Questões Sobre Psicologia Jurídica - Psicologia - concurso
801) De acordo com C. Sanderson (2005), o tipo de pedófilo mais comum é o abusador compulsivo. Uma característica desse tipo de abusador é
- A) preferir crianças com deficiências físicas ou mentais que são mais vulneráveis.
- B) ter uma vida paralela convencional, sendo em geral casado, com filhos.
- C) apresentar comportamento social imaturo e um tanto agressivo.
- D) ser percebido como “normal” e bastante gentil na comunidade.
- E) ter teste de realidade intacto, sem tendência a distorções cognitivas.
A alternativa correta é letra D) ser percebido como “normal” e bastante gentil na comunidade.
De acordo com C. Sanderson (2005), o tipo de pedófilo mais comum é o abusador compulsivo. Uma característica desse tipo de abusador é
A questão pode ser respondida com o seguinte texto:
"Sanderson (2005) sugere uma diferenciação da pedofilia em duas categorias: pedófilos e predadores e não-predadores. Os predadores são os menos comuns os que causam geralmente grande impacto na sociedade, com a ajuda da mídia, envolvidos em casos de raptos, expressão de raiva e hostilidade por meio do sexo (ex.: estuprar crianças) e é com freqüência agressivo e sádico. Os não-predadores incluem duas sub-classificações: regressivos e compulsivos. Os pedófilos regressivos em geral mantém uma relação estável com outra pessoa adulta, sentindo-se atraídos sexualmente por esta, todavia, por ter sentimentos de inadequação sexual, realiza os abusos em crianças de forma impulsiva, quando sob condições estressantes, ou como expressão de raiva ou hostilidade.
Ainda segundo Sanderson, a grande maioria, entretanto, está classificada como do tipo compulsivo, tendo comportamento bastante e previsível e seguindo padrões claros para estabelecer contato com as crianças. São os mais propensos a se envolverem no aliciamento, podendo agir tanto dentro da família quanto fora dela. Se for casado, o pedófilo compulsivo o faz por e conveniência e para ter maior acesso a crianças. Freqüentemente, o interesse sexual por crianças surge na adolescência. A maioria dos pedófilos compulsivos permanece incógnita na comunidade por parecerem muito "normais" e gentis com as crianças, tidos em alta consideração por adultos, daí quase nunca serem olhados de forma suspeita. Quando expostos, muitos recusam em acreditar que o abuso realmente tenha ocorrido, o que aumenta o poder exercido pelo pedófilo numa comunidade local."
Fonte: "Intervenções Junto ao Autor de Abuso Sexual de Crianças" (Castro)
Com isso, encontramos a resposta na Letra D.
a) preferir crianças com deficiências físicas ou mentais que são mais vulneráveis.
b) ter uma vida paralela convencional, sendo em geral casado, com filhos.
c) apresentar comportamento social imaturo e um tanto agressivo.
d) ser percebido como “normal” e bastante gentil na comunidade.
e) ter teste de realidade intacto, sem tendência a distorções cognitivas.
802) Um psicólogo é chamado a atuar como perito em um processo que envolve acusação de abuso sexual de uma criança pelo pai, com demanda de posicionamento do perito frente ao quadro de esquizofrenia do acusado. Nessas circunstâncias, segundo S. Rovinski (em Lourenço, Ortiz e Shine, 2021), o psicólogo deve
- A) emitir um atestado psicológico confirmando ou não o diagnóstico nosológico, após realizar a avaliação psicológica do acusado.
- B) elaborar um laudo psicológico com descrição detalhada do transtorno e suas implicações legais para o caso em discussão.
- C) indicar a probabilidade de presença do transtorno e encaminhar o pai para tratamento adequado na rede pública.
- D) anexar algum atestado médico que confirme ou afaste o diagnóstico ao documento elaborado após avaliação psicológica do pai.
- E) esclarecer, em petição juntada aos autos do processo, que não cabe a psicólogos se manifestarem sobre diagnósticos nosológicos.
A alternativa correta é letra B) elaborar um laudo psicológico com descrição detalhada do transtorno e suas implicações legais para o caso em discussão.
