Questões Sobre Teorias e Práticas para o Ensino de História - Pedagogia - concurso

Sobre a história-problema, descrita nas diretrizes norteadoras para o ensino de História, que constam na Proposta Curricular do Conteúdo Básico Comum (CBC), analise as afirmativas e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

(V) Muitas dúvidas são levantadas tanto quanto à sua aplicabilidade quanto aos aspectos teóricos e conceituais relativos à história-problema.

(F) Passamos de uma história-problema para uma narração cronológica, de reconstituição de fatos encadeados ao longo do tempo.

(V) A história-problema visa ao exame analítico de um problema, de questões através de diferentes períodos históricos.

(F) Na perspectiva da história-problema, o historiador, como ressalta Furet (1986), foca na sua pretensão de narrar tudo aquilo que se passou de importante na história da humanidade ou de uma parte da humanidade.

(V) O historiador se torna consciente de que ele escolhe algumas questões, em torno das quais ele construirá o seu objeto de estudo, estabelecendo diálogo entre o presente e o passado.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.

• A) F - V - V - V - V.
• B) V - F - F - V - F.
• C) F - V - F - F - F.
• D) V - F - V - F - V.

O gabarito correto é D).

O desenvolvimento do raciocínio histórico é um processo complexo que exige uma abordagem pedagógica específica, conforme destacado na Proposta Curricular do Conteúdo Básico Comum (CBC). Entre as alternativas apresentadas, a incorreta é a letra C, pois ela apresenta uma visão reducionista da relação entre tempo histórico e cronologia.

A alternativa C afirma que as mudanças e permanências em um determinado tempo histórico são explicadas apenas pelo que ocorreu imediatamente antes no tempo cronológico, sugerindo que a cronologia pode ser ignorada na demarcação dos processos históricos. Essa afirmação é equivocada, pois desconsidera a complexidade do tempo histórico, que não se restringe a uma simples sequência linear de eventos. A cronologia, embora não seja o único elemento a ser considerado, é fundamental para contextualizar e estruturar a análise histórica.

As demais alternativas apresentam conceitos corretos sobre o tempo histórico. A alternativa A destaca que o tempo histórico não se limita ao tempo cronológico, sendo uma construção social. A alternativa B reforça que o tempo histórico é moldado pelas ações, relações e pensamentos humanos, que variam ao longo do tempo. Já a alternativa D ressalta a coexistência de continuidades e rupturas em cada período histórico, além das diferentes perspectivas sobre o futuro.

Portanto, a resposta correta é a alternativa C, pois ela simplifica indevidamente a relação entre tempo histórico e cronologia, contrariando a abordagem proposta pelo CBC.

O ensino de História, conforme destacado pela Proposta Curricular do Conteúdo Básico Comum (CBC), deve levar em consideração a diversidade de linguagens que compõem o registro histórico. Cada uma dessas linguagens — seja a fotográfica, a artística, a oral, a musical ou outras — possui características próprias que exigem atenção e estudo para uma compreensão mais profunda dos eventos e contextos históricos.

Entre as alternativas apresentadas, a correta é a D), que afirma que as perguntas dos alunos sobre o passado serão formuladas a partir dos seus interesses e vivências sociais presentes. Essa abordagem reconhece a importância de conectar o conhecimento histórico com a realidade e as experiências dos estudantes, tornando o aprendizado mais significativo e relevante.

As demais alternativas apresentam equívocos em relação ao ensino de História. A alternativa A) desconsidera a necessidade de aprender as particularidades das diferentes linguagens, o que é essencial para uma análise crítica. A alternativa B) ignora o papel da curiosidade como motor para o desenvolvimento do raciocínio histórico. Já a alternativa C) reduz a investigação histórica a uma mera verificação de fatos, desprezando a interpretação e a contextualização.

Portanto, o ensino de História deve ser dinâmico, incentivando os alunos a questionar, investigar e relacionar o passado com suas próprias experiências, conforme propõe a alternativa correta.

Sobre o desenvolvimento do Raciocínio Histórico, segundo a Proposta Curricular do Estado de Minas Gerais:

A análise das afirmativas apresentadas revela que apenas as proposições II e III estão alinhadas com a abordagem contemporânea do ensino de História. A afirmativa I, que defende o ensino do "passado tal como aconteceu", representa uma visão ultrapassada, pois a historiografia atual reconhece a natureza interpretativa e construída do conhecimento histórico.

