Questões Sobre Problemas de Aprendizagem na Escola - Pedagogia - concurso

O estudo da Psicologia Educacional é profundamente influenciado por diversas teorias psicológicas que fornecem bases científicas para a compreensão dos processos de ensino e aprendizagem. Goulart (2015) enumera cinco posições teóricas fundamentais que se destacam nesse campo: a Psicologia Experimental, o Comportamentismo, o Não Diretivismo, a Psicanálise e a Teoria de Jean Piaget. Essas abordagens, embora distintas, contribuem de maneira significativa para a análise dos fenômenos educacionais.

A Psicologia Experimental representa a base metodológica da psicologia, enfatizando a observação e a mensuração dos processos mentais e comportamentais em condições controladas. Já o Comportamentismo, associado a figuras como Skinner e Watson, foca no estudo do comportamento observável, destacando a influência do ambiente na aprendizagem por meio de estímulos e respostas.

O Não Diretivismo, desenvolvido por Carl Rogers, valoriza a autonomia do indivíduo no processo de aprendizagem, defendendo uma educação centrada no aluno e em suas necessidades emocionais. A Psicanálise, por sua vez, introduzida por Freud, explora os aspectos inconscientes do desenvolvimento humano, analisando como conflitos internos podem afetar a aprendizagem e o comportamento.

Por fim, a Teoria de Jean Piaget aborda o desenvolvimento cognitivo em estágios, destacando a construção ativa do conhecimento pela criança por meio da interação com o meio. Essas cinco perspectivas, quando integradas, oferecem um panorama abrangente para a atuação do psicólogo educacional, permitindo uma análise multifacetada dos desafios presentes no contexto educacional.

Portanto, a alternativa correta que apresenta as cinco posições teóricas enumeradas por Goulart (2015) é a D) Psicologia Experimental, Comportamentismo, Não Diretivismo, Psicanálise e Teoria de Jean Piaget.

O gabarito correto para a análise das assertivas é a alternativa C) I, II e IV. A primeira assertiva descreve com precisão as características do Transtorno do Espectro Autista (TEA), incluindo as dificuldades sociais, de comunicação e comportamentais. A segunda assertiva define corretamente as altas habilidades/superdotação, destacando os diversos aspectos em que os indivíduos podem demonstrar potencial elevado. Já a quarta assertiva está correta ao afirmar que a mielomeningocele não está necessariamente associada à deficiência intelectual, embora a hidrocefalia possa ou não afetar a aprendizagem.

As assertivas III e V contêm incorreções. A terceira está equivocada ao afirmar que a deficiência intelectual não envolve limitações em comportamentos adaptativos, quando na verdade esses são critérios essenciais para o diagnóstico, além de citar erroneamente um QI superior a 70 como indicador (o correto seria QI abaixo de 70). A quinta assertiva está incorreta ao generalizar que a paralisia cerebral sempre inclui deficiência intelectual, o que não é verdade, pois os comprometimentos variam de caso para caso.

O professor compreende e sabe quais fatores podem interferir na aprendizagem e bem-estar dos alunos. É correto afirmar que esses fatores são:

• A) Desenvolvimento físico, conhecimento gramatical e letramento
• B) Desenvolvimento físico, psicológico, ambiente social e cultural
• C) Desenvolvimento teórico, psicológico, gramatical e cultural
• D) Desenvolvimento social, cultural e fatores linguísticos

O gabarito correto é B).

O fracasso escolar é um tema complexo que pode ser analisado a partir de diferentes perspectivas teóricas. Entre as abordagens apresentadas, a comportamentalista destaca-se por enfatizar o papel do ambiente e das contingências externas no processo de aprendizagem. Segundo essa visão, o fracasso escolar não é um resultado inevitável, mas sim uma consequência de estímulos inadequados ou da falta de motivação adequada. Portanto, modificando essas condições ambientais e oferecendo os incentivos corretos, é possível superar as dificuldades de aprendizagem.

A alternativa B está correta porque reflete com precisão a posição comportamentalista, que atribui grande importância ao contexto externo e às interações entre o indivíduo e seu meio. Enquanto outras abordagens, como a neuropsicológica (A) ou a histórico-cultural (E), focam em fatores internos ou processos de medicalização, os comportamentalistas acreditam que a mudança no ambiente e nos estímulos pode reverter o quadro de fracasso escolar.

