Questões Sobre Psicologia Jurídica - Psicologia - concurso
441) Debora e Roberto estão separados há três anos e possuem um filho em comum. Ela possui a guarda da criança e ele, o direito de visita, restrito aos finais de semana e mais um dia da semana. Contudo, Debora reclama que Roberto não vem cumprindo os horários, com atrasos que prejudicam os deveres escolares que o filho faz à noite. Por sua vez, Roberto diz que ela exagera em relação ao horário e que os atrasos são justificados. Ele sugere também pegar a criança na escola em vez de na casa materna, onde ele convivia com a ex-mulher.
À luz da psicologia jurídica voltada para a área de família, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) O genitor que fica na residência com o filho tem mais facilidade de realizar o luto da separação, pois enfrenta diariamente a realidade na qual o ex-companheiro está ausente do lar doméstico.
( ) Os modelos rígidos, burocráticos e preconcebidos de visita podem criar dificuldades para o genitor descontínuo acompanhar e participar do desenvolvimento do filho.
( ) O paradigma de “visita” deveria ser modificado para o de “convivência”, já que o significado de ir-ver ou inspecionar, presente no primeiro, não valoriza a ideia de intimidade, familiaridade, trato diário.
As afirmativas são, respectivamente,
- A) V, V e V.
- B) V, F e V.
- C) F, V e V.
- D) F, F e V.
- E) V, V e F.
A alternativa correta é letra A) V, V e V.
Análise dos itens:
(V) O genitor que fica na residência com o filho tem mais facilidade de realizar o luto da separação, pois enfrenta diariamente a realidade na qual o ex-companheiro está ausente do lar doméstico. CORRETO.
Todo processo de luto exige um tempo para elaboração psíquica daquela perda. Não foi encontrado na literatura uma referência que viesse a confirmar a afirmativa, porém considerando a justificativa apresentada, de que o genitor que permanece na residência com o filho enfrenta diariamente a realidade da ausência do ex-companheiro, conseguimos, por associação com o processo de luto da morte, inferir que isso realmente ocorre. O genitor que fica na residência elabora aquela perda diariamente.
(V) Os modelos rígidos, burocráticos e preconcebidos de visita podem criar dificuldades para o genitor descontínuo acompanhar e participar do desenvolvimento do filho. CORRETO.
Se o genitor guardião for inflexível e não colaborar com as visitas do genitor não guardião, o filho acaba vendo pouco o genitor, por falta de opções de horários ou impossibilidade de remanejar os horários. Isso traz dificuldades para o genitor não guardião acompanhar o desenvolvimento do filho.
(V) O paradigma de “visita” deveria ser modificado para o de “convivência”, já que o significado de ir-ver ou inspecionar, presente no primeiro, não valoriza a ideia de intimidade, familiaridade, trato diário. CORRETO.
O processo de regulamentar visitas nada mais é do que garantir o direito do filho de conviver com o genitor(a) não guardião. Portanto, seria mais adequado a mudança do termo para "convivência" ao invés de "visita".
Considerando os itens e as justificativas, constatamos que as afirmativas são, respectivamente, V, V e V.
442) Na disputa litigiosa de guarda, é comum um genitor querer mostrar que é mais apto do que outro para cuidar e educar os filhos. Com efeito, os operadores do direito solicitam que o psicólogo forneça subsídios que apontem para o genitor “certo” a quem dar posse e guarda da prole.
Por sua vez, a tarefa de confeccionar um laudo pouco contribui para uma melhoria na qualidade das relações entre os membros da família, na medida em que
- A) o psicólogo pode utilizar instrumentos inadequados de avaliação da competência parental.
- B) as partes não são encaminhadas à terapia antes de dar prosseguimento à ação judicial.
- C) a perícia não coloca em xeque a lógica adversarial que preside em geral as disputas de guarda.
- D) a avaliação psicológica não conclui em favor de uma única chefia familiar para a educação da prole.
- E) o laudo deixa de apontar o melhor guardião, gerando o risco de haver uma decisão judicial menos justa.
A alternativa correta é letra C) a perícia não coloca em xeque a lógica adversarial que preside em geral as disputas de guarda.