As afirmativas II e III, por sua vez, refletem adequadamente os princípios da Proposta Curricular mineira ao destacarem:

• O desenvolvimento de capacidades cognitivas essenciais à construção do pensamento histórico
• A importância da análise crítica de fontes históricas
• A valorização da produção autônoma de interpretações pelos estudantes

Portanto, a alternativa correta é B) II e III, apenas, pois estas afirmativas capturam a essência do raciocínio histórico como processo de investigação e construção de significado, em contraposição à mera reprodução de fatos pretéritos.

O estudo da História passou por transformações significativas ao longo do tempo, deslocando seu foco dos grandes eventos nacionais e mundiais para uma abordagem mais ampla e diversificada, que inclui as relações cotidianas, os grupos marginalizados e os sujeitos sociais como agentes ativos na construção da narrativa histórica. De acordo com a Proposta Curricular do Conteúdo Básico Comum (CBC), essa mudança reflete uma nova compreensão do conhecimento histórico, que valoriza as dinâmicas sociais, culturais e políticas em diferentes escalas.

A afirmativa I está correta, pois destaca como o significado da História hoje está ligado às relações sociais cotidianas, às estruturas de poder (explícitas ou veladas), às resistências, às diversidades culturais e às múltiplas temporalidades que coexistem na sociedade. Essa abordagem permite uma análise mais profunda das identidades históricas, da história local e de suas conexões com contextos mais amplos, como o regional, o nacional e o global. Essa perspectiva demonstra como o conhecimento histórico é constantemente remodelado pelas próprias transformações sociais.

Já a afirmativa II está incorreta, pois contraria a tendência contemporânea da historiografia, que rejeita a noção de nacionalidade baseada em homogeneidade e unidade de interesses. Pelo contrário, a historiografia atual enfatiza a diversidade, os conflitos e as diferentes perspectivas dentro de uma mesma nação, reconhecendo a complexidade das identidades coletivas.

Por fim, a afirmativa III está correta, pois evidencia como as novas teorias de aprendizagem, como o socioconstrutivismo e as abordagens sócio-históricas, influenciaram o ensino de História. Essas teorias contribuíram para a formação de novos saberes históricos escolares, promovendo práticas pedagógicas mais dinâmicas e reflexivas, que incentivam os estudantes a compreenderem a História como um processo em constante construção.

Portanto, as afirmativas corretas são I e III, correspondendo à alternativa D).

A Proposta Curricular do Conteúdo Básico Comum (CBC) para as quatro últimas séries do Ensino Fundamental aborda as novas tendências historiográficas, destacando a evolução do pensamento histórico. Entre as alternativas apresentadas, a correta é a D), que afirma: "O conhecimento histórico torna-se uma construção intelectual resultante do diálogo entre categorias conceituais."

Essa visão reflete o afastamento das correntes tradicionais, como o positivismo (citado na alternativa A)), que enxergava a história como uma ciência neutra e baseada apenas em fatos objetivos. As novas abordagens reconhecem que o conhecimento histórico não é uma mera reprodução da realidade (alternativa C)), nem depende de documentos como fontes totalmente transparentes (alternativa B)). Pelo contrário, ele é construído a partir de interpretações, questionamentos e diálogos entre diferentes perspectivas teóricas.

Portanto, a alternativa D) está correta porque sintetiza o entendimento contemporâneo da história como uma disciplina dinâmica, em constante reconstrução, influenciada por conceitos e debates que moldam nossa compreensão do passado.

O ensino de História enfrenta um desafio constante: como fazer com que os alunos desenvolvam novos significados e conexões com o passado, superando a visão tradicional que prioriza a memorização de fatos e datas. A Proposta Curricular do Conteúdo Básico Comum (CBC) busca romper com essa abordagem, enfatizando a importância da compreensão crítica da temporalidade histórica e da relação entre passado e presente.

A alternativa B) é considerada incorreta porque reforça justamente a visão que o CBC pretende superar. Ao reduzir a História ao estudo do passado como um conjunto de eventos políticos, militares ou diplomáticos a serem memorizados, essa abordagem ignora a complexidade dos processos históricos e sua relevância para a formação de cidadãos críticos. O CBC defende que o ensino de História deve ir além da simples cronologia, permitindo que os alunos percebam como as realidades atuais são construídas a partir de processos históricos.

As demais alternativas apresentam concepções alinhadas com a proposta do CBC. A alternativa A) aborda o desafio de conectar os jovens com o passado em um mundo marcado pelo imediatismo. A alternativa C) destaca a importância da noção de temporalidade histórica, enquanto a alternativa D) reforça a necessidade de compreender o presente como resultado de processos históricos. Portanto, a resposta correta é de fato a alternativa B), por representar uma visão ultrapassada do ensino de História.

