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Questões Sobre Teorias e Práticas para o Ensino de História - Pedagogia - concurso

Questão 61

Considere o texto: 
Para Jörn Rüsen a consciência histórica pode ser definida como uma categoria que se relaciona a toda forma de pensamento
histórico, através do qual os sujeitos possuem a experiência do passado e o interpretam como história. Em outras palavras ela é
‘(…) a suma das operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da evolução temporal de seu mundo e
de si mesmos, de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo’
.

(MARRERA, Fernando Milani & SOUZA, Uirys Alves de. “A tipologia da consciência histórica em Rüsen”. Revista Latino-Americana de
História. v. 2, n. 6. Ago. 2013 – Edição Especial, p. 1070. Disponível em: http://projeto.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/viewFile/
256/209. Acesso em: 07 de dezembro de 2015) 

Segundo o texto acima, a importância da consciência histórica reside 

  • A)na capacidade de um sujeito julgar a qualidade do passado que viveu, sua evolução através dos tempos, evitando praticar os erros cometidos.
  • B)na possibilidade do homem interpretar-se a si mesmo e a seu mundo historicamente, compreendendo-os em termos de experiência e evolução temporal.
  • C)em sua relação com todas as formas de pensamento sintetizando todo o conhecimento que é fruto das operações mentais dos sujeitos históricos.
  • D)em sua vocação para orientar o sentido da vida, viabilizando o sujeito por em prática a percepção do tempo vigente em seu mundo e suas intenções individuais.
  • E)na necessidade do sujeito em posicionar-se diante da vida por meios de suas interpretações do mundo, independentemente do pensamento histórico.
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A alternativa correta é B)

O conceito de consciência histórica, conforme proposto por Jörn Rüsen, é fundamental para compreendermos como os indivíduos interpretam sua existência no tempo e no espaço. Segundo a citação apresentada, essa consciência não se limita a uma mera recordação do passado, mas envolve um processo ativo de interpretação da experiência temporal, tanto do mundo quanto de si mesmo. Essa perspectiva nos permite analisar as alternativas apresentadas e justificar por que a opção B é a correta.

A alternativa A sugere que a consciência histórica está relacionada ao julgamento do passado e à prevenção de erros. Embora essa seja uma consequência possível, a definição de Rüsen vai além, enfatizando a interpretação e a orientação da vida prática, não apenas a avaliação ou correção de falhas históricas.

A opção B, correta, capta exatamente a essência do pensamento de Rüsen. Ela destaca a capacidade humana de se interpretar e interpretar o mundo dentro de uma perspectiva histórica, compreendendo a experiência e a evolução temporal. Isso está em perfeita sintonia com a citação, que descreve a consciência histórica como um conjunto de operações mentais que permitem aos sujeitos orientar sua vida prática no tempo.

A alternativa C, embora mencionando a relação com o pensamento histórico, reduz a consciência histórica a uma síntese de conhecimento, perdendo de vista seu aspecto prático e orientador que Rüsen enfatiza. Já a opção D exagera ao atribuir à consciência histórica uma "vocação para orientar o sentido da vida", quando na verdade ela é um instrumento de interpretação e orientação, não uma força teleológica.

Por fim, a alternativa E é incorreta ao sugerir que a consciência histórica pode prescindir do pensamento histórico, o que contradiz frontalmente a definição de Rüsen, para quem a consciência histórica é justamente uma forma de pensamento histórico aplicado à vida prática.

Portanto, a alternativa B é a que melhor expressa a importância da consciência histórica conforme concebida por Rüsen, pois capta tanto seu aspecto interpretativo quanto seu papel na orientação da vida prática no tempo.

Questão 62

A abordagem histórica da antiguidade grega e romana possibilita a discussão, em sala de aula, de temas pertinentes à compreensão
de alguns traços culturais marcantes do mundo ocidental. Entre esses temas vinculados a Grécia e Roma,
respectivamente, pode-se destacar

  • A)a origem da democracia e a elaboração das bases do Direito.
  • B)a invenção da agricultura e a difusão do cristianismo.
  • C)a organização na forma de império e o desenvolvimento da razão iluminista.
  • D)o aparecimento do modo de produção escravista e o surgimento do regime monárquico.
  • E)o conceito de cidade-Estado e a emergência do comércio como motor da economia.
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A alternativa correta é A)

O estudo da antiguidade grega e romana oferece uma base fundamental para compreender diversos aspectos culturais que moldaram o mundo ocidental. Entre as contribuições mais relevantes dessas civilizações, destacam-se a origem da democracia na Grécia e a elaboração das bases do Direito em Roma, conforme apontado na alternativa A.

