Questões Sobre Teorias e Práticas para o Ensino de Língua Portuguesa - Pedagogia - concurso

A professora Sandra do 2.º ano matutino utiliza o ditado como uma estratégia pedagógica diária, enquanto sua colega de outra turma não reconhece os benefícios dessa prática. Analisando as afirmações à luz dos estudos linguísticos atuais, podemos identificar quais são verdadeiras (V) e quais são falsas (F):

(V) O ditado, quando contextualizado, pode ser uma atividade prazerosa e eficaz para avaliar o progresso dos alunos, permitindo ao professor analisar as hipóteses de escrita das crianças e acompanhar seu desenvolvimento.

(F) A eficiência do ditado não depende da silabação das palavras pelo professor, pois essa prática pode prejudicar a compreensão da palavra como unidade de significado. O ideal é que o ditado seja realizado de forma natural, com frases ou textos curtos que façam sentido para os alunos.

(F) O ditado mudo, embora seja uma atividade válida para trabalhar a associação entre imagem e escrita, não é a estratégia mais adequada para desenvolver a correção ortográfica, pois o foco principal está na relação entre o objeto representado e sua escrita, não nas convenções ortográficas.

(V) O uso do ditado como ferramenta para desenvolver a habilidade de registrar informações ouvidas é importante desde a alfabetização, pois prepara os alunos para situações cotidianas que exigem anotações rápidas e eficientes.

Portanto, a sequência correta é: V, F, F, V (Alternativa A).

Kamila é aluna do 4.º ano e apresenta dificuldades específicas na escrita e leitura, como trocar letras e pular palavras. A intervenção pedagógica adotada pela professora consiste em um caderno de reforço, no qual a aluna copia textos selecionados diariamente como tarefa de casa. Analisando essa estratégia sob a perspectiva do ensino reflexivo da língua escrita, é possível questionar sua eficácia.

A alternativa correta é a B), pois a cópia de textos, embora possa auxiliar na memorização de padrões ortográficos, é uma atividade essencialmente mecânica. O ensino reflexivo pressupõe que o aluno desenvolva a capacidade de analisar a língua escrita, compreendendo suas regras e estruturas de forma crítica. A simples repetição não garante que Kamila reflita sobre seus erros ou internalize os mecanismos linguísticos que justificam a escrita correta.

Para superar suas dificuldades, seria mais eficaz propor atividades que estimulem a reflexão metalinguística, como a revisão de textos próprios, jogos de consciência fonológica ou exercícios que contrastem palavras com sons semelhantes. Dessa forma, Kamila poderia não apenas reproduzir a escrita, mas também compreendê-la de maneira mais profunda e autônoma.

Portanto, a cópia isolada, sem mediação que promova a análise consciente da língua, tem limitações claras no processo de alfabetização. O ensino reflexivo exige estratégias que vão além da repetição, priorizando a construção ativa do conhecimento pelo aluno.

Uma professora que acredita na literatura como algo prazeroso para a criança deve priorizar o gosto e a apreciação, incentivando o contato autêntico e significativo com os livros. Entre as opções apresentadas, a ação mais coerente com essa concepção é a alternativa C), que propõe promover situações em que os alunos tenham acesso a diversos títulos e possam escolher livremente suas leituras.

Essa abordagem respeita os interesses individuais das crianças, valorizando sua autonomia e curiosidade natural. Ao permitir a livre escolha, a professora estimula o prazer pela leitura, evitando imposições que possam transformar a literatura em uma atividade mecânica ou obrigatória.

As outras alternativas apresentam limitações: a opção A) impõe uma leitura única, desconsiderando as preferências dos alunos; a B) transforma a leitura em uma tarefa avaliativa, tirando seu caráter lúdico; e a D), embora permita o contato com diversos livros, ainda restringe a escolha final, subestimando a capacidade das crianças de selecionar obras adequadas ao seu desenvolvimento.

Portanto, a alternativa C) é a que melhor reflete uma prática pedagógica que valoriza a literatura como experiência prazerosa e significativa para a criança.

