Questões Sobre Teorias e Práticas para o Ensino de Língua Portuguesa - Pedagogia - concurso

Segundo Ferreiro, os níveis de construção da escrita são fundamentais para compreender o processo de alfabetização. Sua teoria destaca etapas evolutivas pelas quais as crianças passam ao desenvolver a linguagem escrita. Analisando as afirmações apresentadas:

1. Distinção entre representação icônica e não-icônica: Correta. Refere-se à capacidade da criança diferenciar desenhos (icônicos) de símbolos escritos (não-icônicos).

2. Construção de formas de diferenciação intra-figural: Correta. Envolve a percepção de variações dentro de um mesmo símbolo ou letra.

3. Construção de formas de diferenciações inter-figurais: Correta. Relaciona-se à distinção entre diferentes letras ou símbolos.

4. Fonetização da escrita: Correta. Representa a compreensão da relação entre grafemas e fonemas.

5. Segmentação da escrita: Embora importante, não é considerada um dos níveis básicos na teoria de Ferreiro.

Portanto, as alternativas corretas são 1, 2, 3 e 4, tornando a opção B a resposta adequada.

Os Parâmetros Nacionais de Língua Portuguesa trazem uma reflexão importante sobre o ensino da gramática no Ensino Fundamental, desconstruindo a falsa polêmica em torno de sua necessidade. A questão central, segundo o documento, não é se ensinar gramática, mas para que e como fazê-lo de maneira significativa.

O objetivo principal do ensino gramatical, conforme destacado, é promover a análise e a reflexão sobre a língua, visando aprimorar o uso da linguagem pelos estudantes. Para isso, os Parâmetros recomendam práticas pedagógicas que ultrapassem a mera memorização de regras, priorizando situações didáticas contextualizadas.

Dentre as alternativas apresentadas, a que melhor se alinha a essa perspectiva é a B) a reflexão compartilhada sobre textos reais. Essa abordagem permite que os alunos observem a gramática em funcionamento, analisando suas escolhas linguísticas e efeitos de sentido em situações concretas de comunicação, em vez de tratá-la como um conjunto de normas desconectadas do uso.

As demais opções, embora possam ter algum mérito pedagógico, não capturam plenamente a proposta dos Parâmetros. A alternativa A) reduz a gramática a exercícios descontextualizados; C) foca em repetição de padrões; D) reforça a visão da gramática como conhecimento escolar artificial; e E) posterga seu ensino de forma arbitrária, ignorando a possibilidade de reflexão linguística desde os anos iniciais.

Portanto, a resposta correta é B), pois reflete a concepção de gramática como instrumento de análise e reflexão sobre a língua em uso, em consonância com os objetivos educacionais contemporâneos.

O ensino da língua portuguesa vai além da simples transmissão de regras gramaticais e ortográficas. Como sistema de signos sociais e históricos, a língua é uma ferramenta fundamental para interpretar e significar o mundo, além de expressar nossa identidade e cultura. Diante disso, o papel do professor é crucial na organização de um ensino que valorize não apenas a escrita, mas também a produção discursiva em suas múltiplas dimensões.

A alternativa correta, A), destaca a importância de incentivar a produção de discurso mesmo antes do domínio completo da escrita, sem subestimar o valor social desta última. Essa abordagem reconhece que a linguagem é um instrumento vivo de comunicação e pensamento, que deve ser explorado desde os primeiros contatos com a língua. A escrita, embora essencial, não deve ser um obstáculo para a expressão das ideias e experiências dos alunos.

As demais alternativas apresentam limitações significativas. A opção B) fragmenta o aprendizado em etapas rígidas, separando artificialmente o estudo do sistema alfabético do uso real da língua. Já a alternativa C) reduz o processo de aprendizagem à mera recepção passiva de conteúdos, ignorando a natureza ativa da construção do conhecimento linguístico. A opção D) condiciona a expressão discursiva à capacidade técnica de escrita, enquanto a alternativa E) apresenta uma visão mecânica e simplista da produção textual.

Portanto, a abordagem mais adequada é aquela que, como propõe a alternativa A), valoriza a produção de sentido e a expressão pessoal, integrando progressivamente as convenções da escrita sem torná-las pré-requisito para o desenvolvimento da competência comunicativa.