Gabarito Letra B
Um psicólogo é chamado a atuar como perito em um processo que envolve acusação de abuso sexual de uma criança pelo pai, com demanda de posicionamento do perito frente ao quadro de esquizofrenia do acusado. Nessas circunstâncias, segundo S. Rovinski (em Lourenço, Ortiz e Shine, 2021), o psicólogo deve
a) emitir um atestado psicológico confirmando ou não o diagnóstico nosológico, após realizar a avaliação psicológica do acusado.
Errado. O atestado tem como função justificar faltas, solicitar afastamentos ou justificar aptidão. Não é o documento adequado nesses casos.
b) elaborar um laudo psicológico com descrição detalhada do transtorno e suas implicações legais para o caso em discussão.
Certo! O psicólogo, em sua função de perito, deve levantar informações relevantes para que o juiz possa tomar a melhor decisão no caso, e pra isso ele deve elaborar um laudo que inclua informações sobre o transtorno e como ele implica no caso.
c) indicar a probabilidade de presença do transtorno e encaminhar o pai para tratamento adequado na rede pública.
Errado. O trabalho do psicólogo no contexto jurídico vai além de indicar probabilidade de presença de transtorno.
d) anexar algum atestado médico que confirme ou afaste o diagnóstico ao documento elaborado após avaliação psicológica do pai.
Errado. O psicólogo pode dar o diagnóstico, não precisa que seja um atestado médico.
e) esclarecer, em petição juntada aos autos do processo, que não cabe a psicólogos se manifestarem sobre diagnósticos nosológicos.
Errado. O psicólogo pode, sim, se manifestar sobre diagnósticos nosológicos.
Nosso gabarito é Letra B
803) Um psicólogo, ao entrevistar uma criança pequena particularmente resistente ao contato, como parte de uma avaliação pericial, acaba por deixar de anotar o que a criança diz ou faz e centrar sua atenção somente na relação com a criança. Tal decisão do psicólogo, segundo B. Cattani (em Hutz et al., 2020), é
- A) recomendável, porque de modo geral fazer anotações em contextos avaliativos compromete o rapport.
- B) questionável, porque ele poderia fazer anotações de forma discreta, sem prejudicar necessariamente o rapport.
- C) incorreta, porque ele deveria, antes, inquirir a criança se o fato de ele fazer anotações a estava deixando nervosa.
- D) pouco relevante, porque manter um rapport adequado é mais importante do que o registro das informações no contexto pericial.
- E) acertada, porque posteriormente ele poderá indagar a mãe da criança sobre informações que lhe pareçam duvidosas.
A alternativa correta é letra B) questionável, porque ele poderia fazer anotações de forma discreta, sem prejudicar necessariamente o rapport.
Gabarito Letra B
Um psicólogo, ao entrevistar uma criança pequena particularmente resistente ao contato, como parte de uma avaliação pericial, acaba por deixar de anotar o que a criança diz ou faz e centrar sua atenção somente na relação com a criança. Tal decisão do psicólogo, segundo B. Cattani (em Hutz et al., 2020), é
a) recomendável, porque de modo geral fazer anotações em contextos avaliativos compromete o rapport.
Errado. A avaliação psicológica no contexto forense tem especificidades diferentes da avaliação em um contexto clínico. Ao fazer uma perícia, o psicólogo deve ser o mais fidedigno possível as informações que coleta e, portanto, algumas anotações são necessárias.
b) questionável, porque ele poderia fazer anotações de forma discreta, sem prejudicar necessariamente o rapport.
Certo! O rapport é, sim, imprescindível, mas o psicólogo pode encontrar meios de manter o rapport e ainda fazer algumas anotações, das informações mais relevantes.
c) incorreta, porque ele deveria, antes, inquirir a criança se o fato de ele fazer anotações a estava deixando nervosa.
Errado. O atendimento com crianças não é como um atendimento de adultos. A criança pode não ter esse discernimento.
d) pouco relevante, porque manter um rapport adequado é mais importante do que o registro das informações no contexto pericial.
Errado. No contexto pericial, o registro das informações é fundamental.
e) acertada, porque posteriormente ele poderá indagar a mãe da criança sobre informações que lhe pareçam duvidosas.
Errado. A mãe pode ser parte interessada e não ser a fonte mais apropriada de informações. Além disso, é importante avaliar a criança, e não as informações fornecidas por outras pessoas.
Nosso gabarito é Letra B
804) Quando se observa a violência transgeracional presente nos conflitos conjugais, pode-se ponderar que os papéis sexuais estereotipados, herdados das experiências de infância de cada cônjuge,
- A) poderão levar à naturalização da violência como forma de negociação na relação conjugal.