Análise das alternativas:
a) Incorreta. A utilização de instrumentos inadequados de avaliação da competência parental não se relaciona com a incapacidade de o laudo atuar na melhoria das relações entre os membros da família. Esses instrumentos inadequados serão prejudiciais para a elaboração do laudo e suas conclusões, porém nem se forem adequados contribuirão para a melhoria da qualidade da relações.
b) Incorreta. As partes não serem encaminhadas para terapia antes de dar prosseguimento à ação judicial não influencia na forma como o psicólogo irá confeccionar o laudo. Este abordará as mesmas questões independentemente disso. A própria perícia não costuma abordar a lógica adversarial das disputas de guarda.
c) Correta. Devemos nos atentar para o que diz o enunciado: "a tarefa de confeccionar um laudo pouco contribui para uma melhoria na qualidade das relações entre os membros da família, na medida em que". O complemento da sentença deve ser algo que vá nesse mesmo sentido. Foi falado da pouca contribuição do laudo na melhoria da qualidade das relações na família. O motivo disso seria o fato de a perícia não colocar em xeque a lógica adversarial que preside em geral as disputas de guarda.
d) Incorreta. A avaliação psicológica no contexto da disputa de guarda pode dar indicativos de qual genitor está mais preparado para ser o guardião da criança. Além disso, a afirmação da alternativa não se encaixa na sentença que foi apresentada pelo enunciado, que abordou a questão da pouca contribuição do laudo em abordar a melhoria na qualidade das relações.
e) Incorreta. Seguindo a mesma linha de raciocínio da alternativa anterior, pode-se dizer que o laudo psicológico fornece indicativos de quem seria o melhor guardião. Ademais, a afirmação da alternativa não se enquadra na sentença apresentada.
Para se aprofundar no assunto:
SHINE, Sidney. Espada de Salomão: a psicologia e a disputa de guarda dos filhos. Casa do Psicólogo, 2003.
443) O Decreto Presidencial nº 7.958 de 13/03/2013 estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde. Entre essas diretrizes está a disponibilização de espaço de escuta qualificado e a privacidade durante o atendimento, propiciando ambiente de confiança e respeito à vítima. Baseada na Psicologia do Testemunho, a técnica de entrevista investigativa aplicada na oitiva de crianças vítimas prevê que:
- A) o entrevistador traduza em linguagem adequada ao desenvolvimento psicológico da criança os questionamentos feitos pelo juiz durante a audiência criminal;
- B) procedimentos não verbais, como a aplicação de testes projetivos com figuras e o uso de bonecos anatômicos, sejam facilitadores da comunicação infantil;
- C) o psicólogo evite contatos prévios com a família da vítima ou com informações acerca do objeto da investigação de forma a não contaminar sua escuta;
- D) a interferência do entrevistador seja minimizada, com a solicitação do relato livre e do uso da escuta ativa, com respeito às pausas, encorajamento e perguntas abertas;
- E) na acareação entre a criança vítima e o suspeito do abuso, sejam adotadas estratégias que garantam a proteção da criança enquanto testemunha, como a sala de espelhos.
A alternativa correta é letra D) a interferência do entrevistador seja minimizada, com a solicitação do relato livre e do uso da escuta ativa, com respeito às pausas, encorajamento e perguntas abertas;
Análise das alternativas:
a) Incorreta. A entrevista investigativa é feita de modo diferente do depoimento sem dano. Neste, o entrevistador traduz em linguagem adequada ao desenvolvimento psicológico da criança os questionamentos feitos pelo juiz. Naquela, as perguntas não são elaboradas pelo juiz. O psicólogo pode utilizar um protocolo com as questões adequadas, buscando intervir o mínimo possível no relato da criança.
b) Incorreta. Estratégias como interpretação do brincar e dos desenhos das crianças, bem como as técnicas projetivas (como alguns testes psicológicos) devem ser usadas pelo psicólogo em suas atividades de avaliação psicológica e de psicoterapia, e não em sua atuação na área da Psicologia do Testemunho
c) Incorreta. O psicólogo, dentro desse contexto, precisa se instrumentalizar para checar se o depoimento da criança não sofreu sugestionabilidade de memória. As crianças pequenas, particularmente, são mais vulneráveis às sugestões apresentadas pelos adultos. Por isso, é importante que faça contato com a família da vítima.