A Grécia antiga, especialmente em Atenas, foi pioneira na criação de um sistema político baseado na participação dos cidadãos, ainda que limitada a uma parcela da população. Esse modelo democrático influenciou profundamente as instituições políticas modernas. Por outro lado, Roma desenvolveu um sistema jurídico sofisticado, cujos princípios, como a igualdade perante a lei e o direito à defesa, permanecem relevantes até os dias atuais.

As demais alternativas apresentam equívocos históricos. A invenção da agricultura, por exemplo, ocorreu muito antes do período greco-romano, enquanto o cristianismo surgiu apenas no final da era romana. Da mesma forma, o Iluminismo foi um movimento do século XVIII, sem relação direta com a antiguidade clássica. Portanto, a alternativa A é a única que corretamente associa as contribuições dessas civilizações aos seus respectivos legados.

Questão 63

Para o historiador que trabalha com a noção de identidade cultural, é fundamental considerar, como princípio metodológico, que
esta

  • A)é produzida pelas elites e anula as identidades de classes sociais mais fracas, apagando-as.
  • B)é plural e se encontra em constante processo de transformação e ressignificação.
  • C)deve ser apreendida prioritariamente a partir da oralidade e testemunhos espontâneos.
  • D)torna dispensável o estudo das identidades políticas e sociais sendo necessariamente uma abordagem totalizante.
  • E)necessita ser subdividida por gênero, raça e religião, categorias determinantes de grupos coesos e homogêneos.
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A alternativa correta é B)

O estudo da identidade cultural é um campo complexo e dinâmico, que exige do historiador uma abordagem sensível às transformações e pluralidades que a constituem. Como aponta a alternativa correta (B), a identidade cultural não é um conceito estático, mas sim um processo em constante movimento, sujeito a ressignificações ao longo do tempo e em diferentes contextos sociais.

Essa visão contrasta com perspectivas reducionistas, como a ideia de que a identidade cultural é imposta unilateralmente pelas elites (A), ou que pode ser compreendida apenas por meio de relatos orais (C). Da mesma forma, a identidade cultural não substitui outras formas de identidade, como as políticas e sociais (D), nem pode ser rigidamente categorizada em grupos homogêneos (E).

O historiador que trabalha com essa noção deve estar atento às múltiplas vozes e experiências que compõem o tecido cultural, reconhecendo que as identidades são construídas a partir de relações de poder, mas também de resistências, negociações e hibridismos. A riqueza do estudo da identidade cultural está justamente em sua capacidade de revelar as complexidades e contradições que definem as sociedades humanas.

Questão 64

A História Geral, nos livros didáticos, ainda costuma ser apresentada segundo uma organização que supõe cinco grandes
períodos: Pré-História, História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. Alguns historiadores problematizam essa divisão,
apresentando, entre outros argumentos, que tal divisão

  • A)resulta de uma visão estruturalista e produzida sob uma perspectiva historiográfica marxista que já foi ultrapassada.
  • B)se estrutura em marcos divisórios da civilização ocidental e critérios questionáveis, como a invenção da escrita separando “pré-história” e “história”.
  • C)não abrange os dias atuais, os países e as temáticas do Terceiro Mundo, como o colonialismo.
  • D)reforça um sentido evolucionista incompleto, visto que não previu a Pós-Modernidade, momento culminante da história que perfaz o Sexto Período.
  • E)pressupõe durações muito desiguais de uma época a outra, revelando-se mais ética e justa a divisão igualitária entre os períodos.
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A alternativa correta é B)

A divisão tradicional da História em cinco grandes períodos – Pré-História, Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea – tem sido alvo de críticas por parte de diversos historiadores. Essa periodização, consolidada nos livros didáticos, reflete uma perspectiva eurocêntrica e apresenta critérios questionáveis, como a utilização da invenção da escrita como marco divisor entre "pré-história" e "história".