- B) dificilmente serão modificados por fatores de proteção externa, como a rede de apoio.
- C) poderão se modificar apenas por intervenções da Justiça que coíbam condutas violentas.
- D) tenderão a mudar naturalmente à medida que a relação do casal desenvolver sua própria história.
- E) só se modificarão a partir de fatores internos do casal, como a resiliência individual.
A alternativa correta é letra A) poderão levar à naturalização da violência como forma de negociação na relação conjugal.
Quando se observa a violência transgeracional presente nos conflitos conjugais, pode-se ponderar que os papéis sexuais estereotipados, herdados das experiências de infância de cada cônjuge,
A questão pode ser respondida com o seguinte texto:
"A violência conjugal é um fenômeno multideterminado e complexo, que envolve muitos fatores: entre eles, as vivências dos papeis e masculinos e femininos na sociedade e na família. Nesse sentido, o tema deste artigo é a transmissão geracional da violência conjugal e a naturalização dos papéis estereotipados de gênero de um casal vítima de violência conjugal, utilizando como referencial teórico a Teoria Familiar Sistêmica com respaldo na Teoria de Gênero.
(...)
Em resumo, relação conjugal dos pais de Bruna e Jorge foi marcada por papéis rígidos e estereotipados, com regras não negociadas e impostas pelos homens da família, autoridade centrada na figura masculina, havendo ausência de demonstrações de afetividade e de negociação. Trata-se de dois sistemas conjugais que estabelecem modelos disfuncionais de relacionamento, prejudicando também o sistema familiar. Tal contexto contribuiu para a naturalização de papeis estereotipados de gênero nas famílias de origem de Bruna e Jorge e sua repetição na história do casal formado por eles, perpetuando a violência na relação conjugal."
Fonte: "A Transmissão Geracional da Violência na Relação Conjugal" (Sant'Anna e Penso)
Portanto, encontramos a resposta na Letra A.
a) poderão levar à naturalização da violência como forma de negociação na relação conjugal.
b) dificilmente serão modificados por fatores de proteção externa, como a rede de apoio.
c) poderão se modificar apenas por intervenções da Justiça que coíbam condutas violentas.
d) tenderão a mudar naturalmente à medida que a relação do casal desenvolver sua própria história.
e) só se modificarão a partir de fatores internos do casal, como a resiliência individual.
805) Um psicólogo é nomeado por um juiz da vara de família de sua cidade para a realização da avaliação psicológica dos pais de uma criança de 4 anos em um processo de disputa de guarda. De acordo com as Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas(os) em Varas de Família, nessas circunstâncias, cabe ao psicólogo
- A) definir a melhor regulamentação de convivência, tendo em vista a idade da criança e as características psicológicas de cada genitor.
- B) identificar as potencialidades de cada genitor sob a perspectiva do relacionamento das partes e das necessidades da criança.
- C) limitar-se a responder aos quesitos elaborados pelo Ministério Público de modo a subsidiar a decisão do juiz.
- D) atender à demanda explicitada pelo magistrado quando da nomeação do perito para realização do estudo psicológico.
- E) diagnosticar eventuais transtornos mentais ou desvios de personalidade dos genitores que possam colocar a criança em risco.
A alternativa correta é letra B) identificar as potencialidades de cada genitor sob a perspectiva do relacionamento das partes e das necessidades da criança.
Gabarito Letra B
Um psicólogo é nomeado por um juiz da vara de família de sua cidade para a realização da avaliação psicológica dos pais de uma criança de 4 anos em um processo de disputa de guarda. De acordo com as Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas(os) em Varas de Família, nessas circunstâncias, cabe ao psicólogo
a) definir a melhor regulamentação de convivência, tendo em vista a idade da criança e as características psicológicas de cada genitor.
Errado. Quem toma essa decisão é o juiz.
b) identificar as potencialidades de cada genitor sob a perspectiva do relacionamento das partes e das necessidades da criança.
Certo!
