Ao tratar sobre a finalidade da família para o desenvolvimento infantil, Bowlby afirma que
- A) é melhor que uma criança seja criada numa instituição do que em lares inadequados.
- B) lares inadequados ainda são melhores do que instituições, quando a criança reconhece que tem algum valor para seus pais.
- C) adultos que sofreram negligência e privação afetiva na infância tomam- se pais mais responsáveis e cuidadosos com seus filhos.
- D) a retirada de uma criança de um lar inadequado a fim de que retome seu desenvolvimento em ambiente saudável, constitui-se a melhor alternativa, visando prevenir futures desajustes psicológicos.
- E) os cuidados dispensados pela família extensa à criança não é garantidor de um sistema social seguro.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) lares inadequados ainda são melhores do que instituições, quando a criança reconhece que tem algum valor para seus pais.
Gabarito Letra C
Ao tratar sobre a finalidade da família para o desenvolvimento infantil, Bowlby afirma que
a) é melhor que uma criança seja criada numa instituição do que em lares inadequados.
b) lares inadequados ainda são melhores do que instituições, quando a criança reconhece que tem algum valor para seus pais.
c) adultos que sofreram negligência e privação afetiva na infância tomam- se pais mais responsáveis e cuidadosos com seus filhos.
d) a retirada de uma criança de um lar inadequado a fim de que retome seu desenvolvimento em ambiente saudável, constitui-se a melhor alternativa, visando prevenir futures desajustes psicológicos.
e) os cuidados dispensados pela família extensa à criança não é garantidor de um sistema social seguro.
Bowlby é autor da teoria do apego, em que estuda os vínculos entre o bebê e sua mãe:
“O que Bowlby e depois todos os estudiosos do apego mostraram é como, partindo de algumas condutas e de algumas tendências de resposta inatas (por exemplo, as condutas de chorar e de sorrir, a tendência de desfrutar do contato físico e da proximidade), os bebês desenvolvem fortes vínculos emocionais com os adultos que protagonizam a interação com eles (adultos cuja conduta também está orientada para a interação sensível com bebês). Essas condutas e tendências de conduta têm uma raiz filogenética clara e um inquestionável valor de sobrevivência; por isso, não surpreende que sejam universais em todos os membros da espécie.”
“Uma necessidade fundamental das crianças é se relacionar emocionalmente com seus cuidadores. O apego é uma ligação forte, íntima e emocional entre as pessoas que persiste ao longo do tempo e das circunstâncias. Esses vínculos emocionais são os blocos de construção para uma vida social bem-sucedida mais tarde. O processo de apego baseia-se na tendência inata dos seres humanos de formar vínculo com os outros. Essa tendência de vínculo é, na verdade, uma característica adaptativa. Formar vínculos com os outros fornece proteção aos indivíduos, aumenta suas chances de sobrevivência e, portanto, aumenta as suas chances de passar adiante seus genes às gerações futuras (Bowlby, 1982).”
De acordo com o autor, o vínculo com a família é fundamental, e lares inadequados, a menos que em condições extremas e considerando que a criança reconhece que tem algum valor para os pais, são melhores que uma instituição. Em instituições, em geral, não há o desenvolvimento do vínculo necessário pela criança em desenvolvimento.
“De modo geral, o que se observa é uma desvalorização da família, em que os pais consideram os filhos como seres de segunda categoria e por isso podem ficar algum tempo depositados em algum lugar. Depois, é só ir buscálos, acreditando que imediatamente as relações afetivas se restabelecem, e serão sempre bem vistos e amados pelos filhos. Ou então, segundo pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2005), ocorre a crença equivocada das famílias e até dos profissionais das instituições de que “o abrigo é o melhor local para a criança/adolescente viver”.
Ocorre que BOWLBY (1984) afirma que a criança estrutura vínculos afetivos com a mãe (na função de cuidadora), que satisfazem as necessidades básicas psicológicas da criança, e desenvolvendo o apego a essa figura materna. A separação e a perda da figura materna são fatores determinantes dos sentimentos de medo e angústia na criança: esta se apresenta aflita, com reações agressivas, de afastamento, desconfiança e desamparo, sentindo-se desprezada não apenas pelos pais (ou pela mãe), mas por todas as pessoas. É preciso enfatizar que, segundo o ECA, o abrigamento é uma medida provisória e excepcional, e não pode ser utilizado como recurso para tentar a solução de conflitos familiares. O psicólogo judiciário deve esclarecer à família que o abrigamento é prejudicial à criança, e sugerir ao juiz o acompanhamento do caso por aproximadamente 120 (cento e vinte) dias, para que a família se reestruture, e possa reassumir a criança em seu convívio. Segundo a pesquisa IPEA (2005), as instituições devem promover ações para que, enquanto a criança/adolescente estiver abrigado(a), deve manter os vínculos com suas famílias e apoiá-las para receber seus filhos de volta e para exercer de forma adequada as suas funções; do mesmo modo, as instituições devem envidar esforços para propiciar o direito à convivência comunitária para esta população, seja por meio da colocação em família substituta, quer pela vivência em abrigos mais semelhantes a uma residência e mais acolhedores que proporcionem atendimento individualizado e personalizado para as crianças e adolescentes abrigados.”
Nosso gabarito é Letra C.
Referência
GAZZANIGA, M., HEATHERTON, T. F. Ciência Psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005
SILVA, Denise Maria Perissini. Psicologia jurídica no processo civil brasileiro: a interface da psicologia com o direito nas questões de família e infância. – Rio de Janeiro: Forense, 2016
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