O principal problema dessa organização reside no fato de que ela se estrutura a partir de marcos relevantes apenas para a civilização ocidental, ignorando as dinâmicas históricas de outras sociedades. A opção B) corretamente identifica essa limitação ao destacar o viés ocidental e os critérios problemáticos que fundamentam essa divisão.

Além disso, essa periodização tradicional acaba por reforçar uma visão linear e evolucionista do desenvolvimento humano, que não necessariamente corresponde às complexidades e particularidades das diferentes culturas ao longo do tempo. A crítica a essa estruturação não significa, contudo, que devamos simplesmente descartá-la, mas sim compreendê-la como uma construção histórica específica que precisa ser constantemente questionada e ressignificada.

Portanto, a alternativa B) se mostra como a mais adequada por apontar os fundamentos problemáticos dessa divisão periódica, especialmente seu caráter ocidentalizante e seus critérios arbitrários, que merecem ser repensados à luz das novas abordagens historiográficas.

Questão 65

A Nova História problematizou a concepção de documento histórico endossada pelos historiadores positivistas pois estes

  • A)partiam do princípio de que citando documentos oficiais, o pesquisador poderia fazer uma livre interpretação do passado.
  • B)valorizavam documentos produzidos sem a chancela da Igreja ou do Estado, acreditando serem estes mais fidedignos.
  • C)hierarquizavam os documentos como fontes “primárias” e “secundárias”, abandonando os últimos.
  • D)acreditavam que os documentos eram fontes neutras e que permitiam conhecer a verdade incontestável sobre o passado.
  • E)defendiam que, após serem tabulados e interpretados, os documentos deveriam ser descartados.
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A alternativa correta é D)

A Nova História representou uma ruptura significativa em relação à metodologia historiográfica tradicional, especialmente no que diz respeito ao tratamento das fontes documentais. Enquanto os historiadores positivistas acreditavam que os documentos eram testemunhos neutros e objetivos do passado, capazes de revelar uma verdade incontestável, a Nova História questionou essa visão ingênua.

Os positivistas partiam do pressuposto de que bastava reunir e analisar documentos oficiais para reconstituir os eventos históricos com exatidão. Essa abordagem ignorava o fato de que os próprios documentos são produtos de contextos específicos, carregados de intencionalidades e vieses. A Nova História, por sua vez, ampliou o conceito de documento, incluindo não apenas textos oficiais, mas também manifestações culturais, relatos orais e outras formas de registro.

A crítica central da Nova História aos positivistas reside justamente na ideia de que os documentos não são espelhos do real, mas construções que refletem interesses e perspectivas particulares. Portanto, a alternativa D está correta, pois sintetiza a visão positivista de que os documentos seriam fontes neutras e incontestáveis, concepção que foi amplamente questionada pelos novos paradigmas da historiografia.

Questão 66

Memória, como construção social, é a formação de imagem necessária para os processos de constituição e reforço da
identidade individual, coletiva e nacional. Não se confunde com a história, que é operação intelectual de conhecimento,
operação cognitiva.(…) A história não deve ser tratada como o duplo científico da memória, o historiador não pode abandonar
sua função crítica, a memória precisa ser objeto da história.

(MENESES, Ulpiano Bezerra de. “História, cativa da memória?” Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 34, São Paulo, 1992, p. 22)

Segundo o autor, o historiador deve considerar a memória com 

  • A)cautela, visto que a memória produz a equivalência entre identidades individuais e coletivas.
  • B)urgência, dada sua importância na constituição das imagens da sociedade.
  • C)rigor científico, uma vez que a memória deve ser valorizada como duplicação do conhecimento histórico.
  • D)ressalvas, pois esse tipo de fonte desvirtua o historiador impedindo-o de desempenhar seu ofício de intelectual.
  • E)criticidade, pois deve ser estudada e avaliada em termos dos papéis que desempenha na constituição de identidades.
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A alternativa correta é E)

O texto apresentado, extraído da obra de Ulpiano Bezerra de Meneses, aborda a relação complexa entre memória e história, destacando que a memória, enquanto construção social, desempenha um papel fundamental na formação de identidades individuais, coletivas e nacionais. No entanto, o autor ressalta que a memória não deve ser confundida com a história, que é uma operação intelectual e cognitiva voltada para o conhecimento. O historiador, portanto, não pode tratar a memória como um simples reflexo da história, mas deve analisá-la criticamente, compreendendo seus mecanismos e influências na constituição das identidades.