No processo de ensino da escrita, antes de pensar sobre qualquer ação de intervenção pedagógica, é necessário que o docente entenda a natureza do erro construtivo, diagnosticando-o adequadamente, pois para cada tipo de erro há procedimentos pedagógicos mais adequados.

Que tipo de erro de escrita se faz presente nos exemplos com seguiu, em baixo e em pata?

• A) Segmentação indevida
• B) Troca dos homorgânicos
• C) Erro por transcrição de fala
• D) Ausência de nasalidade

O gabarito correto é A) Segmentação indevida.

Partindo do pressuposto de que as crianças podem produzir textos antes de saber ler e escrever convencionalmente, o professor deve adotar estratégias que valorizem o processo de construção coletiva e o planejamento compartilhado. A alternativa correta, neste caso, é a C), pois ela integra os elementos essenciais para uma prática pedagógica eficaz no desenvolvimento da escrita infantil.

O item C) propõe que o professor planeje a proposta do texto junto ao grupo, considerando a finalidade, o destinatário e a situação de leitura. Essa abordagem colaborativa permite que as crianças participem ativamente da construção do texto, desenvolvendo noções sobre propósito comunicativo e organização discursiva. Em seguida, parte-se para a escrita coletiva, com o professor atuando como escriba e mediador, fazendo intervenções que reforçam a importância do planejamento.

Essa metodologia é mais eficiente do que as demais porque:

• Evita a cópia mecânica (como na alternativa A)), que não estimula a reflexão sobre a língua;
• Supera a escrita individual precoce (alternativa B)), que pode gerar frustração em crianças ainda não alfabetizadas;
• Diferencia-se da imposição do planejamento pelo professor (alternativa D)), garantindo autonomia e participação ativa dos alunos.

Assim, a escrita coletiva mediada pelo professor, com planejamento compartilhado, respeita o desenvolvimento infantil e constrói bases sólidas para a apropriação da linguagem escrita.

A seleção de textos para o trabalho em sala de aula é uma etapa fundamental no processo de ensino-aprendizagem. O professor deve considerar critérios que garantam não apenas o desenvolvimento da leitura, mas também a formação crítica e reflexiva dos alunos. Entre as opções apresentadas, a alternativa C) se destaca como a mais adequada, pois engloba três dimensões essenciais: a discursiva, a semântica e a formal.

Um texto adequado do ponto de vista discursivo é aquele que se encaixa em um contexto comunicativo claro, permitindo ao aluno compreender sua função social e intencionalidade. Já a dimensão semântica refere-se à acessibilidade do conteúdo, garantindo que o aluno consiga estabelecer relações significativas com o que é lido. Por fim, a formalidade diz respeito à estrutura linguística, que deve ser compatível com o nível de desenvolvimento dos estudantes, sem ser simplória nem excessivamente complexa.

As demais alternativas apresentam limitações. A opção A), por exemplo, sugere textos distantes da realidade dos alunos, o que pode dificultar o engajamento. A alternativa B), embora pareça abrangente, não considera a necessidade de seleção criteriosa conforme objetivos pedagógicos. Já a opção D) propõe complexidade excessiva, o que pode desmotivar os estudantes em vez de estimulá-los.

Portanto, a escolha de textos que equilibrem discurso, significado e forma é a mais coerente com uma abordagem educativa que visa à formação integral do aluno, preparando-o para interagir com diferentes linguagens de maneira crítica e autônoma.

“Um dos momentos da alfabetização inicial que exige do professor uma certa cautela, muita atenção, é a passagem pela criança da hipótese silábica para a hipótese alfabética.” Esta é uma fase de transição crucial no desenvolvimento da escrita, marcada por avanços e desafios específicos.

