Mulher teve dois filhos com um homem que, após a separação, foi morar em outro estado. O pai das crianças mantém contato esporádico com elas, mas paga pensão alimentícia regularmente e sempre liga para saber notícias delas. Essa mulher procura um psicólogo porque seu companheiro atual quer que esse contato entre as crianças e seu pai seja interrompido, porque, após o seu casamento, ele quer assumir inteiramente o papel de pai das crianças.
Essa situação pode
- A) beneficiar as crianças, uma vez que a convivência diária com uma figura paterna estável pode fazer com que elas superem a angústia pela ausência do pai.
- B) comprometer o desenvolvimento das crianças, pois a atitude do padrasto demonstra total indiferença em relação às necessidades das crianças e da companheira.
- C) fortalecer a relação do padrasto com as crianças, uma vez que a atitude dele demonstra que seu afeto não se dirige somente à sua mãe, mas também a elas.
- D) prejudicar as crianças, uma vez que é importante que os novos companheiros em situação de recasamento assumam posição diferenciada da posição dos pais.
- E) aumentar a sensação de segurança da mãe, que se sentirá mais amparada para oferecer às crianças acolhimento e suporte em relação às suas necessidades.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) prejudicar as crianças, uma vez que é importante que os novos companheiros em situação de recasamento assumam posição diferenciada da posição dos pais.
Gabarito Letra D
Mulher teve dois filhos com um homem que, após a separação, foi morar em outro estado. O pai das crianças mantém contato esporádico com elas, mas paga pensão alimentícia regularmente e sempre liga para saber notícias delas. Essa mulher procura um psicólogo porque seu companheiro atual quer que esse contato entre as crianças e seu pai seja interrompido, porque, após o seu casamento, ele quer assumir inteiramente o papel de pai das crianças.
Essa situação pode
a) beneficiar as crianças, uma vez que a convivência diária com uma figura paterna estável pode fazer com que elas superem a angústia pela ausência do pai.
b) comprometer o desenvolvimento das crianças, pois a atitude do padrasto demonstra total indiferença em relação às necessidades das crianças e da companheira.
c) fortalecer a relação do padrasto com as crianças, uma vez que a atitude dele demonstra que seu afeto não se dirige somente à sua mãe, mas também a elas.
d) prejudicar as crianças, uma vez que é importante que os novos companheiros em situação de recasamento assumam posição diferenciada da posição dos pais.
e) aumentar a sensação de segurança da mãe, que se sentirá mais amparada para oferecer às crianças acolhimento e suporte em relação às suas necessidades.
Em casos de separação de casais com filhos, é importante que conjugalidade seja separado de parentalidade. O padrasto pode ser, e é aconselhável que seja, presente na vida das crianças, mas para isso não precisa que o pai deixe de exercer sua função de pai. Veja:
“O número crescente de separações parentais tem exigido que o valor dos vínculos de filiação seja reforçado a fim de que estes se tornem pontos de apoio suficientemente sólidos e permitam à criança definir-se socialmente e diferenciar-se psiquicamente. Quando pai/mãe e filho deixam de viver juntos, espera-se que a relação entre eles permaneça sólida, e que a relação entre pai e mãe esteja suficientemente elaborada para que todos possam sustentar com clareza os lugares que ocupam. Ou seja, espera-se que os filhos não precisem ocupar o lugar de um dos pais nem que disputem o lugar do ex-cônjuge. Um aspecto importante ainda a ser considerado é o justo desejo de ambos ex-cônjuges de terem suas vidas afetivas refeitas. Após a separação, a criança é levada, por vezes, a integrar uma ou duas novas famílias em decorrência da trajetória da vida de seus pais. Com isto, a criança irá se defrontar com a multiplicação dos papéis parentais e a distribuição da função de pai e mãe para outros homens e mulheres, na medida em que padrastos e madrastas passam a conviver com ela.
Os cônjuges dos pais, sem substituir os pais biológicos, são relevantes na nova dinâmica familiar que se estabelece. É bem verdade que não existe um estatuto que dê legitimidade a sua participação na vida dos enteados, ou seja, não existe uma lei que reconheça o vínculo entre enteado e padrasto ou madrasta ou que estabeleça direitos e deveres para regular esta relação.
Tantas são as configurações possíveis que não se conseguiria definir antecipadamente que lugar irá ocupar a madrasta ou o padrasto na vida de uma criança. Eles podem ser chamados a exercer algumas prerrogativas em relação à criança, mas, por exemplo, é comum observar-se que o padrasto exerce apenas a função que a genitora de seus enteados lhe conceder. O papel social de padrastos e madrastas precisa ser inventado no cotidiano vivenciado por eles. A construção desta relação não necessariamente reproduzirá os estereótipos das madrastas dos contos de fada. Vale lembrar como muitos enteados vêm substituindo a palavra “madrasta” por “boadrasta”.
Entretanto, pode ocorrer que o vínculo do pai com quem não se convive seja tão intenso, que a criança se recuse a investir no novo companheiro da mãe com quem passa a conviver.
O sucesso dessas construções dependerá do tipo de relação estabelecida entre os pais, entre estes e os novos cônjuges e do lugar que a criança ocupará em cada uma das suas novas famílias. Famílias que introduzirão em suas vidas novos personagens, na medida em que passam a conviver com um número maior de “avós”, “tios” e “primos”.
Como vimos até agora, é fundamental que a figura parental que estiver provisoriamente ausente do cotidiano do filho, em decorrência da separação, deva poder continuar convivendo com ele sem que se faça um movimento de tentar substituí-lo pelo novo parceiro do pai ou da mãe.”
Percebemos então que essa situação desejada pela mãe e seu novo companheiro prejudicaria as crianças, como diz a Letra D.
Referência
LEVY, Lídia; AYRES, Lygia; ARANHA, Stella. Livro didático de psicologia aplicada ao direito. Rio de Janeiro: editora universidade Estácio de Sá, 2014.
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