Diante disso, a alternativa correta é a E), pois o autor defende que o historiador deve abordar a memória com criticidade, examinando seus papéis e impactos na formação das identidades, sem abandonar sua função crítica. A memória não é um simples duplo da história, mas um objeto de estudo que exige análise rigorosa e contextualizada, evitando tanto a idealização quanto a desvalorização de seu papel social.

As demais alternativas não refletem adequadamente a posição do autor. A alternativa A) simplifica a relação entre memória e identidade, enquanto a B) superestima a urgência sem considerar a necessidade de análise crítica. A C) incorre no erro de equiparar memória e história, e a D) desconsidera totalmente o valor da memória como fonte histórica. Portanto, a resposta correta é E), por alinhar-se com a visão de que a memória deve ser estudada com criticidade, sem perder de vista sua importância social e histórica.

Questão 67

A respeito dos estudos contemporâneos sobre a diáspora africana, todas as alternativas abaixo
estão corretas, EXCETO UMA, assinale-a.

  • A)Alguns estudos sobre a diáspora africana ressaltam inúmeros eventos socioculturais e políticos como a luta em prol dos direitos civis dos descendentes africanos norte-americanos, além de estudos sobre os movimentos anticoloniais na África.
  • B)Representam uma inovação em relação à historiografia, pois privilegia uma visão da história da África que ultrapassa a simples visão moderna do escravismo ou do imperialismo da era contemporânea.
  • C)Esses estudos revelam aspectos amplos e complexos a respeito da história dos povos africanos e propicia um novo olhar a respeito das suas relações socioculturais.
  • D)Os estudos atribuem a importância do foco na diáspora como uma forma de suscitar o interesse por uma historiografia nacional que seja capaz de resgatar o passado histórico e geográfico da África a partir de um olhar delimitado, ou seja, o continente africano.
  • E)Esses estudos buscam compreender a África na conjuntura transnacional, através do olhar propriamente africano, afastando-se da concepção epistemológica tradicional e etnocêntrica.
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A alternativa correta é D)

A respeito dos estudos contemporâneos sobre a diáspora africana, todas as alternativas apresentadas estão corretas, exceto a opção D). Essa alternativa destoa das demais por limitar o escopo da diáspora africana a uma perspectiva nacionalista e geograficamente restrita ao continente africano, contrariando a essência transnacional e plural que caracteriza tais estudos.

As demais alternativas refletem adequadamente o caráter inovador e abrangente desses estudos. A alternativa A) destaca eventos socioculturais e políticos relevantes, como os movimentos pelos direitos civis e as lutas anticoloniais. A B) aponta a ruptura com visões reducionistas da história africana, superando narrativas centradas apenas no escravismo ou no imperialismo. Já a C) enfatiza a complexidade das relações socioculturais dos povos africanos e sua reinterpretação crítica. Por fim, a E) reforça a abordagem transnacional e a desconstrução de perspectivas etnocêntricas, valorizando o olhar africano sobre sua própria história.

Portanto, a alternativa D) é a incorreta, pois reduz a diáspora africana a um enfoque nacionalista e geograficamente limitado, ignorando sua dimensão global e intercultural.

Questão 68

A adoção de teorias para produção de conhecimento histórico é uma prerrogativa essencial
para a cientificidade da História e pressupõe os balizamentos necessários na relação do
professor pesquisador com o seu objeto de pesquisa. Associe as teorias expostas na coluna da
esquerda, com as devidas características expostas na coluna da direita.