Durante essa passagem, as crianças demonstram uma evolução em sua compreensão do sistema de escrita, mas ainda não dominam completamente as convenções ortográficas. Por isso, é incorreto afirmar que, nessa fase, as crianças passam a escrever corretamente as palavras (alternativa B). A escrita correta só será alcançada posteriormente, após a consolidação da hipótese alfabética e o contato sistemático com a norma padrão.

As demais alternativas descrevem características típicas desse período:

• A) A escrita das crianças é acrescida de consoantes, pois elas começam a perceber a necessidade de representar todos os fonemas.
• C) A criança registra uma mesma palavra de modos distintos, refletindo suas tentativas de ajuste entre fala e escrita.
• D) As crianças começam a abandonar a escrita quase sempre realizada só com vogais, incorporando gradualmente as consoantes.

Portanto, a alternativa que não corresponde a essa fase de transição é a B), já que a escrita correta das palavras é uma conquista posterior no processo de alfabetização.

No processo de ensino-aprendizagem da língua materna, especialmente nos anos iniciais do ensino fundamental, é fundamental adotar uma abordagem integrada que considere todos os elementos da língua como partes interdependentes de um sistema complexo. A divisão em blocos como vocabulário, gramática, produção e compreensão de textos, além das convenções da língua escrita, pode ser útil para fins didáticos, mas não deve ser tratada de forma isolada.

A alternativa correta, C) "todos os elementos da língua que atuam em conjunto", reflete a visão mais adequada para o ensino nessa fase. Isso porque:

• O desenvolvimento da linguagem ocorre de maneira holística
• As habilidades linguísticas se reforçam mutuamente
• O contexto de uso real da língua envolve múltiplos aspectos simultaneamente
• A aprendizagem significativa requer integração entre forma e função

Enquanto as outras alternativas focam em aspectos específicos, apenas a abordagem integrada (alternativa C) permite que os alunos desenvolvam competências linguísticas de forma equilibrada e contextualizada, preparando-os adequadamente para os usos sociais da língua em sua plenitude.

O ensino de História nos anos iniciais do ensino fundamental deve ir além da simples transmissão de fatos e datas. Seu objetivo principal é desenvolver nos alunos a capacidade de pensar historicamente, ou seja, compreender os processos sociais, as mudanças e permanências ao longo do tempo, e as diferentes interpretações sobre os eventos. Entre as estratégias apresentadas, a alternativa C) se destaca como a mais adequada para alcançar esse objetivo.

Trabalhar com narrativas e múltiplas perspectivas permite que as crianças relacionem o conhecimento histórico com suas próprias experiências temporais. Essa abordagem favorece a construção de um pensamento crítico, pois os alunos aprendem a analisar diferentes versões de um mesmo fato, questionar fontes e entender que a História não é uma verdade absoluta, mas uma ciência em constante construção.

As outras alternativas, embora possam contribuir para o aprendizado, apresentam limitações. A leitura de textos históricos (A) e o uso de documentos (D) são importantes, mas sem mediação adequada, podem ser pouco significativos para crianças pequenas. Já a transmissão cotidiana do conhecimento (B), se não for problematizada, pode reduzir a História a uma repetição mecânica de informações, sem desenvolver o pensamento histórico.

Portanto, a alternativa C) é a que melhor atende ao propósito de fazer as crianças pensarem historicamente, pois valoriza suas experiências, trabalha com a diversidade de olhares e estimula a reflexão sobre o tempo e as ações humanas.

Muitas pesquisas mostram que ouvir um adulto ler é um dos principais fatores que contribuem para a formação de um leitor que realiza práticas de leitura diversificadas e frequentes. Mostram também que isso acontece pelo fato de a criança se identificar positivamente com quem lê, assim como pelo fato de, ao ouvir histórias lidas, dominar, progressivamente, os usos e funções da escrita, os diferentes gêneros de texto, bem como as estruturas sintáticas próprias dessa modalidade da língua que são diferentes da língua oral.

O gabarito correto para completar a lacuna é a alternativa D) Estruturas sintáticas, pois o texto refere-se às características gramaticais e organizacionais da linguagem escrita, que diferem da oralidade.