As demais alternativas apresentam distorções em relação às teorias que pretendem representar. A cognitivista (C), por exemplo, não associa processos mentais superiores a conceitos como reflexo ou autorrealização, mas sim a funções como memória, atenção e raciocínio. Já os humanistas (D) criticam a patologização do aprendizado, defendendo uma visão mais holística do estudante, sem centralizar a culpa nele ou em sua família. Por fim, a abordagem histórico-cultural (E) valoriza a internalização de conhecimentos por meio da interação social, não a medicalização.

A avaliação psicológica no contexto das dificuldades de aprendizagem, evasão e repetência escolar exige uma abordagem multifacetada que combine diferentes recursos e técnicas. Entre as opções apresentadas, a alternativa A destaca-se como a correta, pois reconhece o valor da entrevista psicológica livre ou aberta como ferramenta capaz de captar aspectos qualitativos e subjetivos que complementam os dados quantitativos.

A entrevista psicológica, quando bem conduzida, permite ao profissional explorar questões emocionais, familiares e sociais que podem estar relacionadas ao desempenho escolar do indivíduo. Esses elementos muitas vezes não são mensuráveis por instrumentos padronizados, mas são essenciais para uma compreensão integral do problema. Dessa forma, a entrevista se torna um recurso valioso para identificar fatores que contribuem para a evasão e repetência, indo além dos números e estatísticas.

As demais alternativas apresentam limitações ou equívocos importantes. A alternativa B restringe indevidamente a aplicação de instrumentos apenas ao psicólogo, quando na realidade outros profissionais também podem utilizá-los, desde que devidamente capacitados. A alternativa C atribui às entrevistas abertas características de mensuração e padronização que não correspondem à sua natureza essencialmente qualitativa. A alternativa D subestima o valor dos testes psicológicos, que podem sim fornecer informações relevantes quando utilizados de forma adequada. Por fim, a alternativa E propõe uma abordagem reducionista, limitando a análise apenas aos resultados de testes psicométricos, o que seria insuficiente para compreender a complexidade dos fenômenos educacionais.

Portanto, a alternativa A é a que melhor representa uma visão equilibrada e abrangente da avaliação psicológica neste contexto, reconhecendo a importância de integrar diferentes métodos e perspectivas para uma compreensão mais completa das dificuldades de aprendizagem e dos problemas escolares.

O processo de aprendizagem é profundamente individualizado, influenciado por uma complexa interação de fatores internos e externos. A alternativa correta (D) reconhece que as dificuldades de aprendizagem exigem uma abordagem sistêmica, envolvendo adaptações curriculares, capacitação docente e revisão dos métodos avaliativos, pois tais desafios não podem ser reduzidos a causas únicas ou simplificadas.

A opção A é limitante ao atribuir as dificuldades exclusivamente à indisciplina ou falhas familiares, ignorando outras dimensões influentes. Já a B subestima o impacto cumulativo dessas dificuldades e a necessidade de intervenção pedagógica oportuna. A alternativa C, embora parcialmente válida ao mencionar aspectos subjetivos, não contempla a multidimensionalidade do problema. Por fim, a E apresenta uma visão reducionista ao sugerir que testes psicométricos isoladamente podem captar toda a complexidade das dificuldades de aprendizagem.

Portanto, a resposta D destaca-se por propor ações concretas e abrangentes no âmbito escolar, alinhadas com uma perspectiva inclusiva que considera a diversidade de necessidades educacionais.

O progresso de alunos com necessidades educacionais especiais depende de estratégias pedagógicas adequadas, que respeitem suas limitações e potencialidades. Analisando as opções apresentadas, a alternativa correta é a C), pois propõe uma abordagem inclusiva e eficaz para alunos com dificuldades moderadas de aprendizagem.

A opção A) está incorreta, pois desconsidera que o uso de recursos como tabuadas e calculadoras pode ser benéfico para alunos com dislexia, auxiliando no desenvolvimento matemático sem sobrecarregá-los. Já a alternativa B) falha ao sugerir que erros de grafismo devem ser ignorados em casos de disgrafia, quando na realidade intervenções específicas são necessárias.

A alternativa D) apresenta uma abordagem inadequada para crianças com déficit de atenção, já que o ambiente deve ser adaptado para minimizar distrações, e não o contrário. Por fim, a opção E) está equivocada ao descartar métodos fônicos, que são comprovadamente eficazes para dificuldades de leitura.

