por fim, a E propõe uma sequência de maturação que não corresponde à visão integradora defendida pelo autor.

Portanto, a alternativa B corretamente representa um dos postulados fundamentais da teoria de Vitor da Fonseca, destacando a relação indissociável entre experiência motora, contexto sociocultural e desenvolvimento cognitivo na aprendizagem humana.

O ensaio a seguir discute como compatibilizar a proposta de Keith Swanwick para o ensino musical, considerando as dificuldades enfrentadas no ensino da notação musical braille, conforme apresentado nos textos fornecidos.

Keith Swanwick defende um ensino musical equilibrado, abrangendo técnica, execução, composição, literatura e apreciação. Essa abordagem holística visa desenvolver não apenas habilidades práticas, mas também a compreensão e a criatividade musical. No entanto, quando aplicada a alunos com deficiência visual, surgem desafios específicos, principalmente em relação à literatura musical, devido às barreiras no acesso à notação braille.

O texto 2 destaca que a musicografia braille frequentemente é negligenciada, seja pela falta de professores qualificados, seja pela preferência de alguns alunos deficientes visuais em confiar apenas na audição. Essa realidade cria uma lacuna no processo educacional, pois a representação gráfica dos sons é um componente fundamental para a compreensão musical completa.

Diante desse cenário, a alternativa E) apresenta a solução mais adequada: estimular a relação entre aluno e professor através da literatura em musicografia braille, mantendo os outros aspectos da proposta de Swanwick. Essa abordagem reconhece que técnica, execução, composição e apreciação são acessíveis ao deficiente visual, enquanto a literatura musical requer adaptações específicas.

Ao priorizar o ensino da musicografia braille, não apenas se preserva a integralidade da proposta pedagógica de Swanwick, como também se empodera o aluno com deficiência visual, dando-lhe autonomia para ler e escrever música. Essa solução evita a exclusão de qualquer componente do ensino musical e, ao mesmo tempo, enfrenta diretamente as barreiras educacionais mencionadas no texto 2.

As outras alternativas apresentam limitações: a opção A) sugere uma compensação inadequada entre os aspectos musicais; a B) propõe a eliminação injustificada de um componente essencial; a C) perpetua a negligência com a musicografia braille; e a D) recomenda a desconsideração de partes da proposta original sem necessidade. A alternativa E), portanto, é a que melhor harmoniza a teoria pedagógica com as necessidades práticas do ensino inclusivo.

O desenvolvimento da linguagem oral na Educação Infantil é um processo complexo e multifacetado, que não ocorre de forma linear, como sugere a alternativa A. A construção da fala envolve trocas sociais, experiências variadas e interações significativas, que vão muito além de uma simples imitação ou aproximação sucessiva da fala dos pares.

As demais alternativas apresentam características corretas sobre a linguagem oral nessa fase:

• B) A linguagem está de fato presente no cotidiano das instituições, sendo parte integrante das interações entre crianças e adultos.
• C) A linguagem oral realmente serve como ferramenta para comunicação de ideias, expressão de pensamentos e estabelecimento de relações interpessoais.
• D) A construção da linguagem envolve efetivamente processos de verbalização e negociação de sentidos entre os interlocutores.

Portanto, a afirmação incorreta é realmente a alternativa A, pois reduz um processo rico e dinâmico a uma sequência linear e simplista, desconsiderando a natureza social e interacional da aquisição da linguagem.

A organização das situações de aprendizagem no cotidiano das creches e pré-escolas é fundamental para promover o desenvolvimento integral das crianças. A associação entre as colunas I e II permite compreender como diferentes estratégias pedagógicas podem ser aplicadas de acordo com os objetivos educacionais.

Na COLUNA I, temos três maneiras distintas de organizar as situações de aprendizagem:

1. Atividades permanentes
2. Projetos
3. Sequência de atividades

Já na COLUNA II, encontramos as descrições que correspondem a cada uma dessas formas de organização:

• (2) Projetos: atividades articuladas em torno da obtenção de um produto final, visível e compartilhado com as crianças, ao redor do qual são organizadas as atividades.
• (3) Sequência de atividades: ações planejadas e orientadas com o objetivo de promover uma aprendizagem específica e definida, oferecendo desafios com graus diferentes de complexidade.
• (1) Atividades permanentes: situações propostas de forma sistemática e com regularidade, mas não necessariamente diárias.

Portanto, a sequência correta é B) 2 3 1, conforme indicado no gabarito. Essa associação demonstra a importância de diversificar as estratégias pedagógicas para atender às necessidades e interesses das crianças, promovendo aprendizagens significativas e contextualizadas.

O ensino de conhecimentos matemáticos na Educação Infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo e social da criança. Analisando as assertivas apresentadas, é possível identificar quais delas estão corretas e contribuem para uma compreensão adequada desse processo.

A assertiva I está correta, pois o trabalho com conceitos matemáticos na infância estimula o raciocínio lógico e a capacidade de resolver problemas, habilidades essenciais para o aprendizado futuro. Já a assertiva II é incorreta, uma vez que as atividades matemáticas são indispensáveis na Educação Infantil, servindo como base para a construção de conhecimentos mais complexos.

A assertiva III também está correta, pois o contato com números, formas, medidas e grandezas desde cedo auxilia a criança a compreender o mundo ao seu redor. Por fim, a assertiva IV está correta, pois situações cotidianas, como consultar calendários ou participar de transações comerciais simples, introduzem a função social dos números.

Portanto, a alternativa que contém apenas as assertivas corretas é a C) Somente as assertivas I, III e IV estão corretas, confirmando a importância da matemática no desenvolvimento infantil e sua aplicação prática na vida da criança.

De acordo com Vygotsky (1993), o desenvolvimento dos conceitos científicos na infância é um processo complexo e dinâmico, que envolve a interação entre o pensamento espontâneo da criança e os conceitos sistematizados apresentados pelo ensino. A alternativa correta, neste contexto, é a letra A), que afirma que "um conceito expresso em uma palavra expressa um ato de generalização". Isso está em consonância com a teoria vygotskyana, que compreende a linguagem como ferramenta fundamental para a construção de significados e a formação de conceitos.

Vygotsky argumenta que os conceitos não são simplesmente assimilados de forma passiva, mas são construídos pela criança por meio de um processo de internalização mediado pela linguagem e pela interação social. A palavra, nesse sentido, funciona como um signo que permite à criança generalizar experiências e organizar o pensamento. Portanto, a generalização é um aspecto essencial na formação de conceitos, seja nos espontâneos (cotidianos) ou nos científicos.

As demais alternativas apresentam equívocos em relação à teoria de Vygotsky. A letra B) ignora que o ensino direto de conceitos, sem considerar o desenvolvimento real da criança, pode ser ineficaz. A letra C) desconsidera que os conhecimentos científicos passam por um processo de elaboração e reconstrução pela criança. A letra D) contradiz a ideia de que os conceitos não são simplesmente absorvidos prontos, mas construídos ativamente. Por fim, a letra E) reduz a formação de conceitos a um treinamento mecânico, negligenciando sua natureza dialética e mediada pela cultura.