“A(O) psicóloga(o) não deve incorrer em julgamento ou, através da avaliação, ter pretensão de definir um arranjo de guarda ou uma regulamentação de convivência, cuja atribuição é exclusivamente do juiz. A função da(o) psicóloga(o) seria lançar luz sobre os fatores psicológicos em jogo, sem responder à questão final sobre o julgamento: “se o processo judicial é o de guarda, a avaliação psicológica buscará as potencialidades e as dificuldades de cada um dos genitores à luz do relacionamento e das necessidades especificas do (a) filho (a) em questão” (SHINE, 2017, p. 3).”
c) limitar-se a responder aos quesitos elaborados pelo Ministério Público de modo a subsidiar a decisão do juiz.
Errado. O psicólogo se limita a responder quesitos quando está elaborando um parecer, que não é um documento decorrente da avaliação psicológica.
d) atender à demanda explicitada pelo magistrado quando da nomeação do perito para realização do estudo psicológico.
Errado. O psicólogo nesse caso está realizando uma avaliação psicológica, que considera a demanda mas também deve considerar as características específicas do caso.
e) diagnosticar eventuais transtornos mentais ou desvios de personalidade dos genitores que possam colocar a criança em risco.
Errado. Isso foge da função do psicólogo nesse contexto.
Nosso gabarito é Letra B.
Fonte: Referências Técnicas Para A Atuação De Psicólogas(Os) Em Varas De Família. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/11/BR84-CFP-RefTec-VarasDeFamilia_web1.pdf
806) Um psicólogo judiciário é solicitado a desenvolver um trabalho de preparação de uma criança de 10 anos que se encontra em vias de ser adotada. De acordo com levantamento feito por C. Peiter (2016), no estado de São Paulo essa prática tem sido
- A) considerada incompatível com a formação do psicólogo judiciário, que não envolve necessariamente a prática clínica.
- B) voltada principalmente para a avaliação da disponibilidade psíquica da criança para o estabelecimento de novos vínculos familiares.
- C) direcionada essencialmente para a promoção de vínculos em sessões conjuntas com a família adotante e a criança a ser adotada.
- D) dispensada com crianças a partir de 10 anos de idade, capazes de compreender os riscos inerentes ao processo de adoção.
- E) realizada regularmente nos fóruns do estado, embora não seja determinada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A alternativa correta é letra B) voltada principalmente para a avaliação da disponibilidade psíquica da criança para o estabelecimento de novos vínculos familiares.
Gabarito Letra B
Um psicólogo judiciário é solicitado a desenvolver um trabalho de preparação de uma criança de 10 anos que se encontra em vias de ser adotada. De acordo com levantamento feito por C. Peiter (2016), no estado de São Paulo essa prática tem sido
a) considerada incompatível com a formação do psicólogo judiciário, que não envolve necessariamente a prática clínica.
Errado. Uma atribuição do psicólogo jurídico, que não é exclusiva da clínica, é a de realizar atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam às Instituições de Direito, visando a preservação de sua saúde mental. Essa situação pode se encaixar nessa atribuição.
b) voltada principalmente para a avaliação da disponibilidade psíquica da criança para o estabelecimento de novos vínculos familiares.
Certo!
“Esta autora faz interessante distinção entre o que denomina tempo jurídico, tempo psíquico e tempo cronológico. Dentro da concepção de tempo utilizada no meio jurídico, a criança encontra-se disponível para a adoção logo que a sentença de perda de poder familiar dos genitores é emitida. Mas isso não significa que a criança esteja pronta psicologicamente para ligar-se a outra família, mesmo que o tempo cronológico em que ela está privada da vida familiar possa parecer relativamente longo. Neste sentido, o acompanhamento psicológico realizado, leva em conta as noções de tempo jurídico e cronológico, mas deve priorizar a dimensão do tempo psíquico da criança. A autora relaciona alguns indícios que considera reveladores de uma disponibilidade interna da criança para colocação em família. Entre eles, citamos alguns: o desejo da criança em estabelecer novos vínculos, manifestado através da busca de contato com o outro; a possibilidade de elaboração de lutos pelas separações vividas; a disponibilidade para falar acerca das vivências traumáticas e dolorosas; alguma compreensão sobre os fatos e motivos que ocasionaram o procedimento de destituição do poder familiar; as representações de pai, de mãe e de família existentes em seu psiquismo; curiosidade e interesse por elementos relacionados à vida familiar; demonstração de ansiedade com relação à data do encontro com os pretendentes e também a presença de demanda por cuidados individualizados (PAIVA, 2004). Tal como outros autores, também salienta a necessidade de se conhecer a criança para decidir sobre a indicação da família mais apropriada para o caso e para estabelecer a forma e o momento oportuno para a aproximação da criança com os pretendentes. Assim, o acompanhamento e a preparação da criança para a adoção é uma atuação profilática - na medida em que tenta evitar os riscos de novos rompimentos e de insucessos - apoiada na busca do melhor momento e da maneira mais adequada de reintegrá-la à convivência familiar (PAIVA, 2004).”
c) direcionada essencialmente para a promoção de vínculos em sessões conjuntas com a família adotante e a criança a ser adotada.
