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Analise as afirmativas abaixo considerando a abordagem de Jaques et all (2001) acerca da pesquisa em Psicologia Social e, em seguida, assinale a alternativa correta.

 

I. Os questionamentos acerca dos critérios de verdade que se iniciaram no século XX, marca uma crítica importante ao modelo de ciência tradicional. É neste contexto que a pesquisa em Psicologia Social está vinculada à diferentes formas de produção do conhecimento.

 

II. A pesquisa em Psicologia Social, ao contrário do que se pensa, não relativiza a importância de separação entre indivíduo e o coletivo, pois o conceito de subjetividade diz respeito apenas ao indivíduo e seu psiquismo.

 

III. A pesquisa quantitativa não se constitui em recurso da psicologia social.

 

IV. Na pesquisa em psicologia social, o problema de pesquisa se constitui como um ponto de chegada.

 

V. A relação pesquisador-pesquisado é inerente ao processo investigatório em psicologia social.

 

Resposta:

A alternativa correta é letra E) Somente I e V estão corretas.

Gabarito Letra E

 

Certo! Veja:

“a pesquisa não pode ser compreendida, exclusivamente, como um conjunto de técnicas utilizadas para o conhecimento da vida, mas como um recurso ligado a diferentes modos de produzir conhecimento e a história de suas legitimações. Vinculando a pesquisa às diferentes formas de produção do conhecimento, associamos a atividade de pesquisar, não exclusivamente, ao trabalho do cientista, mas a esta infindável atividade humana de tentar recobrir, com alguma racionalidade, o “desconhecido”. Atividade esta que é um imperativo de sobrevivência e, portanto, fala da vida e das suas múltiplas formas de expressão, inscrevendo-se no nosso cotidiano e não se restringindo às regradas e controladas situações de laboratório.”

 

II. A pesquisa em Psicologia Social, ao contrário do que se pensa, não relativiza a importância de separação entre indivíduo e o coletivo, pois o conceito de subjetividade diz respeito apenas ao indivíduo e seu psiquismo.

Errado. A pesquisa em psicologia social faz, sim, essa relativização.

“Além de incorporar a problematização quanto à objetividade científica a partir do questionamento do critério de verdade enquanto “Verdade-Absoluta”, qualificada criticamente por Morin (1986, p. 79) como “Ciência-Solução”, “CiênciaFarol” ou “Ciência-Guia” e à neutralidade do cientista e consequente separação entre teoria e prática social, a pesquisa em Psicologia Social, nos anos 1990, assume outras peculiaridades. Adota como suporte uma concepção de ciência que propõe a complexificação, a pluralidade teórico-metodológica (rompendo o falso dilema de evocar UM objeto, de almejar UMA unicidade para dar conta da complexidade do real), a intersecção de diferentes áreas do conhecimento e a prática interdisciplinar e, ainda, uma preocupação ética em relação aos seus compromissos sociais e políticos. Desta forma, relativiza o tensionamento entre o científico e o político, a teoria e a prática. Do mesmo modo, relativiza a importância da separação entre o indivíduo e o coletivo através da redefinição da noção de subjetividade e de uma concepção de homem em que as dimensões individual e social se interpenetram.”

 

III. A pesquisa quantitativa não se constitui em recurso da psicologia social.

Errado. A pesquisa quantitativa pode, sim, ser um recurso.

“Cabe ressaltar, no entanto, que a pesquisa quantitativa pode constituir-se em importante recurso para a pesquisa em psicologia social, dependendo da temática a ser pesquisada. Estudos populacionais na área da saúde (os estudos em epidemiologia, por exemplo) são fontes fundamentais para o conhecimento das condições de vida social. A metáfora utilizada por Montero (1996) para explicitar a discussão entre a pesquisa qualitativa e quantitativa é bastante esclarecedora. Refere a autora que se quisermos conhecer uma floresta no seu aspecto geral, recobrindo ao máximo possível a totalidade de sua extensão, devemos pegar um helicóptero e sobrevoá-la. Se quisermos conhecer os caminhos “internos” da floresta, aprofundar nosso conhecimento sobre as árvores e sobre as particularidades do local, deveremos abandonar o helicóptero e andar pela floresta. Não teremos, possivelmente, uma visão do conjunto, mas seremos capazes de descrever e interpretar de modo mais aprofundado os caminhos que percorremos.”  

IV. Na pesquisa em psicologia social, o problema de pesquisa se constitui como um ponto de chegada.

Errado. O problema de pesquisa é mais um ponto de partida que de chegada.

“A necessidade mútua de teoria e prática, na maior profundidade possível, como um princípio da pesquisa em psicologia social enseja que o problema de pesquisa se constitua muito mais como um ponto de partida do que de chegada, possível de ser reformulado, recolocado, substituído, na trajetória da pesquisa. A formulação, em geral, de questões norteadoras, visto sua maior flexibilidade e abrangência, encontra apoio na afirmativa de Morin (1986) de que as interações entre os diversos fenômenos sociais são tantos que não é possível isolá-los, e que, portanto, não se encontra um meio verdadeiramente seguro de verificação de uma hipótese em ciências humanas.”

  

V. A relação pesquisador-pesquisado é inerente ao processo investigatório em psicologia social.

Certo!

“Outro aspecto de vital importância na pesquisa em psicologia social é a relação pesquisador-pesquisado enquanto inerente ao processo investigatório. A recusa de aceitação do postulado de distanciamento entre sujeito e objeto de pesquisa e o princípio ético de que a ciência não pode ser apropriada tão somente por grupos dominantes, propõem a participação efetiva da população pesquisada no processo e a socialização do conhecimento produzido. Atendendo a estes propósitos é que a pesquisa-ação e a pesquisa participante se constituíram em importantes estratégias de pesquisa em psicologia social, ainda que não sejam as únicas estratégias neste campo.” 

 

Assim, apenas I e V estão corretas.

Gabarito Letra E.

  

Referência

Maria da Graça Corrêa, et.al. Psicologia social contemporânea, livro texto. Petrópolis: Rio de Janeiro, 1998

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