Para Ferreiro, a criança começa a compreender a função da escrita antes mesmo de frequentar a escola, demonstrando que o aprendizado da linguagem escrita não se inicia exclusivamente no ambiente escolar. No entanto, isso não diminui a importância da escola no processo de alfabetização, pois é nesse espaço que a criança desenvolve e formaliza suas habilidades de leitura e escrita.

Entre as sugestões apresentadas por Ferreiro para orientar o professor, destaca-se a importância de valorizar as condições que permitem à criança agir como se fosse leitor, antes de efetivamente sê-lo (alternativa C). Essa abordagem reconhece que a criança constrói hipóteses sobre a escrita e que, mesmo antes de dominar o sistema convencional, ela já interage com textos de maneira significativa.

As outras alternativas apresentam propostas que não estão alinhadas com a perspectiva construtivista defendida por Ferreiro:

• A) Valorizar a cópia e a sonorização dos grafemas pode limitar o processo de construção ativa do conhecimento pela criança.
• B) Priorizar a aprendizagem assistemática desconsidera a necessidade de mediação pedagógica intencional.
• D) Desconsiderar a produção não convencional ignora o percurso de aprendizagem da criança.
• E) Interpretar os esforços infantis como certo ou errado desvaloriza o processo de elaboração de hipóteses.

Portanto, a alternativa correta é a C, que reflete uma visão respeitosa do processo de aprendizagem, incentivando a criança a se engajar com a escrita de forma ativa e significativa, mesmo antes de dominar plenamente suas convenções.

Em uma classe do segundo ano do Ensino Fundamental, a atividade de troca de bilhetes entre os alunos revela diferentes níveis de domínio sobre a escrita e a leitura. Alguns alunos demonstraram autonomia na escrita e na leitura, enquanto outros precisaram de auxílio em uma ou ambas as habilidades. Diante desse cenário, à luz dos estudos de Magda Soares, é fundamental diferenciar os conceitos de alfabetização e letramento para compreender o desenvolvimento dos alunos.

Soares define alfabetização como o processo de aquisição do código escrito, ou seja, a capacidade de decodificar e codificar palavras. Já o letramento refere-se ao uso social da leitura e da escrita em práticas cotidianas, envolvendo compreensão e produção de textos em contextos reais de comunicação.

No caso apresentado, todos os alunos participaram da troca de bilhetes, uma prática social de comunicação escrita, o que indica que estão inseridos em um contexto de letramento. No entanto, nem todos conseguiram escrever ou ler de forma independente, mostrando que alguns ainda não estão plenamente alfabetizados. Portanto, a alternativa correta é a B) todos os alunos estão letrados e alguns alfabetizados, pois o letramento está presente na atividade proposta, enquanto a alfabetização ainda está em processo de consolidação para parte da turma.

As outras alternativas não correspondem à realidade descrita: a alternativa A inverte os conceitos; a C ignora as dificuldades de parte dos alunos; a D não reconhece que todos estão letrados pela participação na atividade; e a E é incorreta, pois a apropriação plena da escrita ainda não foi alcançada por todos.

O texto de Paulo Freire, em A importância do ato de ler, reflete sobre o processo de alfabetização como uma continuidade da leitura do mundo, destacando a importância do contexto pessoal e afetivo nesse aprendizado. A análise das afirmações sobre o trecho apresentado revela que as alternativas corretas são I, III e IV, correspondendo à opção C).

A afirmação I está correta, pois o autor descreve que foi alfabetizado "no chão do quintal", usando gravetos como giz e o próprio chão como quadro-negro, reforçando a ideia de um aprendizado ligado à sua realidade imediata.

A afirmação II é incorreta, já que a palavra sublinhada "que" não é um pronome demonstrativo, mas sim um pronome relativo, retomando "leitura do meu mundo". Pronomes demonstrativos seriam "este", "esse" ou "aquele".

A afirmação III está correta, pois Freire enfatiza que a decifração da palavra fluía naturalmente da leitura do seu mundo particular, sem sobreposição, indicando uma relação simultânea entre ambas as formas de leitura.

A afirmação IV está correta, pois o verbo "comecei" está de fato conjugado no pretérito perfeito do indicativo, descrevendo uma ação concluída no passado.

Por fim, a afirmação V é incorreta, pois "experiência" não é uma oxítona terminada em ditongo, mas sim uma paroxítona terminada em hiato ("i-ên"), cujo acento segue as regras de acentuação gráfica para esse tipo de palavra.