Errado. O trabalho é anterior a adoção, de avaliação da criança.
d) dispensada com crianças a partir de 10 anos de idade, capazes de compreender os riscos inerentes ao processo de adoção.
Errado. Uma criança órfã é uma pessoa em condição especial de desenvolvimento e um indivíduo em situação de vulnerabilidade. Não é razoável esperar de uma criança de 10 anos esse nível de maturidade.
e) realizada regularmente nos fóruns do estado, embora não seja determinada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Errado. O ECA prevê preparação para a adoção.
Nosso gabarito é Letra B.
807) Ao elaborar o documento decorrente de uma avaliação psicológica no contexto forense, conforme recomenda S. Rovinski (em Lourenço, Ortiz e Shine, 2021) o psicólogo deve ter em mente que tal documento deve
- A) ser bem mais sucinto e breve do que o produzido no contexto clínico, porque a demanda é mais pontual e focada.
- B) assegurar o uso de linguagem compatível com a teoria psicológica que o fundamenta, embora nem sempre inteligível para profissionais de outras áreas.
- C) apresentar os dados obtidos de outras avaliações realizadas, de modo a confirmar as próprias conclusões.
- D) se fundar em pensamento científico rigoroso associado a um olhar empático que valorize a essência humana do examinando.
- E) incorporar os dados das entrevistas que lhe pareçam verossímeis e descartar aqueles que lhe pareçam fantasiosos ou distorcidos.
A alternativa correta é letra D) se fundar em pensamento científico rigoroso associado a um olhar empático que valorize a essência humana do examinando.
Gabarito Letra D
Ao elaborar o documento decorrente de uma avaliação psicológica no contexto forense, conforme recomenda S. Rovinski (em Lourenço, Ortiz e Shine, 2021) o psicólogo deve ter em mente que tal documento deve
a) ser bem mais sucinto e breve do que o produzido no contexto clínico, porque a demanda é mais pontual e focada.
Errado. O profissional não pode correr o risco de deixar informações incompletas ou faltando. É fundamental que o documento seja o mais conciso possível, mas isso não necessariamente significa breve.
b) assegurar o uso de linguagem compatível com a teoria psicológica que o fundamenta, embora nem sempre inteligível para profissionais de outras áreas.
Errado. Especialmente no contexto forense, a comunicação deve ser clara para leigos na ciência psicológica. É fundamental que as informações seja inteligíveis para profissionais de outras áreas.
c) apresentar os dados obtidos de outras avaliações realizadas, de modo a confirmar as próprias conclusões.
Errado. O documento é feito a partir da avaliação do próprio profissional, e não de outras avaliações realizadas.
d) se fundar em pensamento científico rigoroso associado a um olhar empático que valorize a essência humana do examinando.
Certo!
“A aprendizagem da escrita de relatórios e pareceres na área da Psicologia apre- senta-se como um desafio a alunos e professores. Para alguns, a escrita é consi- derada uma arte, portanto, difícil de ser ensinada. Para outros, a escrita deve seguir apenas procedimentos técnicos, que exigem conhecimento de regras e suas apli- cações. A diretriz que norteia este capítulo parte da premissa de que arte e ciência devem caminhar juntas neste tipo de trabalho. Para que um documento atinja seus objetivos, respondendo às necessidades daqueles que buscam e se submetem a um processo de avaliação psicológica, deve comunicar seus achados por meio do pensamento lógico e sistemático da ciência associado ao olhar estético que tra- duza a sensibilidade e a empatia desenvolvida durante os procedimentos da avali- ação, evitando a apresentação de dados mecanicistas com perda da essência hu- mana (Groth-Marnat & Davis, 2014).
e) incorporar os dados das entrevistas que lhe pareçam verossímeis e descartar aqueles que lhe pareçam fantasiosos ou distorcidos.”
