Questões Sobre Teorias e Práticas para o Ensino de História - Pedagogia - concurso

O excerto de Leopold von Ranke destaca a dualidade da história como ciência e arte, aproximando-se da filosofia em seu aspecto analítico e da poesia em sua dimensão representativa. Essa perspectiva revela a complexidade do pensamento histórico, que não se limita a uma abordagem puramente factual ou metodológica, mas também incorpora elementos criativos e interpretativos. No contexto do ensino de história, essa visão influenciou diferentes correntes historiográficas, especialmente no século XIX, período marcado por intensas transformações políticas e intelectuais.

A opção correta, conforme o gabarito, é a alternativa C), que afirma que o século XIX foi marcado por historiografias engajadas, nas quais o conhecimento histórico frequentemente se associou a ideais e lutas políticas. Essa característica reflete a instrumentalização da história como ferramenta de legitimação ou crítica de projetos políticos, um traço marcante da época. Ao contrário do que sugere a alternativa D), Ranke e outros historiadores não adotaram uma postura estritamente cientificista que separasse radicalmente história e criação estética. Pelo contrário, sua concepção integrava análise rigorosa e narrativa artística.

As demais alternativas apresentam equívocos. A alternativa A) desconsidera a existência de registros de história cultural no século XIX, enquanto a alternativa B) atribui erroneamente a Febvre e Braudel uma filiação à história política do século XIX, quando ambos são expoentes da Escola dos Annales, do século XX. Já a alternativa E), embora mencione corretamente a influência de Ranke no método histórico, não é a opção mais adequada para responder à questão, que prioriza a relação entre história e engajamento político no período.

Assim, a concepção de história como ciência e arte, proposta por Ranke, abre espaço para compreender como o século XIX testemunhou o uso da narrativa histórica tanto como instrumento de investigação quanto como veículo de ideologias — um legado que ainda ressoa no ensino de história hoje.

O ensino de história tem se renovado com a incorporação de metodologias que valorizam a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento. Dentre essas abordagens, a história oral se destaca como um recurso pedagógico eficaz, pois parte da memória dos sujeitos e das questões presentes no cotidiano dos estudantes para reconstituir o passado. Essa perspectiva, conforme indicado pela alternativa correta (A), permite uma aprendizagem mais significativa, conectando a experiência individual com os processos históricos mais amplos.

Ao contrário do que sugerem as alternativas incorretas, a história oral não amplia a subjetividade de forma prejudicial (B), nem inviabiliza a reconstituição histórica pela ausência de documentos oficiais (C). A memória, ainda que seletiva (D), não deturpa a verdade histórica, mas oferece uma perspectiva singular que, quando cruzada com outras fontes, enriquece a compreensão do passado. Além disso, os métodos da história oral podem ser adaptados ao contexto escolar (E), tornando-se acessíveis aos alunos e promovendo habilidades de pesquisa e análise crítica.

Portanto, a história oral é uma ferramenta valiosa para o ensino de história, pois democratiza o acesso às fontes históricas, incentiva o protagonismo dos alunos e reforça a noção de que a história é construída por pessoas comuns, cujas vivências também merecem ser registradas e estudadas.

O ensino de História nos Anos Iniciais, conforme a Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina (1998), deve ser abordado de forma a conectar o aluno com seu contexto social e histórico, promovendo uma aprendizagem significativa. Entre as orientações apresentadas, destaca-se a importância de partir da realidade próxima da criança, como a rua ou o bairro, para que ela compreenda os aspectos da vida cotidiana e suas transformações ao longo do tempo (alternativa A). Além disso, é fundamental trabalhar com diferentes fontes históricas, como estudos do meio, patrimônio cultural e história oral, utilizando fotografias, documentos escritos e outros registros que enriqueçam a percepção do passado (alternativa C). A realização de pesquisas e o contato com fontes documentais também são procedimentos essenciais para desenvolver noções históricas nessa fase (alternativa D).

No entanto, a alternativa B apresenta uma orientação equivocada, pois sugere evitar documentos como certidões de nascimento e fotografias pessoais por seu caráter individual. Essa perspectiva é incorreta, uma vez que tais materiais são valiosos para o ensino de História, pois permitem que o aluno reconheça sua própria trajetória e estabeleça relações com o contexto histórico mais amplo. O uso de documentos pessoais pode ser um ponto de partida eficaz para discutir memória, identidade e mudanças sociais, tornando o aprendizado mais próximo e relevante para as crianças. Portanto, o gabarito correto é B, já que essa afirmação contraria as recomendações da proposta curricular.