(1) Escola Metódica
(2) Positivismo
(3) Materialismo Histórico
(4) Escola dos Annales
( ) A História é compreendida na perspectiva teórico filosófica
como uma ciência pautada na razão e que tem como objetivo
estudar os fatos a partir da ideia da universalidade e das leis
que regem o desenvolvimento humano.
( ) Pressupõe uma visão objetiva do passado em que o
historiador deve se manter “fiel” ao fato. O método está
baseado em uma análise crítica documental, pautada em
critérios metodológicos rigorosos, a fim de encontrar a
verdade histórica objetiva.
( ) Busca a compreensão da História a partir de múltiplas
dimensões amparada na concepção interdisciplinar do fazer
historiográfico. A produção do conhecimento visa a uma
concepção mais global da História em detrimento da
fragmentação.
( ) Teoria social que percebe a História a partir de um conjunto
de ações dos homens em que se faz presente forças
geradoras de transformações estruturais na sociedade.
Assinale a alternativa que contém a ordem CORRETA de associação, de cima para baixo.

  • A)1, 3, 4, 2
  • B)2, 1, 4, 3
  • C)1, 4, 2, 3
  • D)2, 4, 1, 3
  • E)3, 4, 1, 2
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A alternativa correta é B)

A adoção de teorias para a produção do conhecimento histórico é fundamental para a construção de uma História científica, exigindo do professor-pesquisador um rigor metodológico em sua relação com o objeto de estudo. Nesse contexto, é necessário associar corretamente as teorias históricas às suas respectivas características.

A primeira descrição refere-se ao Positivismo (2), que compreende a História como uma ciência baseada na razão, buscando leis universais que regem o desenvolvimento humano. Já a segunda característica remete à Escola Metódica (1), que defende uma abordagem objetiva do passado, centrada na análise crítica de documentos para alcançar uma verdade histórica imparcial.

A terceira definição corresponde à Escola dos Annales (4), que propõe uma visão interdisciplinar e global da História, superando a fragmentação dos estudos tradicionais. Por fim, a quarta característica descreve o Materialismo Histórico (3), teoria que analisa as transformações estruturais da sociedade a partir das ações humanas e das relações materiais.

Portanto, a ordem correta de associação é 2, 1, 4, 3, conforme a alternativa B).

Questão 69

“Não é de hoje que o cinema frequenta as aulas de História nas escolas. Os alunos gostam. Os
professores também. Como recurso pedagógico, a sétima arte é quase uma unanimidade. Mas
é preciso ter cuidado. É bem verdade que o uso do cinema como ferramenta de ensino é capaz
de deixar a aula mais dinâmica e divertida; entretanto, o professor deve estar atento para as
armadilhas que essa estratégia pode gerar.”
CARDOSO, Oldimar. Baseado em Fatos Reais. Revista Brasileira de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, 04 de outubro
de 2008. Disponível em:
. Acesso em: 15 de out.
2015.
Oldimar Cardoso defende do uso de fontes audiovisuais no trabalho do professor em sala de
aula. Além do cinema, outras fontes estão sendo utilizadas, como a televisão e a canção.
Sobre as novas perspectivas relacionadas ao uso dessas fontes descritas pelo historiador,
avalie o acerto das afirmações a seguir.
I. O uso da televisão deve ser evitado em sala de aula, pois os programas são apenas
produzidos dentro do mercado, sem fins educativos ou questões historiográficas.
II. Ao utilizarem-se canções para a pesquisa ou em sala de aula, o historiador deve
considerar também a parte rítmica e melódica, não apenas a letra.
III. O cinema ficcional deve ser evitado em sala de aula, pois não sendo dirigido por
historiadores, a versão da “realidade” não tem fundamento acadêmico.
IV. Ao pesquisar sobre o cinema, o historiador deve considerar as três possibilidades básicas
de relação entre história e cinema: o cinema na história, a história do cinema e a história
no cinema.
Assinale a alternativa que apresenta somente as afirmações CORRETAS.

  • A)I, IV
  • B)I, II
  • C)I, III
  • D)II, III
  • E)II, IV
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A alternativa correta é E)

O uso de recursos audiovisuais, como cinema, televisão e música, nas aulas de História é uma prática cada vez mais comum, mas exige cautela e critério por parte dos educadores. O texto de Oldimar Cardoso destaca a importância dessas ferramentas para tornar o ensino mais dinâmico, porém alerta para os riscos de uma abordagem superficial ou acrítica. Analisando as afirmações apresentadas, podemos identificar quais estão corretas de acordo com essa perspectiva.