Errado. O profissional deve integrar as informações, em uma avaliação abrangente e que busque ao máximo evitar se enviesar.
Nosso gabarito é Letra D.
Fonte: Produção de documentos em psicologia 2ª Ed. Arlindo da Silva Lourenço, Sidney Shine, Marta Cristina Meirelles Ortiz. Vetor Editora
808) Shine (2003), ao definir a Psicologia Jurídica, coloca questões sobre a definição do campo de trabalho do psicólogo e sobre a natureza de seu labor nele. Assinale a alternativa incorreta quanto à definição de Psicologia Jurídica.
- A) A Psicologia Jurídica diz respeito ao trabalho do psicólogo nos Fóruns dos Tribunais de Justiça; portanto o termo é sinônimo do termo Psicologia Forense – as duas denominações dando conta da imbricação entre Direito e Psicologia.
- B) O objeto da intervenção psicológica na Psicologia Jurídica é uma questão problema, formulada por um operador do Direito.
- C) O objetivo da intervenção psicológica é dado pela demanda do operador do Direito, em torno de questões problemas de origem e natureza psicológicas.
- D) A abordagem da Psicologia Jurídica é sempre intersubjetiva, no sentido de que a questão problema surge de um operador do Direito e diz respeito a um sujeito humano, o periciado, que será avaliado por um outro humano, o perito psicólogo.
- E) No caso da Psicologia Jurídica, diferentemente da Psicologia Clínica, a relação humana estabelecida não será a de ajuda, posto que o periciando pode ser beneficiado ou prejudicado pelo informe psicológico.
A alternativa correta é letra A) A Psicologia Jurídica diz respeito ao trabalho do psicólogo nos Fóruns dos Tribunais de Justiça; portanto o termo é sinônimo do termo Psicologia Forense – as duas denominações dando conta da imbricação entre Direito e Psicologia.
Shine (2003), ao definir a Psicologia Jurídica, coloca questões sobre a definição do campo de trabalho do psicólogo e sobre a natureza de seu labor nele. Assinale a ALTERNATIVA INCORRETA quanto à definição de Psicologia Jurídica.
a) A Psicologia Jurídica diz respeito ao trabalho do psicólogo nos Fóruns dos Tribunais de Justiça; portanto o termo é sinônimo do termo Psicologia Forense – as duas denominações dando conta da imbricação entre Direito e Psicologia.
INCORRETA. A Psicologia Jurídica é compreendida como o conjunto que contém a Psicologia Forense, não configurando, portanto, sinônimos. Esclarecendo as diferenças entre ambas, Machado (2012) destaca:
“Erroneamente, no Brasil se considera a Psicologia Jurídica como sinônimo de Psicologia Forense e esta confusão foi consolidada quando o Conselho Federal de Psicologia reconheceu apenas a especialidade de Psicologia Jurídica. A diferença principal entre a Psicologia Forense e a Psicologia Jurídica está no momento de atuação. Os trabalhos realizados pelos psicólogos forenses são, via de regra, realizados ainda na fase de instrução do processo criminal, portanto, a situação jurídica do investigado ainda não está definida e os trabalhos forenses (perícia) têm como objetivo a produção de prova. Já os Psicólogos Jurídicos, embora também possuam atividades periciais, sua atuação é essencialmente na fase pós-processual.”
b) O objeto da intervenção psicológica na Psicologia Jurídica é uma questão problema, formulada por um operador do Direito.
CORRETA. De acordo com Shine (2003, pp. 33-34):
“Cabe explicar também que, embora sejam as partes aqueles que requeiram o tipo de perícia para respaldar suas alegações, na verdade, são os operadores do Direito que orientarão a escolha, sua admissibilidade e, por fim, sua determinação.”
c) O objetivo da intervenção psicológica é dado pela demanda do operador do Direito, em torno de questões problemas de origem e natureza psicológicas.
CORRETA. Conforme Shine (2010, p.10):
“...em casos de disputa de guarda em Vara de Família, recorre-se ao perito psicólogo no intuito de buscar respostas a questões-problemas de origem e natureza psicológicas, mas cujo objetivo final é definir o guardião legal da criança: Quem tem as melhores condições psicológicas para o exercício da guarda?”
d) A abordagem da Psicologia Jurídica é sempre intersubjetiva, no sentido de que a questão problema surge de um operador do Direito e diz respeito a um sujeito humano, o periciado, que será avaliado por um outro humano, o perito psicólogo.