De acordo com a Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina (1998) em relação ao Ensino de História, é importante destacar que a alternativa D) apresenta uma afirmação incorreta. O nível "refletido" não se limita apenas à reconstrução historiográfica baseada nos referenciais teóricos do pesquisador, mas envolve uma abordagem mais ampla e crítica, integrando múltiplas perspectivas e contextos.

As demais alternativas estão alinhadas com as diretrizes da proposta:

• A) O ensino da História deve, de fato, promover a comparação e o debate, estimulando a controvérsia como parte do processo de aprendizagem.
• B) Os significados singulares dos processos histórico-culturais devem ser abordados de forma dinâmica, considerando as dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais em suas inter-relações.
• C) A produção do conhecimento histórico deve ser incentivada por meio da formulação de hipóteses, pesquisa e análise crítica, permitindo que os alunos se apropriem ativamente do saber.

Portanto, a alternativa D) é a que não corresponde às orientações da Proposta Curricular, pois reduz o nível "refletido" a uma reconstrução teórica individual, sem abarcar a complexidade e a pluralidade necessárias ao ensino de História.

A concepção de história apresentada na Proposta Curricular de Santa Catarina busca compreender as múltiplas dimensões do tempo, superando noções tradicionais para abarcar a simultaneidade dos tempos históricos. Nesse contexto, analisando as afirmações sobre o tema "Ensino de História – Categoria Tempo", podemos identificar as alternativas corretas:

I. Correta. O tempo cronológico de fato se refere à medição objetiva do tempo, como dias, meses e anos, sendo fundamental para a organização dos eventos históricos.

II. Correta. O tempo histórico realmente envolve os significados dos processos sociais, técnicos e produtivos, frequentemente definidos pelas relações de poder entre grupos dominantes e dominados.

III. Incorreta. A história tradicional ou positivista não adota uma perspectiva dialética do tempo, mas sim uma visão linear e evolutiva.

IV. Correta. O tempo circular de fato caracteriza a lógica das comunidades agrícolas e dos ciclos naturais da vida.

V. Correta. Os tempos diacrônicos realmente se referem às relações entre diferentes temporalidades, como moderno/arcaico ou antigo/novo.

Portanto, as afirmações corretas são I, II, IV e V, correspondendo à alternativa A do gabarito.

O texto apresentado discute a importância da abordagem pedagógica no ensino de ciências, destacando o papel do professor como mediador e o aluno como agente ativo de sua própria aprendizagem. A citação da Proposta Curricular de Santa Catarina reforça a necessidade de integrar o "pensar e o fazer", estabelecendo uma relação entre ciência e tecnologia. A partir dessa perspectiva, as afirmações seguintes devem ser avaliadas como verdadeiras (V) ou falsas (F) de acordo com os princípios pedagógicos apresentados.

A primeira afirmação, que sugere uma organização sequencial dos conteúdos do abstrato para o concreto, é falsa (F), pois a proposta defende uma abordagem que parte do concreto para o abstrato, considerando a realidade do aluno. Já a segunda afirmação, que enfatiza a construção do conhecimento a partir da relação homem-natureza e do diálogo cultural, é verdadeira (V), pois está alinhada com a ideia de vincular a cultura do aluno à cultura científica.

A terceira afirmação, que propõe um enfoque metodológico centrado na transmissão de conhecimentos, é falsa (F), uma vez que o texto defende uma mediação ativa do professor, e não uma mera transmissão. A quarta afirmação, que menciona a apresentação do "mundo ideal" em vez do mundo real, também é falsa (F), pois a proposta valoriza o contexto real e as percepções imediatas do aluno. Por fim, a quinta afirmação, que estabelece uma relação entre conceitos e aplicações práticas no cotidiano, é verdadeira (V), pois reforça a ideia de tornar a sala de aula uma extensão da vida.

Dessa forma, a sequência correta é F - V - F - F - V, correspondente à alternativa B).

O texto 26A2BBB, de autoria de Emicida, longe de ser limitado como recurso pedagógico para aulas de sociologia no ensino médio, apresenta-se como uma ferramenta potente para discutir questões sociais profundas. A letra da música aborda temas como racismo, desigualdade social, estereótipos e exclusão, problematizando estruturas que perpetuam a marginalização de grupos vulneráveis. Esses são exatamente os temas centrais da sociologia, que busca compreender as relações sociais e os mecanismos de poder na sociedade.

A crítica presente no texto vai além do senso comum, trazendo reflexões agudas sobre como a discriminação racial e a pobreza moldam a experiência de vida de indivíduos negros e periféricos. A menção ao medo gerado pela simples pergunta "Que horas são?", a invisibilidade forçada nas escolas e a internalização de padrões estéticos eurocêntricos são exemplos de como o artista expõe dinâmicas sociais complexas. Esses elementos permitem uma discussão rica sobre diversidade, cidadania e direitos humanos em sala de aula.