d) Correta. Para obter informações mais acuradas deve ser priorizada a recordação livre como estratégia de recuperação. Seguindo essa estratégia, o entrevistador forense interfere o menos possível no relato da criança e, portanto, obtém um relato mais fidedigno. Após solicitar o relato livre, cabe ao entrevistador manter uma postura de escuta ativa. A escuta ativa envolve uma escuta atenta ao que o entrevistado tem a dizer, transmitindo um grande interesse naquilo que é relatado.
e) Incorreta. A técnica de entrevista investigativa não inclui a acareação entre a criança e o suspeito do abuso.
Fonte: http://www.mpap.mp.br/images/infancia/t%C3%A9cnicas_de_entrevista_investigativa-1.pdf
444) “Alunos rebeldes, que jogam bombas no recreio, usam drogas ou cometem violência contra o professor são expulsos da escola. Depois, expulsos novamente de outra instituição, acabam desistindo de estudar. Continuam cometendo delitos até que, por fim, são recolhidos à Fundação Casa. A trajetória é muito conhecida por juízes da Vara da Infância, que sabem que o resgate desses menores para a sociedade vai se tornando cada vez mais difícil. No entanto, a aplicação da Justiça Restaurativa nas escolas do Estado de São Paulo tem rompido esse ciclo de violência e recuperado adolescentes para o convívio social e escolar sem a necessidade de aplicação de medidas de caráter meramente punitivo”. (Portal CNJ em 06/01/2015).
Em relação à Justiça Restaurativa, analise as características a seguir:
I – o processo decisório compartilhado com as pessoas envolvidas;
II – a estrita observância do contencioso e do contraditório;
III – a participação voluntária e o procedimento criativo e voltado para o futuro. Trata-se de característica(s) da Justiça Restaurativa:
- A) somente I;
- B) somente II;
- C) somente I e III;
- D) somente II e III;
- E) I, II e III.
A alternativa correta é letra C) somente I e III;
Análise dos itens:
I - o processo decisório compartilhado com as pessoas envolvidas. Correto.
II - a estrita observância do contencioso e do contraditório. Incorreto.
A Justiça Retributiva possui um conceito estritamente jurídico de crime, o qual é visto como violação da Lei Penal e monopólio estatal da Justiça Criminal. Em termos de procedimentos, destaca-se o ritual solene e público, com indisponibilidade da ação penal, contencioso, contraditório, linguagem e procedimentos formais, autoridades e profissionais do Direito como atores principais e processo decisório a cargo de autoridades (policial, promotor, juiz e profissionais do Direito).
III - a participação voluntária e o procedimento criativo e voltado para o futuro. Correto.
Com base nos itens e na justificativa, constatamos que trata-se de características da Justiça Restaurativa somente os itens I e III, pois esta possui um conceito amplo de crime, considerando-o como um ato que afeta a vítima, o próprio autor e a comunidade, causando-lhes uma variedade de danos. Caracteriza-se como uma Justiça Criminal participativa. Já a afirmativa II refere-se à Justiça Retributiva.
Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7946
445) O jovem Pedro, 18 anos, foi denunciado na Delegacia de Polícia após bater em sua avó Ana, 70 anos. Em sede policial, o jovem admitiu que havia fumado maconha e que agrediu e xingou a avó porque ela se recusou a levantar da cama de madrugada para preparar comida para ele. Considerando a legislação que trata da violência doméstica familiar e contra a mulher, é correto afirmar que:
- A) não se aplica na situação a Lei Maria da Penha, porque cabe medida educativa para o porte de droga para consumo pessoal;
- B) aplica-se no caso exposto apenas o Estatuto do Idoso, considerando a idade da mulher vítima;
- C) aplica-se aí a Lei Maria da Penha, considerando a relação de parentesco e convivência doméstica entre avó e neto;
- D) não se aplica no caso a Lei Maria da Penha, porque o agressor tem idade inferior a 21 anos e faz jus à proteção do ECA;
- E) aplica-se no caso apresentado a Lei Maria da Penha, porque uma mulher integra o polo ativo da ação delituosa.