CORRETA. Shine (2003, p.44) pondera:
“O psicólogo como cientista só poderia empreender sua investigação incluindo-se nela, admitindo que o conhecimento psicológico que produz é sempre uma realidade intersubjetiva.”
e) No caso da Psicologia Jurídica, diferentemente da Psicologia Clínica, a relação humana estabelecida não será a de ajuda, posto que o periciando pode ser beneficiado ou prejudicado pelo informe psicológico.
CORRETA. Sobre o contraste entre a atuação do psicólogo na clínica e na área jurídica, Shine (2003) pondera:
“A primeira impressão pode ser um desconforto com esta nova “roupagem” que o psicólogo parece precisar se travestir (perito) para fazer aquilo que parecia natural no terreno conhecido da prática clínica (atender pessoas). Pouco a pouco ele é tomado por um misto de susto e estranhamento que pode se configurar numa relação ambígua com este novo papel: perito-periciando, perícia em vez de avaliação psicodiagnóstica, laudo em vez de relatório psicológico, conflito litigioso em vez de conflito psíquico, cobrado em um saber e não em um “suposto saber”, etc.”
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Fonte consultada:
MACHADO, A. C. (2012). Psicologia Jurídica. Disponível em https://bit.ly/3UBQ93X
SHINE, S. (2003). A espada de Salomão: a psicologia e a disputa de guarda de filhos. São Paulo, Brasil: Casa do Psicólogo.
SHINE, S. (2010). A atuação do psicólogo no poder judiciário: interfaces entre a psicologia e o direito. In Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região (org.). Psicólogo judiciário nas questões de família. A ética própria da psicologia: mudanças na relação assistente técnico e perito. (pp. 10-13, Caderno Temático 10). São Paulo: CRPSP
809) O trabalho interdisciplinar entre psicólogo e assistente social é muito comum em termos da atuação técnica nos processos das Varas de Infância e Juventude. Segundo Julião e Massaro, in Franco e Melão (2007), sobre as características desse tipo de trabalho, julgue os itens a seguir.
I. Há preponderância de uma ciência sobre a outra, seja a Psicologia ou o Serviço Social, no sentido de que uma delas, no curso da investigação, dentro de um processo, se mostrará preponderante sobre a outra, que exercerá papel meramente auxiliar na investigação.
II. Há necessidade de, além de simples diálogo, existir relacionamento, participação, comunicabilidade e aceitação entre os profissionais.
III. Há postura profissional que permite se pôr a transitar o espaço da diferença, com sentido de busca, de desvelamento da pluralidade de ângulos que determinado objeto investigativo é capaz de proporcionar.
Assinale a alternativa correta.
- A) Apenas os itens I e II estão certos.
- B) Apenas os itens II e III estão certos
- C) Apenas os itens I e III estão certos.
- D) Todos os itens estão certos.
- E) Nenhum item está certo.
A alternativa correta é letra B) Apenas os itens II e III estão certos
Segundo Faria (2010, p.138):
“Entendemos que a atuação interdisciplinar não anula ou não invalida as formas de agir, compreender e aproximar da realidade, que todo o saber comporta, ainda que traga à tona a segmentação dos diferentes campos de conhecimento. Pensamos que não há perda de autonomia das áreas, mas demanda capacidade e experiência para partilhar este agir e este conhecimento.”
INCORRETA. A afirmação é improcedente, já que na atuação interdisciplinar não ocorre perda de autonomia das áreas, portanto, não há preponderância de uma ciência sobre a outra, dessa forma, ratifica-se que a proposição está ERRADA.
CORRETA. As características trazidas pela proposição se assemelham ao que menciona Faria (2010, p.134) sobre o assunto, confira:
“A literatura a respeito da interdisciplinaridade aponta um conjunto de características que, em sua articulação, desenharia uma prática interdisciplinar. Dentre elas podemos citar: • a intensidade das trocas entre as diversas áreas envolvidas; • o grau de integração real destas mesmas áreas; • a relação de reciprocidade enfatizando a importância de ser uma ação atitudinal; • a cooperação, entre outros”
CORRETA. Refletindo o que traz a proposição, On (1995, p.156) pondera:
“Penso a interdisciplinaridade, não como um método de investigação, uma técnica didática, um instrumento utilitário, um princípio de homogeneização, ou um modelo metodológico capaz de produzir ideias generalizadoras ou universalizantes. Penso-a, inicialmente, como postura profissional que permite busca de desvelamento da pluralidade de ângulos que um determinado objeto investigado é capaz de proporcionar, que uma determinada realidade é capaz de gerar, que diferentes formas de abordar o real podem trazer”
Considerando a análise das proposições apresentadas, ratifica-se que estão corretas apenas II e III, portanto, LETRA “B”.