A primeira afirmação, que sugere evitar a televisão em sala de aula por ser uma produção meramente mercadológica, é incorreta. Embora muitos programas não tenham fins educativos, a televisão pode ser uma fonte valiosa para análise histórica, desde que contextualizada e problematizada pelo professor. Já a segunda afirmação está correta, pois reconhece que uma canção não se resume à sua letra: seu ritmo, melodia e contexto de produção também são elementos importantes para a análise histórica.

A terceira afirmação, que recomenda evitar o cinema ficcional por não ser produzido por historiadores, é equivocada. Filmes de ficção, mesmo não sendo documentos históricos no sentido estrito, refletem visões de mundo, valores e representações de uma época, podendo ser objetos de estudo relevantes. Por fim, a quarta afirmação está correta ao apontar as três dimensões de relação entre história e cinema: o impacto do cinema como fenômeno histórico, a evolução da linguagem cinematográfica e as representações do passado no cinema.

Portanto, as afirmações corretas são II e IV, conforme indicado na alternativa E. Essa análise reforça a ideia de que os recursos audiovisuais, quando bem utilizados, podem enriquecer o ensino de História, desde que o professor adote uma postura reflexiva e oriente os alunos a interpretar criticamente essas fontes.

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Questão 70

Sobre o ensino e a aprendizagem de História,
assinale a alternativa INCORRETA.

  • A)Envolvem uma distinção básica entre o saber histórico, como um campo de pesquisa e produção de conhecimento do domínio de especialistas, e o saber histórico escolar, como conhecimento produzido no espaço escolar.
  • B)Os diferentes conceitos — de fato histórico, sujeito histórico e tempo histórico — independem das distintas concepções de História e de como ela é estruturada e constituída.
  • C)Na sala de aula, os materiais didáticos e as diversas formas de comunicação escolar apresentadas no processo pedagógico constituem o que se denomina saber histórico escolar.
  • D)O saber histórico escolar, na sua relação com o saber histórico, compreende, de modo amplo, a delimitação de três conceitos fundamentais: o de fato histórico, de sujeito histórico e de tempo histórico.
  • E)Didaticamente, as relações e as comparações entre o presente e o passado permitem uma compreensão da realidade numa dimensão histórica, que extrapola as explicações sustentadas apenas no passado ou só no presente imediato.
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A alternativa correta é B)

Análise da questão sobre o ensino e aprendizagem de História

A questão apresentada aborda aspectos fundamentais da relação entre o saber histórico acadêmico e o saber histórico escolar, destacando conceitos essenciais para o ensino da disciplina. O gabarito indica que a alternativa B é a incorreta, e essa análise busca explicar o porquê dessa escolha.

A alternativa B afirma que os conceitos de fato histórico, sujeito histórico e tempo histórico independem das concepções de História e de como ela é estruturada. Essa afirmação é equivocada, pois esses conceitos são justamente moldados pelas diferentes perspectivas teóricas e metodológicas que orientam a produção do conhecimento histórico. Por exemplo, uma abordagem marxista enfatizará o sujeito histórico como agente das lutas de classes, enquanto uma visão positivista priorizará fatos históricos como eventos objetivos e isolados.

As demais alternativas apresentam afirmações corretas sobre o ensino de História:

  • A alternativa A corretamente distingue o saber histórico acadêmico, produzido por especialistas, do saber histórico escolar, adaptado ao contexto pedagógico.
  • A alternativa C descreve com precisão como o saber histórico escolar é construído na sala de aula, por meio de materiais didáticos e práticas pedagógicas.
  • A alternativa D reforça a importância dos três conceitos fundamentais (fato, sujeito e tempo histórico) na relação entre o saber histórico e sua versão escolar.
  • A alternativa E destaca a importância da comparação entre passado e presente como estratégia didática para uma compreensão mais ampla da realidade histórica.

Portanto, a alternativa B é de fato a incorreta, pois os conceitos históricos são profundamente influenciados pelas correntes teóricas e visões de mundo que os fundamentam, não sendo independentes delas.

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