A alternativa correta é letra C) aplica-se aí a Lei Maria da Penha, considerando a relação de parentesco e convivência doméstica entre avó e neto;
Análise das alternativas:
a) Incorreta. O primeiro erro da alternativa consiste em dizer que não se aplica a Lei Maria da Penha. O segundo erro é atribuir à questão do uso da droga o não cabimento da aplicação da Lei.
b) Incorreta. O Estatuto do Idoso poderá ser consultado, mas como houve violência doméstica contra uma mulher, a Lei Maria da Penha também deverá ser aplicada.
c) Correta. Segundo a Lei Maria da Penha, qualquer pessoa com quem a mulher conviva (homem ou mulher), ou com quem tenha convivido na sua casa, ou com quem tenha ou já tenha tido vínculo amoroso podem ser punidos por violência doméstica. Dessa forma, aplica-se aí a Lei Maria da Penha, considerando a relação de parentesco e convivência doméstica entre avó e neto
d) Incorreta. O agressor é maior de idade. O ECA dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente, sendo que o adolescente é aquele que possui entre doze e dezoito anos de idade. Portanto, no caso, aplica-se a Lei Maria da Penha.
e) Incorreta. Aplica-se a Lei Maria da Penha, porém a mulher não integra o polo ativo da ação delituosa. Ela não é acusada, mas sim a vítima.
Fonte:
http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/repositorio/0/cartilha%20lei%20maria%20da%20penha.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
446) O Sr. Pedro, 88 anos, diagnosticado com doença de Alzheimer, empurrou violentamente a cuidadora que dava banho nele. Ela se desequilibrou e, na queda, bateu com a cabeça no chão, vindo a falecer após uma semana no CTI. Do ponto de vista penal, o Sr. Pedro é:
- A) inimputável em decorrência da idade avançada;
- B) semi-imputável em virtude da interdição civil;
- C) inimputável em função de sua demência neurodegenerativa;
- D) semi-imputável já que não houve intenção de matar;
- E) imputável por ser a vítima fatal do sexo feminino.
A alternativa correta é letra C) inimputável em função de sua demência neurodegenerativa;
Análise das alternativas:
a) Incorreta. A inimputabilidade não decorre do fato de Sr. Pedro ter uma idade avançada, mas sim de ele ser portador de uma demência neurodegenerativa.
b) Incorreta. Em nenhum momento foi mencionado pelo enunciado que o Sr. Pedro é interditado.
c) Correta. Nos estágios terminais da doença de Alzheimer, encontram-se marcantes alterações comportamentais, como irritabilidade e agressividade; sintomas psicóticos; incapacidade de deambular, falar e realizar cuidados pessoais. Portanto, a violência deferida contra a cuidadora é justificada pela doença de Alzheimer do Sr. Pedro e isso o torna inimputável.
d) Incorreta. Falar em intenção de matar não é adequado para o caso, pois a demência do Sr. Pedro evolui gradualmente com prejuízos nas funções cognitivas, como julgamento, raciocínio, entre outras. Em vista disso, não é pertinente associar a inimputabilidade com a ausência de intenção de matar.
e) Incorreta. A imputabilidade não é definida em razão de a vítima ser do sexo feminino ou masculino, mas sim em razão da saúde mental do infrator, levando-se em consideração se ele tem condições psíquicas de discernimento sobre o seu ato.
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rpc/v32n3/a04v32n3.pdf
447) A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou recurso do Ministério Público do Paraná e manteve decisão que autorizou a adoção de crianças por um casal homoafetivo. Decisões dessa natureza refletem:
- A) a manutenção da ordem constitucional vigente e da proteção estatal;
- B) o estímulo à conversão da união estável homoafetiva em casamento;
- C) as relações de cuidado e afeto criadas pela jurisprudência;
- D) a legitimação pela Justiça das transformações sociais e culturais;
- E) as vantagens das relações homoafetivas sobre as relações heteroafetivas tradicionais.