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Fonte consultada:
ON, Maria Lúcia Rodrigues. O Serviço Social e a perspectiva interdisciplinar. In: MARTNELLI, Maria Lúcia et al (Org.). O uno e o múltiplo nas relações entre as áreas do saber. São Paulo: Cortez, 1995.
FARIA, D. J. Serviço Social: mediação e interdisciplinaridade. Elementos para reflexão. In: 20 anos de Unidade Auxiliar Centro Social. Trabalho Interdisciplinar. Construindo Saberes. OLIVERIA, C. A H. S., JOSÉ FILHO, Pe. M. (org). Franca: UNESP – FCHS, 2010.
810) O famoso sociólogo americano Erving Goffman desenvolveu o conceito de instituição total, na clássica obra Manicômios, prisões e conventos, publicada em 1961. Segundo o sociólogo, a instituição total é aquela na qual o indivíduo vivencia todas as suas atividades, de forma dependente, sendo os outros pertencentes a essa instituição as únicas pessoas com as quais convive. De acordo com Fiorelli e Mangini (2009), assinale a alternativa que não corresponde às características de uma instituição total.
- A) Despojamento pela instituição dos bens pessoais dos institucionalizados.
- B) Favorecimento, por parte da instituição, a que o institucionalizado tenha garantido o acesso aos seus direitos humanos fundamentais.
- C) Participação do institucionalizado em atividades cujas consequências simbólicas são incompatíveis com a concepção de “eu”.
- D) Exposição, pela instituição, do institucionalizado à companhia forçada.
- E) Realização de todas as atividades dos institucionalizados segundo um esquema obrigatório de regras impostas pela instituição.
A alternativa correta é letra B) Favorecimento, por parte da instituição, a que o institucionalizado tenha garantido o acesso aos seus direitos humanos fundamentais.
O famoso sociólogo americano Erving Goffman desenvolveu o conceito de instituição total, na clássica obra Manicômios, prisões e conventos, publicada em 1961. Segundo o sociólogo, a instituição total é aquela na qual o indivíduo vivencia todas as suas atividades, de forma dependente, sendo os outros pertencentes a essa instituição as únicas pessoas com as quais convive. De acordo com Fiorelli e Mangini (2009), assinale a alternativa que NÃO corresponde às características de uma instituição total.
Segundo Fiorelli e Mangini (2009, p.212), Goffman elenca as seguintes características para uma instituição total, acompanhe:
- realização de todas as atividades dos condenados segundo um esquema obrigatório, como um conjunto de regras impostas;
- processo de admissão na instituição pautado por urna codificação própria do sistema (números, impressões digitais);
- despojamento dos bens pessoais;
- participação em atividades cujas consequências simbólicas são incompatíveis com sua concepção de "eu";
- arquitetura própria do lugar, com banheiros sem portas, celas abertas, sem direito à privacidade;
- exposição a companhia forçada;
- submissão a exames e vistorias em seus pertences e no próprio corpo.
Análise das alternativas
a) Despojamento pela instituição dos bens pessoais dos institucionalizados.
CORRETA. O item reflete a característica “C”.
b) Favorecimento, por parte da instituição, a que o institucionalizado tenha garantido o acesso aos seus direitos humanos fundamentais.
INCORRETA. O item trazido pela alternativa não encontra respaldo entre os fatores elencados pela literatura, portanto, opção FALSA.
c) Participação do institucionalizado em atividades cujas consequências simbólicas são incompatíveis com a concepção de “eu”.
CORRETA. O item reflete a característica “D”.
d) Exposição, pela instituição, do institucionalizado à companhia forçada.
CORRETA. O item reflete a característica “F”.
e) Realização de todas as atividades dos institucionalizados segundo um esquema obrigatório de regras impostas pela instituição.
CORRETA. O item reflete a característica “A”.
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Fonte consultada:
FIORELLI, José Osmir; MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni. Psicologia Jurídica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2015.