A definição dos Conteúdos Básicos Comuns (CBC) para os anos finais do Ensino Fundamental representa uma medida essencial para elevar a qualidade da educação na rede estadual de Minas Gerais, alinhando-a a padrões de alto desempenho. Ao analisar o CBC para o ensino de História, é possível identificar três afirmativas que refletem os princípios e objetivos desse documento.

A afirmativa I destaca o papel dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados pelo Ministério da Educação (MEC), como orientadores dos currículos, incluindo o de História. Esses parâmetros buscam promover uma nova concepção de cidadania, alinhada a valores democráticos e inclusivos, reforçando a importância da educação na formação crítica dos estudantes.

A afirmativa II aponta para uma ruptura com visões tradicionais da história, que muitas vezes priorizavam uma narrativa única e homogênea da nacionalidade. O CBC propõe uma abordagem mais plural, que reconheça as múltiplas vozes e experiências que compõem a história do Brasil, superando perspectivas limitadas ou excludentes.

Por fim, a afirmativa III enfatiza a centralidade da diversidade cultural no ensino de História, destacando seu papel no fortalecimento da cidadania. Ao valorizar as diferentes culturas e identidades que formam o país, o CBC busca promover uma educação mais justa e representativa, capaz de preparar os alunos para viver em uma sociedade plural.

Todas as afirmativas estão corretas (I, II e III), pois refletem os princípios do CBC e sua proposta de uma educação histórica crítica, inclusiva e voltada para a construção de uma cidadania ativa e consciente.

O texto apresentado destaca a perspectiva de Jörn Rüsen sobre o aprendizado histórico, enfatizando a necessidade de uma abordagem multifacetada que integre diferentes formas, práticas e articulações. Rüsen propõe que o ensino de história não se limite apenas aos aspectos cognitivos, mas incorpore também componentes estéticos e políticos, fundamentais para a formação da consciência histórica e da cultura histórica. Essa visão pluralista reconhece a complexidade do aprendizado histórico, que deve ser dinâmico e consistente em seu desenvolvimento.

Entre as alternativas apresentadas, a opção C) é a que melhor sintetiza o pensamento de Rüsen, pois ele de fato confere um caráter pluralista ao aprendizado histórico, considerando suas múltiplas formas e diferentes componentes. Essa abordagem contrasta com visões reducionistas que priorizam apenas um aspecto do ensino de história, como a política (alternativa A) ou a negação da narrativa (alternativa B). Além disso, Rüsen não pressupõe uma incomunicabilidade entre teoria da historiografia e teoria da aprendizagem (alternativa D), nem desarticula o aprendizado da pesquisa histórica (alternativa E). Pelo contrário, sua proposta valoriza a integração entre esses elementos, reforçando a importância de uma compreensão ampla e interdisciplinar da história.

Portanto, a alternativa C) é a correta, pois reflete adequadamente a teoria de Rüsen, que defende um aprendizado histórico pluralista, dinâmico e articulado, capaz de abranger as diversas dimensões que compõem a relação do ser humano com o passado.

A partir do texto de Marc Bloch, é possível compreender a natureza dinâmica e em desenvolvimento da história como ciência. O autor enfatiza que, apesar de sua longa tradição narrativa, a história ainda é uma disciplina jovem quando considerada como um "empreendimento racional de análise". Essa perspectiva sugere uma crítica implícita às abordagens historiográficas tradicionais, que muitas vezes se limitavam a narrativas políticas e eventos superficiais, sem uma análise mais profunda das estruturas sociais e culturais.

A opção correta, D), reflete essa interpretação ao destacar que o texto denota uma crítica à historiografia política tradicional e sua preferência por procedimentos narrativos. Bloch, como um dos fundadores da Escola dos Annales, defendia uma história mais abrangente, que incorporasse métodos analíticos e interdisciplinares, rompendo com a ênfase excessiva em narrativas políticas e eventos isolados.

As outras alternativas apresentam equívocos em relação ao pensamento de Bloch e ao impacto da historiografia do século XX. A micro-história (A), por exemplo, não rejeitava a narrativa, mas sim a utilizava de maneira crítica. A alternativa B) distorce a posição de Bloch, que não propunha substituir a história pela sociologia, mas sim integrar abordagens. Já a alternativa C) incorre em uma interpretação reducionista do texto, pois Bloch não negava a história do presente. Por fim, a alternativa E) ignora a influência significativa da Escola dos Annales na historiografia brasileira.

Portanto, a alternativa D) é a que melhor capta o espírito do texto de Bloch, ao reconhecer a história como uma ciência em construção, crítica em relação às tradições narrativas e comprometida com uma análise racional e abrangente do passado.