A alternativa correta é letra D) a legitimação pela Justiça das transformações sociais e culturais;
Análise das alternativas:
a) Incorreta. A atitude da ministra não reflete a manutenção da ordem constitucional vigente e a proteção do estado. Autorizar a adoção de crianças por um casal homoafetivo envolve considerações menos simplistas sobre o assunto.
b) Incorreta. Tal decisão não reflete o estímulo à conversão da união estável homoafetiva em casamento. Trata-se da questão de adoção de crianças por casais homoafetivos.
c) Incorreta. "As relações de cuidado e afeto criadas pela jurisprudência" pode ser uma alternativa que gera dúvida. Porém, devemos pensar que essas relações não foram criadas pela jurisprudência. Esta passou a atentar para tais relações que já existiam.
d) Correta. A decisão da ministra reflete a legitimação pela justiça das transformações sociais e culturais. Especialmente, a respeito da união de casais homoafetivos e adoção de crianças por esses casais. Logo, esta alternativa será nossa resposta.
e) Incorreta. Não se trata de considerar vantagens das relações homoafetivas sobre as relações heteroafetivas tradicionais.
Para mais informações sobre o assunto, conferir:
UZIEL, A.P. Homossexualidade e Adoção. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.
448) Ao analisar o texto da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, de 1989, Irene Théry (2007) observa que tais direitos comportam dois sentidos contraditórios. De um lado, o sentido no qual a criança é vista como vulnerável, podendo ser irresponsável na medida em que não possui a autonomia do adulto. De outro lado, de influência anglo-saxônica, o sentido que pretende buscar menos a proteção integral do que a aquisição de “novos direitos” para a criança, sendo vista como responsável por seu destino e capaz de exercer direitos civis. Logo, há uma preocupante esfera de triunfo dessa última corrente, que pode ser detectada no direito de:
- A) liberdade de opinião e expressão, de crença e culto religioso e de participar da vida familiar, comunitária e política, sem discriminação e na forma da lei;
- B) proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso;
- C) ser educada e cuidada sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto;
- D) ser criada e educada no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária;
- E) igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, de ser respeitada por seus educadores e de acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
A alternativa correta é letra A) liberdade de opinião e expressão, de crença e culto religioso e de participar da vida familiar, comunitária e política, sem discriminação e na forma da lei;
Nessa questão, não precisamos de maiores conhecimentos para respondê-la. Basta considerarmos o contexto apresentado e conseguiremos descartar a maioria das alternativas. Vejamos:
Irene Théry (2007) observa que os direitos da criança comportam dois sentidos contraditórios.
De um lado, o sentido no qual a criança é vista como vulnerável, podendo ser irresponsável na medida em que não possui a autonomia do adulto.
Quanto aos direitos que se relacionam com essa visão, podemos considerar os mencionados pelas alternativas B, C e D:
b) proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso;
c) ser educada e cuidada sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto;
d) ser criada e educada no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária;
De outro lado, de influência anglo-saxônica, o sentido que pretende buscar menos a proteção integral do que a aquisição de “novos direitos” para a criança, sendo vista como responsável por seu destino e capaz de exercer direitos civis.
Essa visão refere-se ao direitos mencionados pelas alternativas A e E:
a) liberdade de opinião e expressão, de crença e culto religioso e de participar da vida familiar, comunitária e política, sem discriminação e na forma da lei;
e) igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, de ser respeitada por seus educadores e de acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Conseguimos eliminar a alternativa E pelo fato de o respeito à criança por seus educadores ser um direito que envolve proteção, o que a enquadraria, em partes, no primeiro grupo. Esse detalhe nos leva à descartá-la e optar, assim, pela alternativa A, que expressa apenas a responsabilidade da criança por seu destino, capaz de exercer seus direitos civis.
449) Um processo acelerado de transformações socioculturais vem acarretando uma crescente diversidade nos arranjos familiares. Tais mudanças afetam a sociedade como um todo e, particularmente, a educação dos filhos, refletindo-se na parceria entre as escolas e as famílias. Contudo, são ainda muitos os estabelecimentos de ensino que têm dificuldade de lidar com pais divorciados, na medida em que não contribuem para a ampliação da participação do pai que não detém a guarda na vida escolar do filho. Sobre esse assunto, é INCORRETO afirmar que:
- A) muitas escolas preservam a ideia de que os cuidados primários relativos à criação e educação dos filhos devem ser exercidos preferencialmente pela mãe;
- B) muitos pais não costumam informar a escola sobre a separação do casal, dificultando a ajuda que a instituição poderia dar a esses alunos;
- C) uma parcela significativa das crianças apresenta aumento da ansiedade e dificuldade de aprendizagem logo após a separação dos pais;
- D) a agenda escolar é o melhor meio de comunicação entre escola e pais separados, não sendo responsabilidade da instituição fazer chegar informações ao genitor visitante;
- E) no ambiente educacional, as crianças desenvolvem atividades que contribuem para aliviar o estresse, a tristeza e a raiva que podem ser causados pela separação dos pais.