Além disso, a linguagem artística e poética do rap pode ser um meio eficaz de engajar os estudantes, aproximando-os de debates sociológicos a partir de uma expressão cultural que dialoga com sua realidade. Portanto, afirmar que o texto se reduz a questões de senso comum é ignorar sua profundidade crítica e seu potencial para fomentar reflexões sobre justiça social e inclusão. O gabarito correto é E) ERRADO, pois o texto é, sim, um recurso válido e enriquecedor para o ensino de sociologia.

Em “Materialidade da experiência e materiais de ensino e aprendizagem”, Marcos Silva e Selva G. Fonseca exploram a importância da cultura material no ensino da História, destacando o papel dos museus como espaços de aprendizado significativo. O Museu do Ipiranga, em São Paulo, é citado como exemplo de local onde a materialidade dos objetos contribui para a construção do conhecimento histórico.

Entre as opções apresentadas, a alternativa C) é a que melhor exemplifica uma ação educativa alinhada às ideias dos autores. Ela propõe a investigação de objetos cotidianos como forma de compreender a cultura e a sociedade brasileiras, reconhecendo a diversidade de fontes históricas — como artefatos, iconografia e documentos textuais. Essa abordagem valoriza a materialidade como elemento central para o estudo da História, indo além da simples contemplação ou da busca por uma narrativa linear e nacionalista.

As demais alternativas, embora contenham aspectos relevantes, não capturam com a mesma profundidade a relação entre materialidade e aprendizado. A opção C) destaca a análise crítica e a diversidade de fontes, elementos essenciais para uma educação histórica que dialogue com a complexidade do passado e sua interpretação.

Ao analisar o problema dos currículos de História em um contexto global e multicultural, os autores Marcos Silva e Selva G. Fonseca questionam o que deve ser ensinado em um mundo marcado pela diversidade. Eles se apoiam no pensamento do educador Peter McLaren, que propõe um multiculturalismo revolucionário, indo além de uma simples crítica. Essa abordagem não se limita a combater atitudes discriminatórias, mas busca transformar as estruturas profundas da economia política, da cultura e do poder, reconstruindo a ordem social a partir da perspectiva dos oprimidos.

Segundo os autores, o multiculturalismo crítico e revolucionário não é apenas um conteúdo acadêmico (alternativa A), uma abordagem teórica sobre diversidade (alternativa C), um posicionamento politicamente correto (alternativa D) ou uma estratégia de tolerância (alternativa E). Em vez disso, trata-se de uma postura ética e política que visa combater a desigualdade e a exclusão social (alternativa B). Essa visão exige uma transformação radical das estruturas sociais, alinhando-se à luta por justiça e emancipação.

Portanto, a resposta correta é a alternativa B, que reflete o compromisso com uma mudança estrutural e não apenas com reformas superficiais no sistema educacional ou social.

O trecho extraído da obra História do Brasil, de Joel Rufino dos Santos, descreve de forma vívida e crítica a fuga da família real portuguesa para o Brasil em 1808, diante da invasão napoleônica. A narrativa, carregada de ironia e dramaticidade, não apenas relata os eventos históricos, mas também expõe as contradições e tensões daquele momento. Ao analisar esse documento, o professor de História busca desenvolver no aluno habilidades que vão além da simples memorização de fatos.

A alternativa correta, A), destaca que a exploração desse tipo de documento permite ao aluno aprimorar sua capacidade de explicação, caracterização, conceituação e síntese histórica. Isso ocorre porque o texto de Rufino dos Santos não é apenas informativo; ele convida o leitor a interpretar os eventos, a compreender as motivações dos personagens e a refletir sobre as consequências históricas daquela fuga. O aluno é incentivado a ir além da superfície, questionando não apenas o "o quê", mas também o "como" e o "porquê" dos acontecimentos.

As outras alternativas, embora apresentem aspectos válidos do ensino de História, não capturam plenamente o objetivo principal da atividade proposta. A análise de documentos históricos como esse não se limita a memorização (D), nem a simples aproximação motivadora dos conteúdos (C). Também não se restringe a observar mudanças e permanências (E) ou a trabalhar temas da vida pública e privada (B), embora esses elementos possam estar presentes.

Portanto, a riqueza do documento histórico reside em sua capacidade de estimular o pensamento crítico e a construção de uma visão mais profunda da História. Ao explorar todas as camadas de significado presentes no texto, o aluno desenvolve habilidades essenciais para a compreensão não apenas do passado, mas também das complexidades do presente.