Portanto, o gabarito correto é C) I, III, IV, confirmando a relação entre o aprendizado da escrita e a vivência do mundo, conforme a abordagem freireana.

No contexto da organização da rotina em salas de aula das séries iniciais, é fundamental incorporar atividades que desenvolvam não apenas a leitura e a escrita, mas também as habilidades de oralidade. Entre as opções apresentadas, a alternativa C) se destaca como a mais adequada, pois trabalha diretamente com elementos essenciais da comunicação oral, como entonação, dicção e modulação da voz.

O reconto de histórias, proposto na opção C), vai além da simples repetição de palavras ou textos. Essa atividade estimula a criança a organizar suas ideias, expressar-se com clareza e adaptar sua fala ao contexto narrativo, utilizando recursos como pausas, ênfases e variações de tom. Essas competências são cruciais para o desenvolvimento da linguagem oral, que serve de base para outras aprendizagens.

Embora as demais alternativas apresentem atividades válidas — como a leitura de listas (A), a reprodução de notícias (B), a leitura coletiva (D) e a identificação de placas (E) —, elas têm um enfoque mais restrito. Algumas priorizam a decodificação de textos curtos, enquanto outras enfatizam a memorização ou a leitura em voz alta sem necessariamente desenvolver as nuances da oralidade.

Portanto, a alternativa C) é a que melhor atende ao objetivo de trabalhar as características específicas da oralidade, preparando os alunos para se comunicarem com eficácia em diferentes situações, dentro e fora do ambiente escolar.

A literatura oficial sobre avaliação de ações educacionais apresenta diferentes perspectivas em relação ao tema, destacando a importância de uma abordagem sistemática e abrangente. Entre as alternativas apresentadas, a opção B) é a correta, pois reflete o entendimento predominante na área.

A alternativa B) afirma que a literatura prevê o monitoramento e avaliação de processo, impacto e resultado das ações, o que está em consonância com as diretrizes mais atualizadas. Essa abordagem considera não apenas os resultados finais, mas também as etapas intermediárias e os efeitos das ações educacionais, garantindo uma análise mais completa.

As demais alternativas apresentam equívocos ou limitações:

• A) Incorreta, pois a literatura não ignora a avaliação voltada aos jovens, mas sim a incorpora em seu escopo.
• C) Incorreta, já que a avaliação não se restringe apenas à externa, podendo incluir processos internos e participativos.
• D) Incorreta, pois a avaliação é tratada como essencial, não opcional, para o aprimoramento das políticas educacionais.
• E) Incorreta, uma vez que a avaliação não tem como objetivo classificar os jovens, mas sim melhorar as ações educacionais.

Portanto, a alternativa B) é a que melhor representa o consenso da literatura especializada, reforçando a necessidade de uma avaliação contínua e multidimensional das ações educacionais.

O texto apresentado ilustra de forma metafórica um cenário comum em grupos e equipes: a dispersão de responsabilidades, onde todos esperam que alguém aja, mas no final, ninguém assume a tarefa. Essa dinâmica revela falhas na distribuição clara de papéis e na falta de comprometimento coletivo.

Analisando as afirmativas, a 1 está correta, pois aborda a responsabilidade como um compromisso interno, sem pressão externa – algo que faltou aos personagens da história. A 3 também é válida, já que destaca a importância da colaboração e do entendimento mútuo para resolver problemas, evitando o efeito "ninguém fez". A 5 complementa essa ideia, enfatizando atitudes proativas, como evitar a passividade e buscar soluções em conjunto.

Já as afirmativas 2 e 4 são incorretas. A primeira atribui o sucesso apenas a líderes autoritários, ignorando a importância da autonomia e do engajamento do grupo. A segunda sugere uma expectativa por ordens externas, contrariando o conceito de responsabilidade compartilhada.

Portanto, a alternativa C) (1, 3 e 5) é a correta, pois reflete os princípios de comprometimento individual, colaboração e proatividade necessários para evitar o fracasso coletivo descrito na história.

As opções a seguir apresentam eixos necessários para a aquisição da língua escrita, à exceção de uma. Assinale-a.

• A) Compreensão e valorização da cultura escrita
• B) Acesso somente a textos curtos e simples
• C) Produção de textos escritos
• D) Desenvolvimento da oralidade
• E) Leitura

O gabarito correto é B).