A alternativa correta é letra D) a agenda escolar é o melhor meio de comunicação entre escola e pais separados, não sendo responsabilidade da instituição fazer chegar informações ao genitor visitante;
Análise das alternativas:
a) Correta. Muitas escolas preservam a ideia de que os cuidados primários relativos à criação e educação dos filhos devem ser exercidos preferencialmente pela mãe.
b) Correta. Muitos pais não costumam informar a escola sobre a separação do casal, dificultando a ajuda que a instituição poderia dar a esses alunos.
c) Correta. Uma parcela significativa das crianças apresenta aumento da ansiedade e dificuldade de aprendizagem logo após a separação dos pais
d) Incorreta. O erro consiste na afirmação de que não é responsabilidade da instituição fazer chegar informações ao genitor visitante. Da mesma forma que o genitor guardião, o genitor visitante tem direito de ser informado dos acontecimentos da vida escolar do filho e a escola deve fazer sua parte nesse processo.
e) Correta. No ambiente educacional, as crianças desenvolvem atividades que contribuem para aliviar o estresse, a tristeza e a raiva que podem ser causados pela separação dos pais.
Para se aprofundar mais no assunto:
ALSOP, Pippa; McCAFFEY, Trisha. Transtornos emocionais na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999.
450) De modo geral, o núcleo familiar, composto previamente por pais e filhos, modifica-se com a saída de um dos pais de casa, chegando a ponto de o leito conjugal anteriormente utilizado por aquele que deixou a residência da família ser ocupado por um filho. Sobre o arranjo de dormir de famílias pós-divórcio, analise as afirmativas a seguir:
I – A relativa facilidade com que mães separadas conseguem a guarda da prole contribui para que algumas mulheres voltem a carga libidinal para o filho.
II – O fato de dividir com o filho a cama do casal não está necessariamente ligado a uma questão de gênero e sim às dificuldades no desempenho concomitante dos papéis conjugais e parentais.
III – Pode ocorrer uma dependência emocional do guardião em relação a um dos filhos, de modo que esse último venha a assumir a função de cuidador do primeiro.
IV – A impressão inicial de o filho amadurecer depois da saída de um dos pais da casa corresponde ao fato de terem sido depositadas sobre ele responsabilidades excessivas que podem comprometer o seu desenvolvimento.
Está correto o que se afirma em:
- A) somente I e III;
- B) somente II e IV;
- C) somente I, III e IV;
- D) somente II, III e IV;
- E) I, II, III e IV.
A alternativa correta é letra E) I, II, III e IV.
Análise dos itens:
I - A relativa facilidade com que mães separadas conseguem a guarda da prole contribui para que algumas mulheres voltem a carga libidinal para o filho. Correto.
II - O fato de dividir com o filho a cama do casal não está necessariamente ligado a uma questão de gênero e sim às dificuldades no desempenho concomitante dos papéis conjugais e parentais. Correto.
III - Pode ocorrer uma dependência emocional do guardião em relação a um dos filhos, de modo que esse último venha a assumir a função de cuidador do primeiro. Correto.
IV - A impressão inicial de o filho amadurecer depois da saída de um dos pais da casa corresponde ao fato de terem sido depositadas sobre ele responsabilidades excessivas que podem comprometer o seu desenvolvimento. Correto.
Considerando que todos os itens estejam corretos, basta sabermos de onde foram tiradas tais afirmações.
A banca utilizou como referência o livro:
DE BRITO, Leila Maria Torraca. Famílias e separações: perspectivas da psicologia jurídica. EdUERJ, 2008.