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No que se refere às intervenções da psicanálise em situações de fracasso escolar da criança, assinale a alternativa incorreta.

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Resposta:

A alternativa correta é letra E) Identifica os conflitos emocionais e os problemas de afetividade na família.

Gabarito Letra E

 

No que se refere às intervenções da psicanálise em situações de fracasso escolar da criança, assinale a alternativa incorreta.

a)  Transforma a dificuldade de aprendizagem do sujeito em um sintoma.

b)  Acolhe e maneja as especificidades da demanda da queixa escolar.

c)  Realiza um diagnóstico clínico das dificuldades de aprendizagem da criança.

d)  Interroga a criança sobre sua dificuldade.

e)  Identifica os conflitos emocionais e os problemas de afetividade na família.

 

Os psicanalistas atualmente consideram que os conflitos emocionais e problemas de afetividade na família não são mais suficientes para explicar o fracasso escolar, veja:

 

“A via adotada pela psicologia clínica a de localizar a causa do fracasso nos conflitos emocionais e problemas de afetividade na família não é mais eficaz. Durante muito tempo, buscou-se o suporte teórico da psicanálise para a compreensão do conflito intrapsíquico que estaria na base de uma determinada manifestação. Os laudos psicológicos de casos de Dificuldade de Aprendizagem na Leitura e na Escrita (Dale) demonstram como esse conflito se explica, exclusivamente, a partir de elementos da dinâmica familiar, furtando-se ao sujeito a possibilidade de dizer algo sobre sua divisão. Os significantes que marcam o déficit e a exclusão do sujeito designam tipos de pais, de mães ou de configurações familiares considerados inadequados para o desenvolvimento edípico normal da criança. O modelo padronizado da família dita nuclear serve de base para se isolarem todos aqueles que não estão em condições de se apoiar sobre uma identificação garantidora do acesso ao mundo simbólico. De uma certa maneira, essa abordagem que restringe os distúrbios da aprendizagem à clínica do Outro duplica o déficit, na medida em que a falta da criança resulta de uma carência simbólica da família. (...)

A clínica psicanalítica face à segregação do fracasso

Os educadores que encaminham escolares portadores de Dale para tratamento psicológico denunciam o fato de a terapia não surtir nenhum efeito sobre a dificuldade escolar específica da criança. Os psicólogos defendem-se disso alegando que sua formação é clínica e não pedagógica. Admitem, contudo, a necessidade de se investigarem essas manifestações, oriundas do ensino/aprendizagem, que se apresentam como demanda escolar. Parece que, exatamente nessa hiância entre o pedagógico e o psicológico em que tanto a eficácia dos métodos de aprendizagem quanto o saber médico-psicológico falham ao tentar anular a expressão da dificuldade enquanto efeito da linguagem exatamente nesse ponto, há uma chance para o discurso analítico poder operar. E essa operação consiste na transformação de tal dificuldade escolar em um sintoma, o que requer a produção de um enigma, que o sujeito pode endereçar ao analista com o intuito de obter uma decifração; mas, antes mesmo que uma dificuldade na esfera da aprendizagem se tome um enigma, é preciso que o analista saiba acolher e, mesmo, manejar a especificidade de uma demanda que carrega, em seu seio, um impasse recoberto pelo sentido da questão escolar. Seria bastante insuficiente compreender todas as manifestações de impasses no aprendizado da escrita como inibições ou sintomas propriamente ditos. Muitas vezes, faltam, realmente, ao escolar alguns fundamentos essenciais que lhe permitiriam ter acesso à estrutura do saber.

Diante dessa constatação, toma-se essencial a discussão interdisciplinar. A realização de um diagnóstico pedagógico detalhado, antecedendo a investigação analítica, cumpre o objetivo de permitir a identificação do processo particular do sujeito diante da apreensão daquilo que é da ordem da lei do significante e do arbitrário do sentido. Algumas manifestações curiosas ocorrem com freqüência e, mesmo não sendo descritas como transtornos específicos, testemunham tipos de respostas do sujeito à diversidade que se distribui entre o significante e o sentido, entre os fenômenos de código e os de mensagem. Pode-se citar, a esse respeito, o exemplo da criança que aprende a escrever, mas não consegue ler, ou, ainda, daquela que pode decodificar a escrita, ou seja, que consegue ler um texto com fluência sem, contudo, alcançar o sentido do que lê. (...)

A avaliação conceitual baseia-se na investigação do conhecimento da criança, no plano estrito do seu domínio dos fundamentos teóricos absolutamente indispensáveis para a superação de erros de conteúdo. O método, por outro lado, é inspirado na clínica psicanalítica, na medida em que a criança é interrogada sobre sua dificuldade, tal como se interroga alguém a respeito de seu sintoma. Nessa perspectiva, busca-se esclarecer a trajetória intelectual que a criança desenvolve na solução de uma tarefa, até o ponto preciso de seu impasse. Deve-se notar que essa atitude de investigação apenas é possível para aquele que se coloca na posição de não-saber diante do outro, despojando-se do lugar tentador de mestre, que o adulto normalmente tende a adotar frente a uma criança”

 

Nosso gabarito é Letra E.

 

Referência

SANTIAGO, Ana Lydia. A inibição intelectual na psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

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