Portanto, a resposta correta é mesmo a C), que propõe a contextualização do conteúdo através de atividades práticas - uma estratégia que motiva os alunos e facilita a aprendizagem significativa.

O texto de L.O.Q. Peduzzi critica a abordagem tradicional no ensino da física, especialmente no que diz respeito à resolução de problemas. Segundo o autor, os professores costumam apresentar soluções lineares e sem ambiguidades, tratando os problemas como meros exercícios de aplicação da teoria, e não como desafios genuínos que exigem raciocínio e tentativa por parte do aluno. Essa prática cria uma falsa impressão de que a resolução de problemas-tipo é suficiente para que o estudante consiga resolver qualquer questão proposta, o que não reflete a realidade do aprendizado.

A opção correta, conforme o gabarito, é a alternativa B), que afirma: "O problema-tipo é aquele em que o aluno aplica a teoria aprendida e não gera dúvida e nem exige tentativas." Essa afirmação está em consonância com a crítica apresentada no texto, pois os problemas-tipo são justamente aqueles tratados de forma simplificada pelo professor, sem considerar as dificuldades reais enfrentadas pelos alunos.

As demais alternativas apresentam visões equivocadas sobre o processo de resolução de problemas. A alternativa A) sugere que os problemas-exemplo são suficientes, o que contraria a crítica do autor. A alternativa C) afirma que a didática usual é suficiente, o que também vai contra o argumento principal do texto. Já as alternativas D) e E) equiparam a resolução de problemas a exercícios de aplicação, ignorando a complexidade e a natureza investigativa que os verdadeiros problemas devem ter no ensino da física.

Portanto, a análise correta é a que reconhece que os problemas-tipo são apresentados de forma simplista, sem desafiar o aluno a pensar de forma crítica e exploratória, o que limita seu aprendizado e sua capacidade de resolver problemas mais complexos.

Juarez Dayrell e Rodrigo Jesus (2016), ao analisarem o ensino médio e os processos de exclusão escolar, destacam um discurso recorrente entre professores que associa a trajetória escolar precária dos jovens à "desestruturação familiar". Segundo os autores, essa visão parte de uma concepção limitada, que ignora as transformações contemporâneas nas configurações familiares no Brasil.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a A), pois evidencia como o discurso criticado pelos autores se baseia em uma noção ultrapassada de família, centrada exclusivamente no modelo tradicional (pai, mãe e filhos). Essa perspectiva desconsidera a diversidade de arranjos familiares existentes, como famílias monoparentais, reconstituídas ou chefiadas por avós, que também são capazes de oferecer suporte adequado aos jovens.

As demais alternativas não correspondem ao argumento principal de Dayrell e Jesus. A opção B) contradiz os autores ao validar o discurso da desestruturação como explicação para a exclusão escolar. A C) atribui um caráter científico a conclusões que, na verdade, reproduzem preconceitos. A D) reduz o problema à ausência materna, reforçando estereótipos de gênero. Já a E), ao mencionar o esforço individual como fator determinante, desvia o foco da crítica central: a necessidade de se reconhecer a pluralidade familiar como realidade social.

A defasagem idade/série entre adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas é um problema complexo, influenciado por múltiplos fatores sociais e educacionais. Analisando os itens apresentados, os que melhor explicam essa situação são III e IV, conforme indicado pelo gabarito correto (C).

O item III destaca a inadequação das propostas escolares para essa população. Muitas vezes, o sistema educacional não oferece metodologias ou currículos adaptados às necessidades e realidades desses jovens, o que contribui para a evasão e o atraso escolar. A escola, em vez de ser um espaço de acolhimento e inclusão, pode se tornar mais um ambiente de exclusão.

Já o item IV aborda o processo de opressão e exclusão social que permeia a vida desses adolescentes. A marginalização atinge diversas dimensões, incluindo o acesso à educação de qualidade. A escola, quando não adaptada para lidar com as especificidades desses jovens, reforça esse ciclo de exclusão, tornando-se um fator decisivo para a defasagem.

Embora outros itens como negligência familiar (V) ou comprometimento com o crime (I) possam influenciar indiretamente, eles não capturam as raízes estruturais do problema da mesma forma que III e IV. Portanto, a resposta mais abrangente e precisa é a alternativa C).